quinta-feira, 5 de maio de 2016

O empresário, o trabalhador e o Bolsa Família




POR CLÓVIS GRUNER

Não fazia ideia de quem era Danilo Conti há até poucos dias. Seu nome entrou no meu radar por conta de um comentário publicado em sua página no Facebook no dia 01 de maio. Nele, Conti parabenizava a todos que, como ele, sobrevivem sem o Bolsa Família. “Hoje o dia é nosso!”, congratulava-se com aqueles que considera seus iguais: os que trabalham e labutam – não há outra interpretação possível – ao invés de viverem das esmolas atiradas aos parasitas sociais pelo governo por meio de programas como o Bolsa Família.

Conti, descobri depois, é um jovem empresário joinvilense que, até 2015, presidia o Núcleo de Jovens Empresários da Acij, de onde saiu para assumir a Secretaria de Integração e Desenvolvimento Econômico, nomeação devidamente chancelada pela entidade, segundo a coluna “Livre Mercado” de A Notícia. Se não chega a ser uma novidade – afinal, Udo Döhler também foi eleito com a chancela da Acij, entidade cujos interesses e expectativas estão acima dos da cidade há várias gestões –, surpreende o quanto, apesar de pertencer a uma nova geração de empreendedores, Danilo Conti parece não se diferenciar substancialmente de seus predecessores.

No site de sua agência, a iZi, em  meio ao trivial (cases de sucesso, relação de clientes atendidos, etc...) um pequeno amontoado de textos, abrigados sob o lamentável título “Filosofada”, revelam um publicitário e empresário que acredita no poder da autoajuda e na capacidade criativa e transformadora das garagens, entre outras coisas. Mas ser crédulo e careta, no fim das contas, não deixa de ser em parte uma escolha, e Conti está longe de ser o único a confundir literatura de autoajuda com filosofia – ou “filosofada”, segundo ele. Mas enfim...

O problema é quando esse publicitário e empresário se torna uma pessoa pública (no duplo sentido: porque ocupa um cargo público e porque desempenha uma função política e, logo, pública), e nesta condição decide reproduzir mentiras baseado tão somente em sua ignorância e seu preconceito. Especialmente sobre um tema sobre o qual há muita informação séria disponível, oficial ou não, a apenas um clique de distância. Nesse sentido, as duas linhas de Conti no Facebook valem por um textão, na linguagem das redes. E merecem um textão como resposta.

O primeiro e o menor dos equívocos de Conti é confundir o BF com seguro desemprego. Qualquer um hoje, mesmo o mais ignorante, sabe que isso é mentira, e só a desonestidade e a má fé do secretário explicam a “confusão”. Mas, como falei, esse é dos equívocos, o menor. Desde que foi criado, em 2003, o BF foi responsável pela diminuição no número de brasileiros vivendo em situação de pobreza extrema, que caiu de 12 para aproximadamente 4,5% na primeira década do programa. Diminuíram igualmente as taxas de analfabetismo e mortalidade infantil. O resultado é altamente positivo se levarmos em conta o volume total de investimentos públicos, algo em torno de 0,5% do PIB nacional, para atender cerca de 14 milhões de famílias. Mesmo as recentes irregularidades encontradas em auditoria do TCU, que identificou cerca de 160 mil famílias cadastradas com indícios de erro ou fraude, não invalidam nem comprometem a pertinência do programa.

Acesso à renda e exercício da cidadania – Primeiro, porque é mais fácil corrigir as distorções encontradas do que, por exemplo, cassar o mandato de Eduardo Cunha, réu no STF e até esta manhã, presidente da Câmara. Além disso, o prejuízo aos cofres públicos, R$ 195 milhões, se significativo, ainda assim é muitíssimo menor do que, por exemplo, o R$ 1 trilhão em dívidas de empresas públicas e privadas perdoadas pelo Estado; os quase R$ 600 milhões pagos em juros aos bancos só em 2015; ou os R$ 19 bilhões sonegados por grandes corporações empresariais, como a Rede Globo e a RBS, investigados pela convenientemente esquecida “Operação Zelotes”.

Mas os aspectos positivos não são apenas estatísticos. O desenho do programa, ao substituir as tradicionais “cestas básicas” por um complemento de renda depositado diretamente na conta bancária dos beneficiados, desenvolveu um senso de autonomia praticamente inexistente em famílias e comunidades que viviam em situação de carência extrema. A associação entre dinheiro e liberdade de escolha propiciou aquilo que o economista Amartya Sen chama de “capability”, grosso modo, a oportunidae de se desenvolver novas capacidades em condições socialmente favoráveis. De acordo com Sen, indivíduos são mais livres à medida que tem à sua disposição mais e melhores opções de escolhas, mas também possibilidades concretas de exercê-las.

Um bom desempenho escolar, por exemplo, depende certamente de um conjunto de habilidades e esforços individuais, mas é preciso igualmente condições objetivas para tanto, entre elas uma boa nutrição, escolas com infraestrutura e professores capacitados e bem pagos. A conclusão é obvia: se a liberdade de escolha é um dos fundamentos de qualquer sociedade democrática, o acesso à renda é uma das condições imprescindíveis a um exercício mais pleno da cidadania. Além disso, para Amartya Sen, há uma relação direta entre dinheiro e desenvolvimento e liberdade individuais: além do empoderamento, o acesso à renda contribui para novas atitudes mentais, produzindo sujeitos menos dependentes e mais responsáveis.

No primeiro turno das últimas eleições presidenciais, os três candidatos com chances efetivas de vitória se comprometeram a não apenas manter o BF, mas a ampliá-lo. Mesmo Aécio Neves, de todos certamente o mais elitista dos presidenciáveis – as outras eram Dilma Rousseff e Marina Silva – tratou de desmentir os boatos que tentaram apresentá-lo e sua candidatura como inimigos do benefício, a colocar em risco sua continuidade. A seu favor, o senador mineiro reivindicava projeto de sua autoria que visava, justamente, transformar o Bolsa Família em programa de Estado, e não de governo, teoricamente fortalecendo-o e assegurando sua continuidade independente do partido ou mandatário de plantão.

Essas informações estão, todas, disponíveis e acessíveis. Porque, a consulta-las, o secretário de Integração e Desenvolvimento Econômico preferiu repetir preconceitos, apequenando-se e também ao município do qual é um dos administradores – e onde, aliás, cerca de sete mil famílias são beneficiárias do Bolsa Família – só se explica pelo preconceito, a ignorância (nesse caso, voluntária) e a má fé pura e simples. Tivesse uma boa assessoria, e Danilo Conti seria orientado a, publicamente, pedir desculpas pelo comentário. Na verdade, se tivesse uma boa assessoria, Conti talvez nem o fizesse. Uma pena. Porque a mim, pessoalmente, não deixa de ser interessante saber o que vai pela cabeça de quem administra a cidade e é em parte responsável pela qualidade de vida dos cidadãos que nela vivem. 


Ministro de Temer


O racismo e a xenofobia não incomodam a Prefeitura de Joinville


POR FELIPE CARDOSO

O Haiti não é aqui!

Essa foi a frase escrita na parede de uma empresa na Zona Sul de Joinville que pôde ser vista por muitas pessoas que fazem o trajeto em direção aos bairros da região. Um grupo antifascista tratou logo de tentar apagar o ataque e tentar minar, da maneira que eles tinham no momento, a propagação da ideologia do ódio contra estrangeiro, mais especificamente contra estrangeiros negros.

Mas o papel principal que pertence ao poder público não foi feito até o momento. Após um ano de luta e reivindicações de diversas entidades da cidade para a criação e efetivação de políticas públicas que garantissem a segurança e a integração dos imigrantes haitianos em Joinville, nada foi feito.

O atual prefeito Udo Döhler prometeu cumprir todos os pedidos que foram apresentados: criação de uma casa de acolhimento para os imigrantes; aulas de português; reunião com empresários para criar diálogo sobre a empregabilidade dos haitianos.

O pouco que foi conquistado foi graças a mobilização popular das pastorais da Igreja Católica, de organizações políticas, movimentos sociais e de muitas pessoas que se solidarizaram com a causa. Hoje, os haitianos contam com uma associação independente e lutam de forma organizada para buscar os seus direitos na cidade.

A atual gestão mostra total descaso com essas pessoas. O Conselho da Igualdade Racial (COMPIR) também, deixando transparecer certo alinhamento de ideologia e má vontade em realizar críticas ao comando do Executivo. Aliás, muitas das denúncias feitas ao COMPIR não tem o encaminhamento desejado, deixando em dúvida a utilidade de tal.

Um Conselho mais atuante e atento às movimentações da cidade é urgente. Não podemos nos conformar com a passividade e o silêncio de um órgão criado exclusivamente para atender e se dedicar a essa causa: Igualdade Racial! Bem como não podemos isentar o atual prefeito e seus secretários que estavam presentes nas duas reuniões e se comprometeram em atender todas as reivindicações.

Enquanto mensagens que preguem o respeito e a boa convivência não são emitidas por órgãos públicos (que tem essa função), o discurso de ódio continuará ganhando espaço e força.
Um ano se passou e praticamente nada foi feito pela mão do prefeito para tentar resolver o problema de vez. Um ano se passou e o ódio continua imperando. Agora, cobrado nas mídias sociais, um dos secretários que tem tempo para dizer em sua rede social que esse não é o maior blog de Santa Catarina, desapareceu.

Depois, em época de eleição, não adiantará procurar os haitianos para fazer coisas às pressas, ou tentar comprá-los para fazer propagandas políticas. Nós não esqueceremos!


O racismo e a xenofobia não incomodam a Prefeitura de Joinville.

quarta-feira, 4 de maio de 2016

Evolução política


O joio e o trigo: a gestão Udo Dohler






POR VANDERSON SOARES


Atualmente, os partidos de oposição ao governo municipal não medem esforços em fazer cartazes, banners, memes entre outras tantas formas de achincalhar, principalmente, o prefeito Udo Dohler. Felizmente, quem mais ataca o atual governo é quem já foi condenado ou quem responde por crimes eleitorais. Isso já mostra quem é joio e quem é trigo. 

É nítido que Udo Dohler está aquém do que prometeu, porém há de se considerar que ele está fazendo verdadeiros milagres na administração. Com a nossa atual crise política ao nível nacional, afetando fortemente a economia e assim a arrecadação, com cidades e estados fazendo cortes, alguns declarando ”falência”, Udo está sim se sobressaindo. 

Quando ele assumiu a Prefeitura, o governo anterior não provisionou a folha de pagamento. Desta forma, Udo Dohler foi o primeiro prefeito a não pagar a folha. Foi vítima ou de desleixo ou de maldade do governo anterior. A Prefeitura, nos primeiros meses de trabalho, não tinha poder de endividamento, estava totalmente em dívida com os fornecedores. Udo Dohler negociou e honrou todas as dívidas e vem honrando. A casa está em ordem e com saúde financeira, com capacidade de endividamento, se isto for necessário. Uma prefeitura com crédito na praça é sinal de gestão sim.

Udo Dohler, logo no começo, cortou na carne. Cortou centenas de cargos comissionados, acordou que em todas as secretarias os comissionados trabalhariam até às 17h00 (nos governos anteriores, era até às 14h00). 

Quando assumiu, não apenas se esforçou para manter o valor da passagem de ônibus, como diminuiu. Agora, nos últimos meses, por determinação judicial, não conseguiu conter o aumento. Era ou acatar ou ser processado por improbidade. 

Mesmo em meio à crise política e a grandes baixas na arrecadação, Udo Dohler está fazendo e entregando obras. 

Muitos reclamam da saúde e do asfalto, com razão, mas quero que se apresente aqui qual prefeito conseguiu fazer tanto com tão pouco. Qual prefeito mexeu tanto em pontos tão críticos e polêmicos da saúde quanto Udo Dohler? Não foram poucas as brigas que comprou. Qual prefeito, com baixa crescente de arrecadação, deixaria de colocar dinheiro na saúde e na educação para asfaltar ruas? Além disso, note-se que as ruas que estão recebendo asfalto ou recape não é com aquele velha casca de ovo, conhecida dos governos anteriores. 

Udo Dohler estava certíssimo quando em campanha falou que não faltava dinheiro, mas sim gestão. Infelizmente, não previu a crise que se formaria. Imaginem este homem trabalhando com caixa positivo e constante na prefeitura? 

E por fim, mas mais importante, Udo Dohler é o reflexo de alguém que trabalha pelo desafio de gerenciar uma grande cidade, aliado à honestidade. Muitos dos rivais que conquistou nestes três anos e meio, muito do apoio que perdeu de outros partidos, não é devido à falta de gestão, mas sim à sua postura firme contra qualquer tipo de corrupção. Além disso, fez algo inédito na política de nossa pequena aldeia, colocou pessoas com capacidade técnica, e não simplesmente políticas, em cargos estratégicos. 


Então, amigo, assim como você acho que Joinville pode muito mais. Infelizmente, sem arrecadação e sem dinheiro, não se pode fazer muita coisa, porém Udo Dohler mostrou ser honesto, não permitir a corrupção em seu governo, afastar pra longe qualquer um que se mostrasse interessado em se apossar do erário. Dentre os atuais pré-candidatos, Udo Dohler é a melhor opção. Antes um honesto, capaz e bem intencionado, do que alguém desonesto, incapaz ou mal-intencionado.