POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO
“Se a sua mãe ficar sem presente, a culpa não é da Marisa”. Todos vimos o anúncio das lojas Marisa, publicado no Instagram da empresa, depois do depoimento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na Lava Jato. E fica a pergunta. O que passa pela cabeça dos responsáveis pela comunicação da loja? Porque foi um raciocínio bovino.
É certo que os anúncios de oportunidade (quando se aproveita a repercussão de algum fato) exigem rapidez na decisão. E às vezes há precipitações. Mas há coisas que são óbvias. O trocadilho com o nome da loja e da mulher do ex-presidente tinha tudo para dar problemas. Até porque hoje a publicidade é mais do que fazer anúncios. É fazer “brand building” (construção da marca).
O fato é que a marca saiu chamuscada do episódio. Num ambiente de acesa bipolarização política, em troca de uma gracinha a marca alcançou a rejeição de pelo menos metade dos eleitores. E não deve ter conseguido a adesão da outra metade, formada por aquilo que certa jornalista chamou “gente cheirosa” e que, claro, não compra produtos das lojas Marisa.
Então, é preciso fazer o cálculo dos negócios. Quem gostou do anúncio? Os caras do ódio. O problema é que odiadores só sabem odiar e não estão afeitos às “love brands” (categoria do marketing), aquelas marcas que interagem com o consumidor, dialogam e trocam ideias. Ops! Dialogar? Trocar ideias? É tudo o que o pessoal do ódio não quer. Nem comprar nessa loja...
O tiro no coração da marca foi ainda mais arrasador. As mulheres, gostando ou não de Lula e de Dona Marisa, não devem ter gostado. E devem achar que o slogan da empresa, “de mulher para mulher”, é papo furado. Ah... o consumidor esquece, dirão alguns. Não. O consumidor moderno não consome apenas produtos, mas também uma relação com a marca. É o beabá do marketing.
O que as empresas brasileiras devem aprender? Se querem entrar no campo da política, a posição tem que se afirmativa. O consumidor mudou. O mercado mudou. E as marcas têm que mudar, em especial quando assumem posições eticamente pouco recomendáveis. Machismo, racismo, classismo, homofobia, trabalho escravo, entre outros, não são aceitáveis.
Má publicidade? A culpa é da Marisa. A loja, claro.
É a dança da chuva.
terça-feira, 16 de maio de 2017
segunda-feira, 15 de maio de 2017
Bom dia! Em que podemos atrapalhá-lo?
POR JORDI CASTAN
Há unanimidade que muitas coisas precisam mudar no país. O problema começa quando se trata de definir quais e como. Aí a unanimidade desaparece . A mesma eficiência que o governo utiliza para cobrar as multas de trânsito poderia ser utilizada para enviar o boleto do IPVA para o endereço do proprietário. Mas isso facilitaria muito a vida do contribuinte e faria desnecessário o trabalho dos despachantes. E poderia explicar porque essa proposta nunca avançará em nosso Estado.
Outra situação que poderia ser
facilmente evitada é a necessidade de reconhecer assinatura ou autenticidade de
cópias de documentos em cartório. Um gasto e uma perda de tempo desnecessários a que não estão sujeitos cidadãos de muitos países. Um bom exemplo de como resolver essa
situação é o que o governo implantou em Equador. A legislação dá aos funcionários
públicos o estatudo de “fé pública”. Assim seus atos têm valor legal. É o princípio que
permite justamente, a um agente de trânsito, multar. E em caso de confrontada a sua
palavra com a dos cidadãos, você ou eu, a declaração do funcionário público tem a autorização legal para poder autenticar um documento e garantir a sua validade, algo que não pode fazer o cidadão comum.
Assim o Equador, para facilitar a vida dos cidadãos,
simplificar os processos burocráticos e reduzir custos, faz valer este princípio
em favor do contribuinte. Como explica o cartaz (abaixo), presente em todas as
repartições públicas do país latino-americano, a lei tem como objetivo não pedir mais cópias autenticadas aos cidadãos. O contribuinte pode apresentar o
original e a fotocópia de um documento e o funcionário público. Depois de comprovar que o documento e a fotocopia são idênticos, autentica a copia e garante a sua autenticidade. Simples, rápido e fácil.
O resultado é que os cartórios lá faturam menos, o Judiciário deixa de receber
sua parte por selos e carimbos e a sociedade, claro, perde menos tempo e recursos a
sustentar uma burocracia ineficiente e gigantesca.
Deu para entender? Simples né? Pois exemplos como estes há
dezenas. Exemplos de como a burocracia estatal está mais dedicada a dificultar
a vida do cidadão que a facilitá-la. Contribua, compartilhe os seus exemplos e será fácil perceber a situação. No caso
de Joinville, poderíamos começar com a gincana que representa querer organizar
algum evento na cidade ou querer fazer exercer os seus direitos nessa
inutilidade que é a Ouvidoria da Prefeitura, que, seguindo a diretriz do alcaide, ouve mas não escuta.
sexta-feira, 12 de maio de 2017
Você é um imbecil kkkkkkkkkk
As redes sociais são um canal de expressão para aqueles que antes não tinham meios para publicitar as suas ideias (ou a falta delas). Mas nem tudo é perfeito na vida. Quando Santos Dumont inventou o avião, certamente não pensava que a sua criação se tornaria uma arma de guerra. E o mesmo aconteceu com o invento de Mark Zuckerberg.
Já escrevi aqui que as redes sociais – e o Facebook em particular – acabaram por se tornar um lugar para mentir, caluniar e ofender. Tanto que antes não existia a pergunta: “onde você passava vergonha antes de inventarem o Facebook?”. Nem a expressão “vergonha alheia”. As redes sociais revelaram o lado mais vergonhoso das pessoas.
Uma das mais interessantes criações de terminologia das redes sociais é o “k”. As pessoas usam “kkkk” para demonstrar que estão brincando e rindo. O problema é a falsidade. É uma forma de beliscar a assoprar. Tem gente que escreve o que pensa com a intenção de ofender. Depois usa um “k” para parecer menos podre. Eis um exemplo real.
- “Kkk .. amigo tenho certeza q tudo que vc escreveu serviu certinho p os seus comentarios kkk .. Bonito e ler seus comentarios defendendo bandido etc... Mas respeito sua opniao.. Se meus comentários lhe desagradam problema e todo seu ..me bloqueia logo kk assim evito de ler suas bobagens . vai estudar um pouco .. Vai fazer bem p o seu futuro. ..”.
A transcrição é literal. O tema da discussão é o ex-presidente Lula e o sujeito mais agressivo é um bolsonarista que vive a falar em Mito 2018. Os “kkk” são uma forma de amenizar os xingamentos. E o mais divertido: o cara comete todos os erros do mundo e ainda manda o outro estudar. É claramente um cretino... kkkkkkkkk.
As redes sociais são uma grande invenção. Pena que haja tantos psicopatas... kkkkk... bullies... kkkk... cretinos... kkkk e machos do teclado (aqueles que se sentem poderosões quando estão atrás do teclado)... kkkk.
quinta-feira, 11 de maio de 2017
Lula, Moro e Lava Jato: o perigo mora ao lado
CHARLES HENRIQUE VOOS
Após o circo midiático ocorrido em Curitiba no dia de ontem (9/5), podemos contar as migalhas que restaram. Lula não foi preso, como os eufóricos paneleiros ansiavam, e ele não conseguiu dar uma "lição de democracia" no juiz, como petistas aguardavam. Foi um embate de pesos pesados - de um lado um capital político poderoso e, de outro, um personagem criado como super herói pela grande mídia e redes sociais - que culminou em um perigoso futuro, pois pode dar margem para terceiros se aproveitarem alimentados pelas indefinições ad infinitum que tríplex, delações, empreiteiros e prisões de "operadores estruturais" causam no cenário político.
Nesse jogo histórico de realinhamentos de posturas de nossa democracia, não existem rupturas. O Brasil vai sendo como pode ser, ou aos "trancos e barrancos", como já diria Darcy Ribeiro e traz consigo convergências de perigosas posturas. A independência, a formação da república, o estado novo, as diretas já e os impeachments são provas fieis disto. A "Lava Jato" pode ser a força motriz que novos grupos conservadores precisam para lançar nomes e propostas conservadoras para o país.
Enquanto as esquerdas divergem, e boa parte delas apela para o saudosismo de Lula como solução (Lula nunca conseguiu romper como prometido), a proposta que vai surgindo e ganhando a boca dos principais arquitetos dos realinhamentos é interessante, especialmente para os mais ingênuos e órfãos de novos heróis. Como os petistas "destruíram" o país, os políticos opositores a eles estão tão sujos quanto e a justiça pouco consegue fazer na terra dos milhões de Cunhas, nada melhor que lançar nomes "de bem", de empresários famosos a apresentadores de TV ricos e sucedidos. Pois eles são pessoas que "fazem o Brasil prosperar" e ajudam os mais pobres com empregos, visão e caridade.
Dória nem imaginava o quanto seu nome estaria cotado neste pré-2018 quando foi lançado candidato a prefeito, há alguns anos. Muito menos que conseguiria dar uma arrancada monstruosa que o levasse à vitória na capital paulista. O efeito Trump e o enfadonho Moro contribuíram para que o tucano fosse apresentado como solução. Até Roberto Justus e Luciano Huck surfaram na onda, com maior ênfase para o global. Ele gostou de brincar de eleições, e sabe como poucos que democracia é um quadro cheio de segundas intenções, nos moldes da "tiazinha" e "feiticeira" dos tempos de TV Bandeirantes.
É por isso que o perigo mora ao lado. Não está nos "petralhas" e nem na "república de Curitiba". Está naqueles que sempre encontraram falsas soluções mágicas e fantásticas para o país, sobretudo em momentos de crise e nebulosidade. Enquanto o país se divide por uma fantasia de democracia, os ratos vão tomando os porões dos espaços de decisão do poder, local onde está sentado o seu rei-mor, pronto a se sacrificar pelo bem da ninhada que há séculos domina e impede as autodestrutivas rupturas para sempre se aproveitar do poder.
Após o circo midiático ocorrido em Curitiba no dia de ontem (9/5), podemos contar as migalhas que restaram. Lula não foi preso, como os eufóricos paneleiros ansiavam, e ele não conseguiu dar uma "lição de democracia" no juiz, como petistas aguardavam. Foi um embate de pesos pesados - de um lado um capital político poderoso e, de outro, um personagem criado como super herói pela grande mídia e redes sociais - que culminou em um perigoso futuro, pois pode dar margem para terceiros se aproveitarem alimentados pelas indefinições ad infinitum que tríplex, delações, empreiteiros e prisões de "operadores estruturais" causam no cenário político.
Nesse jogo histórico de realinhamentos de posturas de nossa democracia, não existem rupturas. O Brasil vai sendo como pode ser, ou aos "trancos e barrancos", como já diria Darcy Ribeiro e traz consigo convergências de perigosas posturas. A independência, a formação da república, o estado novo, as diretas já e os impeachments são provas fieis disto. A "Lava Jato" pode ser a força motriz que novos grupos conservadores precisam para lançar nomes e propostas conservadoras para o país.
Enquanto as esquerdas divergem, e boa parte delas apela para o saudosismo de Lula como solução (Lula nunca conseguiu romper como prometido), a proposta que vai surgindo e ganhando a boca dos principais arquitetos dos realinhamentos é interessante, especialmente para os mais ingênuos e órfãos de novos heróis. Como os petistas "destruíram" o país, os políticos opositores a eles estão tão sujos quanto e a justiça pouco consegue fazer na terra dos milhões de Cunhas, nada melhor que lançar nomes "de bem", de empresários famosos a apresentadores de TV ricos e sucedidos. Pois eles são pessoas que "fazem o Brasil prosperar" e ajudam os mais pobres com empregos, visão e caridade.
Dória nem imaginava o quanto seu nome estaria cotado neste pré-2018 quando foi lançado candidato a prefeito, há alguns anos. Muito menos que conseguiria dar uma arrancada monstruosa que o levasse à vitória na capital paulista. O efeito Trump e o enfadonho Moro contribuíram para que o tucano fosse apresentado como solução. Até Roberto Justus e Luciano Huck surfaram na onda, com maior ênfase para o global. Ele gostou de brincar de eleições, e sabe como poucos que democracia é um quadro cheio de segundas intenções, nos moldes da "tiazinha" e "feiticeira" dos tempos de TV Bandeirantes.
É por isso que o perigo mora ao lado. Não está nos "petralhas" e nem na "república de Curitiba". Está naqueles que sempre encontraram falsas soluções mágicas e fantásticas para o país, sobretudo em momentos de crise e nebulosidade. Enquanto o país se divide por uma fantasia de democracia, os ratos vão tomando os porões dos espaços de decisão do poder, local onde está sentado o seu rei-mor, pronto a se sacrificar pelo bem da ninhada que há séculos domina e impede as autodestrutivas rupturas para sempre se aproveitar do poder.
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