quarta-feira, 27 de julho de 2016

Como imagino outra Joinville

Foto: dronestagr.am/
POR FELIPE SILVEIRA

Escrevi recentemente um texto de apoio para o movimento Se Joinville Fosse Nossa, que reúne e discute propostas para a cidade. Propus-me imaginar uma outra Joinville e como nós podemos transformá-la. O que saiu foi um compilado das coisas que publiquei nos últimos anos aqui no Chuva Ácida e faço questão de compartilhar com vocês:

Há mil maneiras de pensar e fazer política. Eu gosto de uma bem simples: política é perceber, pensar e agir para resolver os problemas da sociedade com o princípio (inegociável) de promover igualdade. Essa forma de ver a política me levou ao socialismo, mas nomenclaturas não nos interessam aqui. O que importa é imaginar o que (e como) faríamos se a cidade fosse nossa. Imaginar como seria se eu, você, nossos familiares, amigos e vizinhos pudessem sentar juntos e decidir o futuro do ambiente em que vivemos. Tenho algumas sugestões:

Em nossa cidade, a primeira coisa a fazer é estancar a desigualdade. Temos que parar, o mais rápido possível, de transferir dinheiro dos mais pobres para os mais ricos. Uma das maneiras de fazer isso é com uma lei de controle de alugueis, já que este consome a maior parte do orçamento das famílias trabalhadoras que não têm casa própria. E essa não é nenhuma medida nova. Berlim, por exemplo, adotou uma lei de controle de alugueis que limita os aumentos em 10%, com o objetivo de impedir a cada vez mais rápida gentrificação (aburguesamento) da cidade, que expulsa os moradores pobres das regiões nobres.

Ainda no campo da moradia, outra forma de promover a igualdade é a adoção do IPTU progressivo, cobrando mais de quem tem mais dinheiro, combatendo a especulação imobiliária. Há milhares de casas vazias nas cidades, com o preço dos alugueis e dos terrenos nas alturas. Se o IPTU sobre estes imóveis fosse maior, isso forçaria seus donos a alugar mais barato ou vender. Com o aumento da oferta, o preço diminuiria. Se eles não quiserem alugar ou vender, a cidade arrecadaria mais, podendo oferecer melhores serviços à sociedade

A população também gasta muito dinheiro para ir de um lugar para outro da cidade. Para trabalhar, estudar ou se divertir, a falta de mobilidade e seu alto custo é algo que precisa ser resolvido. O preço da tarifa é um assalto aos bolsos daqueles que precisam do transporte público e as condições são escandalosas. Um grande debate, envolvendo os usuários do sistema, é fundamental em uma cidade nossa. A partir dele, podemos criar formas de diminuir a tarifa e, quem sabe um dia, extingui-la. Em nossa cidade as ciclovias seriam ligadas umas com as outras e seriam mantidas em bom estado, oferecendo segurança aos ciclistas. As ruas seriam redesenhadas se isso servisse para melhorar o trânsito, desde que essa decisão fosse discutida com a população.

Em uma Joinville que fosse nossa, praças e parques seriam bem equipadas e arborizadas, servindo como verdadeiros pontos de encontro e integração das comunidades. Lugares para brincar, praticar esportes, jogar conversa fora, namorar, fazer e apreciar arte. As escolas promoveriam os direitos humanos e seriam plurais, bem diferente daquela linha de montagem imaginada por aqueles que querem a escola sem partido. Estimulariam a paixão pelo conhecimento e seriam lugares propícios para o desenvolvimento de crianças, adolescentes e jovens.

Por acreditar que isso e muito mais é possível, aliás, necessário, eu apoio o movimento Se Joinville Fosse Nossa. Sonhar, planejar e transformar a cidade é uma tarefa que nos cabe.

10 comentários:

  1. O problema é que todo mundo só imagina, não bota a mão na massa.
    Este final de semana vai ter almoço beneficiente, isto ninguém ajuda a divulgar.
    Levar roupas e ajudar em lares de crianças carentes ninguém faz..
    Adotar uma praça ou canteiro, ninguém quer..

    todo mundo imagina mas ninguém dá o primeiro passo.

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    1. Conheço centenas de pessoas, talvez milhares, que fazem tudo isso que tu falou. Algumas coisas eu mesmo faço, dentro das minhas possibilidades. Você não conhece mesmo ninguém que faça isso?

      Além disso, como uma coisa (imaginar, planejar e construir uma outra cidade) impede outra (fazer e promover ações beneficentes)?

      Mais uma coisa: se uma cidade for melhor, menos desigual, é evidente que precisaremos de menos ações beneficentes, correto? Se alguém não tiver que pagar tão caro no aluguel ou no transporte público, não vai precisar da doação, tô errado?

      Por último: você leu o texto?

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  2. O que você anda fumando pra imaginar tabelamento do aluguel???... Bizarro!!

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    1. Nada. Só tô acompanhando o raciocínio que há de mais progressista em planejamento urbano. Melhor que me basear em estúpidos comentários anônimos.

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    2. Penso que vc é "baseado" em algo diferente.

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    3. Cara, seguinte, não sou o anônimo da pergunta, mas vou te dar a real: isso não tem nada de “progressista”, isso tem de autoritário, autocrático e fascista. O Estado NÃO DEVE TABELAR NENHUM BEM PRIVADO - Veja a situação da Venezuela.

      Esse é o problema da esquerda: falta leitura, estudo e, principalmente, bom-senso. Dias desses um estúpido, ator de enquetes de Youtube (não vou citar o nome do babaca porque não vale a pena), escreveu na sua coluna da Folha de SP que o melhor para o país seria “fechar o congresso e liberar leis ‘benéficas à sociedade’, como a liberação da maconha, por exemplo” – um baita fascistóide que se diz “de esquerda”. Cuidado: Comunismo e Fascismo são lados da mesma moeda.

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    4. Meu Deus, ainda bem que é anônimo, se não o Carlos Alberto já tinha assinado o contrato pra uma ponta do rapaz nA Praça é Nossa.

      Anônimo 2, beleza. Mas se você leu o texto, viu que eu dei o exemplo de Berlim, na Alemanha, e não de Caracas.

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    5. Felipe, provavelmente o 17:39 não sabe a diferença entre Berlim e Caracas.

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  3. Hum... Sei... E imagino que essa cidade perfeita seria administrada por alguém competente, como, por exemplo, o candidato do PT que a geriu no mandato anterior a este...

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    1. Se os prefeitos anteriores tivessem feito algo nesse sentido eu não estaria aqui sugerindo, né?

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