quinta-feira, 24 de julho de 2014

Jordi Castan

POR JORDI CASTAN







Meus votos para presidente serão para Eduardo Campos, no primeiro turno, e para quem enfrente a Dilma e a máquina do governo, no segundo. O mais provável, hoje, é ser Aécio Neves, que não é o candidato dos meus sonhos mas tampouco dos meus pesadelos.

Fico feliz porque a maioria dos meus companheiros do Chuva Ácida tem a sólida convicção de que num país como o Brasil e possível fazer política partidária, ideológica. E que há espaço para o idealismo e os idealistas. O Clóvis e o Baço já parecem ter passado um pouco desta fase.

Num país em que o único ponto em comum de todos os partidos é chegar ao poder, se manter no poder e usar o poder - e para isso são capazes de fazer as mais espúrias alianças -, para mim, como eleitor, é impossível o voto partidário ou o voto em programas que mudam de acordo com os objetivos do momento. E assim, mesmo podendo provocar ataques de urticária nos meus co-bloggers, voto em pessoas. É o resultado de uma democracia imperfeita e à deriva.

Dilma declarou abertamente que vai "fazer o diabo". Não voto em quem pensa e age assim. Acredito que esta eleição será em dois turnos e acho salutar que assim seja. Estou curioso para saber como votarão os demais membros do blog num eventual segundo turno. Quem sabe podemos repetir a experiência e fazer uma nova declaração de voto. Se a candidata do PT conseguir de fato "fazer o diabo", pode até ser que nem haja segundo turno. Mas até lá temos tempo para pensar antes de tomar uma decisão. A minha, como eleitor, está tomada. Votarei em qualquer candidato que represente uma opção real de mudança frente à corrupção institucionalizada, à amoralidade instalada no governo e que não aplauda corruptos presos e condenados como se fossem heróis.

Sobre o discurso do combate à pobreza, as bolsas, o assistencialismo e todas essas histórias, tenho uma visão muito simples (e talvez curta): o melhor programa de combate a miséria é um bom emprego.

quarta-feira, 23 de julho de 2014

Clóvis Gruner


POR CLÓVIS GRUNER

Encerrei assim meu primeiro texto como colaborador do Chuva Ácida: “O combate à pobreza e à miséria, em que pese sua urgência, não esgota o problema. Uma política ativa de respeito aos direitos humanos precisa assegurar a laicidade do Estado e a igualdade dos direitos civis; conduzir firmemente o processo de acerto de contas com nosso passado autoritário; respeitar e fazer respeitar as diferenças de gênero, étnicas e religiosas, entre outras; afiançar o acesso à saúde; investir na educação pública e de qualidade, em todos os níveis; combater a violência institucional, dentro e fora das penitenciárias; garantir um marco regulatório sem o qual a liberdade de imprensa resta ameaçada; enfrentar a violência que grassa no campo e realizar uma efetiva reforma agrária; promover um desenvolvimento sustentável, atento aos riscos ambientais inerentes ao progresso tecnológico e industrial; entre outras medidas.”

Naquela ocasião, fazia um breve balanço do que percebia como um retrocesso nas políticas de direitos humanos nos três governos petistas, apesar de reconhecer os avanços principalmente nos investimentos sociais e nas políticas de combate à miséria com programas como, por exemplo, o Bolsa Família, uma das poucas iniciativas republicanas na história de uma República que tem sido tão pouco. Voltei ao assunto em outros textos, principalmente quando das manifestações de junho de 2013 e, mais recentemente, nas mobilizações contra a Copa. 

Em linhas gerais, procurava chamar a atenção para dois aspectos, a meu ver complementares. De um lado, a necessidade de repensar e reinventar nossa democracia, de fazer-lhe a necessária crítica, de apontar seus limites passadas três décadas do fim da ditadura. De outro, o desgaste do modelo político vigente desde, não coincidentemente, a retomada democrática nos anos de 1980, cujas estruturas restam intocadas mesmo depois de 12 anos de um governo de centro-esquerda, imobilizado, entre outras coisas, porque refém das muitas alianças firmadas para assegurar a governabilidade.

E é por acreditar ainda na possibilidade e na emergência de uma alternativa à esquerda que voto em Luciana Genro, do PSOL. Em um nível mais imediato, o partido e suas lideranças tem sido uma via tanto aos limites impostos à e pela esquerda governista, como ao retrocesso pela direita, representado hoje pela candidatura do senador tucano Aécio Neves. Mas, ainda mais importante, o PSOL oferece, a um nível institucional, a possibilidade de reinserir na agenda política pautas colocadas em segundo plano, quando não simplesmente esquecidas, pelos grupos políticos mais tradicionais, dentro e fora do governo, em diferentes graus comprometidos como uma agenda conservadora.

O programa de governo e as ideias do PSOL são irrealizáveis em sua integralidade, a significar que, se o partido um dia chegar a ser governo, seguirá a mesma trajetória do PT, rendendo-se às exigências da realpolitik e da governabilidade? Não sei. Mas não acho que exercícios baratos de futurologia ajudem na hora de decidir o voto. Eu escolho o PSOL e Luciana Genro porque miro o presente e vejo neles a possibilidade de trazer para o debate eleitoral temas que me são caros, tais como os direitos LGBT; a descriminalização do aborto e a violência contra a mulher; o combate ao racismo; a necessidade de pensarmos outras políticas de segurança pública e de combate à violência, tais como a desmilitarização da polícia; a regulamentação dos meios de comunicação; a reforma política e o aprofundamento da democracia, entre outros.

O historiador da arte inglês T. J. Clark, em um texto tanto breve como contundente, reivindica uma esquerda disposta a levar a sério a “experiência da derrota”, renunciar às promessas messiânicas de futuro e “capaz de encarar o mundo”. Não estou plenamente certo se o PSOL preenche todos esses requisitos. Mas entre os partidos que disputam as eleições deste ano, ele me parece o mais próximo que podemos chegar disso.

terça-feira, 22 de julho de 2014

Cão Tarado.


José António Baço



POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO

Dilma é a minha escolha. Poderia elencar uma série de razões, mas tem peso decisivo o argumento da legítima defesa: o temor de que, em caso de vitória da oposição, o Brasil possa recuar aos tempos da privataria, quando as coisas eram feitas a pensar exclusivamente nos interesses dos poderosos e as políticas sociais eram bruma. Enfim, não se pode esperar "amanhãs" a partir de "ontens" de má memória.

O problema dos países menos desenvolvidos é tomarem como novidade o que já está a cair em desuso nos países mais evoluídos. É uma armadilha que o Brasil deve evitar. O ideário neoliberal já demonstrou que nada tem a oferecer além da precariedade, da concentração da riqueza e da falta de solidariedade para com os mais fracos. No entanto, é uma tentação à qual a direita se entrega levianamente.

A realpolitik levou o PT a se afastar de um certo ideário de esquerda - em especial por compor governo com partidos fisiológicos e conservadores -, mas o partido ainda representa a possibilidade de uma sociedade mais solidária. É claro que isso desagrada os que vivem a repetir o mantra do Estado mínimo, do individualismo e do endeusamento do mercado. E desperta os ódios irracionais que vemos todos os dias.

Outro fato é que os dois principais opositores – Aécio Neves e Eduardo Campos – parecem ter meros projetos de poder, mas nenhum projeto de governo ou de país. Aliás, esse é o grande dilema dos eleitores antiDilma: querem votar contra a presidente mas não conseguem ver estatura de estadistas nos opositores. Arrisco a dizer que teremos o voto silencioso e envergonhado: votarão contra Dilma, mas nunca a favor de qualquer um deles.

É claro que a minha visão é de quem vive fora e passa apenas um mês por ano no Brasil. Mas talvez seja exatamente essa posição a dar uma “frieza” de julgamento que muitas vezes falta no dia a dia. O Brasil mudou muito nos últimos anos. E para melhor. Tanto que a proposta dos opositores passa por "melhorar" o que o atual governo está a fazer. Ou seja, a oposição propõe fazer mais do mesmo. Não há proposta de valor.

E, para finalizar, deixo registrado que acredito na alternância no poder. O problema é que não se faz alternância sem alternativa.


domingo, 20 de julho de 2014

Felipe Silveira


POR FELIPE SILVEIRA

Como sou militante e filiado ao Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), é claro que meu voto vai para Luciana Genro. Assim como o 50 terá meu voto em todas as outras disputas da vez: governador, senador e deputado federal e estadual.

O critério fundamental é o partido, pois essa história de "votar em pessoas" é coisa de quem passa longe de uma discussão política séria. Votar em pessoas é ajudar a eleger uma série de cretinos que faz a política partidária ser o que é. (É claro que as pessoas interessam, mas colocá-las como critério sobre a questão do partido é ignorar a discussão que mais importa.)

Por isso voto no PSOL. Um partido relativamente novo, fundado em 2005, a partir do desencanto com o caminho escolhido pelo PT ao chegar no poder, e que amadurece a cada dia. Eu, que era petista, aderi à nova sigla somente em 2010, quando comecei a participar das atividades do partido recém-fundado em Joinville.

Acredito que a mudança da sociedade não se dará pela via parlamentar, mas entendo que este é um importante espaço a ser ocupado, onde o PSOL tem sido exemplar em suas atuações e lutas. Parlamentares como Marcelo Freixo, Chico Alencar, Ivan Valente, Jean Wyllys, Randolfe Rodrigues, Renato Cinco e Afrânio Boppré (vereador em Florianópolis e candidato ao governo de SC) demonstram todos os dias seus compromissos com o povo e com os direitos humanos.

Voto no PSOL porque sou contra o machismo, contra a homofobia e contra o extermínio sistemático da população negra e pobre. Voto no PSOL porque luto pelo direito à moradia e ao transporte público, gratuito e de qualidade. Participo do partido porque entendo que o povo deve ser protagonista das lutas, e vejo a sigla como uma ferramenta da população.

Voto no PSOL porque quero promover uma mudança radical no sistema econômico, pois entendo o modo de produção capitalista como a raiz dos problemas da sociedade. Voto neste partido porque quero uma sociedade mais justa, que nos permita desenvolver todas as nossas imensas potencialidades enquanto brasileiros e seres humanos. E o programa de Luciana Genro e do PSOL tem propostas claras para começarmos a caminhar até lá.