terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Um fiasco

POR FABIANA A. VIEIRA

Estou acompanhando pela imprensa e pelas manifestações de alguns amigos o andamento do concurso público realizado pela Câmara de Vereadores de Joinville no último domingo. E o que li até agora foi uma série de fiascos.

Primeiro, a informação de que o número de vagas destinadas para pessoas com deficiência física não preenche o estipulado em lei – fato que levou o Comde a pedir  o cancelamento da prova dias antes, mas o pedido foi indeferido. Não é de hoje que a Câmara parece estar um pouco alheia às pessoas com deficiência física. Esses dias mesmo os vereadores aprovaram o rebaixamento das calçadas, lembram? Teve até vereador que subiu na mureta de proteção do plenário, e quase saiu na pancadaria com o presidente do Conselho. Vale sempre lembrar que o rebaixamento das calçadas prejudica a locomoção de todos os pedestres, mas em especial os cadeirantes e as pessoas com deficiência física e/ou visual.

Ok, de certo modo eu até acho que a responsabilidade para delimitar o número de vagas aos deficientes num concurso não compete à Câmara, e sim ao Ibam, responsável pela realização da prova, mas alguém deve ter olhado esse contrato e conferido que o número não estava correto. Certo? Depois do pedido de cancelamento, teve uma decisão na Justiça determinando que ninguém fosse nomeado até que a ação movida fosse julgada. Ou seja, já começou estressante.

Segundo, pela denúncia de plágio a outro concurso realizado em 2009, pelo Cespe, aqui da UNB. Parece que o problema foi na prova para os cargos de jornalista e relações públicas. Mais de 20 questões foram retiradas de outra prova, quando o contrato exigia ineditismo. Agora o caso está sendo investigado pelo Ministério Público e comprometeu, inclusive, a divulgação do gabarito na segunda-feira.

Daí o pessoal começa a levantar suspeita sobre a forma de contratação com o Ibam, pois não houve licitação para a realização da prova. Pelo que li na imprensa, o presidente da Câmara não quis falar sobre o assunto. Mas deveria. Deveria dizer por que não houve licitação. Se isso é legal, que diga. Se houve erro, que assuma. Se não houve, esclareça.

Mas fiasco, fiasco mesmo foi o post que deixaram para a Simone Schramm no perfil do Facebook. Ali uma suposta apoiadora do PMDB pede publicamente para que a secretária da SDR interceda junto ao presidente da Câmara, João Carlos, uma vaga para sua filha, já que – como ela diz “o resultado do concurso tem cartas marcadas”. Ou seja, a corrupção é feia, mas se conseguir um carguinho, a gente finge que não vê.

Em tempo. Nos dias de hoje, onde há um apelo geral pela transparência, pelo combate à corrupção, pela moralidade na política, é preciso zelar por um fato como esse na maior cidade de Santa Catarina. A realização de um concurso público deve ser algo sério. Que não gere qualquer tipo de dúvida e totalmente transparente. Envolve o sentimento de milhares de pessoas (neste caso, sete mil candidatos) que se prepararam para a prova e que talvez tenham perdido uma bela manhã de domingo.

É lamentável, mas o fiasco foi grande!

20 comentários:

  1. Toda vez que tem um concurso, os mal-preparados dizem que já é uma coisa combinada, só pro-forma. Desculpa de quem não consegue passar no teste. O que não significa que o concurso pura e simplesmente escolha os melhores para o cargo. Mas é impessoal, e essa forma ainda é a melhor na seleção de futuros servidores.
    Quanto à ausência de Licitação, a Lei deixa brecha para isso, conforme artigo 24 da Lei 8666/93, transcrito abaixo:

    XIII - na contratação de instituição brasileira incumbida regimental ou estatutariamente da pesquisa, do ensino ou do desenvolvimento institucional, ou de instituição dedicada à recuperação social do preso, desde que a contratada detenha inquestionável reputação ético-profissional e não tenha fins lucrativos;

    O que não deixa de dar margem à escolha personalista, sem a necessária neutralidade. O que não exime a Câmara de fazer processo administrativo, conseguir estimativas de pelo menos 3 entidades diferentes, conforme entendimento do TCE-SC e de contratar com a mais vantajosa proposta, além de ter a Homologação e o Extrato do Contrato publicados em Diário Oficial. Procurei no site da Câmara e não encontrei nada sobre a existência desta Dispensa.

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  2. PMDB é isso aí: clientelismo e zero ideologia.
    E tem gente que estranha ainda, o partido do toma-la-da-ca.

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    1. Ideologia? Sinceramente eu ainda eu não o que é pior no Brasil, um partido com ou sem ideologia...

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  3. Na verdade estamos criando uma geração que acha mais conveniente estudar para ser concursado, do que ser um profissional liberal ou privado, pois na "cabecinha" deles, movidos na maioria das vezes pelo incentivo dos pais, está:
    Ser concursado é ganhar bem;
    Ser concursado é ter estabilidade no emprego;
    Ser concursado é trabalhar pouco;
    Ser concursado é ter quinquênio;
    Ser concursado em alguns casos é se aposentar com salário integral;
    Ser concursado é ter regalias para a vida toda, sejam elas morais ou não.

    Ou seja, em geral somos contra o Estado (em todas as representações) por gastarem de forma inadequada, por serem gestores incompetentes, mas a grande maioria quer estar lá ou quer que seus filhos lá estejam.

    Hipocrisia seria a palavra certa?
    Ou seria conivência?

    Falam em enxugar a "máquina", mas para isso, como será preciso aumentar o ritmo de trabalho, onde está o MÉRITO nisso?
    Ou seja, para eles o melhor fazer concurso.

    Será que Joinville precisa ou será que "Joinville" quer mais concursados na Câmara?
    Esse sim é um questionamento que valeria a pena o povo discutir e participar da decisão.

    Acorda Joinville
    Acorda Brasil!

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    1. adorei... provavelmente ninguém da sua família e nem vc pretendem ou nunca pretenderam fazer um concurso publico né......????

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    2. Pior é que você realmente acertou...
      Passo para minhas duas filhas essa visão e eu fui concursado nos Correios durante 5 anos, tempo suficiente para eu ver que não era "meu" lugar e posso te garantir que muito pouco mudou de lá para cá.
      Estou falando de coisa que vivei na pele.
      Ter coragem para pedir demissão por questões ética, te garanto que é coisa para poucos.
      Não sou contra funcionário público, sou contra a má gestão pública, que amarra as mãos, os pés, e a voz de quem la entra pensando em fazer tudo de acordo com as normas estabelecidas por lei.
      Tenho realmente parente no serviço público, e um deles vivia sendo mandado de uma cidade para a outra, de um posto para o outro, justamente por não concordar com as práticas inadequadas que eram utilizadas.
      Quer saber mais sobre o que estou falando.
      Escolha um concurso, passe e se proponha a trabalhar com ética... depois deixe aqui seu comentário.
      Se nada ali te incomodar, repense seus valores.
      Repito, não sou contra funcionário público, sou contra o modelo de gestão, o corporativismo e a falta de transparência, que favorece muito mais aos que fazem uso do cargo apenas para proveito próprio, esquecendo que ele é um "SERVIDOR", e que resulta justamente no que foi muito bem colocado pela Fabiana Vieira, em INCOMPETÊNCIA para fazer o que precisa e deve ser feito.
      Também não sou pessimista e acredito em mudanças, mas como já "ouvi" em outras postagens, precisamos trabalhar na mudança de pensamento das pessoas, dai conseguiremos mudar a estrutura.
      É o que penso e acredito... e estou aberto a mudanças se me der por enganado em meus valores.

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  4. Lamentável e vergonhoso.

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  5. Mário Cezar da Silveira21 de janeiro de 2014 às 20:41

    Não gosto de "Anônimos"!
    Expressar opinião sem se identificar é como falar sem ter coragem de olhar nos olhos.
    No caso do concurso da Câmara há uma série de questões a serem avaliadas.
    1- O concurso só aconteceu sob pressão do MP, pois foi constatado que a Câmara é um verdadeiro "cabideiro de empregos" para correligionários dos vereadores. Pessoas que trabalham não para o bom funcionamento do legislativo, mas sim em interesses eleitorais de seus padrinhos. A quantidade de cargos de confiança está na ordem de 3 para 1 em comparação com os de funcionários efetivos e concursados.
    2- A contratação do IBAM sem licitação, legal ou não, põe em dúvida a lisura do concurso, pois há muitos interesses paralelos para que correligionários e apadrinhados sejam aprovados.
    3- A Lei estabelece que concursos públicos reservem de 5 a 20% das vaga à pessoas com deficiência. No caso do concurso em questão, eram 47 vagas, portanto, por arrendondamento, 3 vagas deveria ser destinadas a PcD's, mas só destinaram uma e só para ensino médio, excluindo os com curso superior do direito de participar da cota estabelecida por lei.
    4- É muito estranho que, justamente nos cargos de Jornalista e Relações Públicas, ou seja, que fazem a divulgação dos atos do Legislativo, tenham questões copiadas de outros concursos. Fica a dúvida: Será que afilhados não foram beneficiados com informações de estudar as provas de onde foram tiradas as questões copiadas?

    Concluindo:
    Essa Legislatura é de um amadorismo sem igual. Elegemos um monte de prepotentes interesseiros que acham que junto com nossos votos receberam uma procuração para fazer o que quiserem sem prestar contas a ninguém. Leis e decisões sendo questionadas na justiça estão se tornando a marca da CVJ.
    Fiquemos atentos e não nos conformemos esperando a próxima eleição. Assumamos nossa cidadania e cobremos que nossos eleitos hajam com a responsabilidade que seus cargos exigem.

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  6. Esse é o resultado da nossa lei de licitações onde se contrata pelo menor preço.

    A culpa da câmara foi não ter licitado paralelamente, mesmo que não obrigada, auditoria independente para acompanhar o concurso.

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  7. Me preocupa, como cidadão, as muitas reclamações e comentários que venho seguidamente ouvindo ou lendo sobre o "amadorismo" desta atual legislatura. Ora, se não vejamos, pediram renovação na cãmara, e veio, porém, no caso da Política, toda renovação tem seu preço, e estamos nós povo joinvilense pagando a conta dessa desastrosa "renovação" dessa última eleição. Seja Vereador, seja Deputado, Prefeitos, Governador, e os demais, quando sugerimos "renovação" temos que saber e entender que vem gente despreparada, sem a mínima experiência e condição de exercer seu posto com correção, responsabilidade, ÉTICA, honestidade e idoneidade. Esse é o preço da dita "renovação", infelizmente. Não existe fórmula mágica para bons agentes públicos, ainda mais os eletivos. O agente público de hoje, se concursado vira acomodado, se eleito vira refém do sistema, justamente ou pela inexperiência ou pior, pelo seu "mal" caráter que normalmente se revela após sentar na cadeira quando eleito. Sinceramente nos dias de hoje, é um sistema falido, arcaico, viciado em toda sua esfera. Haaaa, alguém deve esfar dizendo agora, exagerado, tem gente noa no meio; claro que tem sim, mas acomodado no seu posto. E nós, como bons cidadãos, ou não, achamos que o VOTO é nossa arma ou defesa. Pobre e doce ilusão. Enfim, paro por aqui!!!!!

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  8. Sr.Mário Cezar da Silveira.
    Não gosta de anônimos?
    Quem me garante que você é quem diz ser quem é?
    Onde está sua foto para olharem nos seus olhos?
    Anônimos?
    Somos todos anônimos quando colocamos nossos votos na urna de eleição.
    O que então significa ser anônimo?
    Você precisa ver o rosto?
    Se é branco, negro, se tem cara de pobre ou rico, se você se simpatiza ou não para aceitar uma opinião?
    Você precisa conhecer o nome da pessoa e ver os olhos dela para aceitar o que ela escreve?
    Aceitar não significa concordar.
    Você talvez se surpreendesse com a simplicidade e o pouco "estudo" de muitos "anônimos" que expressam opiniões com relevância igual ou superior a muitos "exibidos" com canudos na mão.
    E até onde sei, nenhum anônimo nas postagens que já frequentei está se candidatando a eleições, por tanto não desejam ser reconhecido. qual o problema nisso?
    Sem falar nos que usam pseudônimo.
    Além disso, se o blog aceita e oferece a condição de "anônimo" creio que o mínimo que você pode e deve fazer é respeitar a opinião dos mesmos e fazer seus comentários se atendo ao exposto.
    De mais a mais, antes do comentário ser publicado ele passa por uma aprovação, levando em consideração o teor do mesmo, se considerado impróprio é barrado.
    Te dou até o direito de VOCÊ não considerar relevante a participação dos "anônimos", mas aprenda a ver e ler tudo retendo o que é bom e descartando o que considerar irrelevante, independente de quem venha.
    Tem muita gente ai usando máscara quebrando tudo e sendo aplaudido, destes até entendo que não gostar, pois não sabem o que fazem, quanto mais o que dizem.
    Mas, também tem muita gente assinando besteiras ai e nem por isso são desrespeitadas.

    Acorda Brasil
    Acorda Joinville

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    1. Mário Cezar da Silveira22 de janeiro de 2014 às 09:20

      Meu caro anônimo,
      Disse que não gosto de anônimos, não disse que não gosto do que escrevem, ou que não tenham o direito de se expressar.
      Posso garantir que não uso pseudônimos ou nome falso, pois não tenho do que me esconder.
      Também não uso máscaras. Tenho há muito tempo lutado pelo "Acorda Brasil, Acorda Joinville", com o qual você termina seus comentários. Mas faço-o de cara limpa, mostrando abertamente minha indignação e lutando por nossa cidadania.

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  9. Incrível como a ignorância alcança patamares norteados pelo senso comum.
    Senso Comum de que todo mundo rouba, todo mundo é corrupto.
    Vale salientar que a corrupção não sai sempre da administração pública, muitas vezes ela vem de baixo, da população e dos empresários.

    Quanto a ausência de licitação, totalmente lícita!

    Quanto ao pedido para compor a equipe da Câmara, no Facebook...
    Não sei quem é mais burro:
    A pessoa imbecil que pediu esta vaga publicamente no face ou o pessoal dessa própria página por acreditar que isso pudesse acontecer.

    Quanto as vagas para deficientes certamente foi cumprido o que a lei exige.

    Eu fiz a prova e não me saí bem apesar de não estar difícil. Agora por favor não fiquem revoltados por não terem passado, quem falou que seria fácil??

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    1. Ninguém aqui falou que a ausência de licitação foi ilícita. Sugiro que vc leia de novo o texto.
      Quanto ao pedido para compor a equipe da Câmara na Facebook, Você vai continuar ficar sem saber quem é mais burro, pois ninguém aqui escreveu que isso pudesse acontecer.
      Sobre o número de vagas aos deficientes, você está equivocado. Vou transcrever aqui o que o Comde já enunciou: "A Lei estabelece que concursos públicos reservem de 5 a 20% das vaga à pessoas com deficiência. No caso do concurso em questão, eram 47 vagas, portanto, por arrendondamento, 3 vagas deveria ser destinadas a PcD's, mas só destinaram UMA e só para ensino médio, excluindo os com curso superior do direito de participar da cota estabelecida por lei.
      Obrigada pela sua participação, continue lendo nossos textos por aqui. Abraços

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  10. Não vejo fiasco no caso Schramm, na fundema é assim, no ipouj é assim, no intran é assim, no são josé é assim... todos, todos os orgãos do município não entra competente, entra AMIGO DO AMIGO. A cidade "NÃO ANDA", porque ao invés de escolher alguém competente, escolhem por afinidade....

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  11. Se nem um reles concursinho conseguem organizar imagina na copa, digo, no resto.

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