POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO
Qualquer gestor, quando vai fazer um
investimento, faz uma operação básica: vê qual é a relação custo-benefício da
ação. É o raciocínio que deveria ser aplicado à passagem da tocha olímpica por
Joinville. A Prefeitura informa que o custo é reduzido, quase residual. Tudo
bem. Nada contra a tocha. Mas quais são os benefícios? Não há. Aliás, parece ser o contrário, porque
há muitos joinvilenses críticos em relação à iniciativa.
Há um problema de gestão. Afinal, o que a passagem
da tocha deixa em Joinville? Nada. Talvez provoque algum ruído
durante o evento. É previsível a mobilização de uma comunicação social sempre
disposta a carregar o atual governo municipal ao colo. Mas por mais que tentem pintar um
quadro grandiloquente, o fato é que no dia seguinte a coisa terá sido
esquecida. Porque a passagem é isso mesmo... passageira.
Ora, vamos ser práticos. Que notícias o leitor reteve dessa digressão
da tocha pelo país? Sem puxar muito pela memória, lembro da morte da onça Juma,
que provocou uma onda de indignação no Brasil e mundo afora. Ou o rapaz
que, na passagem por Cascavel, tentou apagar a chama e foi preso. E a imagem
um tanto cômica – viralizada nas redes sociais – em que o sujeito escorrega e
dá um grande tralho no asfalto com a tocha nas mãos. Enfim...
Há algumas tentativas, por parte do poder
público, de dar relevância ao evento. Mas os argumentos, em tom meio acanhado, soam de forma pífia. Porque no frigir dos ovos todos sabemos que a Prefeitura
está a oferecer uma mão cheia de nada. E é isso o mais preocupante. A falta de
imaginação dos decisores. Perdidos em grandes vaidades e pequenos jogos de
poder, os caras transformam a cidade num deserto de ideias.
A passagem da tocha é um evento desgarrado.
Não traz valias para a cidade porque não faz parte de uma estratégia. Não
existe um projeto para Joinville. Udo Dohler se apresentou como gestor e, como
tal, deveria saber que as cidades precisam seguir estratégias de marketing
territorial. Hoje o marketing territorial – em todas as suas vertentes – deve
ser o elemento orientador dos planos de governo. Mas é preciso saber como fazer... e querer. A aposta tem sido no velho e carcomido clientelismo.
De volta à relação custo-benefício. O custo da
passagem tocha é coberto pelos patrocinadores da competição? Perfeito. Mas quais os
benefícios para a cidade? Nenhum. E se, num caso extremo, a ideia fosse dar uma
forcinha para a reeleição de Udo Dohler? Aí a coisa degringolava. É só dar uma
olhada para as redes sociais e tomar o pulso do eleitorado.
As pessoas parecem muito pouco felizes. E para que não seja eu a falar, abaixo deixo ao
leitor e à leitora uma reprodução de alguns comentários.
É a dança da chuva.