POR FELIPE SILVEIRA
Sempre que penso no futuro (não o meu, mas o da humanidade, e consequentemente o meu), visualizo dois cenários: o catastrófico e o otimista. Vejo, diariamente, sinais de que vamos por estes dois caminhos. Assim, vivo entre a frustração e a esperança. Vou escrever aqui sobre alguns destes sinais.Em meu cenário de esperança, por exemplo, vejo muita gente ir de bicicleta para o trabalho. Não acho que isso resolva os problemas em relação à mobilidade, mas resolve parte dele e muda a vida de quem faz essa opção. Neste mesmo cenário, vejo muito mais cidades que decidiram extinguir a tarifa de ônibus, promovendo o direito de ir e vir da população. As primeiras já existem, e como elas estão aí para provar que dá certo, é questão de tempo até a ideia de espalhar e as pessoas perceberem que têm este direito.
Por outro lado, também há sinais de um futuro tenebroso neste quesito. Quando entrevistei o atual prefeito Udo Döhler, ainda durante a campanha, perguntei sobre mobilidade, ele não teve dúvidas em responder que dentro de pouco tempo todas as pessoas terão um carro e era preciso preparar a cidade para isso. Pior que a tendência é notável no dia a dia, quando vemos famílias com dois, três e até quatro carros na garagem. Fora isso, pra que sinal maior de um futuro maluco do que o congestionamento nosso de cada dia? As pessoas estão se habituando a passar uma, duas, três e até quatro horas dentro de carros, indo e voltando para casa. É normal?
Mas, voltando para o cenário otimista, destaco a vida em comunidade. Mundo afora, há diversas iniciativas de pessoas que decidem cada vez mais dividir o que tem e compartilhar o trabalho, a comida, os bens culturais. Vejo também que cada vez mais gente trabalha pelo compartilhamento do conhecimento, pela abertura de códigos, pelo acesso à cultura.
No entanto, voltando novamente para o cenário trágico, há de se dizer que o individualismo e a ignorância nunca estiveram tão fortes quanto nos tempos atuais. Um bom exemplo da ignorância são os comentários anônimos deste blog, que procuram atacar os autores ou outras pessoas que comentam de maneira séria. Simplesmente, não dá pra entender qual é a pira dessa gente. Infelizmente, essa ignorância está em todos os lugares, desde os bancos escolares e universitários até a tribuna da Câmara de Vereadores (onde é abundante).
Enfim, neste primeiro texto do ano, gostaria de compartilhar esta reflexão acerca do futuro, já que nesta época do ano é tão comum. Espero que cada leitor pense também sobre o futuro que deseja e qual caminho vai seguir. E quem quiser compartilhar mais impressões acerca do futuro, fique à vontade no espaço dos comentários. Será um prazer dialogar, e, dessa forma, trabalhar na construção de um lugar melhor.