POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO
Hoje andei de táxi. O taxista,
pessoa muito simpática, tinha enorme interesse pelo Brasil. Diz ser muito
conhecido pela comunidade brasileira por causa do seu táxi (uma van), que tem
um tamanho à medida de quem vai mudar e tem muita bagagem para transportar. O
homem brincou, dizendo ver os seus clientes uma única vez.
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É quase sempre gente que está de
volta para o Brasil. Só não entendo por que querem voltar se aquilo lá está tão
mal.
Expliquei que para muitos desses brasileiros,
em especial os mais suscetíveis ao desemprego ou subemprego, é mais vantajoso
voltar para o Brasil. Crise por crise, pelo menos que seja em casa. E acrescentei
que, guardadas as proporções, a crise no Brasil não é muito diferente das
crises de outras partes do mundo, como Portugal, Espanha, França ou mesmo a
Alemanha.
Ou seja, cada país tem as suas peculiaridades,
mas crise é crise em qualquer latitude. Só que algumas sociedades tendem a
reagir de maneiras diferentes. No Brasil, por exemplo, há quem queira
resolver a crise com o caos. Ou seja, há quem ache possível apagar o fogo jogando gasolina.
Fiquei curioso e perguntei ao taxista como ele sabia
dos acontecimentos no Brasil. A resposta foi um tanto inesperada, mas não
surpreendente.
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É o que eu leio no Facebook.
Todos sabemos que as redes sociais
eliminam fronteiras. E que por causa da língua é natural haver uma maior interação entre brasieiros e portugueses. Mas daí a tomar o Facebook como fonte de
informação é baixar a guarda e expor a inteligência ao nocaute. Se os
próprios brasileiros, que vivem a realidade no dia a dia são presas fáceis para
as patranhas das redes sociais, pior para quem está do outro lado do Atlântico.
Mas sabem o que é mais preocupante? É que a
comunicação social portuguesa – e também em outras partes da Europa – tem como referência a
velha e caquética imprensa brasileira. Ou seja, vai beber
informação na fonte de um pessoal que mandou a compostura e a ética às ortigas. O que
temos então? Um país com a imagem cada vez mais parecida com uma república das bananas. E o Brasil vira um país onde os empresários pensam duas vezes antes de
investir.
Mas, afinal, dirão os anônimos nos comentários: quem se importa com o que os estrangeiros pensam?
É a dança da chuva.