sexta-feira, 20 de janeiro de 2017

Tem cocô no prraia das ricos


POR BARON VON EHCSZTEIN
Guten Tag, minha povo.


Tá quente, nón? Eu estou aqui na Balneárrio Camborriú, o praia das ricos e dos milionárrias de Xoinville. É um marravilha, porque aqui nón entrra kommunisten e nem pobres. Eles vón tudo parra os praias do povón, lá onde pode levá frango com farrofa e levá a rádio para tocá aquela desgraça de música de botucudas… axé, fanque e sertanexa universitárria.

…das Leben ist kein Ponyhof. Mas fico aqui a pensar. Por que serrá que a xente compra apartamentos de milhõns de real no beirra do prraia e depois nunca vai no água. Ah… é porque tem… como chama aquele coisa… ah… coliformes fecais. É uma nome engraçada para dizer que tem cocô no água. Scheiße. Nón dá parra tomar banho. A xente fica aqui uma mês inteirrinho e nón põe os pé lá.

Otro coisa que deixa com o pulga atrás do orrelha. A xente constrói aquelas arranha-céus da alturra da mundo e depois fica sem praia, porque só tem sombra. Hopfen und Malz ist verloren. Nón tem praia e ficamo tudo branquela. Mas tá tudo certa: porque aqui não é lugarr daqueles povo mais escurrinha. Voll geil!

Palavra de barón. Kleinvieh macht auch Mist.

quinta-feira, 19 de janeiro de 2017

De carneiro que recua, espere grande marrada

POR ET BARTHES

Uma coisa é certa. As ovelhas alemãs não são cordeirinhos. Surpreendidas e assustadas por um carro na estrada, acabam por se virar contra o pastor. As imagens têm mais de um ano, mas ainda impressionantes.


quarta-feira, 18 de janeiro de 2017

Verão e coliformes fecais












POR RAQUEL MIGLIORINI
Em matéria veiculada na mídia nacional, Santa Catarina foi destaque pela balneabilidade de suas praias, ou melhor, pela não balneabilidade. As análises de coliformes fecais (bactérias presentes no intestino de mamíferos, incluindo os humanos) ficaram  acima do permitido em 70% dos pontos analisados nas praias catarinenses perto do período de festas e melhorou um pouco na primeira quinzena de Janeiro.

Sabemos que a quantidade de turistas que visitam o litoral catarinense no verão agrava a situação mas essa desculpa não é mais aceitável. Existem tecnologias para estações de tratamento de esgoto doméstico que permitem usos intermitentes, ou seja, podem ser ativadas na temporada e desativadas ao longo do ano para diminuição de custos.

Em setembro de 2016, a prefeitura de Balneário Camboriú inaugurou a Passarela da Barra, ou passarela do “seu” Maneca, em homenagem ao senhor que fazia o vai-e-vem de passageiros pelo rio que dá o nome a cidade. Foram gastos R$ 30 milhões numa passarela. 

Ficou bonita, tem obras e fotografias em exposição, mas garanto que o “seu” Maneca ficaria muito mais feliz se esse dinheiro todo tivesse sido utilizado na coleta e tratamento de esgoto que é despejado diariamente no rio que ele tanto cuidou. Usando como exemplo um sistema de tratamento de efluentes, como um reator anaeróbico, e a instalação da rede coletora para cerca de 5000 habitantes, o custo seria de aproximadamente R$ 8 milhões. Seria uma aplicação mais digna dos recursos públicos. Agora, aquela pergunta básica: o que aparece mais, a Passarela sobre o rio ou um monte de tubos enterrados?

Balneário Camboriú tem mais da metade das praias centrais poluídas e culpa a falta de chuvas pelo alto índice de coliformes na água ou o excesso de chuvas pelos surtos de viroses e leptospirose. A solução encontrada pela antiga gestão para se livrar do esgoto doméstico, seria a construção de um emissário para jogar os efluentes em alto mar. Desconheço proposta mais indecorosa e arcaica. Mas talvez tenha surgido porque uma estação de tratamento, por menor que seja, pode ocupar um terreno onde caberia um prédio. E isso, naquela cidade,é inconcebível. Aliás, esse estilo contaminou Itapema, Penha e demais cidades dos arredores. E bota contaminação nisso.

De nada adianta a indignação dos catarinenses, contestando os dados e dizendo que no Nordeste a situação é pior. Não é. Santa Catarina precisa se livrar do coronelismo que assola sua beleza natural e cuidar do seu quintal, escolher governantes preocupados com a preservação ambiental e que tenham a visão mais avançada em relação ao turismo e desenvolvimento urbano. Se não, corremos o risco de afundar no que está sendo jogado direto no mar.

terça-feira, 17 de janeiro de 2017

O que você e Mick Jagger têm em comum? Nadinha...

POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO
A imprensa brasileira parece sempre disposta a dar uma mãozinha a Michel Temer. Faz pouco tempo, o time do atual presidente lançou um balão de ensaio: a aposentadoria seria cada vez mais tarde. Muito mais tarde. Como é óbvio, a coisa não desceu pelo goto dos brasileiros e houve reações para todos os gostos (muitas desproporcionadas, poucas sensatas). E o governo golpista ficou com mais um abacaxi para descascar.

Mas o Brasil não tem segredo. Quem tem verbas publicitárias para distribuir pode contar com a imprensa. E a revista Exame veio em socorro do governo. A capa da edição mais recente traz uma fotografia de Mick Jagger e um aviso explícito: “você terá de trabalhar velhice adentro”.  E acrescenta, com um entusiamo irritante: “a boa notícia: preparando-se para isso, vai ser ótimo”.


E a chiadeira começou, claro. Ótimo para quem, cara-pálida? Não dá para comparar Mick Jagger, que ganha a vida a cantar, com um cortador de cana, que tem uma das profissões mais insalubres do planeta. Resumo da ópera: apesar das reações indignadas, a revista cumpriu a sua missão. E espalhou a ideia. As pessoas ficaram avisadas para o que vem aí. Quando o governo tomar medidas, ninguém pode dizer que foi apanhado de surpresa.


A função da revista é óbvia: servir de muleta para o governo e convencer as pessoas de que o homo faber é o destino inevitável. Nascer. Trabalhar. Morrer. As sociedades moralistas como a brasileira ainda insistem muito numa certa “ética do trabalho”. Quem não trabalha deve ser excluído. A palavra “vagabundo” tornou-se uma ofensa. Eis um problema. O esquema mental brasileiro é tão velho que podemos ir buscar referência ao longínquo século 18.


O Traité de la Police, de Nicolas Delamare, é dessa época. Resgatado por Michel Foucault, destaca que a caça aos vagabundos era tão importante quanto a vigilância de criminosos e outros indivíduos perigosos. E ficamos a saber que, no início do capitalismo, o vagabundo – o homem que não trabalha porque não consegue emprego ou por simples recusa do modelo – é tratado ao mesmo nível de um criminoso.


O Brasil está na contramão da história, apesar de o senso comum ver o contrário. O problema é o tempo que se leva até à aposentadoria? Preocupante é a supressão do emprego que resulta das inovações tecnológicas. Interessante lembrar que, no século passado, o economista John Maynard Keynes publicou um texto a prever que, com a evolução das sociedades, as pessoas passariam a trabalhar apenas três horas por dia. O tempo livre seria para o lazer, a cultura e as coisas da vida. Ops!


A sociedade capitalista de consumo está na encruzilhada. A tecnologia elimina postos de trabalho e, claro, os salários. Sem dinheiro não há consumo. Sem consumo não há capitalismo. E as sociedades mais evoluídas procuram soluções. A Finlândia, por exemplo, tem um projeto piloto: 2 mil desempregados recebem uma verba do Estado que lhes permite continuar a consumir. É uma forma de antecipar o que, no futuro, pode vir a ser uma convulsão do sistema capitalista.


Tem medo de se aposentar tarde? Certo. Mas é importante ver mais longe. É preciso estar atendo ao seu emprego. A tecnologia é o motor de evoluções que estão a eliminar postos de trabalho. A Lei de Moore foi acelerada. E ressurge uma questão: se o usufruto das transformações tecnológicas não for socializado - e os benefícios estendidos a todos -, o sistema entra em colapso. É chegado o momento de introduzir a palavra socialismo (prefiro ecossocialismo) na semântica do cotidiano.


É a dança da chuva.






segunda-feira, 16 de janeiro de 2017

De 8 milhões para 18 milhões, a "fábrica de multas" fatura alto

POR JORDI CASTAN

Com uma receita de R$ 18 milhões em 2016, as multas de trânsito têm se convertido na galinha dos ovos de ouro. No final da década de 90, Joinville assumiu o trânsito, até aquela época era responsabilidade da Policia Militar. Isso representava aumentar a responsabilidade do município, mas também aumentar a receita, o que se denomina ônus e bônus.

Quando, de forma inovadora, a Conurb fez a primeira licitação para instalação dos equipamentos eletrônicos para fiscalização, o objetivo era muito claro: melhorar a segurança. O objetivo não foi, como é agora, o de arrecadar mais. Até porque o objetivo primordial das autoridades do trânsito deve ser a de reduzir os acidentes e os seus efeitos sobre a saúde, o transito e a economia local.

Os primeiros equipamentos foram instalados exclusivamente com o objetivo que flagrar o avanço no sinal fechado. Feito o levantamento de quais eram os cruzamentos com maior número de acidentes, foram instalados os equipamentos. Não houve, ao contrario do que acontece hoje, o interesse de contratar os chamados “pardais”, equipamentos que fiscalizam o excesso de velocidade.

Aliás, nem os pardais, nem as lombadas eletrônicas são os melhores equipamentos para melhorar a segurança no trânsito. O objetivo é claramente arrecadador. Colocar lombadas frente a colégios e igrejas não proporcionam a mesma segurança para os pedestres que instalar um sinaleiro de botoeira. No sinaleiro, o veículo deve se deter completamente quando há cruzamento de pedestres. Na lombada eletrônica, só deve reduzir a velocidade. Mas a visão caolha do gestor público é que um sinaleiro tem custo e uma lombada eletrônica gera receita.

Os responsáveis do trânsito em Joinville nunca apresentaram os estudos técnicos que justifiquem a localização e a escolha de cada um dos mais de 100 radares instalados na cidade. Existem os estudos? Até agora ninguém sabe, ninguém viu. Quais são os pontos críticos? Onde há maior número de acidentes? Que tipo de acidentes? Onde se produzem os mais graves? Quais as causas?

Um exemplo no Boa Vista são as duas ruas mais importantes do bairro, a Albano Schmidt e a Prefeito Helmut Fallgater, com pouco mais de 2,5 quilômetros de extensão tem cada uma três equipamentos entre lombadas eletrônicas de pardais. A velocidade é de 40 km por hora em alguns pontos e de 60 km em outros, o que contribui a confundir ainda mais os condutores. 

Há na rua Helmut Fallgater duas situações semelhantes com resultados diferentes. Uma é o sinaleiro instalado faz décadas em frente à sociedade Bakhita. Um sinaleiro acionado por botão que garante a segurança de quem precisa atravessar a rua, na maioria dos casos pais e mães com crianças pequenas. Outra são as lombadas eletrônicas instaladas frente ao Colégio Presidente Medici e a igreja do Evangelho Quadrangular. As lombadas continuam funcionando e multando 24 horas por dia, sete dias por semana, 365 dias por ano, haja ou não aulas ou cultos. O sinaleiro só funciona quando necessário.

É por isso que a arrecadação aumentou de R$ 8 milhões em 2015, para R$ 18 milhões em 2016, acima até dos R$ 16,5 milhões previstos para este ano.

Com certeza não vai demorar para que os estultos de sempre comentem que não há fabrica de multas porque é só não cometer infrações que não haverá multas. Ignoram ou fingem ignorar que como o salário dos funcionários do Detrans é pago com o dinheiro arrecadado com as multas. É preciso que a máquina arrecadadora funcione e funcione bem, não seja que um mês fiquem sem receber.

Em tempo: dinheiro para pintura de faixas de pedestres na frente de escolas, igrejas e pontos de trafego intenso de pedestres deve estar faltando, sem falar na péssima qualidade da pintura que é usada. A qualidade das obras públicas parece interessar? E com esses fatos, até lembro do discurso do prefeito que prometia cuidar de cada centavo.