segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

Está quente?

POR JORDI CASTAN

Está quente? Se tivéssemos mais árvores nas ruas, a temperatura baixaria alguns graus. Em média, ruas arborizadas são de 3 a 5 graus menos quentes. Mas falar da arborização urbana em Joinville é mexer num vespeiro.

As árvores atrapalham, dão trabalho, custam dinheiro, arrebentam calçadas, folhas caem e sujam as ruas. E por aí vai. Ninguém lembra que árvores reduzem a temperatura no verão, produzem oxigênio, fixam poluentes e melhoram a qualidade do ar, embelezam e aumentam o verde urbano. Árvores melhoram a qualidade de vida.

Em Joinville, a arborização urbana vem se deteriorando a ritmo alarmante. O poder público não tem um projeto de arborização urbana. Podas de manutenção e formação não são programadas, nem estão previstas. Os menos avisados dirão que a Celesc gasta mais de R$ 1.000.000 ao ano na poda de árvores, sem entender que a empresa, através das suas subcontratadas, não faz poda de árvores, só as deixa "podidas" para facilitar a manutenção da fiação elétrica e evitar problemas no fornecimento de energia. O resultado é a deformação e até a destruição das árvores, como resultado do manejo inadequado.

Nas novas praças há mais concreto que verde. As árvores, quando plantadas, não desenvolvem e morrem a míngua. E quando isso acontece não são repostas. É só ir ao Parque José Alencar, também chamado Parque da Cidade, e ver que depois de mais três anos as árvores que teimam em sobreviver estão ainda do mesmo tamanho que foram plantadas.


O rebaixo do meio fio e a priorização do carro, unido à visão míope de alguns comerciantes que não querem árvores na frente de suas lojas e pontos comerciais, faz com que Joinville perca cada ano mais cobertura arbórea. O saldo é negativo há mais de 25 anos. E ainda tem quem reclama do calor. Seria melhor reclamar da ignorância, mas essa, ao contrário da arborização urbana, vai muito bem e tem, na nossa cidade, um futuro próspero.

A Prefeitura tampouco ajuda muito. As árvores plantadas nas ruas não têm o tamanho adequado, não se seguem normas técnicas, nem há padrões para o fornecimento das mudas, o DAP (diâmetro a altura do peito), um dos critérios para estabelecer um bom padrão de arvore para rua, não é exigido e nem o tamanho mínimo de cova é cumprido. Colocar fertilizante é um luxo impensável.


Como resultado, num cálculo bem conservador, mais da metade das novas árvores plantadas nas ruas de Joinville nos últimos anos se perderam. Tempo e, principalmente, recursos públicos jogados fora. Alguém se preocupa com isso? Parece que não. Perder mais da metade das árvores plantadas parece um padrão aceitável, numa cidade que nem cuida do jardim da própria Prefeitura. Aliás, outro espaço em que as plantas também morrem a míngua, ante o olhar impertérrito dos técnicos responsáveis do verde urbano da nossa cidade.



6 comentários:

  1. Perfeito seu artigo.
    Em frente da minha casa tenho duas árvores plantadas que geram muita reclamação de vizinhos por causa das folhas (poucas) mas sempre tem carro de vizinho parado embaixo da sombra das folhas (muitas).
    Silvio Cunha

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  2. Tá se repentindo. Mais do mesmo.

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    1. Se os problemas não se resolvem há de se debatê-los novamente. Ou aguentar calado.

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  3. Se tivéssemos paisagistas que plantassem arvores e não gramíneas e palmeiras nos jardins teríamos cidades melhores. Mas veja hoje no que se resumiu o paisagismo senão à gramíneas de toda sorte? Uma análise crítica do próprio umbigo seria bem vinda Dr. Jórdi.

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    1. Dr. Anônimo em 30 anos de vida profissional nos projetos da Boa Vista Paisagismo foram plantadas mais de 17500 arvores.
      Como anda seu umbigo?

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