POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO
Longe vão
os tempos do jornalismo diário, em que vez por outra cobria os trabalhos da
Câmara de Vereadores de Joinville. Era sempre desinteressante,
pouco educativo. E hoje, tentando puxar pela memória, são raras as lembranças de
um vereador capaz de merecer respeito. Admiração, então, nem pensar. E projetos a
pensar a cidade sob uma perspectiva macro? Tão comuns quanto ursos brancos nas florestas tropicais.
A intenção dos eleitos é amarrar o burro à sombra. É um lugar pouco recomendável. Os
episódios negativos se sucedem. A audiência pública solicitada pelo Fórum de
Mulheres de Joinville, que teve a participação de apenas um vereador. Vergonhoso
e desrespeitoso. E a vereadora-pastora, que insiste no projeto da escola sem
partido, mesmo sabendo que as pessoas com dois dedinhos de testa são contra? Ora, vamos na contramão...
Os caras se
superam na questão da LOT. A luz vermelha acendeu faz tempo, mas eles assobiam e olham para
o lado. Fico pelo jornalista Claudio Loetz: “Joinville está no limiar de um novo momento histórico.
O da preparação para o que se tornará daqui a 20, 30 anos. A sociedade, como um
todo, não sabe disso. Nem imagina as consequências de decisões que estão na
iminência de serem tomadas pelos nossos 19 vereadores”. Quem avisa...
O quociente
de inteligência coletiva da CVJ namora o escárnio. É preciso mudar. Nada contra
a reeleição, porque quem é bom merece ser reeleito. Mas é hora de oxigenar o
sistema. Não é difícil. Eu próprio tenho amigos – muitos – que estão a lançar
as suas candidaturas. De uma coisa tenho certeza. Se metade deles se eleger, o
quociente de inteligência da CVJ aumenta e a cidade passa a andar para a
frente.
Aliás, aproveito para lançar o meu panfleto: não vote em candidatos ligados a religiões fundamentalistas. É certo que em democracia cada cidadão tem liberdade para escolher em quem vota e o meu proselitismo pode parecer fora de foco. Mas se depender do meu esforço, não
vamos ter nenhum desses religiosos eleitos. Porque os caras representam o atraso e a negação da própria democracia. Política e
religião nunca deram boa coisa.
E antes de continuar a
expor o raciocínio, que fique claro: nada contra as pessoas que seguem
uma religião. Cada um come o que gosta. Mas havemos de convir que o estado laico
está sob risco no Brasil, em todos os níveis de poder. O país está a se
transformar numa espécie de cripto-teocracia, na qual esses fundamentalistas
sem turbante têm demasiado poder. E, também a partir das cidades, estão a arrastar o país para o atraso.
As próximas eleições são o
tempo de fazer subir o quociente de inteligência da CVJ. E isso significa não reeleger os energúmenos que fizeram do cargo um emprego vitalício. Fora com eles. E também é a altura para expurgar essa canalha religiosa que tomou conta da política.
É a dança da chuva.