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segunda-feira, 10 de julho de 2017

Dinheiro público? Nós desperdiçamos...

POR JORDI CASTAN

Apesar do discurso do prefeito, que insiste em dizer que cuida de cada centavo, a verdade é que não só não cuida como continua desperdiçando como um manirroto.

Semana passada escrevi aqui sobre as ciclofaixas e a sua inutilidade quando desvinculadas de um projeto de mobilidade. O desperdício de recursos tem como causa o constante atabalhoamento na forma de gerir o planejamento urbano. E, claro, é o resultado desastroso destas intervenções pontuais e desconexas. Teve quem não gostou. Teve quem acha que está tudo certo. Teve até quem aproveitou para me acusar de ser um crítico contumaz desta gestão. É importante precisar que sou um crítico contumaz da inépcia e do descalabro. E neste plano não tem faltado nem tema, nem protagonistas.

Hoje o tema é o monstrengo que o a Prefeitura Municipal tem construído junto ao terminal Tupy. Uma obra que tem se alastrado por quase meio ano. Os trabalhos iniciaram no final de 2016 e foram concluídos em junho de 2017. É muito tempo para uma obra menor. Ainda não teve o foguetório e os discursos, mas não devem demorar.

Em prol da mobilidade dos ciclistas e de uma teórica integração entre o transporte coletivo e os ciclistas a ideia é interessante. Interessante e só. Chega tarde. É cara demais. Aliás, o risco é que esse seja o modelo que os técnicos do planejamento sonhem implantar por toda a cidade.
Da forma como está concebida, a sua estrutura é supérflua. Caso tivesse demanda estaria subdimensionada. Caso não tenha, como parece, está sobredimensionada. Mas dimensionamento não é o prato forte da galera. Foi mal projetada e pior executada. Em outras palavras, segue o padrão. Na verdade nada disso seria notícia. Obras públicas com todos estes quesitos vemos todos os dias.

Há duas possibilidades para poder seguir a conversa. Uma seria você levantar da cadeira e ver com seus próprios olhos o que os técnicos da Prefeitura projetaram. A outra é dar uma olhada nas imagens e entrar na brincadeira dos sete erros. Da fato, aqui neste espaço já identificamos mais de 10 erros, mas vamos deixar mais fácil e pedir que identifique só 7.

Não vamos incluir na análise a qualidade do material utilizado e nem as especificações técnicas. De seguir o padrão das outras obras, deve ter sido executado em aço biodegradável, o mesmo utilizado no guarda corpo do malfadado Boulevard Cachoeira, na frente da Prefeitura, enferrujado e caindo aos pedaços. Um tema que também já abordamos aqui.

Para facilitar ainda mais para o leitor interessado, incluímos umas imagens de equipamentos urbanos semelhantes na Alemanha, nas cidades de Munster e Freiburg. Cada um tira as suas conclusões. Mas a minha é que nem eles acreditam na bicicleta como uma alternativa real para a mobilidade urbana. Se acreditassem não teriam feito aquele projeto tão fajuto.


segunda-feira, 3 de julho de 2017

Chega de brincar com Joinville: bom senso ao poder

POR JORDI CASTAN
Há um ar de radicalismo binário nos temas da vila. Ou você é a favor ou você é contra. Não há meio termo. A turma do planejamento (ex-IPPUJ) continua fazendo imbecilidades e parece que todos os problemas de Joinville se resolvem com ciclo faixas e corredores de ônibus. Será?

Vamos a alguns exemplos. Para começar, a ciclofaixa implantada de um dia para outro na rua Lages. Antes que a patrulha dos cicloativistas - essa gente que não tem bicicleta, não anda de bicicleta, mas defende que Joinville seja a Copenhagen ao sul do Equador - é bom lembrar que já escrevi muito a favor de priorizar os pedestres e os ciclistas.

Portanto, é evidente o apoio à ideia de que Joinville tenha um planejamento - infelizmente não tem - que ao menos possa ser levado a sério. Ou seja, que priorize os pedestre e os modais bicicleta e transporte público. O que, no entanto,  não acontece. Porque só há ações desconexas, sem sentido e questionáveis tanto pelo elementar bom senso como pelo MPSC. Mas essa é outra historia.  

Há, na rua Max Colin, uma ciclofaixa, muito pouco utilizada pelos ciclistas que prezam a sua vida e que escolhem circular pela Rua Timbó. Ora, essa ciclofaixa coloca os ciclistas em perigo constante, ao colocá-los em conflito com os ônibus e, por seguir o padrão do IPPUJ, desaparece e aparece deixando os ciclo-suicidas desprotegidos. O lógico seria ter ciclovias nas ruas de maior fluxo de veículos e de maior velocidade e instalar as ciclo faixas exclusivamente nas ruas de menor trânsito e por tanto menor risco.

QUE TAL UMA VISITA À EUROPA - Proporia aos cicloativistas que habitavam o IPPUJ - e agora migraram para a Secretaria de Planejamento - uma vista à Europa. Amsterdam ou Copenhagen para começar. Freiburg ou Munster numa viagem mais demorada. O problema é que já foram para lá e não aprenderam nada. Aliás, ainda estamos à espera da licitação das bicicletas de aluguel. Uma licitação que não sai e que é melhor não sair mesmo, porque se converteu num monstrengo. Tem tantas exigências que morreu na casca.

Mas vamos supor que fossem para lá. Vamos a imaginar que levassem um pouco de humildade na bagagem e reconhecessem que nada sabem, porque só se pode aprender a partir da ignorância, do desconhecimento. Só a partir do momento em que reconhecemos não saber algo é que estamos preparados para aprender.

Como esse pessoal já sabe tudo e o seu líder máximo é o mais sábio dos sábios - ao menos é isso que ele acha - descobriam que as bicicletas lá compartem o espaço com os pedestres e não com os veículos. Quando colocadas no mesmo nível dos carros, o modelo é a ciclovia e não a ciclofaixa. Se alguém inventasse colocar ciclistas e ônibus para compartilhar o mesmo espaço, como na rua Max Colin, por exemplo, seria internado imediatamente. Em Joinville, o mais provável é que seja promovido.

Se o projeto é colocar ciclofaixas em todas e cada uma das ruas, seria bom entender que é preciso muito mais que pintar uma linha vermelha e outra branca. E que é preciso fazer estudos, identificar fluxos e as demandas existentes e futuras. Mas estudos não são o forte desse pessoal que vice gazeteando aulas e não faz os exercícios básicos. 

OS ÇABIOS DO PLANEJAMENTO - Deve ser por isso que projetaram uma ciclofaixa na rua Marques de Olinda, no trecho entre a Ottokar Doerfehl é a rua Concordia, e esqueceram de olhar a inclinação da rua. Deve ser por isso que nunca há ciclistas por lá. O mesmo caso que na rua Papa João XXIII. Ainda não vi um ciclista subindo o morro que leva ao Hospital Regional. Deve ser porque os ciclistas, que são muito mais espertos que os "çábios" do planejamento (ex-IPPUJ) sabem que há uma rota alternativa mais plana e mais cômoda.

Mas aqui apoiamos qualquer bobagem que se faça quando se trata de mais ciclofaixas. Mesmo que não liguem nada com nada ou que unam a nada a coisa nenhuma não tem importância. Vamos pensar um pouco mais? Vamos planejar uma cidade em que a mobilidade com bicicleta seja uma opção real e viável e não só o sonho quimérico de um bando de amalucados?

Vão me acusar de radical? Ótimo. Vamos colocar o bom senso no poder, chega de brincar com Joinville.

terça-feira, 21 de março de 2017

A pé ou de bicicleta?


POR JORDI CASTAN
Neste tempo em que há uma preocupação por viver uma vida mais saudável, muita gente aproveita o tempo livre para vestir collants coloridos e usar a bicicleta para praticar esporte. Há um certo olhar de superioridade e de desdém dos grupos de ciclistas a bordo das suas bicicletas sobre os pedestres. "Estes cidadão a pé". É fácil entender que haja um olhar diferente destes sobre os outros. Do mesmo modo que os motorizados olham com o mesmo desdém e ar de superioridade para os ciclistas. Assim, quase sem querer, se estabelece uma disputa entre as duas tribos mais frágeis da selva urbana.

Há quem defenda os ciclistas. Eu mesmo já escrevi sobre isso. Acho que os ciclistas são uma tribo a parte, uns outsiders nesta cidade motorizada. Se o debate é entre motorizados e ciclistas, a minha posição não será outra que a defesa obstinada dos segundos. Mas se o debate for entre caminhar ou andar de bicicleta, minha posição será a favor da caminhada. 

Muitos acreditam que fazer ciclismo é uma atividade melhor que caminhar. No meu caso, como no da maioria dos joinvilenses, caminho menos do que deveria. A cidade não prioriza o pedestre. A legislação municipal, que permite os carros a ocupar as calçadas, é de um anacronismo digno de uma sociedade que toma decisões e legisla com o olhar sobre os finais do século XIX. Em termos de sustentatbilidade, qualidade de vida é planejar uma cidade mais verde e saudável. E as nossas administrações são a vanguarda do atraso.

Atenção defensores dos grupos multicoloridos de ciclistas, que tomam as ruas em algumas tardes noites por semana para praticar ciclismo. E atenção também os corredores urbanos, que, como agulhas do relógio, dão voltas e mais voltas na calçada do 62 BI. Não é a vocês que este texto é dirigido.

O tema é a priorização que a cidade faz ou não faz de alternativas de mobilidade mais saudáveis, mais seguras e melhores para a população. No caso de Joinville, não fez, não faz e dificilmente fará. Não confundamos tampouco o galimatias que o IPPUJ, antes, e agora a Secretaria que o sucedeu, insistem em chamar de ciclofaixas. E que o sambaquiano sabiamente apelidou de ciclofarsas. Um labirinto que liga o nada a coisa nenhuma, que não oferece segurança e não segue a lógica mais elementar de conforto para que sejam uma opção real de mobilidade.

O que devemos discutir, enquanto cidade, é se é melhor incentivar o caminhar, o pedalar ou, vou obviar, o andar em carro. E nem vou entrar no tema do transporte público numa cidade que perde passageiros ano após ano. O joinvilense já deu a sua resposta: o automóvel é melhor e mais barato que o transporte público.

A informação que deve ser colocada sobre a mesa é que caminhar é mais saudável. Para a mesma distância será necessária a mesma energia e caminhar permite um excelente exercício aeróbico, melhora o condicionamento físico e permite ainda ter uma visão melhor da cidade, do entorno e das pessoas que aqui moram. Os ciclistas voltam à carga com os seus argumentos a favor da bicicleta: “Se for necessária a mesma quantidade de energia, então melhor a bicicleta”. A resposta é que não, que sempre é melhor caminhar, porque a bicicleta nos poupa esforço, acaba sendo mais eficiente e menos conveniente que uma boa caminhada.

Em tempo: tanto a bicicleta não é prioridade na cidade que já foi delas, que o MUBI fechou as portas  “sine die” e é que esta é a melhor administração que Joinville já viu #sqn

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Mentiras e estatísticas

POR JORDI CASTAN

É de Benjamim Disraeli a expressão: “existem três tipos de mentiras: mentiras, mentiras sujas e estatísticas". Veio na hora quando tomei conhecimento dos dados divulgados pelo IPPUJ e a SEINFRA sobre o estado atual e futuro das ciclovias e ciclofaixas em Joinville.

Os dados informam que há em Joinville 101 quilômetros e 440 metros entre ciclovias e ciclofaixas. O quadro anexo permite acompanhar os dados. Não é objetivo deste post questionar as informações divulgadas oficialmente pelo órgão responsável do governo municipal. Mas gostaria de destacar dois pontos.

O primeiro é que a lista relaciona todas as ciclovias e ciclofaixas existentes, algumas delas com mais de 30 anos de idade e a maioria das ciclovias com mais de 15 anos. Não estou insinuando que haja um intento de creditar-se obras que não são desta gestão, elas são inclusive anteriores à própria existência do IPPUJ. Mas é bom ficar claro que a tabela anexa não especifica o ano de implantação de cada uma delas e pode induzir a conclusões erradas.


Total de Ciclofaixas e  Ciclovias em Joinville SC

O segundo ponto é que nos mais de 28 anos que percorro praticamente duas vezes por dia - as ruas Albano Schmidt e Helmuth Fallgater - não tenho percebido que haja uma ciclovia e sim uma ciclofaixa. Entendo que ciclovia, ciclofaixa e tráfego compartilhado são soluções diferentes e não deveriam ser confundidas.

Uma ciclovia (ou pista ciclável) é um espaço destinado especificamente para a circulação de pessoas utilizando bicicletas. Há vários tipos de ciclovia, dependendo da segregação entre ela e a via de tráfego de automóveis:

tráfego compartilhado: não há nenhuma delimitação entre as faixas para automóveis ou bicicletas, a faixa é somente alargada de forma a permitir o trânsito de ambos os veículos.

ciclofaixa:é uma faixa das vias de tráfego, geralmente no mesmo sentido de direção dos automóveis e na maioria das vezes ao lado direito em mão única. Normalmente, nestas circunstâncias, a circulação de bicicletas é integrada ao trânsito de veículos, havendo somente uma faixa ou um separador físico, como blocos de concreto, entre si.

ciclovia: é segregada fisicamente do tráfego automóvel. Podem ser unidireccionais (um só sentido) ou bidireccionais (dois sentidos) e são regra geral adjacentes a vias de circulação automóvel ou em corredores verdes independentes da rede viária*.

Melhor nem entrar no mérito da qualidade da malha que formam estes 101 quilômetros, se estão ou não dentro do que estabelece a legislação, se a sua largura é adequada ou  se a segurança que oferecem as ciclofaixas para os ciclistas é adequada. Tampouco tentar entender se há ou não uma política coerente de mobilidade para ciclistas. Pelo contrário, os dados apresentados projetam que está consolidada a perda de qualidade do modelo atual, pois prevê uma redução no percentual de ciclovias (melhores e mais seguras, quando corretamente projetadas e executadas) atualmente em questionáveis 15,39 % para 9,09% num futuro indefinido e incerto.

Ciclofaixas e Ciclovias projetadas

Voltando aos dados divulgados pelo governo municipal, chama a atenção a inclusão de um segundo gráfico também anexo em que se incluem as ciclovias e ciclofaixas projetadas. Os números apresentados nesta segunda tabela projetam 211 quilômetros de ciclovias para o futuro que, somados aos atuais 101 quilômetros, preveem um total de 313 quilômetros. 

Não há nenhum cronograma, nenhuma informação que permita identificar as fontes de recursos e a diferença entre a fantasia, a quimera e a realidade. É comum, especialmente no período próximo ao final do mandato, apresentar informações, dados e projetos com o objetivo de informar o que foi realizado e o que poderá ser executado no futuro. A conclusão é que os dados apresentados nem informam com clareza o que foi executado nesta gestão, nem conseguem diferenciar o que são projetos contratados e previstos para os próximos meses, do que são só ideias e sonhos. Mais que sonhos, quimeras.



* Fonte Wikipedia

sábado, 31 de março de 2012

Alô Joinville, cidade das bicicletas (???)

POR GERALDO CAMPESTRINI

Estive em uma palestra proferida pelo prefeito de Sorocaba, Vitor Lippi, que tem uma visão totalmente diferente da grande maioria dos políticos brasileiros. O que mais chamou a atenção na palestra do prefeito foi a imensa malha cicloviária instalada na cidade (para ficar apenas em um exemplo, que atinge o "coração" da intitulada "Cidade das Bicicletas"). O vídeo do Youtube postado abaixo do texto demonstra isto.

Vejam, meus caros conterrâneos, que não são aquelas "tartarugas" mandrakes colocadas no asfalto, do lado da rua, que só atrapalham o fluxo de veículos e não protegem em nada o ciclista. São ciclovias de verdade (na realidade, 92 km de ciclovias DECENTES, que devem chegar a 120 km até o fim deste ano). As ciclovias são ainda integradas com o transporte público!

Ah, para completar nosso lamento de gestão pública dos últimos sei lá quantos anos: existem praças em Sorocaba que alagavam, por conta do rio que passa ao lado. Pois bem, o rio foi totalmente despoluído (mais um item na comparação), tornando-se um bem para a população. Em áreas específicas de alagamento, foram criados Parques Reversos: no período de cheias, o parque serve para atender o rio; nos períodos de seca, atende a população. Evita, portanto, as situações de calamidade que vivenciamos diuturnamente e que aconteciam com certa frequência também nesta cidade do interior de SP.

Enfim, o referido prefeito falou muito em planejamento de maneira holística e integrada. Ele teve a 2ª maior votação proporcional do Brasil na última eleição municipal, provando que, pelas suas palavras: "AS PESSOAS GOSTAM DE PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO".

Colegas de Joinville! Mesmo que eu esteja à distância, seria legal reforçarmos este debate, ainda mais em ano de eleição. Tenho a apresentação completa, que pode ajudar também na argumentação de colegas da área de Educação Física.

A mensagem final é: "Será que podemos tornar Joinville mais inteligente sob o ponto de vista da saúde e da sustentabilidade?”



Geraldo Campestrini, joinvilense vivendo no Rio, é bacharel em ciência do esporte e trabalha com gestão do esporte.