quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Ouvir ou escutar?


O PT aprendeu com a última eleição?



POR CLÓVIS GRUNER

Os temas políticos pautaram o Chuva Ácida ao longo da semana. Um bom sinal, pois mostra que o blog está a cumprir seu papel, consolidando-se como um espaço alternativo de informação e discussão em uma cidade onde o debate de ideias sempre foi irritantemente frágil e a circulação de notícias está praticamente monopolizada por um único grupo empresarial. O texto do presidente do PT, Írio Correa, comprova isso. Houve choros e ranger de dentes, comme d'habitude. Bobagem: o Chuva nasceu plural e aberto, princípio claramente descrito no post que o inaugurou. Além disso, as ressalvas a Udo Döhler são justificadas e necessárias, embora não cheguem a me surpreender: não aprendemos ainda que um sobrenome alemão e uma carreira como empresário não fazem necessariamente um bom prefeito. 

Dos mais de 50 comentários contabilizados, o da Maria Elisa Máximo – ex-colaboradora do Chuva – se destaca. Lúcida, ela cobra do presidente petista – e, por extensão, do partido – aquilo que o título prometeu, mas não entregou: autocrítica. Além de apontar a necessidade de uma avaliação crítica do governo Carlito ainda a ser feita pelos petistas, lista alguns dos muitos equívocos cometidos ao longo dos últimos quatro anos. Subscrevo todos. O que ela cobra provavelmente já foi feito internamente, e quem já militou no PT – como eu – sabe que as tais “autocríticas” podem ser tensas e mesmo traumáticas. Mas o momento é outro, e uma discussão interna, por exaustiva que tenha sido, não basta.

Desta vez o PT não está a tratar apenas de mais uma derrota eleitoral. No pleito de 2012 perderam-se quatro anos de governo certamente por conta de inúmeros fatores externos – que vão da falta de uma maioria sólida no legislativo à oposição hostil de boa parte dos meios de comunicação. Mas uma avaliação séria e madura não poderia deixar de levar em conta os equívocos do próprio governo e de sua base aliada. O PT tinha a obrigação de dialogar com a sociedade e especialmente com seus eleitores, e o presidente do partido perdeu uma ótima oportunidade de começar a fazê-lo.

ASSUMIR OS ERROS – Sei que não é usual políticos criticarem a si e suas gestões. Se fosse, não teríamos o senador Luiz Henrique ocupando há anos um espaço privilegiado nas edições dominicais de A Notícia apenas e tão somente para desfilar seu monumental ego. Mas não é demais lembrar que no caso do PT joinvilense e de Carlito foram mais de duas décadas de oposição, pleiteando a oportunidade de governar a cidade. Responsabilizar a oposição e os meios de comunicação pelo fracasso não é o suficiente – aliás, o partido esperava o que por parte de uma oposição orquestrada pelo maior inimigo político do ex-prefeito? E dos comunicadores e veículos locais, historicamente hostis ao partido? Condescendência e simpatia?

A dificuldade em assumir a cota de responsabilidade já aparecia na entrevista que Carlito concedeu no final do ano passado. Segundo ele, seu único erro foi não ter obtido maioria na Câmara de Vereadores. E chega a responsabilizar Adilson Mariano pela rejeição ao governo. Mas há de se perguntar: os vereadores da oposição, os meios de comunicação ou Adilson Marino podem ser responsabilizados pela falta de transparência e pela dificuldade de diálogo com os movimentos sociais? As estratégicas equivocadas de comunicação, confiando uma área estratégica do governo, em especial a de um governo hostilizado pelas mídias e comunicadores, a um grupo despreparado e – como bem observou a Maria Elisa – muitas vezes covarde, foram escolhas de quem? E pelas alianças espúrias, o troca-troca partidário, as nomeações tecnicamente duvidosas, quem se responsabiliza? E pelo apoio a Kennedy Nunes no segundo turno, quando seria muito mais digno e coerente com a história do partido declarar-se neutro e liberar os votos de militantes e demais eleitores?

Eu trabalhei na assessoria de imprensa da campanha de 1996, e lembro como o monopólio do transporte público era um tema fundamental. Foram quatro anos e absolutamente nada, além do aumento nos preços das passagens, mudou. A gestão petista foi subserviente aos interesses monopolistas exatamente como foram as anteriores e continuarão a ser a de agora e as que vierem depois, e o transporte público em Joinville segue caro e ineficiente. Igualmente fundamental era o discurso de valorização e diálogo com os funcionários públicos, e não foi o que se viu na greve de 2011, quando o tratamento dispensado ao sindicato e aos servidores foi, mais que arrogante, autoritário.

É ingenuidade achar que o PT um dia voltará a ser o que era. Ninguém é governo impunemente. Mas o partido precisa decidir o que ele pretende ser – por exemplo, não dá para se dizer oposição ao governo mas autorizar que seus vereadores se declarem independentes em relação a esse mesmo governo. Avaliar e aprender com os erros são bons exercícios; eles ajudam a ponderar e planejar as possibilidades de futuro. Mas, antes, é preciso admiti-los.

quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Ninguém é Marcos Queiroz por acaso

POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO
Há coisas que eu gostaria de saber sobre esse Marcos Queiroz, o empresário que teria engabelado um montão de gente em Joinville. Mais do que saber onde ele está – isso é trabalho da polícia – eu gostaria de saber é como ele conseguiu galgar degraus na cidade, ao ponto de ser visto por muitos como um empresário respeitável.

Se ainda estivesse no jornalismo diário, gostaria de fazer uma matéria reconstitutiva. Ver o percurso do homem desde que chegou à cidade e entender a rede de conexões que tornou possível a sua ascensão. Ninguém é Marcos Queiroz por acaso. Para chegar onde chegou, ele deve ter contado com conivências, silêncios e omissões.

O marketing pessoal é a parte mais previsível. Numa cidade como Joinville, onde muita gente pensa viver pela meritocracia (por mérito entendam “ganhar dinheiro”), é fácil passar a ideia de sucesso. É só exibir carrões, participar de churrascadas com alguns pretensos big shots ou postar passeios de helicóptero na internet. É mel na chupeta.

Mas qual era a relação desse senhor com o meio empresarial, a comunicação social, os políticos, a comunidade etc? Eis uma primeira coisa a saber: Marcos Queiroz foi convidado por um partido para ser candidato a vereador em 2012? Será? Se houve convite é porque havia chances de eleger o homem. Virgi.

Também tenho curiosidade em saber quais foram as relações que ele estabeleceu no meio empresarial. É claro que, pelo seu perfil, ele tende a atrair a arraia miúda do empresariado e também essa gente que está sempre disposta a tirar uma lasquinha do “sucesso” dos outros. Um aldrabilhas precisa passar a imagem de bem sucedido e isso atrai os bajuladores.

E por falar em bajulação, parece que o homem caiu nas graças de uma certa comunicação social. Mas teve gente que tomou um chapéu, porque não viu a cor da grana. Só que ninguém veio reclamar em praça pública. Coisa de malandro agulha: leva no buraco e não perde a linha.


Em tempo: hoje o jornalista Roelton Maciel publicou uma matéria no AN a mostrar um pouco mais da vida do sujeito. É uma história e tanto. Até de pastor evangélico ele já posou.

Fernando Krelling e a defesa do Plano de Governo do Prefeito Udo!

POR GABRIELA SCHIEWE

No meu último post falei e cobrei o Plano de Governo do Prefeito Udo, no que diz respeito ao esporte, inclusive destaquei-o.

Como o Chuva Ácida é um blog coletivo, aberto ao debate e todo o tipo de opinião, hoje trago aqui uma rápida conversa com o Presidente da FELEJ, Fernando Krelling.





Fernando Krelling, presidente da Fundação de Municipal de Esportes, Lazer e Eventos de Joinville,
formado em Educação Física e pós graduado em Treinamento Desportivo. Militante na política, com raízes bem fortes na sua família, filiado ao PMDB e candidato à vereador na eleição última.






Gabriela Schiewe - No que diz respeito ao Plano de Governo para o esporte, não estamos vendo sua executoriedade, o que o Senhor tem a dizer?

Fernando Krelling - Em 7 meses de Governo, estamos trabalhando em etapas e ele está sendo executado e será totalmente atendido, dentro das possibilidades estruturais e financeiras da Fundação na totalidade dos 4 anos de mandato. Não vejo como o Plano ñão esteja sendo realizado, pois já estamos fazendo muita coisa, trabalhando dia a dia, como o desporto educacional, promovendo o esporte nas escolas, o desporto comunitário, melhorias na Arena, a reforma do Abel Schulz.

GS - Então a tão sonhada reforma do Abel Schulz enfim sairá do papel e ganhará formas concretas?

FK - O Abel estava interditado a praticamente 2,5 anos, totalmente abandonado. Já quando assumi a FELEJ, realizamos uma limpeza pois o lixo tomava conta do espaço. Agora, com os recursos em mãos, R$ 413.000,00, teremos 120 dias para finalizarmos as obras que está prevista a colocação de um piso mais adequado, assim como um sistema de drenagem devido aos problemas recorrentes de enchentes e, com isso, evitaremos que o ginásio torne a ser interditado.

GS - E o Ivan Rodrigues?

FK - Essa é uma situação mais delicada, visto que o orçamento para a reforma do Ivan Rodrigues gira na casa de três milhões, o que dificulta bastante a sua execução e, ainda por não haver projeto, a gestão anterior não o fez, então tivemos que fazer o trabalho do zero. O projeto já foi cadastrado a nivel Estadual e Federal e, no final deste ano será encaminhada a Emenda Parlamentar que, com a ajuda dos políticos de Joinville, esperamos que seja aprovada para então termos a verba necessária para iniciarmos as obras.

GS - Você acha que a decisão de cancelar os Jogos Abertos em Joiville foi acertada? E, temos condições de competir pelos primeiros lugares?

FK - A decisão foi correta pois não tinhamos condicões de realizar os Jogos Abertos integralmente em Joinville, teríamos que deslocar algumas competições para outras regiões o que entendemos que não cabe a uma cidade como a nossa realizar um evento de maneira fracionada e, se for possível, até o final da gestão, tentaremos, com toda a certeza, trazer, novamente os Jogos Abertos para Joinville. Joinville precisa de um evento bem feito, do tamanho que a cidade merece.
Já, a respeito de competir pelos primeiros lugares, estamos preparando nossos atletas para isso, mas nós utilizamos as bases para as nossas disputas, diferente de Blumenau, Florianópolis que buscam atletas de ponta de outros Estados para essa competição, ficando, muitas vezes, inviável a conquista do primeiro lugar.

GS - A desistência do basquete da disputa do NBB, como isso foi conduzido pela FELEJ?

FK - A FELEJ (poder público) deu apoio naquilo que lhe cabia e até onde era viável, oferecendo a parte de logística e contribuindo com o bolsa atleta. No entanto, o basquete tem uma despesa mensal de R$ 200.000,00 que teria que ser arcado pela iniciativa privada, da onde não houve a contrapartida. o nosso relacionamento o Leonardo Roesler é ótimo e vamos continuar tentando fazer o basquete uma referência para nossa cidade, como foi nestes últimos anos.

GS - Quais as perspectivas para a continuidade do seu trabalho frente a FELEJ?

FK - Em primeiro lugar zerar o caixa, pois ainda estamos pagando muitas contas da gestão passada. Após quitar todas as contas, começar 2014 com saldo positivo no caixa da FELEJ e assim dar andamento a todos os projetos, executar o Plano de Governo, se possível na sua totalidade e acrescentar aquilo que for melhor para o desporto joinvilense.



"Em primeiro lugar zerar o caixa, pois ainda estamos pagando muitas contas da gestão passada."



Na segunda-feira, quem foi ao Centreventos Cau Hansen sentiu fortes emoções, não foi nenhum capítulo final de novela das 9, mas foi de arrepiar e também não era BBB, mas teve um eliminado.

Krona 5 x 4 Florianópolis, com o gol da vitória marcado no seus últimos instantes, Vander Carioca, só para variar, arrepiando a galera, marcou três gols e até pediu música. Hummm foi praticamente a sucursal da Rede Globo então!

E, para finalizar, tivemos o coadjuvante que roubou a cena, o pequenino Deives, que diante de tamanha rapidez, agilidade e técnica apurada tem a capacidade de ocupar espaço que deveria ser ocupado por dois e ainda sacode seus companheiros, chama a torcida, ataca, defende, pula no meio da quadra, da saltos como se tivesse molas nos pés, mas as molas estão no seu espírito que o eleva a alturas não alcançadas por nenhum outro e isso se chama; vontade de vencer!

terça-feira, 13 de agosto de 2013

Não reeleja, acabe com o voto inútil

POR JORDI CASTAN


Numa lista de coisas inúteis, em que lugar colocaria os deputados estaduais que representam Joinville na Assembleia Legislativa? Quem acompanha a agenda dos nossos representantes no legislativo estadual não pode deixar de surpreender-se com a superficialidade dos seus compromissos. A agenda oficial transpira ativismo e a impressão é que se trata de uma agenda cheia de importantes compromissos. Mas uma primeira analise já permite concluir que há muito ativismo e pouco conteúdo.

Visitando clubes de mães, acompanhando ao fulano, visitando ao sicrano. Na formatura da turma do curso de biscoitos caseiros, no bingo beneficente da associação dos colecionadores de gafanhotos vesgos, participando como jurado no concurso de tiro ao alvo com estilingue.  Entregando o título de capital catarinense do tatu ao município de... ou visitando o Planalto Norte, atendendo no escritório em Joinville, no programa de rádio da 119,98 FM e assim por diante.

Minha proposta é bem simples. Cite uma única ação de um deputado estadual eleito por Joinville que tenha contribuído para melhorar a vida do joinvilense. Ficou difícil? É... não é fácil. A vida dos nossos deputados se converte num fim em si mesmo. O único objetivo é o de se eleger na próxima eleição. Poder continuar mamando nas tetas do poder público e montar uma estrutura de cabos eleitorais, pagos com os nossos impostos, para que transvestidos de assessores se dediquem diuturnamente a pavimentar o caminho para a próxima disputa eleitoral.

A estrutura de recursos - gabinete, computadores, veículos, diárias e funcionários - colocada à disposição para cada deputado representa uma máquina poderosa e cria uma vantagem desproporcional nas eleições. Porque deixa os outros candidatos numa situação muito mais difícil e faz com que  a reeleição dos atuais seja muito mais provável, tornando a renovação da Assembleia Legislativa uma tarefa difícil e complexa.

Se estas vantagens ainda não fossem suficientes para garantir a reeleição, os nossos deputados estaduais dedicam boa parte do seu tempo produtivo a articular, e principalmente a desarticular ou torpedear, qualquer candidatura que possa vir a representar uma ameaça para o seu futuro político.

Assim o eleitor encontra a cada quatro anos um quadro político em que os nomes que se apresentam são os mesmos sempre e os partidos não permitem que novos nomes, com real potencial, tenham possibilidades de concorrer. Trocas de partidos, alianças com inimigos históricos e todo tipo de jogo rasteiro são válidos para alcançar os objetivos de ganhar mais uma eleição e permanecer no poder por um novo quadriênio.


Para evitar a perpetuação desta corja no poder indefinidamente, uma alternativa que ganha corpo é a de não reeleger estes candidatos que estão aí. Propor uma renovação significativa da representação de Joinville em Florianópolis. Iniciemos aqui a campanha: “Ponha o seu deputado estadual a trabalhar, não o reeleja”. Fica a dúvida de quantos deles passariam num processo de seleção no setor de RH de alguma empresa local, para um cargo com um salário semelhante ao que recebem atualmente.

segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Colombo, Sebastião Scarzello e a Ajorpeme

POR CHARLES HENRIQUE VOOS

Nesta última semana, vários moradores da região sul da cidade montaram uma manifestação em frente à escola estadual Sebastião Scarzello, no Itaum, pedindo para que a escola (interditada desde 2011, por incrível que pareça) não seja destinada à Ajorpeme. A Secretaria de Desenvolvimento Regional de Joinville já manifestou este interesse de cessão, para que a entidade utilize o prédio como local de incubadoras de empresas e projetos sociais (Ajorpeme faz projeto social? Precisamos lembrar que a Ajorpeme é uma das principais envolvidas na antidemocracia do atual Conselho da Cidade).

A gestão Colombo, mais uma vez, comete uma grande falha, e das graves. Deixa uma escola estadual ser interditada (por mais que o problema de manutenção não seja exclusivo de seu governo), não a reforma, coloca alunos em posições provisórias e paliativas em outras escolas, e o local vira abrigo para mendigos, a ponto do poder público enxergar a doação do local para os empresários como a única solução possível.

Mas, convenhamos: os empresários da Ajorpeme pagam uma mensalidade para serem associados (o que não é pouco, corresponde a renda média de milhares de famílias joinvilenses), têm altas taxas de lucros em cima de seus produtos, são responsáveis por grande parte do PIB de Joinville e ainda querem que o governo doe para si um patrimônio público? Não há dinheiro o suficiente para que a Ajorpeme, por suas próprias fontes de recursos (ou com 1% do lucro de todos os seus associados), construa um prédio de incubadoras sem precisar das camarilhas que envolvem os políticos e empresários desta cidade há décadas?

Não foi a mesma Ajorpeme que, ao criar o já falido projeto do parque empresarial da zona sul (mesma zona da escola interditada), dizia que queria levar desenvolvimento social para os moradores desta região? E como que esta entidade consegue se contrapor em poucos anos, ao aceitar uma doação de uma área que é uma escola? Acabar com o principal equipamento público que a nossa sociedade tem é algo que não dá para admitir.

E o governo Colombo mostra que a sua intenção, ao não dar conta das escolas interditadas em Joinville, é promover uma lenta falência deste setor, privatizando-o, mesmo que aos poucos e sem lei específica para isto. A cessão do terreno pode ser interrompida pela Assembleia Legislativa. É neste momento que veremos em qual lado os nossos deputados estaduais estarão: ao lado de seus amigos empresários financiadores de campanha e pauteiros de suas ações, ou do povo que sofre com uma gestão Colombo que aniquila todas as demandas e direitos sociais. Ir para Florianópolis apoiar pautas dos empresários (Santos Dumont, bombeiros voluntários, segurança pública para as áreas comerciais, etc) é fácil, não?

É esperar para ver.

domingo, 11 de agosto de 2013

O que aprendemos na última eleição?

POR IRIO CORREA

O que o governo Udo faz até agora?

Mercado Público, Expoville, Juquiá, Zoobotânico, Abel Shultz, reformas e construção de escolas, novos postos de saúde, Minha Casa, Minha Vida, mirante do Boa Vista.  Todas essas obras foram iniciadas, planejadas ou estavam prontas para licitação desde o governo Carlito.

Tá bom, vamos reconhecer que o programa Um Computador por Aluno, em negociação pela Secretaria de Educação, foi substituído pela novidade do tablet. Algumas obras em andamento, como a Casa de Cultura, o auditório da Fundação 25 de Julho e a rua Timbó, já esbarravam e continuam esbarrando em problemas com contratos ou empreiteiras. Poderiam estar concluídas, mas não foram.

O próprio Restaurante Popular II estava com as obras físicas concluídas e faltava apenas a licitação de equipamentos. Mesmo as obras de saneamento foram contratadas e projetadas pelo governo anterior, incluindo a nova estação da Jarivatuba, a adutora do Piraí, a estação de lodo e as obras de abastecimento e fabricação de água.

SAÚDE - E a saúde, Carlito construiu a casamata, policlínicas, almoxarifado de medicamentos, aumentou salários de médicos e enfermeiros, captou recursos para postos e UPAS.  O São José recebeu sistemas eletrônicos de prontuário, o quarto andar, climatização de unidades e controle patrimonial. Agora, pintaram as paredes, instalaram o ponto digital, que já estava contratado, e o governo Colombo aparece novamente com ajudinhas pontuais e ao que parece, novos investimentos no Regional.  O que mais além do cancelamento da UPA da Vila Nova?

Talvez a grande diferença atual seja mesmo o protecionismo do governo Colombo que, diferentemente da discriminação hostil com o governo petista, frequenta Joinville, destravou e acelerou politicamente as obras do BNDES III e do BADESC, contratos assinados pelo Prefeito Carlito. A própria duplicação da Santos Dumont era um projeto da campanha de Carlito em 2008 e que o Estado agora banca com o apoio entusiasmado dos empresários. Sobre isso, ainda acho que o binário com a Tenente Antônio João era um projeto de mobilidade que humanizaria mais a região norte, mais seguro do que um grande corredor duplo de alta velocidade no meio do povo.

Falando nisso, os projetos de mobilidade urbana do PAC cantados como conquista pela atual gestão nas fotos com a Presidenta Dilma, também foram apresentados pelo governo anterior.

CHOQUE DE GESTÃO? Ou seja, é bom, correto e saudável que haja continuidade dos projetos, mas há um continuísmo piorado na atual gestão. Piorado porque a alternância no poder suspendeu ou atrasou inúmeras obras estratégicas para a cidade. São oito meses em que o propalado choque de gestão não aconteceu. Pelo contrário, um governo que enxuga cargos estratégicos e negocia a conta gotas uma composição fisiológica com a Câmara de Vereadores só pode andar lentamente. O governo importou muitos estrangeiros que também precisam de tempo para conhecer a rotina administrativa e a cidade. A demissão linear dos cargos comissionados de carreira também atrapalhou. Muitos tiveram que voltar para evitar o apagão gerencial.

Mesmo com maioria política, midiática e parlamentar, o Executivo parece que entendeu tardiamente que fazer gestão não é só fazer gestão, é fazer política também, ou seja, dialogar permanentemente com os partidos e a sociedade os rumos do governo. É compor, negociar, ceder mas sem abdicar de decidir, o que não está acontecendo.

Algum sinal de uma grande transformação administrativa? Um governo de resultados? Indicadores de eficiência e controle de metas? Nada. Pode ser que ainda apareça algo por aí e vai ser ótimo. Mas o governo é de uma timidez política que atemoriza o futuro. A não ser que esteja em algum laboratório secreto, não se vislumbra um traço sequer do projeto de preparar a cidade para os próximos 30 anos. A própria mudança das Secretarias Regionais foi uma cópia grosseira e empobrecida do projeto que Carlito mandou para a Câmara e que foi olimpicamente arquivado pela maioria oposicionista da época. Há, esqueci, vamos ter guardas municipais, mas quem vai pagar a conta da ineficiência da Polícia Militar?

DISCURSO E MARQUETEIROS - Quando Carlito falava que não tinha dinheiro diziam que era apenas falta de gestão. Mas o PT, enfrentando calamidades, enchentes e não parando em nenhum dia o trabalho das Regionais, diminuiu proporcionalmente as dívidas e aumentou exponencialmente a arrecadação. Agora dizem que não tem dinheiro. Penalizam fornecedores, endurecem com servidores e jogam o contribuinte na cobrança judicial. Alguma diferença com o passado?

Enfim, o que acontece com o governo Udo é o mesmo que acontece com qualquer governo. O discurso eleitoral produzido por competentes marqueteiros, um financiamento eleitoral polpudo e os artifícios dublados nos estúdios de gravação, não ressoa na vida mesma da prefeitura. Vende-se ilusões para conquistar o voto, aniquila-se com os adversários com todas as armas e a sedução eleitoral está pronta. Logo, o que foi prometido não se realiza e o eleitor se frustra.

Mas alguma coisa aconteceu e o novo governo cancelou o aluguel da nova sede administrativa que iria racionalizar e reduzir gastos com a dispersão de unidades da prefeitura; foi cancelado o programa da internet livre , já com 14 antenas pela cidade; saiu do ar o site do IPTU eletrônico, que automatizava o atendimento e evitava corridas desnecessárias ao paço;  a conquista da realização dos jogos abertos foi solenemente desprezada e cancelada pelo governo eleito, com prejuízos para o esporte local; voltou o Museu da Bicicleta não se sabe como, pois o acervo é privado; o Orçamento Participativo, que era promessa, virou lembrança e ferramentas de transparência, como os cargos comissionados na internet, sumiram. Mas a proposta do Carlito da Ponte do Adhemar Garcia, já com estudos arquitetônicos em andamento no IPPUJ, e da fiação subterrânea, negociada em 2010 com a Celesc e recursos liberados em 2011, parece que irão se viabilizar com o novo e incondicional apoio do governo estadual. Inclusive o que foi proibido para o PT agora é possível com Udo como a duplicidade de um novo investimento do BADESC para obras de pavimentação.

OUTROS TEMPOS? Realmente, os tempos de Udo são outros. A hegemonia conservadora que sempre dominou os negócios e a vida política da cidade está novamente sedimentada e a imprensa feliz da vida, cordata e faceira, com o novo governo. 

Para aqueles que sabem que Joinville não é uma bolha de excelência no mundo, que estamos devendo anos de atraso em investimentos estruturais na qualidade de vida e na inclusão social, que temos problemas permanentes na saúde, na segurança, na falta de alternativas para juventude, na mobilidade urbana e que temos um déficit de democracia e controle social na cidade, dentro do moderno conceito de participação e decisão popular, cabe resistir e insistir para que tenhamos uma sociedade com opinião verdadeiramente livre e com vontade, com energia criativa para evitar o aprisionamento da liberdade pelo poder político.

Em cada eleição aprendemos um pouco. O que aprendemos na última?           

sábado, 10 de agosto de 2013

Comemorar uma derrota?

POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO
Para que fique claro, eu acho o tal Marcos Feliciano um anormal. E sob esse aspecto acho que quase todo mundo concorda comigo. Mas neste fim de semana vi um pessoal de esquerda a comemorar algo que considero questionável, para não dizer deplorável.

Era a reprodução de um vídeo em que um grupo de rapazes que viajava no mesmo voo que o deputado, de Brasília para São Paulo, decidiu dançar e cantar a música “Robocop Gay”.  É claro que, por não gostar do sujeito, fui ver o filme. Mas...

Foi decepcionante. E confesso ter visto às cenas só até o momento em que um dos rapazes passa a mão na cabeça do deputado. Porque pareceu que aí uma barreira de dignidade tinha sido ultrapassada.

O cara pode dançar, cantar ou saracotear. Mas quando toca na pessoa, como se ela fosse um objeto sem qualquer valor, então está a incorrer em algo tão feio quanto as coisas que quer combater. É indigno.

Se os caras querem fazer a festa, então que façam. Eu próprio defendo, no meu trabalho, que ações em aviões são a coisa mais fácil do mundo. Porque é uma daquelas situações em que o público não pode ir embora.

E agora tem esse lado chato. Aposto que, neste momento, muitas pessoas que, como eu, acham Marcos Feliciano um boçal, estão a sentir alguma simpatia por ele. Porque a dignidade do ser humano (seja um idiota ou não) foi pisoteada. Não é isso que queremos.

Aliás, não tenho dúvidas de que amanhã surgirão notícias a dizer quem são os dançarinos e não tenho dúvidas de que as ligações serão um problema para muitos políticos. Não comemorem uma derrota.

A coisa foi intolerante. A coisa foi fascista.





sexta-feira, 9 de agosto de 2013

É um baratão!


Sobre a Mídia Ninja, mídia alternativa e os novos tempos da comunicação

POR FELIPE SILVEIRA

Os protestos de junho sacudiram o Brasil e mesmo que algumas cornetas insistam em dizer que o tal do gigante já botou o pijaminha para dormir novamente fica claro que foram fincadas bases para uma grande mudança política e social que ainda virá. Isso pode ser observado mais claramente em alguns ambientes, como o da política partidária e o da comunicação, mais especificamente do jornalismo.

Este último já é um universo em constante ebulição e que há anos discute uma crise econômica e ética (tá, a questão ética não é assim tão discutida quanto a econômica), além de não saber o que fazer com a tal da internet. E, enquanto empresas e profissionais se debatem para achar soluções lucrativas, mais e mais informação passa a circular livremente em novos e criativos espaços criados por gente que não quer repetir as velhas fórmulas.

Nesse sentido, junto e por causa dos protestos de junho emergiu a Mídia Ninja, a rede de informação que cobre os protestos das ruas, dentro das manifestações, publicando informação na hora com quase nada de edição (lembrando que o lado para o qual você aponta a câmera já é uma edição). Além do imediatismo e do local privilegiado de transmissão, a Mídia Ninja também se diferencia pelo claro posicionamento que toma - sempre ao lado dos manifestantes. É importante ressaltar que, apesar do trocadilho óbvio, o nome Ninja é uma sigla para Narrativas Independentes, Jornalismo e Ação.

Mas, como tudo que ganha fama e importância, a Mídia Ninja logo ganhou críticas. A maior parte delas ligadas ao Fora do Eixo, uma organização política e cultural a qual a Mídia Ninja é ligada. E elas (as críticas) aumentaram significamente a partir de segunda-feira, 5 de agosto, quando o principal articulador do Fora do Eixo, Pablo Capilé, e um dos principais articuladores do Mídia Ninja, Bruno Torturra, estiveram no programa Roda Viva, da TV Cultura, entrevistados por tradicionais jornalistas do país. O programa pode ser visto aqui e eu recomendo para quem se interessa por esse debate. Assim como recomendo a leitura deste relato sobre o Fora do Eixo (aqui), que é apenas uma das críticas contundentes ao Fora do Eixo.

Dito tudo isto posso enfim dar a minha opinião sobre o tema, que é quase uma não opinião. Apesar de ser um entusiasta da mídia alternativa e da revolução que vem sendo causada pela internet, não cheguei a me encantar pela Mídia Ninja em junho e julho (lembrando que os protestos seguem acontecendo ainda hoje, principalmente no Rio de Janeiro). Assim como, mesmo sendo um entusiasta do crowdfunding (financiamento coletivo), nunca me encantei pelo Fora do Eixo. E, apesar de não saber formular direito a razão da minha antipatia pelas duas coisas, aos poucos começam a aparecer fatos que a justificam. O que acho lamentável.

No entanto, minha preocupação é que as falhas da Mídia Ninja e do Fora do Eixo se tornem munição no debate sobre novas formas de fazer jornalismo e também de trabalhar com a produção artística e cultural fora do sistema tradicional da indústria. Mais ou menos como criticar a ideia de comunismo a partir das experiências na Rússia e na China.

É evidente que o resultado da experiência é um rico material a ser usado pela crítica, mas também é um rico material de aprendizado. A Mídia Ninja não é a primeira e não vai ser a última experiência de democratização da informação. Assim como o Fora do Eixo não vai ser a experiência definitiva em relação a uma forma diferenciada de produção e distribuição cultural.

Acredito que neste momento é importante refletir sobre a Mídia Ninja e sobre o Fora do Eixo, mas também ter em mente que os novos tempos da comunicação e do jornalismo já chegaram. Que esse debate seja rico e qualificado.