quarta-feira, 1 de fevereiro de 2017
terça-feira, 31 de janeiro de 2017
Joinville sofre com inundações e precisa discutir politicamente o assunto
POR FELIPE SILVEIRA
Joinville sofre mais uma vez com as cheias e o momento pede solidariedade com as pessoas que perderam seus pertences nesta segunda-feira que passou. De acordo com matéria do jornal A Notícia, 120 pessoas ficaram desalojadas. Muitas pessoas precisam de roupas, móveis, materiais de construção e ajuda para a limpeza de suas casas. E Joinville, que deve cuidar para não fazer uso politiqueiro das tragédias, precisa de uma discussão mais séria sobre o assunto.
Embora sofra ano sim outro também com as enchentes e alagamentos, a cidade não se presta a discutir o problema em alguma conferência municipal. Também não monta uma equipe especializada a identificar as causas e criar políticas públicas para combater o problema. O curso de Geografia da universidade da região, matéria que estuda justamente esta relação entre a humanidade e o lugar em que ela se encontra, está fechado por falta de procura. O conhecimento – e há trabalhos na cidade – acerca do assunto é simplesmente ignorado em uma cidade historicamente só pensa no desenvolvimento econômico. Uma cidade na qual as empresas fazem lobby para descartar o estudo de impacto na vizinhança tende a sofrer justamente por isso.
Não dá para ignorar a relação das inundações com a questão da especulação imobiliária e do crescimento desordenado. A cidade está localizada entre a serra e o mar, com centenas de rios e córregos passando no meio dela e sujeita às marés. O índice pluviométrico é alto. O planejamento urbano precisa considerar tais fatores. Os rios precisam, portanto, de margens extensas o suficiente para dar conta do eventual excesso de chuva.
É com justiça que partidários e simpatizantes do ex-prefeito Carlito Merss (PT) reclamem do tratamento diferenciado dado a ele e ao atual prefeito Udo Döhler. A gestão petista fez um trabalho constante de limpeza dos rios, em especial na zona sul, controlando as cheias que eram mais constantes. Moradores próximos desses rios sabem que o trabalho foi interrompido.
Mas acho que a questão não pode ser reduzida a isso, embora considere o trabalho de extrema importância. Um amigo engenheiro ambiental me disse que as próprias tubulações, ao restringir a área de escape da água, são um problema. Como o (importante) trabalho de drenagem (no caso, a colocação de tubulação, que não drena) tem avançado, o problema acaba se agravando. A impermeabilização do solo (cimento e asfalto em casas, ruas e empresas) também se torna um problema a passos largos.
Cidades urbanizadas como São Paulo investiram na construção de alguns piscinões para evitar alagamentos. Joinville também está construindo um na região central. Porém, com um planejamento adequado, não seria preciso investir dinheiro em obras assim em outros bairros. Terrenos baixos que acumulam água da chuva existem naturalmente. É o crescimento desordenado, no entanto, que pode impedir a própria natureza de fazer a sua parte para amenizar a questão.
Não quero oferecer respostas neste texto, até porque isso exige um conhecimento técnico que não tenho. Quero apenas apontar que a cidade precisa pensar politicamente este problema, e não tratá-lo com a ideia de que aqui chove mesmo e ninguém tem culpa.
Joinville sofre mais uma vez com as cheias e o momento pede solidariedade com as pessoas que perderam seus pertences nesta segunda-feira que passou. De acordo com matéria do jornal A Notícia, 120 pessoas ficaram desalojadas. Muitas pessoas precisam de roupas, móveis, materiais de construção e ajuda para a limpeza de suas casas. E Joinville, que deve cuidar para não fazer uso politiqueiro das tragédias, precisa de uma discussão mais séria sobre o assunto.
Embora sofra ano sim outro também com as enchentes e alagamentos, a cidade não se presta a discutir o problema em alguma conferência municipal. Também não monta uma equipe especializada a identificar as causas e criar políticas públicas para combater o problema. O curso de Geografia da universidade da região, matéria que estuda justamente esta relação entre a humanidade e o lugar em que ela se encontra, está fechado por falta de procura. O conhecimento – e há trabalhos na cidade – acerca do assunto é simplesmente ignorado em uma cidade historicamente só pensa no desenvolvimento econômico. Uma cidade na qual as empresas fazem lobby para descartar o estudo de impacto na vizinhança tende a sofrer justamente por isso.
Não dá para ignorar a relação das inundações com a questão da especulação imobiliária e do crescimento desordenado. A cidade está localizada entre a serra e o mar, com centenas de rios e córregos passando no meio dela e sujeita às marés. O índice pluviométrico é alto. O planejamento urbano precisa considerar tais fatores. Os rios precisam, portanto, de margens extensas o suficiente para dar conta do eventual excesso de chuva.
É com justiça que partidários e simpatizantes do ex-prefeito Carlito Merss (PT) reclamem do tratamento diferenciado dado a ele e ao atual prefeito Udo Döhler. A gestão petista fez um trabalho constante de limpeza dos rios, em especial na zona sul, controlando as cheias que eram mais constantes. Moradores próximos desses rios sabem que o trabalho foi interrompido.
Mas acho que a questão não pode ser reduzida a isso, embora considere o trabalho de extrema importância. Um amigo engenheiro ambiental me disse que as próprias tubulações, ao restringir a área de escape da água, são um problema. Como o (importante) trabalho de drenagem (no caso, a colocação de tubulação, que não drena) tem avançado, o problema acaba se agravando. A impermeabilização do solo (cimento e asfalto em casas, ruas e empresas) também se torna um problema a passos largos.
Cidades urbanizadas como São Paulo investiram na construção de alguns piscinões para evitar alagamentos. Joinville também está construindo um na região central. Porém, com um planejamento adequado, não seria preciso investir dinheiro em obras assim em outros bairros. Terrenos baixos que acumulam água da chuva existem naturalmente. É o crescimento desordenado, no entanto, que pode impedir a própria natureza de fazer a sua parte para amenizar a questão.
Não quero oferecer respostas neste texto, até porque isso exige um conhecimento técnico que não tenho. Quero apenas apontar que a cidade precisa pensar politicamente este problema, e não tratá-lo com a ideia de que aqui chove mesmo e ninguém tem culpa.
segunda-feira, 30 de janeiro de 2017
COSIP [2]
POR JORDI CASTAN
Finalizado o primeiro ato em cena da pantomima da COSIP, é
hora de fazer uma análise dos seus atores, os resultados e os impactos. Quem
ganhou e quem perdeu. E, principalmente, como se desenvolveu todo o show ante o
olhar impávido da maioria da população, que foi ludibriada pela ação articulada
pelo prefeito, tendo a Câmara de Vereadores como executora.
Udo Döhler – Foi
o grande vencedor da ação. De uma tacada só acabou com a imagem da nova
legislatura. Mostrou o seu controle sobre a maioria dos vereadores e deixou
claro que pode fazer que votem e aprovem qualquer estupidez que proponha. Com o
Legislativo desacreditado na primeira ação do ano, o seu modelo de gestão
autoritário tem campo aberto para cometer novos exageros e desatinos. É o dono
do pedaço e quase ninguém se atreve a questionar suas sandices. Um exemplo de
sandice típico: “Quem consome mais energia terá alguma majoração, mas é muito
pequena e bem distribuída. Isso vai permitir que a gente avance na iluminação
elétrica”.
Câmara de Vereadores
– Foi a grande derrotada do episódio. Mostrou a sua fragilidade, a sua
pequenez. Fez tudo de forma servil, atrapalhada, apressada e pouco democrática.
Agiu de costas para a população que, em teoria, deveria representar. Tampouco
esta legislatura vai defender os interesses da população que a elegeu. E ficou
patente que seus compromissos são com outros interesses, com mais peso que a
defesa dos interesses da sociedade. Cada vereador garantiu seus interesses
pessoais e votou a favor de um aumento escandaloso, baseado unicamente nas
planilhas e dados - questionáveis, diga-se -, apresentados pelo Executivo. Não
houve debate. Não houve análise dos dados apresentados. E não foram
apresentados estudos técnicos que dessem sustentação ao discurso do Executivo.
Qual é o saldo da conta da COSIP? Qual realmente será o impacto do aumento?
Como fica a situação dos grandes contribuintes industriais? Comércios e
shoppings vão pagar mais ou terão a sua conta reduzida? Quanto se arrecada hoje
e como é gasto? Os dados pelo executivo são confusos e se contradizem, os valores divulgados no Portal da Transparencia são da ordem de R$ 2,4 milhôes mensais. O secretario Romualdo França informou ao jornal A Notícia de R$ 1,6 milhões ao mês. A diferença entre uma informação e a outra é de mais de 50%. Esta claro que informações verazes não são o forte desta gestão e uma Câmara que não questiona contribui muito pouco a trazer dados em que se possa acreditar. Qual é a economia real com a instalação de lâmpadas de LED? Se
houve uma redução de quase R$ 1 milhão pela troca de lâmpadas mais econômicas
por que é preciso aumentar? Com demasiada pressa por aprovar a
Câmara se comportou como um cartório de homologação.
O tema da COSIP não era urgente, não
precisava ser votado atabalhoadamente e só vai entrar em vigor em janeiro de
2018. O presidente do Poder Legislativo poderia e deveria ter chamado a população, permitir que fossem
apresentados estudos e provas que corroborassem ou não os dados apresentados na
justificativa do Executivo. Faltou experiência e assessoria. Não é mais o
detentor de um cargo comissionado de livre indicação do prefeito. O presidente
do Legislativo Municipal precisa ter mais estatura e não obedecer sem
questionar qualquer ordem que venha do Executivo. Ainda tem tempo para
aprender, mas a leitura de Montesquieu e a perfeita compreensão do modelo republicado
- e do papel de cada um dos três poderes - seria a primeira tarefa a que
deveria se dedicar com determinação. Ele é um político jovem e com futuro. E
esses são os primeiros que os velhos políticos gostam de desacreditar.
Na condução os vereadores mais experientes aproveitaram do pouco conhecimento
do regimento dos vereadores recém empossados e patrolaram o processo forçando a
aprovação apressada sem permitir que a sociedade se articulasse, argumentasse e
se fizesse ouvir. Impecável na forma como cumpriram o que tinham se proposto a
fazer. Visto com o olhar do espectador, o Legislativo apequenou-se ainda mais.
Rodrigo Coelho –
Foi o vereador que se posicionou de uma maneira mais clara contra a aprovação da
COSIP. Mostrou que é possível ser da base do governo e ter opinião. Inaugurou
um bloco interessante, ainda que minoritário: o dos vereadores com consciência.
Havia até vereadores que começaram a legislatura com bom pé, com ações coerentes em relação ao
discurso de campanha. Mas no episódio da COSIP deixaram muito a desejar. Nem
questionaram, não se posicionaram e acabaram aprovando. Seria bom que os vereadores com este perfil conversassem um pouco com Rodrigo Coelho. Se o bloco
dos vereadores que votam com consciência aumentasse, Joinville ganharia muito -
e há varios que tem perfil para integrar este grupo.
Vereadores que
votaram a favor – Não apresentaram argumentos convincentes, como papagaios
repetiam os argumentos do executivo. Os vereadores que votaram a favor do aumento
da COSIP não acrescentaram nada novo e deixaram exposto o nível desta
legislatura. Os únicos argumentos apresentados foram Ctrl-C/Ctrl-V do
documento encaminhado pelo Executivo. A maioria dos que foram para as redes
sociais tentar justificar a trapalhada acabou apagando seus posts, ficando com
o rabo entre as pernas. Lamentável.
Imprensa –
Acordou tarde. Ou dormiu no ponto e não soube avaliar o impacto real que o
aumento de mais de 100% na maioria dos casos causaria na população. Nos dias
seguintes correu atrás do prejuízo e tentou esclarecer. Mas o controle feroz
que o maior anunciante exerce sobre os meios de comunicação faz com que
qualquer voz diferente da bajulação e a concordância seja rapidamente cortada.
ACIJ – Os seus
maiores contribuintes foram os mais beneficiados. Nenhuma grande empresa de
Joinville vai pagar mais de R$ 110 por mês de COSIP, um excelente negócio,
quando um prédio com 20 e poucos apartamentos vai pagar mais de R$ 600. Por
isso, olhou para o outro lado e ficou em silêncio. O silêncio cúmplice de quem
sabe. Aliás, se uma medida como esta tivesse sido tomada por qualquer outro
prefeito, a ACIJ estaria na primeira linha questionando o aumento exagerado.
Poupadas as maiores empresas, o peso do aumento recai sobre a classe média e as
pequenas e médias empresas.
Ajorpeme – Se fez
presente, se posicionou e continua liderando o processo de oposição ao absurdo.
Já avisou que vai se posicionar contrária e entrar na justiça. Se no primeiro
momento foi pega de surpresa e não teve tempo nem argumentos suficientes, sua
posição foi crescendo e ganhando força. Seria importante articular com as
outras entidades empresariais. Ou será que foram todas cooptadas pelo “Lado
escuro da Força”? Onde ficaram CDL, Acomac?
Redes sociais – Mostraram de novo a sua capacidade de resposta. Foram publicados em poucas horas argumentos e estudos com excelente nível. A sociedade cada vez mais descobre nas redes sociais uma fonte de informações para aquilo que a imprensa oficial cala. Um espaço plural para o debate e o contraditório. Um espaço, aliás, que quanto mais tentam calar mais alto fala e mais se espalha. Este episódio da COSIP esta longe de acabar. Por enquanto só se concluiu o primeiro ato.
Redes sociais – Mostraram de novo a sua capacidade de resposta. Foram publicados em poucas horas argumentos e estudos com excelente nível. A sociedade cada vez mais descobre nas redes sociais uma fonte de informações para aquilo que a imprensa oficial cala. Um espaço plural para o debate e o contraditório. Um espaço, aliás, que quanto mais tentam calar mais alto fala e mais se espalha. Este episódio da COSIP esta longe de acabar. Por enquanto só se concluiu o primeiro ato.
sexta-feira, 27 de janeiro de 2017
Uma nova catraca para a juventude
POR JESSICA MICHELS
Este é um convite para uma conversa as margens do lago do MAJ (Museu de Arte de Joinville). É meu primeiro texto no Chuva Ácida e, por esse motivo, acho necessário avisar que sou relativamente jovem, tenho 26 anos, e minha premissa de debate é exatamente sobre o acesso da população jovem à cidade.
Há uma discussão acontecendo, mais um burburinho talvez, que prevê cercar o espaço do jardim do MAJ. Não sei detalhes sobre esse possível projeto, se ficaria aberto até meia-noite ou talvez se haveria mais policiamento nessas áreas. Reconheço que são informações necessárias para se discutir a justificativa real desta ação, mas enquanto elas não estão públicas, vamos antecipando a conversa.
Para quem não conhece (sim, infelizmente tenho que trabalhar com essa ideia), o Museu de Arte fica na região central da cidade. No espaço (que é público, sempre bom reforçar), além do museu (uma estrutura belíssima que já foi residência de Ottokar Doefffel), temos um amplo jardim e um pequeno lago. E esse lugar tem sido frequentemente ocupado pela juventude nos fins de semana para realizações de piqueniques, luaus, saraus e tudo mais. Por ser um lugar com ‘gente jovem reunida’, sabemos que incomoda.
Os eventos recentes que ocorreram no jardim do MAJ apontam mais de duas mil pessoas circulando naquele local numa noite. Um luau/sarau que tinha como simples objetivo distribuir amor e entrosamento com as pessoas, respeitando toda a diversidade. E trouxeram muitas considerações sobre o gerenciamento dos resíduos que foram acumulados, sobre a falta de banheiro, sobre o barulho e outras problemáticas que devemos discutir também em outro momento.
Mas sobre simplesmente cercar este espaço público e limitar o acesso, eu fico realmente entristecida com a proposta. Penso que já há grades demais na cidade, há catracas demais. Além da falta de dinheiro para alguns programas privados, ainda temos uma tarifa abusiva de transporte público, que dificulta - e muito -, o acesso da juventude para todas as possibilidades de lazer, esporte e entretenimento. Seja para assistir a uma peça teatral gratuita na Ajote ou ir ao cinema no shopping, ou até mesmo o acesso para participar de um culto de uma igreja moderninha de Joinville.
A juventude não tem espaços. A juventude não tem acessos. A juventude vem sofrendo um cerceamento constante. Não tem esporte, lazer, cultura acessíveis em todos os bairros. E depois, temos que suportar as duras críticas sobre a marginalidade e a vulnerabilidade dos nossos, sobre a criminalidade e o tráfico de drogas.
E o questionamento: o que é um espaço público?
E dependendo desta resposta, me pergunto também:
- Para onde vamos, então?
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Piquenique organizado no jardim do MAJ pela autora em agosto de 2016. Foto: Débora Michels. |
Extinção da FCJ: a política de cima para baixo
POR RODRIGO BORNHOLDT
A extinção da FCJ tem várias implicações. Discorro sobre as que me parecem mais importantes.
A primeira delas é de ordem prática. Para se conseguir recursos federais, a estruturação do setor de cultura numa entidade autônoma facilita a obtenção de verbas. Já por aí, e em especial num governo que se diz tão pragmático, fica difícil compreender a obsessão pela sua extinção. Ora, é fundamental captar verbas que não necessitem passar pelos cofres de toda a mastodôntica estrutura da Prefeitura.
A segunda é de ordem simbólica. Extinguir, fundir ou subjugar uma entidade a outra secretaria ou entidade revela a importância (ou não) que se dê a determinada área. Ora, educação e cultura andam juntas. Onde são valorizadas, diminuem os índices de criminalidade e a atração que muitos jovens sentem pelo mundo proibido das drogas. Quando podem dar vazão à sua criatividade e aos seus impulsos, muitos são efetivamente resgatados através de atividades culturais. A extinção ou subordinação da FCJ a outra estrutura revela a pouca atenção e o descaso com que a Prefeitura trata a área.
A terceira implicação é de ordem política, e confunde-se com a segunda. Mas o que quero destacar aqui é tanto a provável diminuição de verbas para o setor, já que ele perde sua importância, como a inexistência de um órgão com autonomia financeira.
Uma quarta implicação diz respeito à legitimidade para tal ato. A própria democracia brasileira vem sendo questionada, e é necessário aperfeiçoá-la. Ninguém questiona a eleição do atual prefeito, que ocorreu dentro do processo democrático. Mas um ato de tal magnitude, foi ele discutido na eleição? Constava do programa de governo do candidato? Se a resposta for negativa, o mais coerente seria que uma ação desse porte fosse debatida à exaustão com os setores interessados, começando pelo cultural!
A política toda da atual gestão parece pautada por ações lideradas de cima para baixo. É um estilo que já se conhecia e esperava. Voltaremos a isso quando analisarmos as políticas de outros setores da gestão. Com isso, perde a cidade e sua população, no desenvolvimento de modos de criar, fazer e viver autênticos. É isso que gera uma sociedade verdadeiramente pacífica e plural, como a Joinville que queremos!
A extinção da FCJ tem várias implicações. Discorro sobre as que me parecem mais importantes.
A primeira delas é de ordem prática. Para se conseguir recursos federais, a estruturação do setor de cultura numa entidade autônoma facilita a obtenção de verbas. Já por aí, e em especial num governo que se diz tão pragmático, fica difícil compreender a obsessão pela sua extinção. Ora, é fundamental captar verbas que não necessitem passar pelos cofres de toda a mastodôntica estrutura da Prefeitura.
A segunda é de ordem simbólica. Extinguir, fundir ou subjugar uma entidade a outra secretaria ou entidade revela a importância (ou não) que se dê a determinada área. Ora, educação e cultura andam juntas. Onde são valorizadas, diminuem os índices de criminalidade e a atração que muitos jovens sentem pelo mundo proibido das drogas. Quando podem dar vazão à sua criatividade e aos seus impulsos, muitos são efetivamente resgatados através de atividades culturais. A extinção ou subordinação da FCJ a outra estrutura revela a pouca atenção e o descaso com que a Prefeitura trata a área.
A terceira implicação é de ordem política, e confunde-se com a segunda. Mas o que quero destacar aqui é tanto a provável diminuição de verbas para o setor, já que ele perde sua importância, como a inexistência de um órgão com autonomia financeira.
Uma quarta implicação diz respeito à legitimidade para tal ato. A própria democracia brasileira vem sendo questionada, e é necessário aperfeiçoá-la. Ninguém questiona a eleição do atual prefeito, que ocorreu dentro do processo democrático. Mas um ato de tal magnitude, foi ele discutido na eleição? Constava do programa de governo do candidato? Se a resposta for negativa, o mais coerente seria que uma ação desse porte fosse debatida à exaustão com os setores interessados, começando pelo cultural!
A política toda da atual gestão parece pautada por ações lideradas de cima para baixo. É um estilo que já se conhecia e esperava. Voltaremos a isso quando analisarmos as políticas de outros setores da gestão. Com isso, perde a cidade e sua população, no desenvolvimento de modos de criar, fazer e viver autênticos. É isso que gera uma sociedade verdadeiramente pacífica e plural, como a Joinville que queremos!
quinta-feira, 26 de janeiro de 2017
Cosip: quem paga a conta?
POR IVAN ROCHA DE OLIVEIRA
Após conversar com algumas pessoas e acompanhar vários posts, constatei que são os casais sem filhos e que trabalham fora que vão pagar menos Cosip em 2018. Normalmente estas pessoas vivem mais próximas do centro, em apartamentos comprados recentemente.
Já os casais ou famílias com filhos (pequenos ou grandes) ou mais de duas pessoas, são os que irão sofrer os maiores aumentos (sempre mais de 100% de aumento). A maioria das crianças e jovens de Joinville vive na periferia da cidade. Uma família com filhos adolescentes, que utilizam o computador o dia todo, por exemplo, vai ter um aumento de 400% nessa taxa.
Pequenas e microempresas e prestadores de serviço também serão muito prejudicados. Os aumentos são parecidos com o dos residenciais mais prejudicados. E muitas vezes nos dois lugares, trabalho e casa. Já as grandes indústrias, que faturam milhões, terão um aumento de 50 reais. E aqueles que têm grandes terrenos (normalmente donos das indústrias) terão a Cosip de vários de seus terrenos reduzidos, já que usam os imóveis principalmente para especular.
O imposto sobre consumo sempre prejudica os mais pobres, que usam quase 100% da renda para consumir. Os ricos usam apenas uma pequena parte da renda para consumo e o restante para acumular bens.
Em resumo, é a ACIJ se dando bem. E o resto pagando a conta.
quarta-feira, 25 de janeiro de 2017
Dona Marisa, os fascistas e o Brasil fora de controle
POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO
As reações fascistas à notícia do internamento de dona Marisa Letícia Lula da Silva mostraram que o Brasil está fora de controle. O país está a viver um perigosíssimo processo de fascistização. Há pessoas que odeiam o Partido dos Trabalhadores? É um direito. Há pessoas que odeiam o ex-presidente Lula da Silva? Podem odiar, claro. Mas desejar a morte de uma pessoa “porque sim” é apenas fascista. E desumano.
É tempo de refletir sobre o fenômeno. O fascismo não é apenas um regime político que surge nas crises do capitalismo. É também um estado de espírito, um vírus que contagia tecido social e ganha expressão na intolerância, no ódio e na absoluta falta de humanismo. Ou falta de humanidade. É aquilo que, nos anos 70 do século passado, o historiador Nelson Werneck Sodré, chamou “fascismo cotidiano”.
Na época, o historiador – ninguém, por sinal – sequer sonhava com a internet e o seu mais reluzente subproduto: as redes sociais. Porque estamos a falar de um espaço fascizante que dá voz a milhões de energúmenos antes sem acesso à esfera pública. As redes sociais deram origem a uma distopia: por mais distorcida que seja, a opinião se sobrepõe aos fatos: a pós-verdade, os alternative facts ou a ditadura da doxa.
O fascismo cria um ethos próprio nas redes sociais. E torna possível um ponto de vista antropológico. Quem comemora o AVC de dona Marisa Letícia não é apenas fascista. É um ser com o cérebro pouco desenvolvido, que permanece alguns degraus abaixo da escala humana. Talvez num grau comparado ao primitivo homo erectus, mesmo que não haja razões para ter a espinha dorsal na vertical.
Dementes. É a barbárie.
É a dança da chuva.
É tempo de refletir sobre o fenômeno. O fascismo não é apenas um regime político que surge nas crises do capitalismo. É também um estado de espírito, um vírus que contagia tecido social e ganha expressão na intolerância, no ódio e na absoluta falta de humanismo. Ou falta de humanidade. É aquilo que, nos anos 70 do século passado, o historiador Nelson Werneck Sodré, chamou “fascismo cotidiano”.
Na época, o historiador – ninguém, por sinal – sequer sonhava com a internet e o seu mais reluzente subproduto: as redes sociais. Porque estamos a falar de um espaço fascizante que dá voz a milhões de energúmenos antes sem acesso à esfera pública. As redes sociais deram origem a uma distopia: por mais distorcida que seja, a opinião se sobrepõe aos fatos: a pós-verdade, os alternative facts ou a ditadura da doxa.
O fascismo cria um ethos próprio nas redes sociais. E torna possível um ponto de vista antropológico. Quem comemora o AVC de dona Marisa Letícia não é apenas fascista. É um ser com o cérebro pouco desenvolvido, que permanece alguns degraus abaixo da escala humana. Talvez num grau comparado ao primitivo homo erectus, mesmo que não haja razões para ter a espinha dorsal na vertical.
Dementes. É a barbárie.
É a dança da chuva.
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O Brasil em transe. O fascismo nosso de cada dia... |
terça-feira, 24 de janeiro de 2017
Cosip provoca pessadelas e suorres frias
POR BARON VON EHCSZTEIN
Guten Tag, minha povo.
Bullenhitze! Esdá calor aí? Se tiver sol, aproveidem porque ainda é de graça. Porque no horra de acender o luz, muita xente vai ter pessadelas e suorres frias por causa do tal Cosip. Voll geil! É parra essas kommunisten aprenderrem a nón reclamar. Estón sempre a falar que a nossa querida Udo nón tem ideias? Entón tomem lá um ideia luminoso: mudar o taxa do Cosip para aumentar o arrecadaçón. E quem paga? Nem é um ideia luminoso… é brrilhante.
Foceis virón as verreadorras? Só três forram contra o mudança. Keine sorgen! Agorra foceis xá sabem por que a nossa querrida Udo é o prefeita móns limpas. É porque ele nón põe o món no massa e deixa as verreadorras fazer a servicinho. Sabe aquele eslogan “não tem segreda, tem trabalha”? Ezdá certo. Porque dá muito trabalha eleger um câmara de verreadorras só de ovelhinhas, parra fazer o que o prefeita quer.
E tem troco para essas kommunisten que vivem a chatear. Fremdschämen! O nossa querida prefeita fai trocar aquelas luminárrias fermelhas que o Garlito Merrrrrs colocou parra fazer propaganda da Partido das Trabalhadorres. Fai ficar tudo mais bonito e sem propaganda desses kommunisten que só querrem complicar o vida do xente trabalhadorra de Xoinville. Schwein gehabt!
Kräht der Hahn früh auf dem Mist, ändert sich das Wetter, oder es bleibt, wie es ist. Quer disser: esdá tudo certinho. Agorra os kommunisten nón cantam mais de galo. Ah... e se hoxe à noite estiver calor, nón ligue a ar condicionada e nem o ventoinha. Porque o conta pode sair carra.
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