terça-feira, 14 de agosto de 2012

Os filhos únicos de pai solteiro

POR JORDI CASTAN

Apareceu na campanha um renque de filhos únicos de pai solteiro. O estranho fenômeno atinge dezenas de candidatos a vereador que se apresentam “solteiros”, desvinculados do candidato a prefeito do seu partido ou coligação. É uma estranha epidemia do caso de filho que renega do pai.

A conclusão lógica é que os candidatos a prefeito são muito ruins. Afinal, até os candidatos a vereador colocam placas, cavaletes e distribuem santinhos em que não aparece o nome e a imagem do candidato a prefeito do seu próprio partido. Em alguns casos, aparece de forma minúscula a sigla do partido e o número da majoritária, de tal forma dissimulados e escondidos que fica praticamente impossível identificar.

Como a prática está amplamente disseminada, desde ex-secretários da atual administração a militantes históricos, quase todos se apresentam amparados pelas artes dos marqueteiros como sendo candidatos livres, desvinculados de qualquer desatino ou malfeito dos candidatos a prefeito. É uma moderna versão da fábula do porco e da galinha, que conversavam sobre o seu grau de envolvimento com o café da manhã dos donos da fazenda: enquanto a galinha contribuía fornecendo os ovos, o porco fornecia ou toucinho.

Estes candidatos não querem que o eleitor os identifique ou os relacione nem com esta administração, nem com a anterior, como se eles não tivessem nenhuma responsabilidade e nenhum compromisso - e isto é um desserviço com o eleitor. Para confundir ainda mais a cabeça do eleitor desavisado, as tradicionais cores partidárias tem sido abandonadas e não é fácil reconhecer a imagem dos partidos, como se cada vereador estivesse fazendo a sua própria campanha e correndo a sua própria corrida.  

Há, a cada dia, mais gente que responde aos pedidos de voto e de apoio dos candidatos à majoritária com um ríspido “nós quem, cara pálida?” Sem decolar, os candidatos veem rapidamente perder os seus “soldados” e esta é uma batalha que não se ganha sem infantaria. Como sempre são os ratos os primeiros que abandonam o navio das candidaturas que afundam ou ficam atoladas no lodo. Eu desconfiaria destes candidatos.

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Campeonato de carregar esposa?

ET BARTHES
Tem muita gente achando que o casamento é um fardo difícil de carregar. Mas não é o caso deste advogado finlandês, que venceu o campeonato mundial de carregamento de esposa. O cara fez os 250 metros, com obstáculos, em pouco mais de um minuto. Há maluco para tudo neste planeta.

 

Zilnete é o Maradona das finanças


POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO
O tema de hoje é a vereadora Zilnete Nunes. Mas podem tirar o jumentinho da chuva, leitor e leitora, se estão à espera de denúncias, críticas ou indagações. Pelo contrário. A intenção aqui é fazer um elogio ao talento que ela tem para enriquecer e virar milionária.

Mais do que isso, pretendo expor aqui a minha inveja. Dizem que a vida é resultado das nossas decisões. E hoje percebo que só tomei decisões erradas. Quando comecei a pensar por mim, descobri que era ateu. Sempre gostei da política, mas nunca tive coragem de concorrer em eleições. E apesar de ter uma boa voz, nunca pensei em ser cantor.

Mas agora, ao olhar para o exemplo inspirador da vereadora Zilnete Nunes, percebi como decidi tudo errado. Afinal, ela é religiosa, vereadora, cantora (ok... neste ponto há controvérsia) e ficou milionária: dos R$ 586.965,00 declarados em 2008, deu um salto para R$ 1.536.965,00 em 2012. Ah... que inveja dessa sensação de conquistar o primeiro milhãozinho.

Triplicar o patrimônio em tão poucos anos é coisa de gênio. Por isso, Zilnete é a minha ídola. Aliás, fiquei tão impressionado que quero, também eu, seguir o seu exemplo. E fico aqui a tentar encontrar o segredo para virar milionário... mas nada.

- Será da política? Vamos fazer as contas. Um vereador recebe cerca de R$ 450 mil por mandato de quatro anos. Mesmo com uma vida muito austera e inteligência nos investimentos fica difícil virar milionário. Mas é claro que ajuda.

- Será da cantoria? É uma explicação razoável. Lembro que a publicação, aqui no Chuva Ácida, do vídeo da “jumenta que fala” provocou uma autêntica corrida ao blog (foi um recorde de acessos). Seria possível ganhar essa dinheirama toda com a cantoria? Talvez, apesar de que a vereadora não é exatamente uma Ivete Sangalo barriga verde.

- Será da religião? Se existe lugar onde podemos esperar um milagre da multiplicação é no plano religioso. Ok... não parece que Deus esteja a jogar dinheiro do céu. Mas, todos sabemos, Ele escreve certo por linhas tortas. E pode ter providenciado uma herança. Hummm... Mas nesse caso haveria uma chatice familiar, já que o irmão Clarikennedy Nunes parece não ter sido incluído na partilha.

Aliás, isso dá o que pensar. Como a vereadora Zilnete conseguiu ficar milionária ganhando a metade do que ganha o irmão e deputado Clarikennedy Nunes? A resposta é simples: ela herdou toda a inteligência da família, enquanto ele (pelas propostas que vem fazendo) parece padecer de um pouco de discalculia. Talvez devesse ser ela a candidata a prefeito.

Ah... mistério desfeito. Fui dar uma comparada nas declarações de bens da vereadora e é fácil perceber a diferença. Há duas novas propriedades na Argentina que valem uma graninha legal. Meus senhores, posso dizer então, sem medo de errar, que Zilnete Nunes é craque... é o Maradona das Finanças. Vai, garotinha!

E eu, que pretendo seguir o exemplo inspirador da vereadora, também decidi partir para a religião. Mas como essa coisa de ser ateu demora a curar, vou investir na terrena Iglesia Maradoniana, que cultua o craque Maradona.

¿Quién quiere ser millonario?

P.S.1: Parece que a vereadora teve um pequeno percalço na justiça eleitoral porque esqueceu de pagar R$ 3,5 por não ter votado numas eleições. Como? Uma milionária entalada por míseros “trei real”? Você, leitor e leitora, que são pessoas maldosas, vão dizer que ela não é assim tão craque. Nada disso. É a superioridade intelectual: aquila non captat muscas (a águia voa tão alto que não se presta a capturar mosquitos).

P.S.2: Mas não tem problema. Se Zilnete Nunes não puder concorrer, nem tudo está perdido. Porque com esse talento para fazer crescer o bolo financeiro, eu não teria qualquer problema em propor o seu nome para ministra das finanças de algum dos países europeus em crise. Espanha ou Portugal, por exemplo. Par ou ímpar, Jordi Castan?

domingo, 12 de agosto de 2012

Há coisas que só vendo...

POR ET BARTHES
É uma daquelas coisas que não adianta descrever. Um dos filmes mais vistos no Youtube, com mais de 17 milhões de visualizações. Os caras puseram leds nas costas das ovelhas e dos cães e... é o que se vê.


Os verdadeiros garotos perdidos


POR ELIANE COSTA

Houve um tempo em que os Garotos Perdidos eram apenas personagens das Histórias de Peter Pan.

Inocentes garotos vivendo na Terra do Nunca, ilustrando o imaginário de crianças e adultos.

Naquela história o único vilão era o Capitão Gancho. Um homenzinho sem escrúpulos, maquiavélico e desajeitado que perseguia incessantemente aqueles pobres garotos.

Diferente daquela história os garotos perdidos da atualidade não estão mais concentrados na Terra do Nunca; eles vivem atualmente espalhados pelas ruas de nossa Joinville. Franzinos, altos, curvados, porte de menino, porém aparência de velho. Trajados quase sempre com bermudas, chinelos, camisetas surradas e moletom vivem a vagar com o olhar distante.

A nossa cracolândia joinvilense, assim como a paulista, foi desativada. O que era antes uma praça cheia de palmeiras com raízes à amostra deu lugar a um espaço mais moderno; acho que é esse o objetivo daquelas grandes bolas de cimento dispostas na entrada da praça.

Porém onde foram parar os garotos perdidos?

Continuam vagando, nas ruas que circundam o terminal de ônibus central e também na periferia.

Mudá-los de lugar não resolveu o problema.

A sociedade infelizmente não enxerga dependência química como uma doença, existe muito preconceito e aos olhos da maioria o dependente químico não passa de um vagabundo mau caráter.

Não, não estou dizendo aqui que devemos passar “a mão na cabeça” dos dependentes químicos, mas sim encarar esse problema como uma doença e tratá-lo como tal.

Bater, xingar, discriminar ou jogar a culpa de todos os furtos que ocorrem em nossa cidade nas costas dos dependentes químicos não é a solução. Se for assim teremos que fazer o mesmo com os fumantes e alcoólatras.

Se livrar de um vício não é nada fácil. Dependendo do estágio a situação se complica cada vez mais. É preciso muito apoio, compreensão, atenção e carinho de familiares e pessoas próximas. Depois um bom tratamento, e, é nessa etapa que o “bicho pega”.

Mas não dá para cobrar muito, de uma cidade, onde a população sofre quando necessita de um atendimento médico convencional nos hospitais públicos?

Fica a dica para as “autoridades locais” não basta mudar o dependente químico de lugar, é preciso tratá-lo.

De nada adianta embelezar a Rua das Palmeiras, se toda a sua feiúra foi varrida para outros pontos da cidade.