sábado, 10 de agosto de 2013

Comemorar uma derrota?

POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO
Para que fique claro, eu acho o tal Marcos Feliciano um anormal. E sob esse aspecto acho que quase todo mundo concorda comigo. Mas neste fim de semana vi um pessoal de esquerda a comemorar algo que considero questionável, para não dizer deplorável.

Era a reprodução de um vídeo em que um grupo de rapazes que viajava no mesmo voo que o deputado, de Brasília para São Paulo, decidiu dançar e cantar a música “Robocop Gay”.  É claro que, por não gostar do sujeito, fui ver o filme. Mas...

Foi decepcionante. E confesso ter visto às cenas só até o momento em que um dos rapazes passa a mão na cabeça do deputado. Porque pareceu que aí uma barreira de dignidade tinha sido ultrapassada.

O cara pode dançar, cantar ou saracotear. Mas quando toca na pessoa, como se ela fosse um objeto sem qualquer valor, então está a incorrer em algo tão feio quanto as coisas que quer combater. É indigno.

Se os caras querem fazer a festa, então que façam. Eu próprio defendo, no meu trabalho, que ações em aviões são a coisa mais fácil do mundo. Porque é uma daquelas situações em que o público não pode ir embora.

E agora tem esse lado chato. Aposto que, neste momento, muitas pessoas que, como eu, acham Marcos Feliciano um boçal, estão a sentir alguma simpatia por ele. Porque a dignidade do ser humano (seja um idiota ou não) foi pisoteada. Não é isso que queremos.

Aliás, não tenho dúvidas de que amanhã surgirão notícias a dizer quem são os dançarinos e não tenho dúvidas de que as ligações serão um problema para muitos políticos. Não comemorem uma derrota.

A coisa foi intolerante. A coisa foi fascista.





13 comentários:

  1. Nada que um bom advogado não resolva.

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  2. Pensei o mesmo quando vi o vídeo. Danos morais neles e na empresa aérea. By Ácido

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  3. Baço, só posso cumprimenta-lo pelo artigo. Com ele voce recupera parte da lucidez que anda fazendo uma falta enorme nesses tempos que vivemos. A intolerância fascista migrou da direita e encontrou terreno mais fértil ainda na atual esquerda. Se é que ainda podemos dividir as ideologias nessas duas categorias. Apontar esse desvio requer mais do que lucidez, coragem. Muitos obtusos irão entender que voce, ao invés da defesa dos mais elementares padrões de civilidade, está a defender o Dep. Feliciano. E jogarão pedras, cobras e lagartos certamente. Por isso cumprimento-o duplamente.

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  4. Embora o toque naquela cabeça suja possa sugerir uma violência, considerando o contato físico com conotação de violência física, isto me faz recordar do episódio da bolinha de papel na cabeça do Serra. Pensando bem, acho que não foi tão ultrajante assim o suficiente para deslegitimar o ato do referido deputado experimentar do mesmo veneno que dosa os seus fiéis diariamente. Foi desnecessário, foi, mas com certeza valeu o espetáculo.

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    1. Bolinha do Serra? Não tem nada a ver uma coisa com a outra.

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    2. prá mim tem tudo a ver, cada um com sua opinião Baço, prá mim o Feliciano merecia muito mais que isto, se todo o avião tivesse levantado e tirado um sarro da cara dele seria melhor ainda.

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  5. Parabéns Baço. A atitude é facista, simplesmente isso. Não vejo de outra forma e me assusta ver conhecidos "comemorarem" isso. Além do mais, o sujeito foi legitimamente eleito... Concordar ou discordar dele, em maior ou menor escala - e acho que diante de tal aberração, não tenho que me posicionar sobre isso - não tem nada a ver com o que ocorreu.

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  6. Novamente me surpreendo gostando e concordando de um texto seu. Esse tipo de coisa sempre me lembra aquela máxima de não fazer com os outros o que você não quer que façam com você - e em não dar o troco na mesma moeda porque assim você se rebaixa ao outro. Sinceramente, acredito que essas situações só vão ser mais frequentes porque há um incitamento à cissão entre os de "lá" e os de "cá" (sejam lá quais lados forem). E isso me assusta.

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  7. Boçal é você Baço. Quem é você para falar de um deputado que foi eleito com mais de 200 mil votos e vai ser reeleito com mais de um milhão e que tem apoio da ampla maioria do povo brasileiro com exceção de alguns gays.

    Quem é você, Baço? Um simples jornalista desconhecido do interior que não venceria nem uma eleição para vereador.

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  8. Sério que os "jênios" acreditam em combater um homofóbico... sendo homofóbicos? Agora ali no final, quando o sujeito de camisa amarela reclama e um dos engraçadinhos pergunta se ele é segurança do Feliciano, aquilo me pareceu racismo. Se o sujeito fosse branco e/ou estivesse de terno, será que o barbudinho não o teria confundido com um assessor?
    Quando a esquerda passa a defender que os meios justificam os fins, aí complica!

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