quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Emerson beijoqueiro

Adaptação da marca da década de 80, com as cores do
arco-íris, símbolo da luta LGBT , que circulou pela internet
POR FELIPE SILVEIRA

O beijo - selinho é um tipo de beijo - de Emerson Sheik no seu amigo após a vitória sobre o Coritiba, no domingo passado, incomodou muita gente e agradou muita gente. Afinal, homofóbicos são maioria nesse país. Uma horda de homofóbicos corinthianos passou mal por causa da atitude de um dos principais jogadores do time e herói do título da Libertadores 2012. Apesar disso foram representados por apenas cinco tolos que foram ao Centro de Treinamento para “protestar”. Já o resto de homofóbicos torcedores de outros times comemorou o motivo de risadas e de chacota para cima do timão. E não é preciso explicar aqui o quão idiota é fazer chacota por isso.

Eu, como corinthiano, comemoro mais essa vitória do timão. Ou melhor, de um jogador do timão. Desde que comecei a questionar e desafiar minha própria homofobia, há alguns anos, torço para que o primeiro gay assumido do futebol brasileiro seja do Corinthians, e que o time encampe uma campanha anti-homofobia. Não é o caso de Emerson, e isso parece claro, mas o passo que ele deu à reflexão foi muito importante.

Talvez o meu maior orgulho como corinthiano seja a Democracia Corinthiana, que ocorreu na década de 80, quando o time que contava com Sócrates, Vladimir e Casagrande deram um grande exemplo e uma grande esperança ao país, que ainda vivia sob uma ditadura civil-militar. O time do povo instaurou uma democracia interna e mostrou ao país que a democracia era possível.

O ato político (pode ter sido de brincadeira, mas tem uma dimensão política gigantesca) de Emerson Sheik me fez lembrar da Democracia Corinthiana. Torço para que esse seja mais um exemplo de um jogador do Corinthians para o país. A diferença, desta vez, é que a ação política não dá esperança ao povo oprimido por uma ditadura mas sim tem a intenção de fazer o próprio povo pensar sobre sua opressão ao próximo.

P.S.: O primeiro jogador de futebol profissional gay e assumido é o americano Robbie Rogers. Assim que assumiu a orientação sexual Rogers decidiu se aposentar, pela impossibilidade de continuar a atuar em um universo tão machista. Leia mais sobre o assunto aqui. Semanas depois, no entanto, Rogers voltou a treinar, mas disse que não voltaria ao antigo clube. Saiba mais.

Outro P.S.: O jogador Richarlysson, uma das maiores vítimas da homofobia nesse país, nunca assumiu ser gay. Quando questionado, ele negou e fez questão de apresentar a namorada. Estou poupando vocês de encherem a caixa de comentários com isso.

8 comentários:

  1. Eu torço é pro meu time ser campeão e não pra ter o
    primeiro jogador gay assumido. By Ácido

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  2. O mais triste de tudo é que os caras consideram isso um beijo. O próprio apelido de "selinho" dado a esse gesto retira todas as possibilidades de erotização. Enfim, novamente a mesma questão: é de assustar a fragilidade da heterossexualidade dessas pessoas. Soubessem que a coisa é um pouco mais ampla, não passariam por esse ridículo.

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  3. Então o Felipe é gay? É isto? Legal. Parabéns pela coragem em assumir.

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    1. Sim, gayzaço! Gaynazi! Moro com três homens! HAHAHAH

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    2. Sim... o Felipe é o primeiro jogador gay do nosso time de terça no sindicato... hehehehe

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    3. Para muitos futebol é religião e em vários pontos ele costuma ser bem semelhante.
      A discussão é boa, os jogadores e os clubes são os principais envolvidos. Nos outros esportes, apesar de haver bastante preconceito, o assunto é bem mais amadurecido.

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  4. A Gaviões da Fiel acaba de emitir uma nota com a sua versão do pedido de desculpas do jogador Emerson. “Não poderia ter feito isso, foi sem intenção, mas jogo em um clube de futebol, em um mundo cheio de rivalidades e provocações, qualquer comentário é motivo de chacota. Lamento se ofendi a torcida do Corinthians, não foi a minha intenção. Foi só uma brincadeira com um grande amigo meu, até porque eu não sou são-paulino”. - http://esportefino.cartacapital.com.br/sheik-o-beijo-virou-po/

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  5. Porra, eu não gostaria de saber que eu fui pra cama com um homem, que gosta de ir pra cama com outro homem.
    Bi é foda. Pá mierda!
    Mulherzinha, kkkkkk

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