quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017
A XEC, a nossa Mannschaft catarrinense, perdeu de nofo?
POR BARON VON EHCSZTEIN
Guten morgen, minha povo.
Ich bin traurig. Esdou triste porque a XEC perdeu de nofo. Es fiel vier. Tomou de quatro. O que esdá acondecendo com o nossa Mannschaft catarrinense? Nón pode perder assim. Das Leben ist kein Ponyhof. Eu sei que a vida nón é um gramado sempre verdinho, mas tem que fazer alguma coisa. Eu tenho o meu proposta: tem que ser uma time só de xogador com muitos consoantes na sobrenome.
Xá imaginarón uma time de xogadores com nomes bonitas como Hoffmann, Schultz, Fischer, Schneider, Zimmermann, Schwainsteiger, Alloff... tudo loirrinhas e de olho assul? Unbesiegbar! Virón? A time do Laxes tem um Michel Schmoller. Isso sim é nome de xogador. Se é parra ter nome daqui, tem que assusdar as adversárias, quem nem a Parrudo, da time de Laxes. Parrudo assusda. É por isso que eles ganha.
O dirreçón da XEC precisa se inspirrar na nossa querrida prefeito e trabalhar mais. Tem que pôr a time parra treinar às 6 da manhã e só sair de noitinha. Aqui é trabalho, xente! Wie ein Pferd arbeiten. A nossa querrida prefeito é a torcedor número 1 da XEC e deve ter ficado muito triste com a derrota. Os kommunisten da oposiçón fala que ele só vai no Arrena parra aparecer no foto, mas ele nón perde uma xogo.
Aliás, a nossa querrida prefeito non deve ter ido ondem a Laxes porque tem que ficar no Prefeiturra parra fazer o limpeza das rios e consertar os cagadas da gestón anterior. Gestón do Carlito, clarro. Porque aquele kummunisten quase afundou o nosso citate. Foi por poco. Wird arbeiten, kommunistisch. Tem umas muros no Arrena parra foceis pintar, seus kommunisten...
Palavra de Baron. Ich drücke dir die Daumen.
quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017
Nova LOT, velhos problemas: quem é apressado come cru
POR CHARLES HENRIQUE VOOS
Durante algum tempo relatei, aqui e em outros espaços, os problemas em torno da tramitação da Lei de Ordenamento Territorial, a famigerada LOT, desde os primeiros debates no Conselho da Cidade até a aprovação na Câmara de Vereadores. Dentre os inúmeros fatos problemáticos estava a pressa, ideologicamente justificada pelo discurso do progresso ("Joinville iria parar", "culpa da LOT", "Araquari está roubando nossas empresas" etc.), e como ela seria a inimiga da perfeição.
Não deu outra: mal os vereadores analisaram os vetos do prefeito Udo e já falam em criar alterações da nova lei. A "bomba" da vez gira em torno da área correspondente ao presídio e à penitenciária, na zona sul, onde os legisladores identificaram a necessidade de mudanças para contemplar novos investimentos públicos no complexo carcerário, pois foi ignorado, na LOT, que aquela é uma área que há décadas abriga estes equipamentos públicos. Um escândalo em termos de eficiência de políticas públicas.
Não quero aqui expressar se a emenda é necessária ou não, mas alertar como o planejamento urbano de Joinville se tornou flexível e, consequentemente, pouco seguido. Basta criar uma demanda, seja ela qual for, que os vereadores logo criam uma emenda. Pensadores do urbanismo moderno, inclusive brasileiros, mostram como as cidades se tornaram reféns do "fazejamento", ou seja, do planejamento ruir a cada nova necessidade. Os papéis ficaram invertidos: o que já existe ou irá existir regulamenta a lei.
A própria confecção da LOT foi tocada nesse ritmo: necessidades pontuais entrando, enquanto que grandes questões ficaram para segundo plano. Das mais de 100 propostas de emendas ao texto original, muitas eram alterações de uso e ocupação do solo para poucos interessados e sem quaisquer justificativas técnicas - ou até mesmo as políticas. Uma consequência imediata da ideia de que o arcabouço jurídico deve contemplar interesses pontuais, em detrimento dos coletivos, o que infelizmente está impregnada nos ocupantes de cargos públicos.
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Histórica charge do nosso colega Sandro |
Não foi por falta de aviso, mas agora temos uma lei insuficiente e desatualizada. E em certos termos, antidemocrática. Uns cinco ou seis são os que ainda sabem o que é a LOT em sua totalidade. Os agentes públicos, coitados... sempre foram - e serão - marionetes das vontades alheias. Ou seriam esquecimentos propositais?
terça-feira, 21 de fevereiro de 2017
O que faz Bob? Bobices...
POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO
“Sapateiro, não vás além dos sapatos” (sutor, ne ultra crepidam). Acho que a maioria das pessoas conhece esta expressão, que, segundo a lenda, surgiu de um episódio a envolver Apeles, pintor grego da Antiguidade, e um sapateiro. O artista tinha o hábito se esconder para ouvir a opinião das pessoas sobre as suas obras. Depois fazia as alterações que julgava apropriadas.
Certa vez ouviu um sapateiro a elogiar um quadro, mas com a ressalva de que as sandálias podiam ser mais caprichadas. Como era uma opinião de profissional, Apeles fez as mudanças e tornou a expor o quadro. O sapateiro voltou a ver a obra e desta vez o veredicto foi de que a sandália ficou melhor, mas que o vestido na pintura deixava muito a desejar.
O pintor, indignado por achar que o sapateiro estava a extrapolar as suas capacidades, saiu de onde se escondera e soltou: “sapateiro, não vás além dos sapatos”. Sempre tive alguma reserva em relação à frase, porque pode parecer um tanto castradora. Mas o fato é que faz sentido, porque as pessoas também devem conhecer os seus limites. Seria como dizer: “golpista, não vá além do golpe”.
Sim. Trago esta historinha para falar do ministro da Cultura, Bob Freire. É que a sua performance na entrega do Prémio Camões, na semana passada, foi um momento da mais brutal vergonha alheia. Uma vergonha em escala transcontinental, indo de São Paulo a Dili, mas passando por Lisboa ou Maputo. Afinal, estamos a falar do maior prêmio de língua portuguesa e o ministro foi uma figura muito pequena. E foi além dos sapatos.
Ok... é até lógico que a cultura do Brasil esteja entregue a uma alma penada política como Bob Freire. O ministro é a cara do governo Temer, recheado de incompententes, dilapidadores e gente de caráter mais que duvidoso. Bob Freire não se aquietou na truculência e atacou: “esse histrionismo oposicionista evidentemente tem os seus dias contados”. É a suprema ironia: o histrião atribui o histrionismo aos outros.
Todos sabem o que se passou na entrega do Prémio Camões, mas não custa repetir. Raduan Nassar, o escritor agraciado, disse que o Brasil vive tempos sombrios e denunciou a tramoia que apeou Dilma Rousseff do poder. A posição do escritor nem chegou a ser novidade, uma vez que ele foi muito crítico do impeachment, que considera golpe (aliás, como qualquer pessoa com dois dedinhos de testa).
A reação virulenta de Bob Freire é o caso típico do sapateiro que foi além dos sapatos. O ministro desembestou (é o que fazem os abestados) num chorrilho de aselhices e chegou mesmo a realçar o momento democrático vivido pelo Brasil. Risos. Pobre democracia. O que faz um Bob? Bobices. Então, vamos ver quais foram as bobices deste “homem de cultura”. Eis:
- “É um adversário recebendo um prémio de um governo que ele considera ilegítimo, mas não é ilegítimo para o prémio que ele recebeu”.
- Errado. Não foi o governo Temer que deu o prêmio.
“Quem dá prémios a adversário político não é a ditadura”.
- Bob Freire insiste no erro. Errar uma vez é humano, persistir no erro é bobice.
“Que os jovens façam isso já seria preocupante, mas não causaria esta perplexidade”.
- Errado. Bob Freire está a ser edaísta. Mas esperem: aposto que ele, um homem de cultura, não sabe o significado da palavra.
“Ele desrespeitou todos nós!”
- Errado. Se houve algum desrespeito foi o de Bob Freire. Afinal, o homenageado era Raduan Nassar.
“[o prêmio] é dado pelo governo democrático brasileiro e não foi rejeitado”.
- Errado. O prémio é dados pelos estados de Portugal e Brasil. Bob Freire parece não saber a diferença entre estado e governo.
E para fechar a ridicularia com chave de ouro, depois o ministro foi dizer à imprensa: “acho que até fui brando”. Errado novamente. Não houve qualquer brandura nesse tremendo tiro no pé. Foi um suicídio moral. Bob Freire fez bobice atrás de bobice e detonou os próprios sapatos.
É a dança da chuva.
“Sapateiro, não vás além dos sapatos” (sutor, ne ultra crepidam). Acho que a maioria das pessoas conhece esta expressão, que, segundo a lenda, surgiu de um episódio a envolver Apeles, pintor grego da Antiguidade, e um sapateiro. O artista tinha o hábito se esconder para ouvir a opinião das pessoas sobre as suas obras. Depois fazia as alterações que julgava apropriadas.
Certa vez ouviu um sapateiro a elogiar um quadro, mas com a ressalva de que as sandálias podiam ser mais caprichadas. Como era uma opinião de profissional, Apeles fez as mudanças e tornou a expor o quadro. O sapateiro voltou a ver a obra e desta vez o veredicto foi de que a sandália ficou melhor, mas que o vestido na pintura deixava muito a desejar.
O pintor, indignado por achar que o sapateiro estava a extrapolar as suas capacidades, saiu de onde se escondera e soltou: “sapateiro, não vás além dos sapatos”. Sempre tive alguma reserva em relação à frase, porque pode parecer um tanto castradora. Mas o fato é que faz sentido, porque as pessoas também devem conhecer os seus limites. Seria como dizer: “golpista, não vá além do golpe”.
Sim. Trago esta historinha para falar do ministro da Cultura, Bob Freire. É que a sua performance na entrega do Prémio Camões, na semana passada, foi um momento da mais brutal vergonha alheia. Uma vergonha em escala transcontinental, indo de São Paulo a Dili, mas passando por Lisboa ou Maputo. Afinal, estamos a falar do maior prêmio de língua portuguesa e o ministro foi uma figura muito pequena. E foi além dos sapatos.
Ok... é até lógico que a cultura do Brasil esteja entregue a uma alma penada política como Bob Freire. O ministro é a cara do governo Temer, recheado de incompententes, dilapidadores e gente de caráter mais que duvidoso. Bob Freire não se aquietou na truculência e atacou: “esse histrionismo oposicionista evidentemente tem os seus dias contados”. É a suprema ironia: o histrião atribui o histrionismo aos outros.
Todos sabem o que se passou na entrega do Prémio Camões, mas não custa repetir. Raduan Nassar, o escritor agraciado, disse que o Brasil vive tempos sombrios e denunciou a tramoia que apeou Dilma Rousseff do poder. A posição do escritor nem chegou a ser novidade, uma vez que ele foi muito crítico do impeachment, que considera golpe (aliás, como qualquer pessoa com dois dedinhos de testa).
A reação virulenta de Bob Freire é o caso típico do sapateiro que foi além dos sapatos. O ministro desembestou (é o que fazem os abestados) num chorrilho de aselhices e chegou mesmo a realçar o momento democrático vivido pelo Brasil. Risos. Pobre democracia. O que faz um Bob? Bobices. Então, vamos ver quais foram as bobices deste “homem de cultura”. Eis:
- “É um adversário recebendo um prémio de um governo que ele considera ilegítimo, mas não é ilegítimo para o prémio que ele recebeu”.
- Errado. Não foi o governo Temer que deu o prêmio.
“Quem dá prémios a adversário político não é a ditadura”.
- Bob Freire insiste no erro. Errar uma vez é humano, persistir no erro é bobice.
“Que os jovens façam isso já seria preocupante, mas não causaria esta perplexidade”.
- Errado. Bob Freire está a ser edaísta. Mas esperem: aposto que ele, um homem de cultura, não sabe o significado da palavra.
“Ele desrespeitou todos nós!”
- Errado. Se houve algum desrespeito foi o de Bob Freire. Afinal, o homenageado era Raduan Nassar.
“[o prêmio] é dado pelo governo democrático brasileiro e não foi rejeitado”.
- Errado. O prémio é dados pelos estados de Portugal e Brasil. Bob Freire parece não saber a diferença entre estado e governo.
E para fechar a ridicularia com chave de ouro, depois o ministro foi dizer à imprensa: “acho que até fui brando”. Errado novamente. Não houve qualquer brandura nesse tremendo tiro no pé. Foi um suicídio moral. Bob Freire fez bobice atrás de bobice e detonou os próprios sapatos.
É a dança da chuva.
segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017
Dinheiro e fé: gente que crê ganha mais?
POR JORDI CASTAN
Pesquisa publicada pela "Folha de S. Paulo" em janeiro pede alguma reflexão. O brasileiro continua acreditando que está deitado em berço esplêndido. E talvez por conta disto persista a ideia de que os problemas do país possam se resolver por outros meios que não seja o trabalho, o esforço e o fazer bem feito. Há muitos seguidores por estes lados. Espanta que 9 entre 10 brasileiros digam que seu sucesso financeiro se deva a Deus. Impressiona que entre os graduados o percentual seja de 77%. Inevitável fazer-se a pergunta: que tipo de brasileiros estão a formar as nossas escolas e faculdades? Quanto menor a escolaridade e menor a renda maior a gratidão a Deus pelas conquistas terrenas. Como o Brasil é um país curioso. Entre os umbandistas, 63% acreditam que o seu sucesso financeiro se deva a Deus. Entre os ateus o percentual é de reveladores 23%.
Acreditar que há uma relação divina para o sucesso econômico tem lá suas implicações. A primeira que me ocorre é que possa haver uma interferência divina na geração de riqueza. A premissa é interessante e pode explicar porque há tanta gente que pensa ser possível ficar rico sem estudar, sem trabalhar, sem fazer nenhum esforço. Os que acreditam em milagres. Que 9 de cada 10 brasileiros acreditem de verdade ser possível o milagre da influência divina na geração de riqueza é uma noticia reveladora. Na Idade Média, algumas ordens religiosas tinham como lema “ora et labora” (rezar e trabalhar ou oração e trabalho). Não se cogitava, naquela época, que fosse possível enriquecer sem trabalhar. Hoje há quem acredite, não só que isso seja possível, mas que seja verdade.
O estudo ajuda a compreender melhor porque há tanta gente que acredita em milagres e em milagreiros. E ainda é mais interessante acredita em pecado sem culpa, em que possa existir o paraíso sem o seu correspondente inferno. Há nesta estulta maneira de ver o mundo uma versão atual do complexo de Polyanna. Promovendo a ilusão de que, sem se alicerçar em nada mais que na crença e na fantasia, se possa criar riqueza e promover o desenvolvimento. Algumas igrejas são muito mais atuantes neste sentido. No caso da Universal, com mais de 57% dos seus fieis ganhando pouco mais de dois salários mínimos, há um esforço em promover o desenvolvimento econômico dos seus fieis organizando cursos sobre empreendedorismo e geração de renda e incentivando-os a ser patrões de si mesmos. Será esta a influência divina a que a pesquisa se refere?
As igrejas evangélicas aumentam o número de fieis nas suas igrejas em 43%, as católicas só 14%. Também fazem mais caridade 63% frente a 45% das igrejas católicas e ajudam mais a achar emprego 56% frente a 35% das católicas.
Mais de 50% dos entrevistados acreditam que Deus proverá riqueza e saúde aos que tem fé. A denominada Teologia da Prosperidade defende o sucesso material nesta vida como benção divina estimulada pelo dízimo. Tanto acreditam os fieis neste caminho que a pesar de ter a parcela de fieis mais pobres a Universal é a que mais arrecada com o dízimo, R$96,5, frente aos R$70,3 da Assembleia de Deus. Há uma atitude diferente por trás da estratégia de cada uma das igrejas. Enquanto a Católica defende a caridade como forma de combater a pobreza e ajudar os mais necessitados, as igrejas pentecostais optam por uma política mais ativa e que apresenta melhores resultados.
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