POR FELIPE CARDOSO
O Haiti não é aqui!
Essa foi a frase escrita na parede de uma empresa na Zona
Sul de Joinville que pôde ser vista por muitas pessoas que fazem o trajeto em
direção aos bairros da região. Um grupo antifascista tratou logo de tentar
apagar o ataque e tentar minar, da maneira que eles tinham no momento, a
propagação da ideologia do ódio contra estrangeiro, mais especificamente contra
estrangeiros negros.
Mas o papel principal que pertence ao poder público não foi
feito até o momento. Após um ano de luta e reivindicações de diversas entidades
da cidade para a criação e efetivação de políticas públicas que garantissem a
segurança e a integração dos imigrantes haitianos em Joinville, nada foi feito.
O atual prefeito Udo Döhler prometeu cumprir todos os
pedidos que foram apresentados: criação de uma casa de acolhimento para os
imigrantes; aulas de português; reunião com empresários para criar diálogo
sobre a empregabilidade dos haitianos.
O pouco que foi conquistado foi graças a mobilização popular
das pastorais da Igreja Católica, de organizações políticas, movimentos sociais
e de muitas pessoas que se solidarizaram com a causa. Hoje, os haitianos contam
com uma associação independente e lutam de forma organizada para buscar os seus
direitos na cidade.
A atual gestão mostra total descaso com essas pessoas. O
Conselho da Igualdade Racial (COMPIR) também, deixando transparecer certo
alinhamento de ideologia e má vontade em realizar críticas ao comando do
Executivo. Aliás, muitas das denúncias feitas ao COMPIR não tem o
encaminhamento desejado, deixando em dúvida a utilidade de tal.
Um Conselho mais atuante e atento às movimentações da cidade
é urgente. Não podemos nos conformar com a passividade e o silêncio de um órgão
criado exclusivamente para atender e se dedicar a essa causa: Igualdade Racial!
Bem como não podemos isentar o atual prefeito e seus secretários que estavam
presentes nas duas reuniões e se comprometeram em atender todas as
reivindicações.
Enquanto mensagens que preguem o respeito e a boa
convivência não são emitidas por órgãos públicos (que tem essa função), o
discurso de ódio continuará ganhando espaço e força.
Um ano se passou e praticamente nada foi feito pela mão do
prefeito para tentar resolver o problema de vez. Um ano se passou e o ódio
continua imperando. Agora, cobrado nas mídias sociais, um dos secretários que
tem tempo para dizer em sua rede social que esse não é o maior blog de Santa
Catarina, desapareceu.
Depois, em época de eleição, não adiantará procurar os
haitianos para fazer coisas às pressas, ou tentar comprá-los para fazer
propagandas políticas. Nós não esqueceremos!
O racismo e a
xenofobia não incomodam a Prefeitura de Joinville.