POR JORDI CASTAN
Há uma contradição evidente quando as leis do mercado
encontram a maquina pública. Elas deixam de funcionar ou são deformadas ao
extremo. E quem perde sempre é o contribuinte.
Em Joinville durante décadas houve uma única empresa que
prestava serviços funerários, a Ravache. Uma cidade moderna com quase 400.000
habitantes na época precisava de um novo serviço, mais moderno e, principalmente, que permitisse ao usuário escolher. Com quatro empresas haveria
concorrência e acabaria o monopólio. A teoria é uma coisa e a pratica é outra
bem diferente.
Na época, as capelas mortuárias da Rua Borba Gato
envergonhavam a qualquer joinvilense. Hoje a realidade não é diferente. O seu estado
de abandono, precariedade e sujeira continuam envergonhando-nos. As atuais
capelas foram construídas pelo município, sim, você já entendeu, foi você quem
pagou a conta. E apesar de que há quatro empresas prestando serviços e que estas
empresas deveriam ter construído novas capelas e deveriam mantê-las em
perfeitas condições. Não é isso o que se vê. Essa parte do contrato ficou pendente e ninguém "lembrou" de cobrar o seu cumprimento.
As empresas são culpadas? Em parte são. Mas o maior culpado
é o serviço público, que deveria fiscalizar, defender os interesses dos cidadãos
e fazer cumprir o que esta nos contratos. Agora se fala de abrir uma nova
licitação e permitir que o número de empresas passe das atuais quatro para seis.
Porque Joinville precisa e merece. Vocês acham que alguém está preocupado com o
joinvilense? Que oferecer um serviço de qualidade a preços moderados será um
dos objetivos da nova licitação? Com certeza que não. Nunca foi e continuará não sendo. O contribuinte que continue pagando a conta.
Falando de contas, a conta de energia publica, a COSIP, permite que todos os anos sobrem uns bons trocados e as administrações
municipais se promovam com o dinheiro do contribuinte. Poderíamos instalar
lâmpadas de leds, sinaleiros poderiam usar também esta tecnologia e o consumo
de luz seria menor. Inclusive placas fotovoltaicas permitiriam zerar o custo de boa parte da iluminação pública. A
quem interessa? Ao administrador publico não parece que este tema o preocupe,
não é ele quem paga a conta. Somos todos. Não há nenhum movimento para reduzir o
consumo, nenhuma iniciativa para baixar a conta da COSIP e mais dinheiro que
sai do bolso do cidadão para engrossar o sempre guloso desperdício público.
Agora a moda é falar de necessidade de prever mais empresas
de ônibus, imaginando estultamente que mais empresas quer dizer melhor serviço
ou tarifas mais baixas, como se de uma padaria ou de uma lanchonete se
tratasse. Imagino o sofrido usuário do transporte coletivo de Joinville
esperando um ônibus no horário de pico e em lugar de pegar o primeiro que passasse
pelo ponto, ficasse esperando o seguinte, acreditando que o próximo teria ar
condicionado, assentos livres e maior conforto. Poderia esperar durante horas.
Se ainda esperasse aquele que tivesse a menor tarifa as variáveis aumentariam e
contribuiriam para o caos. Como funcionaria a integração entre companhias que
praticassem preços diferenciados?
A experiência já deveria ter mostrado, ao
joinvilense, que nunca o serviço público e os prestadores de serviços priorizam
o atendimento ao usuário, o seu conforto ou preços menores. A inesgotável capacidade
dos nossos “Cândidos” locais para acreditar no inacreditável leva gente,
supostamente inteligente, a defender estultices com entusiasmo adolescente. Mais
empresas participando da licitação só quer dizer que a pizza do transporte
publico será dividida em mais fatias, mas o preço das passagens será o mesmo. É verdade que os lucros das empresas mais competitivas será maior e que haverá um
risco real de cartelização, como é comum neste tipo de situações. Mas acreditar
que mais empresas são garantia de melhor serviço, tarifas mais baixas e
vantagens para o usuário é a mesma coisa que acreditar em fadas, duendes e em
jantares de graça. O surpreendente é que haja ainda tanta gente que acredite
nessas coisas.