POR FELIPE SILVEIRA
Já é hora de pensar o pós-copa. Para quem interpretou literalmente o #NãoVaiTerCopa (dizem que teve estrangeiro que deixou de vir por causa disso), para quem achou que haveria um caos nos aeroportos, para quem achou que os estádios não ficariam prontos, para quem falou que o Brasil passaria “vergonha internacional”, bom, a dita cuja está aí. Sai de cena o “imagina na copa” para a entrada da pergunta: e agora, passada a copa, o que vamos fazer?
Não sou daqueles que acham que o resultado da copa vai influenciar as eleições, embora não descarte a possibilidade, e muito menos estou falando de eleições aqui. A questão que importa – e aí respinga nas eleições – é o que aprendemos com a batalha encerrada ao apito final do evento.
Já escrevi por aqui que a copa expôs as contradições do capitalismo ao povo brasileiro, mesmo que não se tenha plena consciência disso. Ao mesmo tempo que foi agente, a copa foi uma espécie de bode expiatório. Toda revolta – do black bloc ao coxinha (sem comparar) – tinha a copa como alvo bem claro. Passado o evento, é preciso ajustar a mira.
Olavetes, azedevetes e constantinetes continuarão a apontar para Dilma, que por sua vez poderá se defender com os resultados de uma copa até então espetacular, que é o que boa parte dos fãs do esporte mais popular do planeta estão achando.
A esquerda, por sua vez, tem um desafio, que é mostrar as consequências e continuidades do evento a partir daquilo que ele foi e tem sido: a subserviência ao sistema capitalista.
Tem, também, que pensar no novo. Um novo projeto, uma nova alternativa. Popular, comunitária, com promoção da igualdade e dos direitos humanos. Isso é o básico, o óbvio. O encerramento deste ciclo da copa parece um bom momento para reforçar.
Obs.: Não digo nem acho que se deve esperar a copa acabar para dar continuidade às lutas. Tem bastante gente dizendo isso, por isso ressalto que não disse.