terça-feira, 13 de outubro de 2015

A prova dos nove de Udo Dohler


POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO

Podia escolher outros fatos. Mas vamos focar apenas alguns pontos específicos para fazer uma análise do governo de Udo Dohler. O resultado não é bom, porque no frigir dos ovos a obra realizada até este momento está muito aquém das expectativas criadas. E antes de mais nada, deixo claro que ninguém pode duvidar que o prefeito esteja a fazer o seu melhor. Mas esse melhor parece ser pouco, muito pouco. Então, vamos à prova dos nove.

1.     Udo Dohler passou, para os eleitores, a ideia de que não era um político como os outros. Insistiu-se na imagem de um craque da gestão que ia pôr a cidade nos eixos. Só que mal assumiu e acabou refém do que há de mais atrasado na política da cidade: pressões por cargos, joguinhos de poder, o tráfico de influência. O político veio à tona, o gestor submergiu.

2.     “Não falta dinheiro, falta gestão” foi o mote da campanha. Mas não demorou a surgirem as primeiras lamúrias (ainda hoje persistentes) sobre o fato de não haver dinheiro. Lembro de ter ouvido, no início do ano, um secretário a dizer, numa rádio da cidade, que só haveria dinheiro se viesse do Governo Federal. É a única saída?

3.     Aliás, não deixa de ser estranho, para uma cidade que precisa da grana de Brasília, que o vice-prefeito tenha arroubos juvenis e viva a pedir o impeachment da presidente Dilma Rousseff. Já escrevi aqui que essa falta de sentido de Estado pode ser prejudicial para a cidade. No entanto, ninguém ouviu falar que o prefeito tenha dado um puxão de orelhas no seu vice, a pedir mais contenção.

4.     A promessa de uma Joinville para o ano 2030 esbarra nas ações concretas. A LOT – Lei de Ordenamento Territorial continua a ser torpedeada por pessoas preocupadas com a mobilidade, o meio ambiente e a qualidade de vida. Não dá para entender, por exemplo, essa coisa da construção de prédios altos, de 20 andares ou algo parecido. As cidades do futuro caminham em sentido oposto. O prefeito deve ser fã do filme "Blade Runner". A cidade de Rick Deckard, o caçador de androides, parece inspirar o seu ideal de futuro. Prédios enormes, nenhuma área verde, ambiente sufocante. Aliás, nem Deckard gostaria. Porque a última cena da edição original do filme mostra um voo sobre uma floresta, onde sobressaem o verde e o ar puro.

5.     Joinville tornou-se uma cidade de maquetes, de 3D e de ozalids. Quem nunca viu o filme em 3D da duplicação da Santos Dumont, com canteiro central, ciclovia, rotatórias e elevados? E que tal lembrar a maquete da ponte que liga o Adhemar Garcia ao Boa Vista? E a planta da proposta de ampliação da Arena Joinville? Qual dessas obras está realizada? Pergunta retórica.


6.     Udo Dohler sempre salientou a expertise no setor da saúde. E o que acontece? Falhas atrás de falhas. Nem é preciso uma análise exaustiva. Basta lembrar uma nota do jornalista Jefferson Saavedra, publicada há poucos dias: “o Hospital São José é o novo alvo de pressão do Ministério Público na saúde de Joinville. Nesta semana, a promotora Simone Schultz apresentou ação de execução contra a Prefeitura e o hospital alegando descumprimento de parte do acordo fechado em março do ano passado entre duas promotorias e o município de Joinville”. Nem mais.

7.     Outro fato que não passou batido. O anúncio do fim do turno integral para crianças de 4 a 5 anos nos CEIs a partir do ano que vem. É uma medida paliativa que resolve o problema da Prefeitura, às voltas com questões legais e administrativas, mas transfere o problema para os pais trabalhadores. Ora, os administradores são eleitos para resolver os problemas dos munícipes e não para acrescentar mais dificuldades.

8.     Os buracos de rua são um fantasma que persegue a atual administração. Por mais investimentos que haja em comunicação, nem mesmo uma imprensa amiguinha - e não raro submissa -  pode ignorar coisas do cotidiano. Faz poucos dias reeditei aqui um texto em que abordava a questão. Não adianta ter um filme bonito na televisão ou um anúncio criativo no jornal, porque os buracos na rua são muito poderosos e destroem qualquer imagem positiva. Não adianta investir tanto na velha mídia, porque os novos meios digitais, em especial as redes sociais, tomaram o palco para exercer um novo tipo de fiscalização e pressão.

9.     Enfim, o nó górdio. A administração Udo Dohler tem demonstrado ser um deserto de imaginação. Tudo é feito pelos padrões políticos de sempre. Não surge qualquer iniciativa out of the box. Nada surpreende (pelo menos positivamente). Ora, quando falta dinheiro é hora de usar a criatividade. Há coisas simples que podem ser feitas sem muito dinheiro. Mas quando faltam imaginação e criatividade, é a morte do artista.

É a dança da chuva.

P.S. Não venham os comissionados falar em mundos virtuais. Os tempos são outros.


8 comentários:

  1. O Projeto de Lei da LOT encaminhado à CVJ prevê prédios de 45m de altura em todo o Setor de Adensamento Prioritário 01 (SA01). Este setor abrange o bairro Bucarein (todo), o Anita Garibaldi até a Marquês de Olinda/Gothard Kaesemodel, o Atiradores até a Otto Boehm, o Centro e parte do América. Isso dá cerca de 16 andares, mas com a outorga onerosa ou a transferência do direito de construir este limite pode ser ampliado em 50%, chegando a 67,5m de altura, o que corresponde a 25 (vinte e cinco) andares, considerando cada andar com 2,7m de altura. Isso sem contar o coroamento (área para elevador, caixa d´água, etc) que levará o limite de altura a 69,5m de altura. Joinville tem, segundo dados do IPPUJ, cerca de 30.000 lotes vazios ou subutilizados. Necessitamos de prédios tão altos tendo tantos imóveis disponíveis? Há também a previsão da população máxima de Joinville chegar a 980.000 habitantes, portanto não há justificativa para permitirmos prédios de 25 andares.

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  2. Muito boa a sua comparação com Blade Runner, até pela chuva que castiga o filme inteiro. Mas aqui pelo jeito chove mais.
    Mas um fato ainda chama a atenção. Não é só pela sua formação empresarial que causa estranheza a estagnação desta gestão. É pela história de quem está no poder. Alguns dos gestores e de quem está acomunado com eles são descendentes diretos dos aloprados da Barca Colon. É gente que manda aqui há mais de 150 anos! Deveriam saber exatamente o caminho das pedras.
    Mas pelo jeito este conhecimento de gerações se perdeu, ou o mais óbvio, as têtas de onde tanto se desviou também secaram. Ou são insuficientes para continuarem mamando e enganando a população.

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    1. Olha o telhado de vidro!

      Eduardo, Jlle

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    2. O seu Dudu, o nobre sambaquiano? Se a equizofrenia persiste, não existe um resquício qualquer de comparações.

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    3. O preconceito mandou lembranças!

      Ah, mas o preconceito só é preconceito quando vem de algumas pessoas, entendo: “Eu sou humanista, de esquerda e politicamente correto! Jamais poderia ser preconceituoso com alguém, exceto se for branco e descendente de alemães... Negros e ex-sindicalistas safados, eu os defendo até a morte!”

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    4. Puxa, e tu guardou com todo o amor estas lembranças...

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  3. Na minha opinião, para o prefeito se eleger, teve que fazer concessões aos políticos, e não consegue deixar de ser refém deles. Não consegue administrar a Prefeitura como se fosse a sua empresa.

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  4. Udo, larga essa merda, vai pra qualquer país do mundo, morar com tua família, vc esta´muuito acima dessa baixaria toda que o LHS te meteu.

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