Com uma receita de R$ 18 milhões em 2016, as multas de
trânsito têm se convertido na galinha dos ovos de ouro. No final da década de
90, Joinville assumiu o trânsito, até aquela época era
responsabilidade da Policia Militar. Isso representava aumentar a
responsabilidade do município, mas também aumentar a receita, o que se denomina
ônus e bônus.
Quando, de forma inovadora, a Conurb fez a primeira licitação para
instalação dos equipamentos eletrônicos para fiscalização, o objetivo
era muito claro: melhorar a segurança. O objetivo não foi, como é agora, o de
arrecadar mais. Até porque o objetivo primordial das autoridades do trânsito
deve ser a de reduzir os acidentes e os seus efeitos sobre a saúde, o transito
e a economia local.
Os primeiros equipamentos foram instalados exclusivamente
com o objetivo que flagrar o avanço no sinal fechado. Feito o levantamento de
quais eram os cruzamentos com maior número de acidentes, foram instalados os
equipamentos. Não houve, ao contrario do que acontece hoje, o interesse de contratar os
chamados “pardais”, equipamentos que fiscalizam o excesso de velocidade.
Aliás, nem os pardais, nem as lombadas eletrônicas são os melhores equipamentos para
melhorar a segurança no trânsito. O objetivo é claramente arrecadador.
Colocar lombadas frente a colégios e igrejas não proporcionam a mesma
segurança para os pedestres que instalar um sinaleiro de botoeira. No sinaleiro, o veículo deve se deter completamente quando há cruzamento de pedestres. Na
lombada eletrônica, só deve reduzir a velocidade. Mas a visão caolha do gestor
público é que um sinaleiro tem custo e uma lombada eletrônica gera receita.
Os responsáveis do trânsito em Joinville nunca apresentaram
os estudos técnicos que justifiquem a localização e a escolha de cada um dos
mais de 100 radares instalados na cidade. Existem os estudos? Até agora ninguém
sabe, ninguém viu. Quais são os pontos críticos? Onde há maior número de
acidentes? Que tipo de acidentes? Onde se produzem os mais graves? Quais as
causas?
Um exemplo no Boa Vista são as duas ruas mais importantes do bairro, a
Albano Schmidt e a Prefeito Helmut Fallgater, com pouco mais de 2,5 quilômetros
de extensão tem cada uma três equipamentos entre lombadas eletrônicas de pardais.
A velocidade é de 40 km por hora em alguns pontos e de 60 km em outros, o que
contribui a confundir ainda mais os condutores.
Há na rua Helmut Fallgater duas
situações semelhantes com resultados diferentes. Uma é o sinaleiro instalado faz décadas em frente à sociedade Bakhita. Um sinaleiro acionado por botão que garante a
segurança de quem precisa atravessar a rua, na maioria dos casos pais e mães com
crianças pequenas. Outra são as lombadas eletrônicas instaladas frente ao Colégio
Presidente Medici e a igreja do Evangelho Quadrangular. As lombadas continuam
funcionando e multando 24 horas por dia, sete dias por semana, 365 dias por
ano, haja ou não aulas ou cultos. O sinaleiro só funciona quando necessário.
É por isso que a arrecadação aumentou de R$ 8 milhões em
2015, para R$ 18 milhões em 2016, acima até dos R$ 16,5 milhões previstos para este ano.
Com certeza não vai demorar para que os estultos de sempre
comentem que não há fabrica de multas porque é só não cometer infrações que não
haverá multas. Ignoram ou fingem ignorar que como o salário dos funcionários do
Detrans é pago com o dinheiro arrecadado com as multas. É preciso que a máquina
arrecadadora funcione e funcione bem, não seja que um mês fiquem sem receber.
Em tempo: dinheiro para pintura de faixas de pedestres na frente de escolas,
igrejas e pontos de trafego intenso de pedestres deve estar faltando, sem falar
na péssima qualidade da pintura que é usada. A qualidade das obras públicas parece interessar? E com esses fatos, até lembro do discurso do prefeito que prometia cuidar de cada centavo.