quinta-feira, 5 de maio de 2016
O racismo e a xenofobia não incomodam a Prefeitura de Joinville
POR FELIPE CARDOSO
O Haiti não é aqui!
Essa foi a frase escrita na parede de uma empresa na Zona
Sul de Joinville que pôde ser vista por muitas pessoas que fazem o trajeto em
direção aos bairros da região. Um grupo antifascista tratou logo de tentar
apagar o ataque e tentar minar, da maneira que eles tinham no momento, a
propagação da ideologia do ódio contra estrangeiro, mais especificamente contra
estrangeiros negros.
Mas o papel principal que pertence ao poder público não foi
feito até o momento. Após um ano de luta e reivindicações de diversas entidades
da cidade para a criação e efetivação de políticas públicas que garantissem a
segurança e a integração dos imigrantes haitianos em Joinville, nada foi feito.
O atual prefeito Udo Döhler prometeu cumprir todos os
pedidos que foram apresentados: criação de uma casa de acolhimento para os
imigrantes; aulas de português; reunião com empresários para criar diálogo
sobre a empregabilidade dos haitianos.
O pouco que foi conquistado foi graças a mobilização popular
das pastorais da Igreja Católica, de organizações políticas, movimentos sociais
e de muitas pessoas que se solidarizaram com a causa. Hoje, os haitianos contam
com uma associação independente e lutam de forma organizada para buscar os seus
direitos na cidade.
A atual gestão mostra total descaso com essas pessoas. O
Conselho da Igualdade Racial (COMPIR) também, deixando transparecer certo
alinhamento de ideologia e má vontade em realizar críticas ao comando do
Executivo. Aliás, muitas das denúncias feitas ao COMPIR não tem o
encaminhamento desejado, deixando em dúvida a utilidade de tal.
Um Conselho mais atuante e atento às movimentações da cidade
é urgente. Não podemos nos conformar com a passividade e o silêncio de um órgão
criado exclusivamente para atender e se dedicar a essa causa: Igualdade Racial!
Bem como não podemos isentar o atual prefeito e seus secretários que estavam
presentes nas duas reuniões e se comprometeram em atender todas as
reivindicações.
Enquanto mensagens que preguem o respeito e a boa
convivência não são emitidas por órgãos públicos (que tem essa função), o
discurso de ódio continuará ganhando espaço e força.
Um ano se passou e praticamente nada foi feito pela mão do
prefeito para tentar resolver o problema de vez. Um ano se passou e o ódio
continua imperando. Agora, cobrado nas mídias sociais, um dos secretários que
tem tempo para dizer em sua rede social que esse não é o maior blog de Santa
Catarina, desapareceu.
Depois, em época de eleição, não adiantará procurar os
haitianos para fazer coisas às pressas, ou tentar comprá-los para fazer
propagandas políticas. Nós não esqueceremos!
O racismo e a
xenofobia não incomodam a Prefeitura de Joinville.
quarta-feira, 4 de maio de 2016
O joio e o trigo: a gestão Udo Dohler
POR VANDERSON SOARES
Atualmente, os partidos de oposição ao governo municipal não medem esforços em fazer cartazes, banners, memes entre outras tantas formas de achincalhar, principalmente, o prefeito Udo Dohler. Felizmente, quem mais ataca o atual governo é quem já foi condenado ou quem responde por crimes eleitorais. Isso já mostra quem é joio e quem é trigo.
É nítido que Udo Dohler está aquém do que prometeu, porém há de se considerar que ele está fazendo verdadeiros milagres na administração. Com a nossa atual crise política ao nível nacional, afetando fortemente a economia e assim a arrecadação, com cidades e estados fazendo cortes, alguns declarando ”falência”, Udo está sim se sobressaindo.
Quando ele assumiu a Prefeitura, o governo anterior não provisionou a folha de pagamento. Desta forma, Udo Dohler foi o primeiro prefeito a não pagar a folha. Foi vítima ou de desleixo ou de maldade do governo anterior. A Prefeitura, nos primeiros meses de trabalho, não tinha poder de endividamento, estava totalmente em dívida com os fornecedores. Udo Dohler negociou e honrou todas as dívidas e vem honrando. A casa está em ordem e com saúde financeira, com capacidade de endividamento, se isto for necessário. Uma prefeitura com crédito na praça é sinal de gestão sim.
Udo Dohler, logo no começo, cortou na carne. Cortou centenas de cargos comissionados, acordou que em todas as secretarias os comissionados trabalhariam até às 17h00 (nos governos anteriores, era até às 14h00).
Quando assumiu, não apenas se esforçou para manter o valor da passagem de ônibus, como diminuiu. Agora, nos últimos meses, por determinação judicial, não conseguiu conter o aumento. Era ou acatar ou ser processado por improbidade.
Mesmo em meio à crise política e a grandes baixas na arrecadação, Udo Dohler está fazendo e entregando obras.
Muitos reclamam da saúde e do asfalto, com razão, mas quero que se apresente aqui qual prefeito conseguiu fazer tanto com tão pouco. Qual prefeito mexeu tanto em pontos tão críticos e polêmicos da saúde quanto Udo Dohler? Não foram poucas as brigas que comprou. Qual prefeito, com baixa crescente de arrecadação, deixaria de colocar dinheiro na saúde e na educação para asfaltar ruas? Além disso, note-se que as ruas que estão recebendo asfalto ou recape não é com aquele velha casca de ovo, conhecida dos governos anteriores.
Udo Dohler estava certíssimo quando em campanha falou que não faltava dinheiro, mas sim gestão. Infelizmente, não previu a crise que se formaria. Imaginem este homem trabalhando com caixa positivo e constante na prefeitura?
E por fim, mas mais importante, Udo Dohler é o reflexo de alguém que trabalha pelo desafio de gerenciar uma grande cidade, aliado à honestidade. Muitos dos rivais que conquistou nestes três anos e meio, muito do apoio que perdeu de outros partidos, não é devido à falta de gestão, mas sim à sua postura firme contra qualquer tipo de corrupção. Além disso, fez algo inédito na política de nossa pequena aldeia, colocou pessoas com capacidade técnica, e não simplesmente políticas, em cargos estratégicos.
Então, amigo, assim como você acho que Joinville pode muito mais. Infelizmente, sem arrecadação e sem dinheiro, não se pode fazer muita coisa, porém Udo Dohler mostrou ser honesto, não permitir a corrupção em seu governo, afastar pra longe qualquer um que se mostrasse interessado em se apossar do erário. Dentre os atuais pré-candidatos, Udo Dohler é a melhor opção. Antes um honesto, capaz e bem intencionado, do que alguém desonesto, incapaz ou mal-intencionado.
terça-feira, 3 de maio de 2016
Lula, Janaína... o diploma, o amor e o ódio
POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO
O
terceiro mundo não é um lugar. É um estado da mente. E o Brasil é um país que, por suas contradições, acaba por se tornar um case study nesse capítulo: tem gente que quer
ser a Suécia, mas defende coisas que empurram o país para o Sudão. Um exemplo
recente é a proposta de emenda à Constituição para proibir
candidaturas de pessoas que não tenham curso superior. É infrutífero. O planeta está cheio de gente que passou anos nos bancos escolares e não consegue fazer um zero com o fundo de uma garrafa.
Não
dá para disfarçar. É uma emenda taylor-made,
feita sob medida para um objetivo: impedir que o ex-presidente Luiz Inácio da
Silva possa concorrer ao Palácio do Planalto, em 2018. É perda de tempo
discutir se a proposta é constitucional (não é) ou se Lula ficará impedido (em se tratando Justiça brasileira tudo pode acontecer). Mas tem gente que aplaude. Os políticos que temem enfrentar Lula nas urnas e os conservadores que, por preconceito de classe, não toleram um torneiro mecânico que ousou chegar à presidência.
O
autor da proposta é o deputado Irajá Abreu (PSD-TO), para quem uma visão
acadêmica é capaz de elevar o nível dos pretendentes a cargos públicos. Diz ele
que a dificuldade de leitura dos legisladores impede que “atuem de modo efetivo
nas suas funções constitucionais”. Certo e errado. Certo porque os legisladores via de regra são fraquinhos. Errado porque nenhum diploma é garantia de
qualidade ou de comportamento ético.
E
para não ficar no plano acadêmico – não é a função de um texto de blog – vamos
a uma comparação prática. De um lado temos o ex-presidente Lula, cognominado
“apedeuta” pelos detratores (o tema do diploma é recorrente), e do outro a advogada Janaína Paschoal, que tem um
doutorado e nos últimos tempos foi alçada à categoria de heroína pelos que
apostam na economia de neurônios.
Lula
não tem diploma. E está sempre sob o olhar crítico do "diplomados". Não é difícil encontrar as raízes do preconceito. Apenas 16% dos trabalhadores brasileiros têm curso superior completo. Ter
um diploma na parede ainda confere estatuto. Mas é preciso ser muito
alheado para não reconhecer em Lula um homem culto, mesmo com os pontapés na língua portuguesa. O ex-presidente tem a cultura de quem viu mundo. De quem precisou tomar importantes decisões. De quem transitou ao mais
elevado nível. É uma escola.
Janaína
Paschoal tem um doutorado. É um daqueles casos em que nulidades
acabam elevadas a celebridades. O discurso teatralizado, a retórica violenta e
o estilo mistificador têm o poder de falar aos que rejeitam o
pensamento. Eis o perigo: por trás da ameaça de destruição do inimigo (lembram
da república da cobra?) ou da salvação futura das crianças (no Senado) subjaz o
mais abjeto fascismo. A história ensina que há algo de podre nesse tipo de discurso.
Enfim,
os exemplos de Lula e Janaína são apenas uma forma de mostrar que o diploma per si não é sinal de uma “mente
superior”, como acreditam muitos brasileiros. Aliás, nem é preciso ir longe
para comprovar. As redes sociais, por exemplo, estão cheias de gente com
diploma. O problema é que não passam de analfabetos (dis)funcionais a desfilar ignorância pelo ciberespaço. Ah... e não vamos esquecer a caixa de comentários
do Chuva Ácida. É um delírio.
Faz
sentido uma lei que feche as portas de cargos públicos a pessoas sem diploma? Não. Isso só interessa aos têm pavor de enfrentar Lula em eleições. Seria apenas
outro tipo de golpe. A lei traria uma mudança pontual e inessencial. O que o país precisa é
de uma reforma polícia ampla e séria. É preciso refundar o sistema. Porque
nenhum país, por mais rico que seja, aguenta um Congresso Nacional como este
que surgiu das eleições de 2014. Diploma é diploma. Ética é ética. E ambos não andam necessariamente juntos.
É
a dança da chuva.
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