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terça-feira, 24 de maio de 2016

Sem planejamento, sem gestão e sem rumo

POR JORDI CASTAN

Escrever de novo sobre o fiasco que é esta gestão municipal é redundante e enfadonho. Enfadonho para quem lê e para quem escreve. Mas quando uma semana sim e outra também nos deparamos com novas trapalhadas, que seriam inconcebíveis numa administração municipal de vila de interior, não há como ignorar um fato: este prefeito se elegeu vendendo a imagem da sua competência administrativa e do seu conhecimento dos problemas que Joinville tinha - e continua tendo. O risco que correu Udo Dohler foi o de vender um produto que não tinha. A imagem de bom gestor virou piada entre os joinvilenses que, da pior forma possível, descobriram que compraram um balão de ar quente que vai se desinflando à medida que passam os dias.

A cada nova crise de gestão, o prefeito e seus mais fiéis escudeiros enchem o céu de coloridos balões de ar quente que já não iludem o eleitor. Anunciam aos quatro ventos, com ribomborio e estrondosa algaravia, tudo o que pretendem fazer, acreditando que o eleitor ainda acredita. Acuada pela crise Em novembro de 2015 a Prefeitura anunciou um pacote para economizar R$60 milhões ao ano. Seguindo a tônica desta gestão, muito pouco foi feito até agora. Entre as mudanças anunciadas estava saída do IPPUJ do prédio da Prefeitura e a sua transferência para a sede da antiga Prefeitura na Rua Max Colin. Depois de meio ano e de forma improvisada, finalmente deu inicio o processo de mudança. A mudança iniciou sem que nada estivesse pronto. As imagens são reveladoras e falam por elas mesmas.

IPPUJ na Hermann Lepper

IPPUJ na Hermann Lepper

IPPUJ na Hermann Lepper

O IPPUJ tem hoje os seus funcionários espalhados por várias secretarias. Alguns estão na SEMA, outros na SEINFRA, na SEPLAN, até na Caixa Econômica e no gabinete há funcionários do IPPUJ. Se o IPPUJ já enfrentava dificuldades para fazer o seu trabalho com todos os funcionários no mesmo local, é difícil imaginar que as coisas fiquem melhor com toda esta confusão.

Quem entende um pouco de gestão está se perguntando por quê o IPPUJ saiu do prédio da Prefeitura. Havia a ideia que a Gestão de Recursos Humanos ocupasse o espaço que até ontem ocupava o IPPUJ. E agora, depois que o espaço foi desocupado, há duvidas de que o espaço atenda as necessidades da Secretaria. Fazer uma mudança sem que o local de destino esteja preparado para receber os novos ocupantes parece estranho. Por que não esperar a mudar depois que as obras necessárias estivessem concluídas? As imagens mostram que a situação do prédio da Rua Max Colin não estão em condições de funcionamento.

Nova sede do IPPUJ - Max Colin

Nova sede IPPUJ - Max Colin

Depois de anos de abandono, o prédio está em estado precário e ninguém com bom senso poderia imaginar que será possível que se concretize a mudança em pouco tempo. A situação hoje é a pior possível. Resultado da imprevidência, da desorganização e da falta de planejamento que tem se convertido na marca registrada desta administração. As instalações elétricas devem ser totalmente refeitas em caráter emergencial, só para citar um ponto que por si só já impede a mudança.
O fato é que o IPPUJ saiu do endereço na Hermann Lepper. As salas que ocupavam estão tomadas por moveis e arquivos. Os moveis do IPPUJ foram transferidos para a Rua Max Colin.

Arquivos, material de expediente e moveis do IPPUJ na sede nova

Arquivos, material de expediente e moveis do IPPUJ na sede nova

Arquivos, material de expediente e moveis do IPPUJ na sede nova
Os funcionários estão espalhados por diversos locais. Como alguém pode esperar que possam fazer o seu trabalho? Quanto tempo levará para fazer a licitação da reforma emergencial da instalação elétrica? Como o cidadão será atendido? Quem paga todas as horas de trabalho perdidas? Aliás, esta é a que tem a resposta mais fácil. Quem paga somos nós. Como podemos esperar que uma Fundação que não consegue planejar e executar uma simples mudança tenha condições de planejar a Joinville do amanhã? Quem será que teve a genial ideia de fazer toda essa confusão? Uma possibilidade que se comenta nos corredores do Paço Municipal é que a bagunça é tão grande e estão todos tão perdidos que não faz nenhuma diferença.

O que é evidente: nada disso pode ser considerado como exemplo de gestão. Ao contrário, a situação serve para expor de forma crua o descaso com que a cidade e o cidadão são tratados por esta administração. O que está em jogo não é mais a desastrada gestão do prefeito Udo Dohler, porque já está definitivamente comprometida. O que está em jogo é o futuro de Joinville, que corre sérios riscos de seguir sendo conduzida de maneira tão imprevidente e desorganizada. É preciso ter muito boa vontade para acreditar que quem não consegue planejar uma mudança de endereço tem condições de planejar na LOT a Joinville do amanhã. 


sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

Ou mudamos, ou seremos mudados

                                                                                              
Você já conhece esta frase. Já ouviu em algum lugar. Nos últimos dias cansou de ver políticos a repeti-la como mantra. E cá está este jornalista a utilizar a frase novamente, que saco!

Ulysses Guimarães, famoso político brasileiro que sumiu do mapa sem que o tenham encontrado até hoje, tem um livro publicado com este título (1991). Talvez ele não tenha mudado, e alguém o mudou por conta e risco em um acidente aéreo em 1992. Políticos costumam utilizar tais frases de efeito para seduzir o eleitor. Fazer com que pensemos que a mudança que eles bradam é a mesma que nós queremos e desejamos. Pura ilusão nossa.

Vejamos a eleição municipal de 2012 em Joinville (SC). A mudança para algo diferente, novo, era o mote. Mas os candidatos, os mesmos de sempre. O atual Prefeito se elegeu com o discurso da gestão, da qual ele era o grande conhecedor. Pura quimera. Ele também já era figura conhecidíssima, nãos dos pleitos eleitorais, mas de bastidores. Para não deixar no poder quem nunca quiseram, o uso da “mudança” foi maciço. Deu certo. Mudamos? Que nada, fomos mudados para votar no que a elite local desejava. Olhem a cidade e a gestão... paramos ou até regredimos.

Mais um case? Vamos para algo novo, a eleição das mesas diretoras do Senado e Câmara dos Deputados. Notem que fomos nós, brasileiros, que elegemos e reelegemos os ocupantes daquelas confortáveis cadeiras, gabinetes com altos privilégios. No Senado, o ex-governador catarinense Luiz Henrique, ex-pupilo de Ulysses, utilizou a frase famosa do seu eterno líder ao tentar apear Renan Calheiros da presidência. O que mudaria? Apenas os nomes, pois a prática é a mesma, afinal, ambos e grande parte daquela casa não muda faz tempo. Lá estão a manipular os destinos da nação em nome dos Estados.

Eduardo Cunha, veterano na Câmara dos Deputados, também fez uso da máxima ao propor a independência daquele poder. Derrotou o candidato de Dilma, o candidato de Aécio e PSDB, com sobras. Agora manda prá valer, e é o terceiro na linha sucessória do país. Mudou alguma coisa cara pálida? Alguma prática vai mudar? Os grandes temas nacionais que sonhamos ver valendo serão efetivamente votados? Ou mudamos, ou seremos mudados. Pois é. Eles continuam mudando tudo para nada mudar, e nós apenas a observar.

O Congresso Nacional saiu muito mais conservador das últimas eleições. A mudança para a qual milhões foram às ruas em 2013 vai ficar para mais alguns anos à frente. Duvidam? A não ser que ocorram terremotos nas ruas, anotem: serão enterradas a união civil de pessoas do mesmo sexo, a regulação da mídia eletrônica, o imposto sobre fortunas, a reforma política com financiamento público de campanhas, e qualquer outro projeto progressista. 

E que se cuidem os trabalhadores e trabalhadoras, pois ficarão mais 20 anos nas gavetas do Congresso temas como a redução da jornada de trabalho. E direitos trabalhistas, estes sim, poderão ser “flexibilizados”.

Ulysses Guimarães tem mais uma frase importante que compartilho aqui. “Quando as elites políticas pensam apenas na sobrevivência do poder oligárquico, colocam em risco a soberania nacional. A governabilidade está no social. A fome, a miséria, a ignorância, a doença inassistida são ingovernáveis. O estado de direito, consectário da igualdade, não pode conviver com o estado de miséria. Mais miserável do que os miseráveis é a sociedade que não acaba com a miséria.”


Ainda não superamos a miséria e as desigualdades sociais, e continuamos a nos superar na miséria intelectual, e na participação política. Os movimentos sociais estão preguiçosos, longe das lutas e das ruas. Não entenderam o seu papel nos governos petistas, e estão inertes. Não reagem, perdem a luta midiática. Os partidos são meros balcões de negócios. E assim perdemos todos. 

Olhem para os cenários políticos em todos os níveis. Vejam o que temos como lideranças para escolher nos próximos pleitos. Queremos que algo mude, de fato? Se sim, mudemos nossa ação, analisando e participando ativamente. Se não, deixemos que nos mudem para o último lugar na história.