segunda-feira, 5 de outubro de 2015

Rachando o bico.


Quem tem medo do voto impresso?


POR JORDI CASTAN
O veto da Presidente Dilma à impressão do voto é um retrocesso preocupante. Confesso que não passa um único dia sem que me decepcione um pouco mais, mas deixei de me surpreender já faz tempo. Os princípios mais elementares de transparência exigem que não paire dúvida sobre a lisura do processo eleitoral. E hoje há cada vez mais dúvidas.

Passado o encantamento com o brinquedo tecnológico, surgiram as primeiras dúvidas. Aqui e acola surgiram denúncias, muito antes da eleição de Lula, de que as urnas eram passíveis de violação. Professores de algumas universidades públicas e especialistas em informática alertaram sobre a fragilidade do sistema - que, é bom lembrar, já tem mais de 20 anos, uma eternidade no mundo da informática.

As eleições de 2010 já foram motivo de questionamentos. Menos pelo resultado, porque não houve, naquele momento, dúvidas sobre a legitimidade da eleição da candidata do PT, mas sim sobre a segurança e vulnerabilidade do sistema. Em tempo hábil se iniciou um movimento que solicitava a adoção do voto impresso, para ser utilizado, como contraprova, em caso de dúvida, questionamento ou de falha nas urnas, como, aliás, acontece em todas as seções.

Hoje se uma urna estraga durante o dia da votação, aqueles votos não são contabilizados e são perdidos. O TSE tem se negado sistematicamente a considerar a possibilidade de adotar o voto impresso. A sua recalcitrante posição contraria sempre me pareceu estranha. Hoje me parece suspeita.

Novamente antes das eleições de 2014 houve várias iniciativas em favor do voto impresso. O presidente do TSE, o juiz Dias Toffoli, curiosamente, tem sido absolutamente contrário à sua adoção. Curiosamente ele. A proposta do voto impresso como contraprova é simples, barata e fácil de implantar. Quando o eleitor vota na urna eletrônica, um terminal imprime o voto, num equipamento equivalente a uma impressora de cartão de credito. O eleitor confere a papeleta e verifica que corresponde ao que ele votou. Feito isto coloca o impresso numa urna lacrada frente a mesa eleitoral.

Ao encerrar a eleição um número de urnas é sorteado para ser “auditado”. Os resultados da urna são conferidos com os das papeletas impressas. Sem erro, 100% devem ser idênticas. Feita a conferência não há duvidas e o sistema se prova confiável. As outras papeletas são destruídas. Final da historia.

Sem deixar de usar as urnas eletrônicas e se beneficiar de um sistema que permite uma apuração rápida. O voto impresso segue os principios mais elementares de contabilidade, permitindo a produção de uma contraprova que possibilite um controle. Hoje não há nenhuma prova. A adoção do voto impresso não representa nenhum retrocesso, como se os seus defensores propusessem a volta da máquina de escrever ou ao Brasil anterior ao descobrimento, como alguns querem fazer nos fazer acreditar. 

Há perguntas que não querem calar. Quem tem medo da contraprova? Porque se opor ao voto impresso? Há outras alternativas que garantam a transparência e a segurança? A quem interessa alimentar a teoria da conspiração? Se a tecnologia das urnas brasileiras é tão boa e tão segura, por que não tem sido adotada por nenhum outro país? 

sexta-feira, 2 de outubro de 2015

MeuZovo!


Lia Abreu - Um caso que arrepia a gestão Udo Döhler



POR SALVADOR NETO

Finalmente Lia Abreu falou. Não diretamente por sua voz, mas falou. A Prefeitura de Joinville também falou. Assim, um quadro obscuro ficou agora escandalosamente claro. O modelo “moderno” de gestão de pessoas no governo Udo Döhler (PMDB) trilha os caminhos da tal “meritocracia” que o então candidato defendia em seu Plano de Governo em 2012 nas páginas 14 e 15?

Seria talvez uma “udomeritocracia”? Abuso de poder, perseguições, assédio moral, afastamentos e procedimentos administrativos em escala nunca antes vista seriam a base de medida desta gestão? Pelo menos é o que se mostra diante dos fatos que chegam a este humilde jornalista.



“(Eles queriam) primeiro temporariamente, em razão do ano letivo de 2015 que se iniciava, e posteriormente, criar o cenário ideal para se afastamento definitivo, ou seja, a exoneração da servidora”, disse à reportagem. 

E disse mais: “As denúncias variam de forma e tamanho, algumas beiram ao ridículo como, por exemplo, sorrir nas dependências de órgão público. Outras acusam Lia de conduta inadequada, manifestação de desapreço e maneira autoritária de agir”, observou o defensor.

Apurações feitas por este jornalista apontam que há parentes de deputados, ocupantes de cargo de alto escalão do governo estadual, envolvidos no ardil desta ação contra Lia Abreu. Mais espantoso é ver que após mais de 200 dias de processo administrativo, e do afastamento da fiscal de suas funções, ainda não tenham conclusão.

Não encontraram nada em tanto tempo de investigação, e tentam impingir à servidora uma punição. Seria essa a tal meritocracia? A udomeritocracia? Essa medida deixa as digitais da perseguição à mostra, e certamente será derrubada pela defesa da fiscal. Será este o modelo de “protagonismo” na gestão que propunha o então candidato Udo Döhler?

Há outras denúncias de mais setores, e todas as fontes garantem ter documentos em mãos para provar inocência, e também mostrando possíveis “interesses” não tão nobres nos processos, e também afastamentos.

Falta a prometida “nova e justa política de remuneração”, e o diálogo inexiste com os representantes da categoria. Some-se a isso a falta de condições de trabalho nas subprefeituras, faltam remédios, médicos, obras, o excesso de buracos nas ruas, etc, etc, etc, em todos os setores da Prefeitura.

Por Lia Abreu, falou seu advogado ao jornal Gazeta de Joinville na edição do dia 16 de setembro deste ano. Segundo Alexandre Rossi, o afastamento da fiscal sanitarista é puramente político.

Causa estupor ao cidadão que paga impostos a sanha perseguidora do Governo Udo a essa fiscal que tem mais de 20 anos de bons serviços prestados à cidade. Dura na fiscalização do abandono das escolas estaduais e municipais, ela granjeou inimigos poderosos. Desses agentes políticos que agem nos bastidores.

Mais que isso, decidiram pelo retorno dela ao posto original de 1996 sob alegação de não ter cumprido estágio probatório! Essa Secretaria de Gestão de Pessoas comandada por uma ex-candidata derrotada à vereança está mais para um Dops, DOI-CODI, ou até uma Gestapo.

Recebi denúncias que somente em um setor da Prefeitura de Joinville, que lida com obras e outras fiscalizações, há cerca de 20 processos administrativos disciplinares em andamento contra... fiscais! Essa ideologia de processos contra servidores seria uma prática comum e já corriqueira na atual gestão, uma forma de pressão para obrigar os servidores a realizarem atos que a administração deseja, mas não vê acontecer.

Tal modelo de gestão de pessoas remonta ao inicio da revolução industrial, portanto, ultrapassado, arcaico, que desmotiva e desmobiliza a máquina pública que é tocada por mais de 12 mil servidores. Recentemente houve a tentativa de corte da insalubridade dos servidores do velho Zequinha, o inabalável e insubstituível Hospital São José.

Repito o que disse no artigo escrito há seis meses sobre o mesmo tema (clique aqui): o tempo da mordaça acabou há 30 anos. Lia Abreu e demais servidores. Desinterditem suas vozes. A sociedade que paga seus salários e espera seus bons serviços aguarda ansiosa.

É assim, nas teias do poder...