POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO
Luiz Inácio Lula da Silva vai ser investigado. Há muita gente a comemorar. Se antes os opositores se limitavam a arreganhar os dentes, agora pensam em
morder a reputação do ex-presidente. A oposição solta foguetes e a imprensa
conservadora se empenha em empolar o fato. O problema é que, mais uma vez, parece ser um
não-fato. Ou, talvez, mais uma ópera bufa da Justiça brasileira.
Investigar o ex-presidente por “tráfico de
influência internacional” é descabido, quase ao limite do non-sense. Tentar criminalizar a
diplomacia econômica (é o nome da coisa e acontece em todos os países)
é estapafúrdio e irrazoável. Lula é um dos grandes divulgadores do Brasil por esse mundão. Aliás, nunca a "marca Brasil" teve um endorser tão empenhado
e eficaz. E nunca o país desfrutou de uma imagem tão positiva no exterior.
Aliás, esse aspecto exige um comentário. Desde
que Lula chegou ao governo, a imagem do Brasil passou a ser respeitada em todo
o mundo e o país saiu da minoridade (a velha teoria da dependência) para tornar-se um player respeitado. O que, sabemos todos, acaba por repercutir na economia, uma vez
que atrai investidores. Mas as investidas da oposição, useira e vezeira de
táticas suicidas (essa gente parece determinada em arrastar o país de volta para o charco), tem provocado efeitos contrários.
A imagem do Brasil está a ser muito prejudicada no exterior,
em especial durante o governo de Dilma Rousseff. As informações que chegam aos outros países têm origem na imprensa conservadora brasileira (reacionária, diria) e
transmitem uma imagem de caos que assusta os investidores. Hoje a visão catastrofista vendida pela mídia não
se limita ao Brasil, mas chega a outras latitudes.
É estranho que Luiz Inácio Lula da Silva seja
respeitado em todo o mundo, mas alvo de uma caça insana no Brasil. E tudo
apenas por taticismo político dos seus adversários. Quem anda aí pelo mundo sabe que as
pessoas, ao encontraram um brasileiro, antes perguntavam por Pelé ou Senna, mas hoje falam em Lula. Aliás, se vale o comentário, ninguém recebe tantos doutorados honoris causa apenas pela cor dos olhos.
Pode aparecer um opositor e dizer: “Lula
recebeu dinheiro nessas viagens”. Deve ter recebido, uma vez que as palestras são pagas. Se sonegou informações ou impostos, obviamente deve responder por isso. Mas não parece ser o caso. Até porque não há bases consistentes na denúncia. Usar como fonte a imprensa conservadora, cujo histórico recente tem sido deplorável, é temerário. Aliás, se
houvesse um tostãozinho em jogo, Lula já teria sido esforricado. Ninguém duvida. Afinal, nem todos são Zelotes.
Enfim, é uma ironia sem tamanho. Lula poder ter problemas com a Justiça por fazer diplomacia econômica e tentar ajudar as
empresas nacionais. Em países mais avançados esse papel seria motivo para homenagens. Mas estamos a falar do Brasil... e tudo é possível. Até um obscuro procurador tentar virar herói dos conservadores. Déjà vu.
É a dança da chuva.