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segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

Mobilidade #sqn [1]

POR JORDI CASTAN

Ano novo, problemas velhos. Começa o ano e não nos livramos dos antigos problemas. Sem solução, eles permanecem, crescem e se agravam. O tema da mobilidade está cada vez pior. A inépcia, a ausência de planejamento e a falta de vontade agravam uma situação que tem tudo para se tornar caótica.

Aumento da tarifa de ônibus

Acho surpreendente que pessoas, supostamente esclarecidas, não conheçam o modelo de cálculo utilizado na planilha. O cálculo da passagem é feito a partir de formula IPK (Índice de Passageiros por Quilômetro) uma fórmula que não prioriza e nem estimula a eficiência, tendo como único objetivo garantir a rentabilidade para as operadoras do sistema. Pensado para beneficiar as empresas públicas que operavam - e ainda operam - com o sistema em algumas cidades brasileiras, o índice divide os gastos pelo número de quilômetros percorridos e pelo número de passageiros.


Assim, quando um passageiro vai do Centro até o Quiriri, o Rio Bonito ou até o Itinga paga o mesmo preço que outro que vai do Centro ao terminal Norte. Ou seja, alguém está pagando demais para subsidiar quem paga menos do que vale a sua viagem. Por isso, R$ 4,20 para ir do Centro ao Quiriri é barato e pagar o mesmo preço para ir do Centro a Estação da Memória ou ao Boa Vista é escandaloso. Não parece que seja tão difícil de entender.

O problema ainda é outro, quando a empresa de transporte coletivo é remunerada indistintamente do número de passageiros transportados. Não há estímulo para aumentar o número de usuários e a fuga para outras alternativas de transporte, principalmente o transporte individual, são a saída lógica de quem faz contas.

A lógica do IPK é tão absurda que se Joinville só tivesse um único usuário o valor da passagem seria de mais de R$ 5.000.000, porque os gastos da operação seriam divididos pelo único usuário. Motivo a mais para que uma nova licitação seja feita e a forma de cálculo da tarifa seja revista. Porque sem mudanças, nada vai mudar e seguiremos tendo aumentos acima da inflação a cada ano.

Ultimo ponto. Por que mesmo aumentando a tarifa acima da inflação a fuga de usuários tem deixado de crescer como no passado? Porque quem recebe o vale transporte não sente no bolso o aumento. Com o aumento do desemprego, o número de beneficiários do vale transporte cairá. E, por outro lado, a descentralização da cidade e a maior oferta de serviços nos bairros, reduz a necessidade de deslocamento e menos joinvilenses utilizam o transporte público o que aumenta de novo a pressão sobre a tarifa.

O que não deixa de ser curioso é o silencio da ACIJ neste tema, quando são as empresas as maiores pagadoras do transporte coletivo. Preço da passagem comprada antecipadamente em São Paulo é de R$ 3,80, em Joinville de R$ 3,70. E durma-se com um barulho destes. O prefeito ainda tem a petulância de dizer que o aumento foi amparado no bom senso. 

Em tempo e para não dizer que desde o Chuva Ácida não fazemos propostas construtivas. Que os vereadores usem exclusivamente transporte público, nada de carro alugado pago com nossos impostos. Mais gente usando o sistema ajuda a baixar o preço da tarifa. Ah! Sem esquecer do executivo. Com certeza a SECOM enviaria para toda a imprensa local imagens do prefeito Udo Dohler num ônibus da Gidion ou da Transtusa.

Licitação do transporte coletivo.

Empurrar com a barriga só faz piorar o problema. É vergonhoso que Joinville não tenha feito ainda a licitação do transporte coletivo. O tema vem se alastrando, como mínimo desde o governo Carlito Merss. Ninguém deve esperar do prefeito que tenha pressa em fazê-la. Não a fez até hoje, não fará nos poucos meses que lhe quedam de governo. Há falta de vontade e omissão. Quem paga é o mesmo que paga sempre, o contribuinte.

Há ainda a ilusão de que abrir para mais empresas servirá para estimular a concorrência, como se fosse possível ter preços diferenciados. Com o bilhete integrado os preços de todas as empresas que operem o sistema serão os mesmos. Se hoje as duas empresas operam em sintonia fina, se houver três empresas operando o sistema, só será necessário colocar um prato mais na mesa. O otário (ops, desculpem, o usuário) seguirá pagando um preço caro demais por um serviço que não será melhor.

segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Mais concorrência é melhor?

POR JORDI CASTAN

Há uma contradição evidente quando as leis do mercado encontram a maquina pública. Elas deixam de funcionar ou são deformadas ao extremo. E quem perde sempre é o contribuinte.

Em Joinville durante décadas houve uma única empresa que prestava serviços funerários, a Ravache. Uma cidade moderna com quase 400.000 habitantes na época precisava de um novo serviço, mais moderno e, principalmente, que permitisse ao usuário escolher. Com quatro empresas haveria concorrência e acabaria o monopólio. A teoria é uma coisa e a pratica é outra bem diferente.

Na época, as capelas mortuárias da Rua Borba Gato envergonhavam a qualquer joinvilense. Hoje a realidade não é diferente. O seu estado de abandono, precariedade e sujeira continuam envergonhando-nos. As atuais capelas foram construídas pelo município, sim, você já entendeu, foi você quem pagou a conta. E apesar de que há quatro empresas prestando serviços e que estas empresas deveriam ter construído novas capelas e deveriam mantê-las em perfeitas condições. Não é isso o que se vê. Essa parte do contrato ficou pendente e ninguém "lembrou" de cobrar o seu cumprimento.

As empresas são culpadas? Em parte são. Mas o maior culpado é o serviço público, que deveria fiscalizar, defender os interesses dos cidadãos e fazer cumprir o que esta nos contratos. Agora se fala de abrir uma nova licitação e permitir que o número de empresas passe das atuais quatro para seis. Porque Joinville precisa e merece. Vocês acham que alguém está preocupado com o joinvilense? Que oferecer um serviço de qualidade a preços moderados será um dos objetivos da nova licitação? Com certeza que não. Nunca foi e continuará não sendo. O contribuinte que continue pagando a conta.

Falando de contas, a conta de energia publica, a COSIP,  permite que todos os anos sobrem uns bons trocados e as administrações municipais se promovam com o dinheiro do contribuinte. Poderíamos instalar lâmpadas de leds, sinaleiros poderiam usar também esta tecnologia e o consumo de luz seria menor. Inclusive placas fotovoltaicas permitiriam zerar o custo de boa parte da iluminação pública. A quem interessa? Ao administrador publico não parece que este tema o preocupe, não é ele quem paga a conta. Somos todos. Não há nenhum movimento para reduzir o consumo, nenhuma iniciativa para baixar a conta da COSIP e mais dinheiro que sai do bolso do cidadão para engrossar o sempre guloso desperdício público.


Agora a moda é falar de necessidade de prever mais empresas de ônibus, imaginando estultamente que mais empresas quer dizer melhor serviço ou tarifas mais baixas, como se de uma padaria ou de uma lanchonete se tratasse. Imagino o sofrido usuário do transporte coletivo de Joinville esperando um ônibus no horário de pico e em lugar de pegar o primeiro que passasse pelo ponto, ficasse esperando o seguinte, acreditando que o próximo teria ar condicionado, assentos livres e maior conforto. Poderia esperar durante horas. Se ainda esperasse aquele que tivesse a menor tarifa as variáveis aumentariam e contribuiriam para o caos. Como funcionaria a integração entre companhias que praticassem preços diferenciados? 

A experiência já deveria ter mostrado, ao joinvilense, que nunca o serviço público e os prestadores de serviços priorizam o atendimento ao usuário, o seu conforto ou preços menores. A inesgotável capacidade dos nossos “Cândidos” locais para acreditar no inacreditável leva gente, supostamente inteligente, a defender estultices com entusiasmo adolescente. Mais empresas participando da licitação só quer dizer que a pizza do transporte publico será dividida em mais fatias, mas o preço das passagens será o mesmo. É verdade que os lucros das empresas mais competitivas será maior e que haverá um risco real de cartelização, como é comum neste tipo de situações. Mas acreditar que mais empresas são garantia de melhor serviço, tarifas mais baixas e vantagens para o usuário é a mesma coisa que acreditar em fadas, duendes e em jantares de graça. O surpreendente é que haja ainda tanta gente que acredite nessas coisas.

quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Foi encenação?

O blog Chuva Ácida é o resultado do trabalho dos seus articulistas, dos colaboradores e, principalmente, da intervenção dos seus leitores que, com seus comentários, apoiam, questionam e alertam para alguns fatos.

Quando houve textos no blog a abordar o tema do aumento da passagem de ônibus, concedido pelo agora ex-prefeito Carlito Merss, um leitor fez o comentário muito interessante: dizia que tudo não passava de uma encenação. Será?

Eis o comentário: “só eu acho que fizeram um teatrinho com o Carlito: passagem a 3 reais, acima da inflação, aí chega o Salvador da Pátria ( O Sassá Mutema ALemon) e baixa para 2,90 ; valor este esperado por todos !!! pra mim foi armação !!! Carlito sempre disse que daria inflação pq deu a mais ??? Aí o salvador chega e começa bem o governo , por cima , se dizendo ESSE CARA SOU EU !!! hehehe e ganha crédito por alguns meses !!!
du grego”

A impressão que ficou, e que hoje também está nas redes sociais, é que tudo foi uma armação bem arquitetada. O silêncio do prefeito Udo Dohler sobre o tema, até a revogação hoje do aumento, que passou de R$ 3,00 para R$ 2,90, reforça a ideia que pode ter sido um jogo de cartas marcadas.

E você, leitor, o que acha?