segunda-feira, 2 de setembro de 2013

O embromeichion do Joel

POR ET BARTHES
Lost in translation.


O "teste da mobilidade" mostra uma cidade vulnerável

POR CHARLES HENRIQUE VOOS

O jornal A Notícia publicou, na última semana, uma reportagem batizada de "teste da mobilidade", onde repórteres andavam do terminal norte até o terminal sul por diferentes meios de locomoção: automóvel, motocicleta, ônibus e bicicleta. O resultado foi preocupante: em todos os modais o tempo de deslocamento aumentou (e muito) se comparado ao mesmo teste realizado em 2009. Diante de tais fatos, temos uma cidade que está em constante mutação, e vulnerável, pois não está planejada para tantas mudanças em tão pouco tempo, culminando na piora da mobilidade das pessoas.

A constatação é de que ficou 52% mais lento fazer o mesmo trajeto quatro anos após o primeiro desafio. A velocidade média, considerando todos os quatro tipo de transportes, caiu de 25,8 km/hora para 17 km/hora. Em média, levaram-se 30 minutos para percorreros 8,5 km neste ano. Em 2009, o mesmo percurso foi feito em 19 minutos e 45 segundos, em média. (AN)

 De 2009 para cá a cidade teve sua frota de veículos aumentada em quase 40%, ao mesmo tempo que o número de usuários do transporte coletivo caiu. A lógica é simples e explica o porquê dessa vulnerabilidade. Diante de tantos carros nas ruas, é difícil imaginar que o raio-X da pesquisa origem-destino, de 2010, seja o mesmo de 2013: mais de 11% dos deslocamentos realizados por bicicleta, e mais de 23% realizados por ônibus, colocando em xeque a própria efetividade dos dados da pesquisa após tantas mudanças.

Enquanto nosso Plano Diretor de 2008 tiver suas principais diretrizes em relação à mobilidade (incentivar o uso de meios coletivos e não-motorizados) flexibilizadas, dando lugar a duplicações de avenidas, projetos de pontes, binários, ciclofaixas mal projetadas e propostas de faixas viárias na nova lei de ordenamento territorial, teremos um desenvolvimento urbano desconexo da melhoria de nosso ir e vir. Sem contar que a licitação do transporte coletivo está atrasada (o contrato de Gidion e Transtusa vence dentro de poucos meses), e o plano de mobilidade nem sequer foi para o papel.

É mais um exemplo de como a canoa está sem norte, e de como as principais pautas da cidade não são discutidas e muito menos solucionadas. O povo vai continuar sofrendo com uma péssima mobilidade urbana. Mas falar isto, para alguns, é ser "míope", "mentiroso" e "distorcer a realidade". Então tá.

domingo, 1 de setembro de 2013

Comunicação nos tempos da cólera

POR FABIANA A. VIEIRA



Assisti um vídeo nesta semana que me chamou a atenção. Acho que ele nem é recente, mas só tive a oportunidade de ver agora. Trata-se de um depoimento do cantor e compositor Chico Buarque sobre o comportamento das pessoas nas redes sociais. No vídeo (que você pode assistir aqui), ele diz que sentiu um certo espanto ao ver tanta raiva nas redes. "O artista geralmente acha que é muito amado. Mas hoje ele abre a internet, e ele é odiado das piores formas possíveis. Existe muita raiva". E num momento de reflexão ele solta a máxima "Não ter raiva de quem tem raiva". Eu achei essa frase genial.

É sobre essa raiva (de quem tem raiva nas redes), que quero falar, pois não é lá muito fácil você, que trabalha com comunicação, lidar com isso. Eu mesma já fui motivada a escrever textos sentindo raiva de quem tem raiva. Na real, a gente acaba se equiparando no calor de tanta raiva e a tema principal pode acabar se perdendo. O pior é quando uma pessoa destila raiva protegida pelo anonimato que a rede proporciona. Daí o jeito é mesmo minimizar a janela da internet e maximizar um bom livro. Garanto que a leitura será muito mais saudável. E olha que não estou falando de debates. Debates nas redes sociais é a comunicação do presente/futuro. Um bom debate dá a oportunidade de você aprender, ensinar, mostrar convicções, contradições e até pode fazer você mudar de ideia, ou olhar a ideia de outra forma. O problema é quando o debate, ou a crítica, é raivosa demais. Daí não tem jeito. Você vai ser contaminado e o debate pode ir por água abaixo. 

Para quem trabalha em assessoria de imprensa, seja de que área for, a proposta é saber lidar com essa raiva e focar no profissionalismo. Pois você não vai abrir mão de comunicar algo na rede, com o receio de ser alvo dos internautas raivosos. Mesmo porque na rede há vida inteligente também, certo? Pra mim, que trabalho na área política, essa tarefa parece complexa, mas a gente acaba aprendendo um pouco a cada dia. Seja na relação que você ou seu assessorado tem com a sociedade, seja na relação que você leva com os opositores. Só pra começar, não é porque seu assessorado tem opositores, que você precisa ter raiva deles, ou vice-versa, ou ainda abraçar esse sentimento todo para você. Parece tão óbvio, mas tem muita gente que confunde isso. Já vivi situações que os tal opositores foram muito mais "parceiros" do que muita gente que estava ali do lado. Mas esse jogo de cintura aqui será conteúdo de outro texto - não trata especificamente dessa raiva virtual de hoje.

Para a raiva virtual de hoje, a dica é respirar fundo e rever seus conceitos. Se o seu texto está ficando muito raivoso, escreva de novo. Melhores seus argumentos. Tente deixá-lo mais ácido, talvez.  Eu mesma desconfio de textos raivosos demais e já estou num momento de seguir mesmo o conselho do Chico: dar risada é o melhor antídoto.

sexta-feira, 30 de agosto de 2013

E se Udo Döhler desistisse da reeleição?

POR FELIPE SILVEIRA

Tava de bobeira esses dias e pensei numa coisa meio bizarra. Vamos supor (só supor, não torcer) que o prefeito Udo Döhler desista de tentar a reeleição em 2016. Afinal, esse negócio de ser prefeito é estressante e o homem trabalha sem receber salário. Talvez ele queira largar tudo e aproveitar a vida, como lhe é de direito, sei lá. Lembrando: isso é apenas uma suposição.

Suposição que me leva a pensar no atual contexto da política eleitoral joinvilense e em quem seriam os candidatos daqui a três anos. Claro que muita água vai rolar e os caciques vão mexer seus pauzinhos, mas é bom estar antenado desde já.

Dá pra começar pensando no que o próprio PMDB faria. Dificilmente abriria espaço para a candidatura do atual vice-prefeito Rodrigo Coelho, que saiu do PDT e não sei se já tem novo partido. Acredito, então, que o deputado federal Mauro Mariani, que disputa e tem conseguido espaço dentro do PMDB em âmbito estadual, teria alguma força. Contra ele, o fato de ter sido um candidato rejeitado em 2008 e também a divergência com LHS, que ficaria doido atrás de um novo nome.

O PT, que saiu estropiado da última eleição, talvez já tenha se refeito do baque daqui a três anos. Sem contar que nunca deixa de ser um partido forte, pelo tamanho e principalmente pela força do governo federal. No entanto, teria que encontrar um novo nome que ainda não existe entre os seus. Não poderia mais contar com Carlito Merss, que foi o seu principal nome nas últimas décadas, e dificilmente abriria brecha para Adilson Mariano, que conta com a fidelidade da Esquerda Marxista mas é detestado pela ala majoritária do partido.

O PSDB, pobre PSDB, tem mais é que se f… digo, tem mais é que se renovar de alguma forma. Marco Tebaldi já mostrou que não tem gás nenhum na última eleição e dificilmente largaria o osso de deputado federal em Brasília. De resto, não há nenhum nome forte atualmente no partido.

Quem pode incomodar mais nesse quadro é o deputado estadual Kennedy Nunes, do PSD, que saiu tanto fortalecido quanto rejeitado da última eleição. Quase ganhou, mas tenho a sensação de que a chance foi única. Ou era em 2012 ou nunca. Posso estar errado, claro, e morder a língua em 2016. No entanto, a rejeição de Kennedy é um senhor obstáculo e talvez seja insuperável.

Meu voto, já declaro, vai para Leonel Camasão, se for candidato pelo PSOL. Surpreendeu na última eleição e nesse sentido se destaca como o nome mais conhecido do partido na região. E é óbvio que se o PSOL lançar outro candidato também contará com meu voto. Porém, a sigla ainda trabalha pra se fortalecer, na região e no Brasil.

Fora esses, não me lembro de nomes fortes nos outros partidos para concorrer. Talvez o vereador Maycon César se arrisque por alguma sigla, mas acho difícil. Tem também o PSTU, que como o PSOL tem trabalhado pra definir seu espaço no campo da esquerda.

De qualquer forma, 2016 tá muito longe e muita água vai rolar. As eleições do ano que vem (para deputados, governadores e presidente) vão definir muita coisa. E não dá pra esquecer que essa é apenas uma suposição. Udo Döhler deve ser um forte candidato em 2016.

quinta-feira, 29 de agosto de 2013

O buraco

POR SANDRO SCHMIDT
Dias atrás, houve uma discussão a respeito dos buracos nas ruas de Joinville: de quem era a responsabilidade sobre os dito cujos. Tenho a solução.

Vamos institucionalizar os buracos da cidade. Ninguém mais irá fechar os buracos. Eles serão patrimônio de Joinville. Serão tombados pelo IPHAN. Quem fechar um buraco na cidade, será multado pelo Patrimônio Histórico da cidade e pela Seinfra.

Os buracos serão catalogados, com sua localização, dimensões, data de abertura. E também serão homenageados de acordo com gestão em que foram abertos. Teremos o Buraco Prefeito Luiz Henrique da Silveira, Buraco Prefeito Marco Tebaldi, Buraco Prefeito Carlito Merss, Buraco Prefeito Udo Dohler.

A Fundema irá fiscalizar os buracos que ficarem cheios de água, pois ali se criaram biomas, onde provavelmente haverá sapos, pererecas, peixes. E, dependendo do tamanho do buraco, talvez até capivaras e jacarés .

Com todos os buracos protegidos em Joinville, o trânsito fluirá mais lento, ajudando os pedestres a atravessarem a rua nas faixas de pedestres já desgastadas.

Quando um novo buraco aparecer, poderemos inaugurá-lo, com direito a políticos de todo o Estado comparecendo a mais uma obra municipal. Chamaremos os padres que adoram abençoar obras da iniciativa pública e privada.

No CDL, ACIJ, AJORPEME, SINDUSCON serão criados grupos de trabalho para ver a melhor maneira de se abrir novos buracos dentro do perímetro urbano. Na Câmara de Vereadores será criado o Dia do Buraco. Comissões e mais comissões irão a Brasília buscar recursos para aumentar e financiar novos buracos. Também teremos um adendo à LOT, permitindo que se faça buracos na Estrada da Ilha, lógico, depois de uma consulta popular.

Para as pessoas mais humildes, será criado, pelo Governo Federal, o programa Meu Buraco Minha Vida, para que todos tenham seu tão sonhado buraco.

Por fim, resolvidos todos esses percalços e toda a comunidade se unindo em torno da preservação dos buracos da cidade, com vontade política e com a benção de Deus, resolveremos de vez essa questão que tanto incomoda a nossa sociedade.