sexta-feira, 28 de setembro de 2018

10 razões para o fracasso de Bolsonaro

POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO
Mesmo que consiga ir para o segundo turno, como tudo indica, ou até vencer as eleições, o que vai ser muito mais difícil, a candidatura de Jair Bolsonaro está condenada ao fracasso. Perdendo ou ganhando, o fato é que o candidato nada tem a oferecer ao país. Não tem uma proposta. Não tem um programa. Não tem uma orientação. E o pior: o “prestígio” vem das franjas mais desinformadas da sociedade. A base de apoio de Bolsonaoro é formada por uma turba movida pelo ódio (de classe ou não), pelo obscurantismo e pela baixa qualidade cognitiva.

Por que Bolsonaro vai fracassar? Apresento aqui 10 razões:

1. Porque nunca, em toda a história, um candidato teve tamanha rejeição do eleitorado feminino. E, diga-se de passagem, a recusa é bem mais que merecida. Aliás, nos últimos dias parece haver uma tentativa de “amaciar” o palavrório. Mas é um problema que não se resolve com mudanças no discurso. Há uma trajetória onde sobram imagens, declarações e até gestos de violência física (como no caso da deputada Maria do Rosário). Enfim, atitudes inaceitáveis e que ultrapassam os limites da civilidade.

2. Porque é um homem de grandes limitações intelectuais. No popular: é muito burro. Bolsonaro tem um vocabulário limitado e é incapaz de ler a realidade. Não sabe sequer formar frases. “Os limites da minha linguagem são os limites do meu mundo”, diria Wittengstein. Daí a formular pensamento é uma viagem quase impossível. Na real, Bolsonaro é do tipo que, quando abre a boca, ou entra mosca ou sai besteira. Não dá para pôr fé num homem que não faz sinapses.

3. Porque a própria direita se sente desconfortável com o seu nome. Ao recusar a democracia e defender a ditadura, o candidato da extrema-direita põe qualquer democrata – seja de esquerda ou de direita – em sobressalto. Nos dias que correm, ficar colado à imagem de Bolsonaro é uma maldição que poucos políticos estão dispostos a enfrentar. É por essa razão que ele só consegue atrair o que há de mais repugnante na vida brasileira. Magno Malta, Alexandre Frota, Silas Malafaia e quetais.

4. Porque parte da velha imprensa, que sempre apostou as suas fichas numa “solução” de direita, já começa a achar que apostar em Bolsonaro é ir longe demais. Há um preço a pagar para manter a esquerda longe do poder, mas no caso de Bolsonaro alguns títulos já começam a manifestar a ideia de que é um preço alto demais. Porque como já diz o velho ditado, “cria corvos e eles te furarão os olhos”. Até a “Veja”, habituada a viver na lama, está a abandonar o pântano: “em processo, ex acusa Bolsonaro de furtar cofre e omitir patrimônio”, escreve, numa matéria que tem o claro objetivo de torpedear o candidato.

5. Porque a sua imagem está associada a um populismo tosco e a propostas erráticas. Não surpreende que tenha havido uma autêntica maratona para escolher o candidato a vice. Todos lembramos das recusas. Janaína Paschoal, para citar a mais famosa, foi sondada e recusou. E vários nomes de fora da política que foram cogitados – Luciano Huck, Bernardinho, Datena ou Joaquim Barbosa – sempre recusaram. No final, o candidato teve que se contentar com “escolha” meia-boca (de fato, ele sequer teve escolha) do general Mourão, um personagem que encarna o que há de mais apodrecido na política.  Enfim, é o vice possível. Um cadáver político que anda por aí a espalhar o mau cheiro das suas ideias.

6. Porque só os maluquinhos de babar na gravata são capazes de apoiar um homem que defende a ditadura, a tortura e os torturadores. A ideia de ter um presidente capaz de cultuar a imagem de um torturador do calibre de Brilhante Ustra, um dos mais ignominiosos nomes da nossa história recente, é ir longe demais. É um passo muito abaixo da linha da dignidade e que poucos se atrevem a cruzar.

7. Porque é um candidato terceiro-mundista (na melhor das hipóteses) com propostas terceiro-mundistas. Bolsonaro sequer pode ser considerado de extrema direita. Marine Le Pen é extrema direita. Mateo Salvini é extrema direita. Viktor Orbán é extrema direita. Mas ainda assim a coisa acontece num outro nível. As extremas-direitas têm projetos políticso – não interessa discutir aqui o quanto são ruins –, enquanto Bolsonaro não tem um programa, apenas ideias soltas e muitas delas baseadas em tolices. É apenas extrema burrice.

8. Porque não há intelectuais entre as suas fileiras. Ou seja, não há ninguém com estofo intelectual para pensar o país. E se Bolsonaro vencer? Como será o dia seguinte? Fica tudo entregue ao tal Paulo Guedes, que já demonstrou não ser flor para cheirar. Aliás, é aí que mora o perigo. É tanta dependência de Guedes que qualquer pessoa é capaz de prever o que vai acontecer em caso de vitória: Bolsonaro vai ser uma marionete e o país será governado por Guedes.

9. Porque sempre que alguém abre a boca é preciso chamar os bombeiros da campanha. É só ver o recente caso da jabuticaba, envolvendo o seu vice, o famigerado general. Falar no fim do 13º salário e do abono de férias é mexer no vespeiro, porque fala a todos. Nem mesmo os maluquinhos bolsominions ficam tranquilos. Enfim, os homens atiram para todos os lados e até agora não tem acertado uma. É por isso que boa parte da famosa coxinhada, as pessoas que querem evitar a volta da centro-esquerda ao poder, recusa a ideia de Bolsonaro. É muito provável que em lugares como Santa Catarina (e Joinville, em particular) o candidato tenha maior votação. É da praxe, num dos estados mais reacionários do país. Aliás, vale lembrar, foi aí também que Aécio Neves obteve a sua vitória mais fulgurante nas últimas eleições.

10. Porque não há uma argamassa ideológica capaz de dar massa crítica ao movimento formado pelos seus seguidores. As pessoas não estão ligadas por ideias consistentes e o ideário é colado com cuspe. O “bolsonarismo” aglutina o pior do país em termos civilizacionais. Fascistas, fundamentalistas, sexistas, homofóbicos, gente violenta e toda espécie de reacionários estão na linha da frente. Não há militantes, apenas manifestantes. E é o tipo de gente que rejeita a inteligência e que, por falta de habituação à política, acaba por desmobilizar rapidamente. É só encontrar um novo “mito”.

É a dança da chuva.

quarta-feira, 26 de setembro de 2018

A difícil escolha do candidato a governador de Santa Catarina

POR JORDI CASTAN E JOSÉ A. BAÇO
JOSÉ A. BAÇO - Então, Jordi, já escolheste o teu candidato a governador?

JORDI CASTAN - Putz...sei que não será o Merísio e ter que votar no Mariani me dá urticária. Mas estou indo pelo voto útil para dificultar a eleição do Merísio.

JB - Voto útil significa...

JC - Voto útil significa não anular o voto, para não facilitar a  eleição de candidatos piores.

JB - Mas, pelo que entendi, são todos "piores".

JC -Para o governo do Estado não vi nenhum que tenha alguma proposta que mude alguma coisa. Teremos mais do mesmo. Mesmice. E você até prefere anular, não votar ou jogar uma moeda ao ar.

JB - Podes votar no Décio Lima...

JC - Aaaarrghh! Já expliquei que não voto em gente associada à corrupção… menos ainda se estão sendo processados.

JB - Bem... Se não votas em gente associada à corrupção é melhor nem sair de casa no dia das eleições.

JC - Mas olha o perfil do cara. Quem poderia votar num cara com esse perfil?

JB - Ora, sabias que "corrupto" tem outros significados? Um deles é "apodrecimento”. É a isso que me refiro. O buraco é mais em baixo...

JC - Esqueci que tem eleitor que gosta de candidatos com um perfil como este. Atenção que não o chamei de nada...mas quem é acusado de improbidade é ímprobo. Então, melhor pensar em outro nome para SC.

JB - Deixa ver se entendi. Se tiveres que escolher entre o Décio Lima e o Merísio ficas com o Merísio?

JC - Ah não! O Merísio eu conheço... nesse não voto nunca. E mais: recomendo não votar nele. Nesse caso não tenho a menor dúvida. A dúvida seria entre os outros nomes colocados.

JB - Ah ah ah… se ainda fosse possível votar de novo no Colombo...

JC - Colombo quem? Não lembro de ter um governador com este nome, nem que tenha feito alguma coisa de boa por Joinville. Tem um cara com esse nome que tem aparecido pela vila abraçado ao prefeito, mas de concreto não tenho visto nada. Não sei quem é. Ah… e tampouco votarei no Comandante Moises. Assim que as alternativas vão se reduzindo mais e mais.

JB - Então tá feia a coisa...

JC - Conheço pessoalmente e sei da seriedade do Leonel Camasão, do PSOL, mas é difícil votar em candidatos deste partido.

JB - Eu voltava no Camasão... Isso sim é votar contra.

terça-feira, 25 de setembro de 2018

Mudança ou morte!


POR JORDI CASTAN
Esta é uma eleição diferente. É certo que cada eleição é única e tem suas peculiaridades, mas esta, especialmente, tem características próprias. Seria ideal que tivéssemos a capacidade de nós abstrair um pouco da emoção, do fanatismo, do rancor, do que diz e mostra a imprensa e olhássemos além do que querem nos mostrar.

O eleitor, especialmente o menos educado politicamente - o que nada tem a ver com o seu grau de instrução - é facilmente manipulado pelas pesquisas, pelas fake news, pelos diversos jogos de interesses que envolvem cada eleição. O efeito manada tem um peso considerável na decisão de votar neste ou naquele candidato.

O brasileiro tem a ideia que não quer perder o voto e vota, muitas vezes, como se fizesse uma aposta. Muitos votam em quem tem mais chances de ganhar, ou em quem as pesquisas dizem que tem mais chances de ganhar. É como se de uma corrida de cavalos se tratasse. O resultado é, entre outros muitos, a baixa renovação dos legislativos, a reeleição dos mesmos de sempre, a baixa chance que tem as propostas e os candidatos menos conhecidos.
Para quem quiser ter uma visão mais clara ou menos deturpada do cenário político, seria bom que deixasse de ler jornais, ver televisão e de analisar pesquisas, porque todos mentem. Alguns mais deslavadamente que outros, mas todos mentem. Cada um tem seus próprios interesses e a verdade é a primeira vitima deste cenário.

Para piorar ainda mais, os meios e instrumentos de que partidos, marqueteiros, o sistema e os políticos dispõem para distorcer a realidade são cada vez maiores e mais sofisticados. É comum ver imagens de manifestações, comícios, carreatas que não condizem com a realidade e não sempre é fácil identificar a manipulação que se faz, ou o objetivo pretendido.
Imagens, frases fora de contexto, editadas são meias verdades, quando não são mentiras inteiras. Assim que o eleitor que não queira formar parte do rebanho precisa estar muito atento. Há dois pontos que me parecem importantes e que são uma novidade nesta eleição.

As imagens de candidatos a deputado federal ou senador discursando para multidões de 3 ou 4 pessoas, deveriam gerar uma análise profunda da consistência dos percentuais mostrados nas pesquisas para esses mesmos candidatos. É evidente que alguma coisa não está certa. Aliás, é oportuno lembrar que Hilary estava eleita antes de abrir as urnas e que Trump não tinha nenhuma chance. Ou que Aécio ganhava de Dilma com facilidade.

O primeiro é que as pessoas estão perdendo a vergonha de se assumir como sendo de direita. Verdade que depois de tantas décadas de péssimos governos de esquerda, o eleitor demorou muito. Mas ajuda a melhorar o processo democrático que haja mais alternativas que não sejam a extrema esquerda e a esquerda, representados aqui pelo PSOL e o PSDB como vértices do espectro politico brasileiro. Era lógico que depois de anos de governos militares o eleitor optasse por escolher candidatos e propostas de esquerda. Sem novidade, completamente previsível. Só a falta de formação política do brasileiro pode justificar que tenham sido necessárias mais de três décadas para surgirem alternativas de centro, centro direita e de direita viáveis e com amplo respaldo popular.

O segundo ponto é o surgimento de movimentos horizontais, sem lideranças claramente identificadas, que não respondem a uma hierarquia tradicional. Num primeiro momento parecem desorganizados, mas rapidamente ganham o respaldo de uma parte significativa da população, o que em muitos países se chamava até faz pouco tempo de “maioria silenciosa”.
Frente à algaravia barulhenta que tradicionalmente era característica da esquerda, há agora uma mudança significativa. Os eleitores que se identificam com programas e candidatos de direita não têm mais medo de mostrar a cara, de sair à rua e de dizer aos quatro cantos que fazem isso livremente, sem precisar de pão com mortadela.

Escrevi, na semana passada, que esta eleição tinha se convertido num Fla-Flu ou num Barça- Madrid e esta sensação tem aumentado a cada dia. Nós e Eles, Corruptos e Honestos, Esquerda e Direita, Norte – Sul, Homo – Heteros, Brancos e Pretos, Altos e baixos, Machistas e Feministas, e todas as outras tribos em que estamos querendo dividir o Brasil. Espero só que a impunidade perca, que não ganhe a violência, que não nos deixemos levar pelos cantos de sereia dos que ante o risco de perder o poder que detém desde faz décadas queiram agora entregar os anéis para não perder os dedos.

Em tempo, só eu achei que a festa de posse do presidente do STF foi uma reedição cafona e fora de época do baile da Ilha Fiscal? O que mais me preocupou é que ninguém tenha ficado revoltado, nem envergonhado. Pode ser que porque boa parte dos brasileiros teriam gostado de ter sido convidados. Em quanto os que não achem nada de errado numa festa como aquela sejam maioria, a corrupção vencerá.

domingo, 23 de setembro de 2018

O nazismo é dos bolsominions

POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO
Tenho repetido que não discuto com seguidores de Jair Bolsonaro. Limito-me a zoá-los (o que é muito fácil, porque eles se auto-ridicularizam). Enfim, é pura perda de tempo tentar falar com gente tosca e incapaz de fazer o zero com o fundo de uma garrafa. Para um bolsominion, pensar é um processo doloroso. As ideias morrem por inanição. É que os tipos vivem um processo a que tomei a liberdade de denominar “suicídio de neurônios”.

O ridículo é tanto que um dia destes os caras estavam a ensinar aos alemães sobre o nazismo. Sério. O absurdo não tem limites. Houve gente a negar o Holocausto, imaginem, e muitos a dizer aos alemães que o Terceiro Reich era coisa da esquerda. O nível é muito louco e torna impossível estabelecer qualquer discussão racional. Ah… o que aconteceu? Foi um filme que “despertou” o cérebro apodrecido dessa gente.

A embaixada da Alemanha no Brasil publicou um vídeo a falar no extremismo, como o objetivo de enterrar essa discussão tonta de que o nazismo é de esquerda. Mas estamos a falar de gente incapaz de somar dois mais dois. O filme não atingiu o objetivo de enterrar o assunto e ainda fez levantar o insepulto cadáver da boçalidade dos seguidores de Bolsonaro. Sim, os jumentos se apressaram a ensinar história aos alemães.

"Nunca ouvi uma voz séria na Alemanha argumentando que o nacional-socialismo foi um movimento de esquerda", disse o embaixador alemão no Brasil, Georg Witschel. E adianta? Não. Nenhum bolsominion quer saber disso. Para eles, o filme está errado. Os alemães estão errados. Os estudiosos estão errados. A história está errada. O mais elementar bom senso está errado. Aliás, parece que o nazismo é "propriedade" dos bolsominions.

O fato é que lá na Alemanha as pessoas devem estar estupefatas com o nível exorbitante da ignorância dos bolsominions. E preocupadas, claro. A Europa também tem com o que se preocupar. A Alemanha tem os seus problemas (a AfD - Alternativa para a Alemanha é um problemão). Mas nada que se compare. O que os seguidores de Bolsonaro estão a fazer nem é afundar o Brasil no tal terceiro mundo. É empurrar Brasil para o submundo.

É a dança da chuva.



sexta-feira, 21 de setembro de 2018

Cota 40 - Dia da Árvore

POR JORDI CASTAN


Em Joinville, o cidadão está proibido de cuidar da árvore que tem na calçada, em frente de casa. Mas a Prefeitura também não cuida. O resultado é uma cidade com menos árvores, sem qualidade de vida e perdendo cada dia um pouco mais do seu verde urbano.

Hoje, no Dia da Árvore. denunciamos a omissão do poder público.

Subiu


Lula é o Sun Tzu dos sertões...


TU CÁ, TU LÁ
POR SANDRO SCHMIDT E JOSÉ A. BAÇO
JOSÉ BAÇO - Putz. Os caras fizeram de tudo para evitar que o PT e Lula voltassem ao poder. Levaram o Brasil a essa desgraça e agora o Haddad aparece com 19%? Aí fica difícil, né?

SANDRO SCHMIDT - Primeiro que Lula sempre soube ler o cenário político como ninguém. Fez tudo certo de acordo com o "manual" da Arte da Guerra. É o Sun Tzu dos sertões. Depois, o Jumito e o Mourão ajudaram bastante.

JB - Mas não achas impressionante o número de eleitores do Bolsonaro em Joinville? É certo que a cidade é uma das mais conservadoras do Brasil. Mas do conservadorismo à eutanásia do próprio cérebro vai uma distância e tanto...

SS - Bom, pra quem votou no Aécio e no Udo, este 2 vezes, nada mais me impressiona. Joinville tem uma turminha que adora ficar na porta da Casa Grande, sempre achando que vai entrar, mas nunca passará de capacho, pra turma de cima limpar os pés.

JB - Não sei se dá para chamar Casa Grande. É mais um curral. É tanta cavalgadura que não vão ser pisados... vão é ser montados.

SS -  Sim, um curral grande. E ainda tem sede.

JB - Sede de sediar ou sede de beber?

SS - Retórica? Gostoso é de ver "universitário" batendo no peito e dizendo que a turma estudada  vota no jumito. Tudo formado no PROUNI do Haddad... hua hua hua...

JB - Esse troço do diploma é bem brasileiro. Bolsonaro cursou a Escola Preparatória de Cadetes do Exército e a Academia Militar das Agulhas Negras... e é um jumento. É só um "papér" na parede.

SS - Isso. Ajuda na hora de conseguir um emprego, mas fica por aí. Tenho algumas discussões com empresários que dizem votar no Coiso em função do combate à corrupção. Aí pergunto a eles: vamos falar de corrupção aqui pertinho? Ficam quietos. Rabos presos.

JB - O quê? Vai dizer que tem corrução aí perto. Nunca ouvi falar...

SS - Não deve ter. Pela quantidade de gente de bem nas passeatas do Vem Pra Rua de Joinville...

JB - É tudo "gente de bem". Pessoas que gostam de votar em "jumento de carga".

SS - Gente de bem burra.

JB - Burros, jumentos… agora é esperar os anônimos e a burricada fica completa.

quinta-feira, 20 de setembro de 2018

Horário político-eleitoral é sinal de atraso

POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO
O horário político é importante para levar as ideias dos políticos aos eleitores. Mas a influência excessiva da televisão é mau sinal, porque aponta para uma certa iliteracia política dos eleitores. Nunca é demais repetir que a relevância exagerada da televisão é um fator típico das sociedades culturalmente mais atrasadas. Aliás, ela exerce o papel que décadas atrás foi do rádio, usado para comunicar com os que não sabiam ler.

O modelo precisa evoluir. Porque, como sabemos, o tempo de antena dos partidos nanicos virou moeda de troca e fator de corrupção. O financiamento das campanhas é uma zona sombria que, quase sempre, deixa os políticos amarrados a interesses econômicos. E o dinheiro das campanhas poderia ter um uso mais digno, ao contrário do que acontece hoje: mostrar candidatos embrulhados no papel de sabonete mais bonito.

Se a educação – formal, cívica, experiencial – não for efetivamente democratizada, o país ficará refém da incapacidade que muitos têm de ler o mundo. E a iliteracia política é uma ameaça para a democracia. Aliás, é importante salientar que em muitos países desenvolvidos onde há horário político, ele praticamente passa despercebido. É a comunicação social a mediar a relação políticos-eleitores, marcando a agenda midiática.

Há outra razão de fundo. A humanidade caminha a passos firmes para uma “sociedade das telinhas”, com a informação centrada nos computadores, tablets, smartphones e outros dispositivos móveis. É preciso projetar o futuro a olhar para a exclusão-inclusão digital. No Brasil, o crescimento tem sido interessante nos últimos tempos, mas 46% dos lares ainda estão desconectados (54% entre as famílias com renda entre um e dois salários mínimos).

O futuro imediato pede uma reforma política e, por consequência, uma mudança no modelo de horário político. Porque se o resultado de uma eleição pode ser definido pela propaganda política e pela força da televisão, isso significa que a sociedade – e a própria democracia – ainda tem muito que avançar. Quer dizer, o horário político é sinal de atraso.

É a dança da chuva.

quarta-feira, 19 de setembro de 2018

E se fosse #ElaSim?


POR CLÓVIS GRUNER
Mereceria uma leitura mais cuidadosa o fato de que, mesmo entre setores da esquerda que atentam para a urgência das pautas identitárias, a candidatura de Marina Silva não tenha sido nem mesmo cogitada como uma alternativa ao segundo turno. Não bastasse serem três homens a protagonizarem as candidaturas de centro esquerda, dois deles, os que disputam nominalmente o voto – Ciro e Haddad – têm vices mulheres relegadas a um papel coadjuvante.

Os argumentos mais comuns contra Marina são simplistas, quando não desonestos. Pesa contra ela o apoio a Aécio no segundo turno de 2014, um equivoco, já que ela podia simplesmente não apoiar nenhuma das candidaturas, como Luciana Genro. Mas a atitude não me parece mais grave que as alianças que o PT fez com quase toda a banda podre da política brasileira, incluindo Michel Temer, escolhido a dedo por Lula para vice de Dilma, por exemplo.

Ela é acusada de ser de direita, mas nada em sua trajetória passada e presente sustentem isso. Sua aproximação a economistas liberais como Eduardo Gianetti é supostamente a prova de seu neoliberalismo, dizem os petistas, olvidados de que Henrique Meireles foi o homem forte da economia nos governos Lula, que Dilma nomeou Joaquim Levy seu Ministro da Fazenda, e que Fernando Haddad, mal subiu nas pesquisas, já acena ao também liberal Marcos Lisboa.

Um debate não polarizado – A lógica vale para a acusação de que, evangélica, Marina fará um governo “conservador nos costumes”, como se as administrações anteriores, incluindo e principalmente as do PT, tivessem assegurado a plena laicidade do Estado. Até prova em contrário, o Estado laico está menos fragilizado com a orientação religiosa de Marina, do que estava quando Lula nomeou pastores da IURD como ministros ou Dilma rifou a Comissão de Direitos Humanos, abrindo as portas para que Marco Feliciano assumisse sua presidência.

O seu programa de governo, por outro lado, reafirma o que Marina efetivamente representa: uma candidatura de centro esquerda, com as pautas, os limites e as possibilidades atinentes a uma candidatura de centro esquerda. Suas propostas em áreas como educação, cultura e direitos humanos, por exemplo, não diferem substancialmente do que propõem Lula/Haddad e Ciro, e mesmo avançam em alguns pontos.

Seu alegado liberalismo não a impede de defender os investimentos públicos como um dos fatores para alavancar a economia, ou a não privatização da Petrobras, do Banco do Brasil e da Caixa Econômica. Além disso, ela mantém uma relativa autonomia frente aos grupos políticos que disputam hoje a presidência baseados na polarização extrema, uma maldição que não poupou o PSOL e, tampouco, Ciro. Com Marina, penso que teríamos a chance de algum debate racional, e poderíamos fazer nossa escolha baseados em outros critérios que não o ódio ou o medo.

***

Post Scriptum: Braziliansplaining – Na semana passada, ainda com o 7 a 1 da Copa de 2014 atravessado na garganta, brasileiros decidiram acertar as contas numa seara onde somos craques: a história alemã. Um vídeo publicado pela Embaixada da Alemanha mobilizou nossos melhores atletas, que entraram em campo decididos a explicar aos alemães que o holocausto não existiu e que o nazismo é, sim, de esquerda.

Como aparentemente nem a Alemanha é suficiente para convencer nossa direita pouco esclarecida, vou tentar com o próprio Adolf Hitler. Em entrevista concedida em 1923 ao escritor alemão George Sylvester Viereck, publicada anos depois pela conservadora “Liberty”, e acessível aos leitores coevos no site do inglês “The Guardian”, Hitler explica o que entende por socialismo, sua relação com a noção de raça ariana e porque o nazismo não era um movimento de esquerda.

Em um dado momento, para enfatizar seu ponto de vista e o que o separava do marxismo e dos bolcheviques, o líder alemão sentencia: “Nós poderíamos ter nos chamado de Partido Liberal”. Como historiador, posso assegurar que Hitler estava equivocado: não há muito de liberal ou do liberalismo no Partido Nazista. Por outro lado, e os comentaristas anônimos desse blog não cansam de me lembrar, a palavra de um historiador, no Brasil de hoje, não vale nada.