segunda-feira, 13 de julho de 2015
As faixas viárias e o vale-tudo
POR MAYCON
CESAR
A minuta de Lei de Ordenamento Territorial, enviada
pelo Executivo Municipal, já tramita na Câmara de Vereadores e será analisada
por duas comissões antes de ir para o Plenário: Legislação e Urbanismo. Cabe à
Comissão de Legislação verificar a legalidade da proposta: se condiz com
legislações maiores, com as leis no direito urbanístico e se está dentro do que
preza o estatuto das cidade.
Na Comissão de Urbanismo, na qual atuo como
presidente, o aspecto a se observar é o mérito, a questão técnica. Minha maior
preocupação nessa comissão é prezar para que a cidade que amamos tanto
equilibre desenvolvimento econômico, meio ambiente e qualidade de vida dos
habitantes. Quando pensamos em urbanismo, devemos levar em consideração todas
as consequências de cada decisão. Não seria benéfico, por exemplo, permitir
indústrias de todos os setores em todas as vias da cidade e não observar a
questão de mobilidade e meio ambiente. Todas andam juntas e a cidade deve
crescer sustentavelmente.
Considerando estas premissas, o primeiro aspecto nesta
nova proposta de Ordenamento Territorial, que vem promovendo larga reflexão e
muitas horas de debates com cidadãos engenheiros e arquitetos, é a Faixa
Viária. Estas seguem ao longo de algumas das principais vias de nossa cidade, possuem
largura de 200 metros (100 para cada lado a partir do eixo da via) - e nestas é
uma espécie de vale-tudo. As únicas atividades que não são permitidas nessas
vias são indústrias de grande porte e aquelas que contenham equipamentos e
automóveis de grande porte.
Minha grande crítica a estas faixas, além de sua
extensão e larguras demasiadas e da grande variedade de possibilidades de
empresas e serviços, é a questão da infraestrutura urbana a sofrer com isso.
Questões como mobilidade, saneamento, energia elétrica e água potável. É
possível equilibrar esse vale-tudo das faixas viárias com questões que, já
hoje, são precárias em nosso município?
Outra questão destas faixas é a possibilidade de
construção de prédios com até 22 andares. Em algumas vias, creio que haverá
engarrafamento no próprio estacionamento do edifício.
Para possibilitar o desenvolvimento econômico sem
transformar a cidade num caos, vejo como solução a criação de diferentes
modalidades de Faixas Viárias e não apenas compilando todas as atividades e
distribuindo-as nas principais vias de circulação da cidade. São muitos
questionamentos e quero pecar pelo excesso de zelo nessa questão.
Quero que essa discussão seja ampla e com a presença de quem entende do
assunto. Por este motivo estou em constante contato com engenheiros e
arquitetos renomados de nossa cidade.
Minha grande preocupação é me certificar de que o
crescimento de nossa cidade será viável e sustentável e que toda a população
possa usar, fruir e usufruir do espaço público de maneira saudável e com
qualidade.
sábado, 11 de julho de 2015
sexta-feira, 10 de julho de 2015
E a saúde, óooo
POR SALVADOR NETO
Acreditem, nesta quinta-feira em menos de oito horas a Secretaria da Saúde da maior cidade de Santa Catarina esteve sem comando, e logo em seguida voltou a ter. Agilidade? Competência? Rapidez no gatilho? Talvez a tentativa tenha sido essa mesmo, demonstrar que são ágeis, recrutam talentos com olhos de lince, etc e tal.
Mas a verdade mesmo é que a saúde, no governo Udo Döhler, já chegou a três secretários em menos de três anos de gestão. Começou com um médico, passou por uma advogada, e chega agora a uma procuradora municipal. O remédio utilizado não está resolvendo a doença. A saúde padece e sem remédio à vista.
Os graves problemas de filas continuam. A falta de medicamentos nas unidades de saúde continua. As cobranças do Ministério Público continuam. A falta de condições de trabalho para os agentes de saúde, continuam ou pioraram. Os idosos que recebiam fraldas geriátricas não mais ganharão, terão de comprar na rede de farmácias. E grande contingente de servidores do Hospital São José terão seu direito à insalubridade cortado. Valorizar o servidor, diziam em 2012.
A agora ex-secretária Larissa Brandão também já estava na mira, e enfrentou a falta de apoio do chefe do executivo, além de ser surpreendida por decisões em andamento não determinadas por ela. Sai antes que seja tarde de um governo que padece.
Da promessa de resolver os graves
problemas no setor, feita nas eleições de 2012, não sem tem notícias, a não ser
os factoides inventados pelos abnegados da comunicação social do governo.
Avanços muito tímidos.
A lógica mercadológica, o modelo
privatizante desejado pelo empresário Udo Döhler, é a diretriz básica na saúde.
As tais parcerias com clínicas visam exatamente repassar à iniciativa privada
algo que é dever do governo. Não é por acaso que o primeiro secretário da Saúde
do governo peemedebista foi afastado pela Justiça a pedido do Ministério
Público. Ele não cumpria as decisões judiciais.
Chega agora Francieli Schultz,
procuradora do município, para segurar o rojão jurídico que ainda paira sob a
pasta. Gestão? Para quê gestão? Vamos cuidar de fazer a lógica mercadológica e
empresarial caminhar, enquanto a população busca medicamentos e não encontra.
Quer fraldas para seus entes queridos, mas tem de comprar nas farmácias. Busca
especialistas, mas tem de ir para a fila ou... correr para a saúde privada Que lógica perversa, que em nada contribui para resolver os problemas da área
da saúde de Joinville.
Não há pavimentação. Há buracos.
Não há remédios, busque nas farmácias. Não há fraldas, compre. Não há praças
bem cuidadas, se virem. Não há sinalização de trânsito, entendam-se. Não há
obras de porte para a mobilidade urbana, esperem os convênios. Não há ponte do
Adhemar Garcia, aguardem. Na eleição o mantra foi não falta dinheiro, falta
gestão...
A cidade padece a olhos vistos, ainda escapando a educação. Gestão pública não foi pensada para gerar lucros, mas gerar atenção à população, gerar bem estar a quem precisa. A cidade padece, e enquanto isso a população e a saúde, óooo.
* só para encerrar, já resolveram o caso com a Lia Abreu?
A cidade padece a olhos vistos, ainda escapando a educação. Gestão pública não foi pensada para gerar lucros, mas gerar atenção à população, gerar bem estar a quem precisa. A cidade padece, e enquanto isso a população e a saúde, óooo.
* só para encerrar, já resolveram o caso com a Lia Abreu?
Labels:
gestão pública,
governo Udo Döhler,
infraestrutura,
Larissa Brandão,
Lia Abreu,
Ministério Público,
remédios,
saúde,
saúde privada,
secretária da saúde
quinta-feira, 9 de julho de 2015
Quem tem Vinícius não precisa de Platão
Hoje é o dia em
que a morte de Vinícius de Moraes completa 35 anos. Nem é preciso dizer que o
seu nome é um marco para muitas gerações. Pela poesia, pela música, pelo estilo de vida. E, por que não, pela filosofia? No meu caso específico, há um interesse especial desde que escrevi um texto acadêmico chamado “Quem tem Vinícius Não Precisa de Platão”.
Faz tempo mas mantenho esse ponto de vista.
É claro que não dá para negar Platão, Hegel, Kant, Heidegger e essa rapaziada toda que escrevia livros com mais de 400 páginas (um professor dizia que os estudantes não estavam geneticamente preparados para tanto). A afirmação é hiperbólica, mas nem por
isso deixa de ter um interesse filosófico. Afinal, como escreveu o pensador Roberto Gomes, no seu tratado sobre a razão tupiniquim, filosofar é
ver um palmo à frente do nariz.
É daí que vem esta pequena birra com os acadêmicos brazucas, sempre com as lunetas focadas no
hemisfério norte. No patropi o pessoal se liga demais na estranja e não olha
para a filosofia brasileira ou a filosofia latino-americana. Sim, elas existem. Mas a própria academia brasileira as desconhece e desconsidera por
completo. Mas pensar a realidade concreta a partir de ideias alienígenas tem as suas limitações.
Ora, a filosofia brasileira também é Vinícius de Moraes. Uma filosofia que fala da vida, de amores, de preguiça. Também de política. E só um filósofo brasileiro poderia filosofar em forma de samba. Vinícius foi mais existencialista do que os existencialistas. Mas não se perdeu em vãs metafísicas.
- Você que só ganha pra juntar, o que é que há, diz pra mim, o que é que há? Você vai ver um dia em que fria você vai entrar.
Como todos os outros filósofos, procurou o sentido da vida:
- Às vezes quero crer mas não consigo. É tudo uma total insensatez. Aí pergunto a Deus: “escute, amigo, se foi pra desfazer, por que é que fez?”
Uma filosofia brasileira tem que saber rir. Não pode ser deixar levar pelo rigor formal excessivo. Tem se que olhar ao espelho. Com Adoniran, Guarnieri, Plínio, Chico, Tom, Veríssimo, Di, João Pacífico, Catulo, Gonzagão. Todos filósofos.
É a dança da
chuva.
Assinar:
Comentários (Atom)







