quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

Vai pra Cuba!

EUA sempre ignorou os pedidos pelo fim do embargo
POR FELIPE SILVEIRA

Barack “Che” Obama, um indisfarçável espião lulo-petralha da KGB infiltrado no governo americano, ouviu as vozes de milhares de reaças brasileiros e deu um passo para permitir que milhões de “bolivamericanos” possam visitar quase que livremente a ilha comunista caribenha.

Assim, é provável que jorre dinheiro pelas bandas de Havana, que vai se beneficiar, sobretudo, do novo mercado para sua indústria de charutos e de bebidas, do novo público para o seu fortíssimo setor turístico e também de sua ótima localização que interessa à logística de empresas de todo mundo. Opa, parece que o Brasil já se adiantou e investiu em um pequeno porto por lá.

Só para ter uma ideia, estimativas do governo cubano apontam que Cuba deixou de ganhar 108 bilhões de dólares até 2011 por causa do embargo estadunidense, que impede não somente os americanos de negociar por lá, como pune empresas de todo o mundo por relações comerciais com os caribenhos.

Com isso, uma nova etapa da experiência socialista será posta à prova. Sobreviverá o socialismo aos encantos do capital? Ou avançará ainda mais, com a multiplicação da bufunfa, nos princípios de igualdade? É muito cedo pra saber.

A pergunta que não quer calar, no entanto, é outra: seriam visionários os reaças brasileiros? Ou analistas políticos de grosso calibre? Afinal, o “vai pra Cuba” é o conselho primordial de dez a cada dez sujeitos de direita no Brasil. E sempre foi de graça, contrariando a velha máxima de que se conselho fosse bom não se dava, se vendia.

De todo modo, é preciso estar atento ao que vai acontecer em Cuba. A tese dos defensores, eu incluso, é a de que o embargo imposto pelos EUA sempre foi o principal causador dos problemas econômicos de Cuba. Finalmente, o embargo vai cair (ainda não caiu) e a tese será posta à prova.

Por outro lado, o setor privado e o Capital tendem a crescer na ilha diante das brechas que se abrem com cada vez mais frequência. Brechas para a avanço da desigualdade? Talvez...

O jeito é esperar.
E, numa dessa, a gente segue o conselho e vai até lá pra ver

quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

Herege!


Joinville paga o preço do crescimento a todo custo

POR CHARLES HENRIQUE VOOS


Os números divulgados pelo IBGE na semana passada referentes ao PIB (Produto Interno Bruto) dos municípios brasileiros revelaram algo que muita gente nunca sonhou em presenciar: Joinville perdeu o posto de cidade mais rica do estado para Itajaí. Uma hegemonia que durava várias décadas caiu. Por mais que tenha sido, para alguns setores econômicos e políticos locais, um "desastre" perder na quantidade, parece não alarmar o fato de que Joinville há muito tempo perdeu o posto de melhor cidade para se viver e os números são meras consequências.

O enfoque qualitativo é difícil para alguns, principalmente políticos e demais gestores públicos. Até pouco tempo atrás as desculpas de "maior cidade" e "terceiro maior PIB da região sul" ainda eram utilizadas para refutar análises qualitativas, quando algumas surgiam. Agora não dá mais, porque os números mostram a crua realidade que há anos alguns "teimosos" já mostravam.

A cidade sempre careceu de cuidados que quase nunca existiram. Jamais tantas pessoas morreram de formas socialmente construídas como nestes últimos anos: os homicídios batem recordes atrás de recordes e os acidentes de trânsito com vítimas fatais também. As periferias se desenvolveram de forma descontrolada e os sucessivos governos, por décadas, não conseguiram organizar a cidade para as pessoas, apenas para o crescimento econômico a todo custo. Graças a este cenário, os "anos gloriosos" de Joinville acabaram.

O desenvolvimento econômico de qualquer cidade, principalmente neste século 21 mundializado, requer um equilíbrio da economia com o social e a cidade é o "palco" onde isso é efetivado. O crescimento dos índices econômicos devem vir acompanhados de qualidade de vida, lazer, cultura e sustentabilidade (apesar deste último termo ter sua concepção muito abrangente e, certas vezes, deturpada). Pelo que percebemos, nos tornamos a "Manchester Catarinense" e esquecemos de melhorar a qualidade da vida destes que a fazem diariamente. Não temos parques, áreas públicas qualificadas, equipamentos públicos em bom estado de funcionamento e nenhum atrativo diferenciado. Somos uma cidade bem comum que tinha em seus indicadores o grande trunfo. Não tem mais, e se sobrou alguma coisa irá perder em breve - basta continuar neste ritmo.

Precisamos lembrar que a política econômica monolítica apoiada pelos governos gerou uma instabilidade perigosa para a cidade. Uma economia pautada no setor secundário como a nossa podia sucumbir com qualquer crise alojada no setor. Em 2014 tivemos pequenas amostras de como é prejudicial o incentivo a apenas uma forma de construir riqueza. Com a pequena crise no setor industrial brasileiro, o PIB de Joinville diminuiu, a cidade não gerou tantos empregos como antes e a qualidade de vida despencou mais ainda.

É fácil e cômodo para alguns irem aos jornais e rádios locais e dizer que perdemos a liderança por questões circunstanciais das outras cidades. Melhor ainda é "jogar a sujeira para debaixo do tapete", como outros fizeram, e não reconhecer as próprias deficiências. Independente da mercantilização das cidades e a competição urbana, creio que todos nós queremos - e precisamos - de uma cidade melhor para vivermos. Quando as políticas sociais não atingem as grandes parcelas da população não há economia que aguente. Levamos 40 anos para percebermos, mas agora pode ser tarde demais.


* Este articulista blogueiro, sociólogo mal formado e urbanista frustrado (como sempre diz um anônimo raivoso e que quer me matar pelo uso do primeiro termo) deseja a todos os leitores do blog Chuva Ácida um ótimo fim de ano e espera revê-los em 2015!

terça-feira, 16 de dezembro de 2014

Verão!


O pior da política

PEDRO HENRIQUE LEAL
Os arautos da "liberdade de expressão" agora focam sua ira contra a RBS, por se posicionar contra os descalabros do deputado federal Jair Bolsonaro. Para essa gente que "defende" a "livre expressão", a opinião do José António Baço, que com razão disse que o Bolsonaro era "um perigo para a democracia" exige RETRATAÇÃO, e deve ser expurgada do jornal. Comportam-se como o que sempre temeu-se que fossem: fascistas, ansiosos para silenciar qualquer oposição.
Tudo isso para defender o parlamentar que manda manifestantes negros "voltarem ao zoológico", diz que "não estupra" outra parlamentar porque "ela é feia demais", diz que a ditadura errou em "torturar mas não matar", que homossexuais são todos pedófilos, entre outras. As prioridades dessas pessoas estão definitivamente no lugar certo - se por lugar certo você quer dizer nos Estados Confederados do Sul, ou na Alemanha Nazista.
Ainda essa semana, um dos herdeiros desse parlamentar tentou intimidar o vereador Renato Cinco. As páginas que demonstraram apoio ao Bolsonaro são as da pior estirpe: páginas glorificando abusos de poder da polícia, execuções, homofobia, misoginia e tortura. Alguns de seus seguidores declararam que sim, eles "estuprariam" a Maria do Rosário Nunes. É isso que acham que deveria ser a conduta e o efeito de um parlamentar. E pior, um dos mais votados do país? Estimular ameaças de estupro, agir como um valentão de ensino médio, xingar de "desequilibrada" e "vagabunda" uma parlamentar?
Uma multidão correu em defesa do deputado, dizendo que a sua vítima "mereceu". Gostaria de saber em que contexto uma ameaça velada de estupro é "merecida". Pior: tentam pintar Bolsonaro como vítima, como sendo perseguido e oprimido por quem se chocou (com toda razão) com as atrocidades que disse nesta terça feira.
Bolsonaro representa o que há de pior na política brasileira. E parte do que há de mais retrógrado na política mundial. Sua popularidade é motivo de tristeza para o país.