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domingo, 12 de agosto de 2012

Os verdadeiros garotos perdidos


POR ELIANE COSTA

Houve um tempo em que os Garotos Perdidos eram apenas personagens das Histórias de Peter Pan.

Inocentes garotos vivendo na Terra do Nunca, ilustrando o imaginário de crianças e adultos.

Naquela história o único vilão era o Capitão Gancho. Um homenzinho sem escrúpulos, maquiavélico e desajeitado que perseguia incessantemente aqueles pobres garotos.

Diferente daquela história os garotos perdidos da atualidade não estão mais concentrados na Terra do Nunca; eles vivem atualmente espalhados pelas ruas de nossa Joinville. Franzinos, altos, curvados, porte de menino, porém aparência de velho. Trajados quase sempre com bermudas, chinelos, camisetas surradas e moletom vivem a vagar com o olhar distante.

A nossa cracolândia joinvilense, assim como a paulista, foi desativada. O que era antes uma praça cheia de palmeiras com raízes à amostra deu lugar a um espaço mais moderno; acho que é esse o objetivo daquelas grandes bolas de cimento dispostas na entrada da praça.

Porém onde foram parar os garotos perdidos?

Continuam vagando, nas ruas que circundam o terminal de ônibus central e também na periferia.

Mudá-los de lugar não resolveu o problema.

A sociedade infelizmente não enxerga dependência química como uma doença, existe muito preconceito e aos olhos da maioria o dependente químico não passa de um vagabundo mau caráter.

Não, não estou dizendo aqui que devemos passar “a mão na cabeça” dos dependentes químicos, mas sim encarar esse problema como uma doença e tratá-lo como tal.

Bater, xingar, discriminar ou jogar a culpa de todos os furtos que ocorrem em nossa cidade nas costas dos dependentes químicos não é a solução. Se for assim teremos que fazer o mesmo com os fumantes e alcoólatras.

Se livrar de um vício não é nada fácil. Dependendo do estágio a situação se complica cada vez mais. É preciso muito apoio, compreensão, atenção e carinho de familiares e pessoas próximas. Depois um bom tratamento, e, é nessa etapa que o “bicho pega”.

Mas não dá para cobrar muito, de uma cidade, onde a população sofre quando necessita de um atendimento médico convencional nos hospitais públicos?

Fica a dica para as “autoridades locais” não basta mudar o dependente químico de lugar, é preciso tratá-lo.

De nada adianta embelezar a Rua das Palmeiras, se toda a sua feiúra foi varrida para outros pontos da cidade.