quarta-feira, 16 de setembro de 2015
Quem é Ivandro de Souza?
POR VANDERSON SOARES
vanderson.vsoares@gmail.com
Dias atrás publiquei um texto sobre os possíveis candidatos a prefeito da nossa cidade. Afirmei, na ocasião, que Ivandro de Souza (PSDB) estaria ali apenas segurando a vaga enquanto o verdadeiro candidato se apresentaria mais pra frente, que poderia ser o Paulo Bauer ou o nosso velho conhecido Tebaldi.
Não é segredo para ninguém que sou filiado ao PSDB (mesmo não sendo tão participante quanto gostaria), e mesmo nesta condição, não conhecia muito bem Ivandro de Souza. Passei a conhecê-lo melhor nos últimos tempos, em que tive a oportunidade de ouvir alguns discursos, algumas palestras e devo dizer que ele é quem realmente deveria ser o candidato a prefeito pelo PSDB.
Digo isto, pois alguns pontos de conversa me chamaram atenção nele. Antes de conhecê-lo, sabia apenas que era empresário e, pela experiência que estamos tendo com o Sr. Udo Dohler, estava até desiludido, pensando que era apenas mais um empresário a vender a imagem de gestor milagreiro.
Pois bem, Ivandro de Souza é um pouco diferente. É empresário e tem uma empresa forte, bem conceituada e com bom nome no mercado joinvilense. A novidade começa, e é nesse ponto a diferença nevrálgica com o Udo, é sua sensibilidade. Em dado momento de um discurso ele declarou a seguinte frase:
“Hoje quando se pergunta sobre qualquer área ao Prefeito ele repete incansavelmente ‘que as contas estão equilibradas, estamos com o caixa em dia**’, mas qual pai de família não entraria no cheque especial, não deixaria de comprar algo, para pagar um tratamento de saúde para o filho? Este prefeito não pensa nisso. Pensa apenas na saúde financeira, que deve ser observada e levada em conta, mas jamais sobrepor-se às necessidades da população como saúde, educação, etc...”*
Udo Dohler seria um excelente prefeito se tivesse sensibilidade aliada ao seu conhecimento sobre gestão. A diferença crucial da gestão privada da gestão pública consiste em que uma visa lucros financeiros e a outra lucros de qualidade de vida da população. E Ivandro mostrou que entende de ambos.
Outro ponto muito interessante que Ivandro falou, em algumas ocasiões, foi sobre suas ideias de como desafogar o serviço público e diminuir os prazos das secretarias na execução dos expedientes da atual Secretaria do Meio Ambiente no que diz respeito aos Alvarás de Construção, Certificados de Conclusão de Obras, etc.
Comentou da possibilidade de certificar e auditar escritórios técnicos (engenharia/ arquitetura) de modo que a Secretaria apenas fiscalize pontos cruciais e auditem os escritórios. São ideias que ainda podem ser aperfeiçoadas e desafogar, em muito, o trabalho desta secretaria. Citou outras secretarias nesta palestra que ouvi, mas recordo-me bem apenas desta.
Deste modo, confesso que Ivandro de Souza ganhou minha admiração e respeito mostrando dominar a técnica, ter sensibilidade e ainda por cima muito bom humor (outra característica que falta ao atual prefeito).
*transcrição do que o autor ouviu na referida palestra.
** Essas falas do prefeito foram antes do Secretário Corona, afirmar que a prefeitura está pagando com atraso de 40 dias e que vai piorar ainda mais. Comenta-se hoje que o Hospital São José passa por dificuldades com falta de medicamentos e materiais básicos porque os fornecedores não suportam mais o atraso.
terça-feira, 15 de setembro de 2015
Eu violento / Eu violência
POR FELIPE CARDOSO
Quem está na luta sabe das dificuldades que enfrentamos para conseguirmos que nos ouçam, diante tantas violências que nos perseguem. Violências físicas e psicológicas que nos são destinadas, que nos machucam e matam, diariamente.
Temos que aguentar todo tipo de opressão calado, mas quando nos cansamos e decidimos reivindicar, somos taxados de violentos e extremistas. Tudo isso por apenas mostrar as violências que nos atingem. É notável que a sociedade brasileira, racista e patriarcal, não está acostumada (e parece não querer se acostumar) a dar voz as “minorias”.
Com o medo de perder os privilégios, principalmente o financeiro, os detentores do poder usam seus veículos de massa para propagar os estereótipos negativos dos grupos que lutam. Dividindo, ainda mais, os trabalhadores, que também recebem as violências diárias, mas que muitos não percebem.
São várias as violências que a população negra recebe e que, talvez, boa parte da imprensa não queira divulgar de uma só vez, para não gerar uma grande revolta na população. Procurarei listar algumas das várias opressões que somos reféns.
Mulheres negras gestantes enfrentam a violência obstétrica. Sem contar as que preferem abortar, mas por conta da ilegalidade, acabam morrendo. A maioria são mulheres negras.
Jovens negros são impedidos de usufruir o direito de ir e vir por conta da polícia, que tem em sua tradição a sanha de perseguir jovens com o perfil conhecido: negros e pardos.
Nem nos ambientes acadêmicos, negros e negras estão imunes de sofrerem com a repressão policial ou com as agressões dos outros acadêmicos. Há uma enorme resistência a mudança, a pluralidade, ao respeito a diferença nas universidades brasileiras.
A juventude negra brasileira enfrenta um genocídio. Milhares de jovens negros, em sua maioria, homens, pobres, estão sendo mortos pela polícia que se utiliza dos autos de resistência para assassinar.
“56 mil pessoas foram assassinadas em solo brasileiro, em 2012, sendo 30 mil jovens e, entre eles, 77% negros”.
Segundo os dados do relatório “Crianças Fora da Escola 2012”, do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), em relação ao trabalho infantil, a maioria é de crianças e adolescentes negros e do sexo masculino das zonas urbanas, vindas das camadas mais pobres da população.
“O estudo aponta que mais de um milhão de crianças e adolescentes, entre seis e 14 anos, encontram-se trabalhando no Brasil, o que representa 7,8% do total desse público no país. Entre as crianças brancas, a taxa é de 34,60% (377.167). Entre as negras, de 64,78% (706.160). Nessa faixa etária, o trabalho infantil é uma causa importante do abandono escolar, e aqueles que exercem alguma atividade profissional em paralelo aos estudos também estão em situação de risco”.
Precisamos de uma lei para obrigar escolas e professores a estudar e ensinar a cultura africana e afro-brasileira. Mesmo assim, a Lei 10.639 não é cumprida, deixando milhares de jovens negros sem ter o contato com sua ancestralidade, sem conhecer a sua história e cultura, recebendo, apenas, uma visão eurocêntrica, somada a visão da mídia, do mundo da moda e dos detentores do capital. O que pode gerar um desinteresse e, principalmente, uma falta de identidade, tendo como consequência a dificuldade no aprendizado e a evasão escolar.
“A taxa de analfabetismo entre os negros (11,5) é mais de duas vezes maior que entre os brancos (5,2)“.
Vendo desde cedo o padrão de beleza e uma religiosidade eurocêntrica pré-estabelecida e propagada como certa e civilizada, tendo os seus traços e a sua cultura ridicularizados e perseguidos, muitos negros enfrentam a depressão, que trazem consequências graves para sua vida e de seus familiares, como a dependência química, por exemplo.
No mercado de trabalho, os menores salários são das mulheres negras, que recebem um pouco menos do que os homens negros. Fora isso, os negros são a maioria dos desempregados no Brasil. A famosa desigualdade social tem relação com a desigualdade racial. Segundo dados do estudo do “Retrato das Desigualdades de Gênero e Raça”, do Ipea, enquanto o desemprego atinge 5,3% dos homens brancos, o índice chega a 6,6% entre os homens negros. Já entre as mulheres, a diferença aumenta. Entre as mulheres brancas, o desemprego é de 9,2% enquanto entre as mulheres negras, ultrapassa os 12%. Na pirâmide social, as mulheres negras estão na base, suportando todas as opressões, tanto as delas, quanto as dos filhos e companheiros.
De acordo com a pesquisa, realizada em 2014, pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), intitulado “A Inserção dos Negros no Mercado de Trabalho”, os trabalhadores negros ocupam, em geral, cargos de menor qualificação e, consequentemente, têm salários com até 57,3% de diferença, sendo menos valorizados do que os não negros.
Fora tudo isso, ainda temos que conviver com a hipocrisia de ver os brasileiros se revoltando com o descaso da Europa com os imigrantes sírios, ao mesmo tempo em que fazem o mesmo com imigrantes haitianos e senegaleses.
Diante de tudo o que foi apresentado, diante do cotidiano violento que enfrentamos, tenho total certeza que os meus discursos e meus textos não são violentos. Não chegam nem aos pés das atrocidades cometidas pelo Estado, financiado por banqueiros, gerando lucro para milhares de empresários.
Violento é o Estado genocida. Violento é o racismo. Violento é a hipocrisia. Violento é a desigualdade. Violento é o capitalismo.
Para encerrar, o vídeo da apresentação da Porsha O., de 2014, que contempla muito bem o que foi apresentado aqui.
segunda-feira, 14 de setembro de 2015
Uma sacanagem imobiliária, no centro da sua cidade
POR JORDI CASTAN
Retirem as crianças da sala. Vamos relatar uma sacanagem. Porque Joinville vem sendo sistematicamente sacaneada, envergonhada e destruída, até pelo poder público, que teria a obrigação de defendê-la e protegê-la da sanha especulativa e gananciosa. Alguém compraria um imóvel sem antes se informar da situação do imóvel? A resposta clara é "não". Ninguém faria uma besteira dessas. Ninguém? Você não imagina do que o poder público é capaz.
Para evitar que pessoas menos esclarecidas possam ser enganadas por vendedores inescrupulosos, é corrente que se façam campanhas orientando sobre os passos a seguir antes de proceder a realizar um negocio imobiliário. O objetivo principal dessas campanhas de informação e esclarecimento é orientar o comprador sobre a legalidade registral e urbanística do imóvel. Também serve para divulgar os riscos da aquisição e utilização de um imóvel em situação irregular.
E assim ninguém compraria um imóvel localizado numa região em que o zoneamento não permita a instalação do negócio ou atividade a que o comprador se dedique ou pretenda implantar em aquele imóvel, certo? O bom senso diz que sim. A realidade de Joinville mostra outra situação muito diferente.
Para evitar riscos, a Prefeitura de Joinville fornece
informações precisas sobre as normas urbanísticas que incidem sobre todos os imóveis
localizados no seu território. Todos podem fazer consultas sobre qualquer imóvel, previamente à sua eventual aquisição, tanto para o alvará de obra, como para o
alvará de localização de empreendedor individual, profissional autônomo ou de
empresa. No caso do alvará de localização a SEMA (Secretaria do Meio Ambiente)
informara se o zoneamento permite a atividade pretendida pelo empreendedor ou
comprador.
Na capital do “fasejamento urbano”, a realidade não é bem
esta. A legislação urbanística sofre constantes adaptações e mudanças para
atender a interesses particulares. Pior ainda que esses estupros urbanos são
elaborados, alcaguetados e gestados dentro dos próprios institutos e órgãos que
deveriam zelar pelo cumprimento da lei. E com o interesse, entre outros menos
transparentes, de atender empreendimentos já decididos, sem levar em consideração
o que diz a lei, a lei que a maioria da população cumpre e respeita. Há uma
longa lista de alterações pontuais para receber hospitais, secretarias
municipais, shopping center, indústrias, centros comerciais...
Nessa “colcha de retalhos” em que Joinville tem se
convertido, reflexo claro da união de interesses econômicos e conivência das
autoridades municipais surge mais uma dessas propostas espúrias e vergonhosas,
mais um estupro urbanístico, com direito a musica lenta, pouca luz, um ambiente
intimo e acolhedor, para que possa parecer que foi um estupro consentido.
O vereador Claudio Aragão (PMDB - líder do governo) patrocina uma proposta que inclui, no Setor Especial do Patrimônio Ambiental Urbano (SE1) da Lei Complementar 312/10, o uso E 3.1. Arrisco a dizer que menos de 1% da população entendeu. É bom entender que isso é também parte da estratégia: confundir para vencer. Não vou aqui a questionar qual o interesse do vereador no projeto, porque o leitor poderá sacar as suas próprias conclusões.
Uma delas é a de que a justificativa do projeto de lei nem explica nem justifica nada. Esclarecendo: o que o projeto pretende é incluir a atividade administrativa de órgão público federal, estadual ou municipal, sindicatos ou organizações de trabalho ou não governamental (E 3.1.) no setor delimitado pelas ruas do Príncipe, 3 de Maio, 7 de Setembro, Itajaí e Jeronimo Coelho. Ficou mais claro?
O vereador Claudio Aragão (PMDB - líder do governo) patrocina uma proposta que inclui, no Setor Especial do Patrimônio Ambiental Urbano (SE1) da Lei Complementar 312/10, o uso E 3.1. Arrisco a dizer que menos de 1% da população entendeu. É bom entender que isso é também parte da estratégia: confundir para vencer. Não vou aqui a questionar qual o interesse do vereador no projeto, porque o leitor poderá sacar as suas próprias conclusões.
Uma delas é a de que a justificativa do projeto de lei nem explica nem justifica nada. Esclarecendo: o que o projeto pretende é incluir a atividade administrativa de órgão público federal, estadual ou municipal, sindicatos ou organizações de trabalho ou não governamental (E 3.1.) no setor delimitado pelas ruas do Príncipe, 3 de Maio, 7 de Setembro, Itajaí e Jeronimo Coelho. Ficou mais claro?
Sim, estamos falando do entorno da Rua das Palmeiras. Importante destacar que todo o entorno da Alameda Bruestlein tem um tratamento urbanístico
especial para preservar a própria alameda. Garantir a insolação das palmeiras,
o seu marco e destacar o sua importância como marco e referente histórico e paisagístico
da cidade. Bom ainda acrescentar que a rua é tombada pelo IPHAN é forma parte
do patrimônio cultural de Joinville.
Qual o real motivo por trás da proposta de “desordenamento
territorial” do vereador, além do seu elevado espirito público e de atender os
anseios da população? É muito provável que
o real motivo tenha que ser buscado na Lei 7332, de 06 de dezembro de 2012, no
apagar das luzes do governo Carlito Merss e com a eleição já perdida, que autorizou o
Município de Joinville a adquirir um imóvel fazendo frente para as Ruas 3 de
Maio, Rio Branco e Alameda Bruestlein destinada para a instalação da Secretaria
de Educação e outras repartições municipais.
O imóvel em questão carrega um pesado lastro. A sua licença de construção concedida na década de 80 foi aprovada pela famigerada comissão de urbanismo, criada com o único propósito de atender interesses a revelia da lei. A obra estava parada por anos. E se fosse pouco, a área construída chega ao limite estabelecido, um verdadeiro monstrengo localizado numa rua que é um marco histórico de Joinville.
O imóvel em questão carrega um pesado lastro. A sua licença de construção concedida na década de 80 foi aprovada pela famigerada comissão de urbanismo, criada com o único propósito de atender interesses a revelia da lei. A obra estava parada por anos. E se fosse pouco, a área construída chega ao limite estabelecido, um verdadeiro monstrengo localizado numa rua que é um marco histórico de Joinville.
Ao que parece nem a Prefeitura e nem a Câmara lembraram de
fazer uma consulta prévia para verificar se o imóvel, adquirido por 6,5 milhões de reais
no finalzinho do mandato, poderia servir para o fim ao que se destinava. É assim
que se fazem as leis em Joinville? É assim que o executivo compra imóveis? É
assim que a Câmara fiscaliza? Não será que há vício de origem? Não houve tempo
para análise das condicionantes urbanísticas? E assim como a cidade vai sendo
estuprada aos poucos e com alguns alegando que o estupro foi consentido. Feito
dentro da legalidade e com direito a espumante.
Em tempo: o que vai ser feito com o imóvel que foi adquirido
ainda em construção, com um uso determinado em desacordo com a legislação? Alguém
vai ser responsabilizado? Vamos pôr panos quentes e tapar o sol com a
peneira? E sobre o projeto de lei do líder do governo na Câmara, será solicitado analise de impacto de vizinhança para avaliar a mudança proposta? O entorno comporta o aumento de trafego que implantar a Secretaria de Educação lá vai representar? Há o numero de vagas que a legislação municipal obriga? Aliás, que péssimo exemplo o executivo está dando ao pedir ao seu líder que se preste a fazer uma papel desses. É vergonhoso. Lembrei agora que ética e moral não são pré-requisitos nem para entrar na política, nem para se eleger.
sexta-feira, 11 de setembro de 2015
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