POR JORDI CASTAN
Temos fixação pelo que é diferente, buscamos sempre o que é único,
mas é mais interessante prestar atenção às semelhanças.
“Desta vez é diferente”. “É outra forma de administrar”. “Este
ano será diferente”. É importante que, mais do que acreditar no mantra do “diferente”, olhemos além do discurso e sejamos capazes de identificar porque desta vez será
diferente. Temos uma predisposição a acreditar que as diferenças são mais
valiosas que as semelhanças. Os marqueteiros políticos usam e abusam desta
nossa predisposição para tentar nos convencer que este ou aquele candidato é
diferente do anterior. Destacam o que diferencia, quando o aconselhável seria
que destacassem o que o faz semelhante, às vezes tão parecido que é difícil diferenciar
um do outro.
Em principio é muito fácil identificar as semelhanças. Por
isso, dedicamos mais tempo e esforço a buscar e destacar as diferenças. Porque buscando as diferenças esquecemos-nos de ver as semelhanças. Deixamos
de prestar atenção ao que um tem de igual aos outros.
Imaginemos uma cidade do norte de Santa Catarina que esteja
debatendo o modelo de transporte coletivo, o seu plano de mobilidade, o projeto
de ciclovias ou o seu modelo de desenvolvimento urbano. Na hora de definir o
que fazer e como fazer, alguém propõe que os técnicos do Instituto de
Planejamento local assumam a responsabilidade de elaborar os estudos, ou os da
Secretaria de Infraestrutura, com o apoio prestimoso dos do ITTRAN, pois são
eles justamente quem mais entendem do riscado. Mesmo que os resultados até
agora não tenham sido os melhores, os representantes de sempre são escolhidos. Antes
que alguém tenha a oportunidade de alertar que essa equipe já tem causado
alguns desastres nos últimos anos e que há um risco elevado que os problemas
continuem, o chefão, sem dar opção a que alguém se manifeste, lança a seguinte
afirmação:
“É verdade que tem cometido alguns erros no passado, mas
acredito que esta vez seja diferente, eles tem trabalhado muito para desta vez
fazer bem feito”. E se fez o silêncio. Ninguém é louco ao ponto de contradizer o
chefão e ainda mais depois de uma afirmação dessas.
Como o foco passa a ser a diferença - digamos o ano é
outro, o prefeito é outro e pouco mais - esquecemos-nos do que é igual, a cidade
é a mesma, a equipe é a mesma, os problemas são os mesmos que não tem sido
capazes de resolver no passado. Mas esta vez é diferente. E imbuídos deste espírito,
que insiste em nos convencer que esta vez é diferente, avançamos convencidos do
sucesso amparados no nosso otimismo e no excesso de confiança. O resultado é o previsível.
Estamos todos tão focados em destacar o que é diferente que nos
esquecemos de olhar o que é igual. Se insistirmos em acreditar que “esta vez é
diferente”, pode ser que desta vez sim haja diferenças sensíveis que façam que
seja diferente, mais as chances que seja iguais e que as semelhanças façam que
esta vez tampouco seja diferente são maiores do que acreditamos. Só não
queremos olhar nas semelhanças.
Você é dos que acredita que a administração municipal desta
cidade do Norte de Santa Catarina cada vez é mais parecida com as anteriores e
que esta difícil achar algum diferencial significativo? Tranquilo, você não está sozinho. Aumenta
cada vez mais o numero de eleitores que acham que desta vez tampouco é
diferente.
O diferente já é quase um clone
ResponderExcluirCara, o mesmo discurso chato de sempre. Vai arrumar o que fazer!
ResponderExcluirConcordo... Já está chegando à beira do recalque explícito.
Excluirbota chato nisso!
Excluirby pedro
Isso mesmo Jordi é o mesmo album de figurinhas , os cromos são os mesmos ! só a capa é diferente !!!
ResponderExcluirdu grego