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A imagem não tem ligação direta com o tema, mas tem tudo a ver com Joinville, e, portanto, com especulação imobiliária |
POR FELIPE SILVEIRA
Entrou a Companhia Colonizadora de Hamburgo no negócio, cujo trabalho era lotear e vender os terrenos pros alemães, suíços, noruegueses e outros coitados que sonhavam com uma vida um pouquinho melhor no Novo Mundo. Mal sabiam do perrengue que os esperava na terra alagada e cheia de bicho, mas se viraram. Ah, os colonos contaram com o trabalho duro de escravos locais para abrir as picadas e construir as primeiras casas. Mas pouco se fala sobre isso.
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De lá pra cá, o negócio da especulação imobiliária vai de vento em popa. Segue determinando, como sempre fez, como vai ser a cidade. As características, a expansão, as maneiras de viver a cidade.
Eles ganham dinheiro demais com espraiamento, com verticalização, com flexibilização de cota, com loteamento novo, com vazio urbano, casa vazia e aumento da procura. O aluguel custa caro, a prestação do imóvel custa caro. E o trabalhador precisa morar a 20 km do trabalho, já que o só consegue um canto pra morar na zona sul, enquanto os empregos ficam concentrados na zona norte.
Portanto, quando surge o “boato” de flexibilização da cota, ainda mais sendo proposta pelo covil, digo, conselho da cidade, é preciso ligar os pontinhos. A cota 40 é garantia de preservação ambiental, ainda que insuficiente diante da depredação da natureza praticada aqui (principalmente pelas indústrias). É, também, um tipo de terreno bem caro. Já imaginaram o tipo de cafofo que dá pra construir aos joelhos do Morro do Boa Vista?
Há um jeito bem simples de combater a cretinice dos especuladores. IPTU Progressivo neles! O dispositivo, previsto no estatuto das cidades, é pouco ou nada discutido aqui. Nos jornais – que deveriam fazer o debate sobre questões importantes da cidadania –, silêncio. Na prefeitura e na câmara, cri-cri-cri... Na acij, hahahahaha.
A coisa é simples: ou ocupa ou paga mais IPTU. Abaixaria o preço dos alugueis e dos imóveis, permitindo que mais pessoas tivessem acesso à moradia, e ainda aumentaria a arrecadação do município. Mas é claro que os malditos não vão largar o osso tão facilmente.
Tem que ter luta.