quarta-feira, 27 de março de 2013

Por onde andam as humanas?


POR DOUGLAS LANGER

É com facilidade que ouve-se falar de Joinville como uma cidade industrial.

Boa parte dos moradores da cidade dedica sua vida às empresas do ramo presentes na região.

Aos estudantes, aqueles futuros filósofos, sociólogos, etc, sinto informar que, infelizmente as universidades da região buscam oferecer cursos que saciem os desejos da indústria.

Tudo é uma grande dialética, as universidades de carácter particular (que têm em sua essência a busca pelo lucro, o que é inegável) oferecem cursos que lhe tragam capital. As grandes empresas por sua vez, necessitam de força de trabalho capacitada para seu melhor funcionamento.

Como resultado, está lá o cadáver das ciências humanas em Joinville.

A sua possível salvação, o ensino público, mais precisamente, a esplendorosa universidade federal, vem a galope montada em uma tartaruga (provavelmente manca).

A consequência é a cidade afundada em um abismo de descaracterização do operário, do próprio estudante, enfim do cidadão enquanto ser humano e o seu travestir de ferramenta descartável, de número, de estatística. Ainda neste abismo está o desinteresse pela cultura, pela ética, pela política, e afinal, por si próprio.

Seria digno de piada (e de inocência), o fato de esperar que alguma universidade privada decida implementar na sua grade de curso, esta pobre vítima da falta de reconhecimento, a filosofia.

Seria um grande salto, se por um devaneio de uma destas instituições de ensino superior, em meio a essas matérias exatas, algumas interesseiras, positivistas, oferecessem a filosofia, tímida, porém presente, amedrontadora, desafiadora, presunçosa, disponível aos cidadãos.

Aos que veem um horizonte melhor, uma realidade melhor, que se recusa a participar da eternização da realidade atual (ajudando aos que deveras gostariam da realidade pausada no agora ou no século XVIII).

Aos que se recusam a aceitar esse entretenimento como arte. Aos que estão inquietos pelas constantes questões levantadas explicitamente ou ocultamente em si, em seus atos, ao seu redor, em fim, em todas as coisas e lugares.

Enquanto o momento da volta da filosofia, sociologia, não chega, aconselho a seus filhos, os pensadores, a lutarem por elas, pela sua valorização, pela sua construção aqui, em Joinville, ou comodamente, calar-se e ouvir o ranger de dentes, frequentes já hoje.

Douglas Langer é estudante de filosofia por insistência, rebelde com causa e mais um desses madrugas (segundo o liberalismo e seus familiares).

Tirando o pé do acelerador

POR FABIANA A. VIEIRA
Depois de uma semana instalada em Brasília já aprendi a primeira lição: atenção ao limite de velocidade. A cidade está repleta de pardais e em alguns trechos a velocidade permitida é 40 km/h. Ainda não presenciei nenhum acidente, mas já ouvi falar de coisas bárbaras originadas pelo excesso de velocidade aqui. Coincidentemente hoje saiu uma reportagem de Joinville dizendo que o número de multas por excesso de velocidade cresceu 15,18% de 2011 para 2012, segundo dados do Ittran, originando 63.178 multas aos apressadinhos.

Não sei até onde a aplicação de multas educa a sociedade para a conscientização da paz no trânsito. Na real, não educa. Em Brasília, por exemplo, são mais de 800 equipamentos de fiscalização eletrônica instalados, o que dá uma média de um para cada 1.698 carros. O número de pardais é maior do que o estado de São Paulo, que possui uma frota cinco vezes maior. Em Joinville são 40, com expectativa de aumentar para 100.

Mas já que a indústria existe, façamos a limonada. Como prevê o artigo 320 do Código de Trânsito Brasileiro, parte do dinheiro arrecadado deve ir para programas de educação (o código obriga que a verba deve ser aplicada exclusivamente em sinalização, engenharia de tráfego, policiamento, fiscalização e educação no trânsito). Em Joinville essas campanhas estão geralmente voltadas às crianças, como o programa Aluno-guia, por exemplo. Na minha opinião o Aluno-guia é um belo programa, mas há de se planejar novas campanhas educativas focando principalmente no público alvo, que são os motoristas. Taí uma boa tarefa para o pessoal da comunicação pensar, porque fala sério, fazer campanha para criancinhas é muito bonito, mas pouco eficiente para a solução do problema.

Talvez uma ideia seja ampliar o programa para adolescentes que estão prestes a fazer a carteira de habilitação e que veem na velocidade e no automóvel a identificação de poder, habilidade e status. A campanha deve envolver mais esses jovens, seja em debates, palestras, filmes, outdoors, propagandas na TV, peças de teatro e o que a criatividade permitir. Mesmo dentro da escola seria legal um bom bate-papo com os alunos para desmistificar a cultura do Carro x Poder na nossa sociedade. Outra alternativa é pensar mecanismos de comunicação para interagir efetivamente com os adultos. Conforme o diretor de trânsito de Joinville, a educação de adultos é mais complexa, difícil de mudar o comportamento. Ou seja, a tarefa não é mesmo fácil.

Pesquisando pela internet dá pra conferir belas campanhas educativas que ajudam a refletir sobre a paz no trânsito. Essa abaixo é do Rio Grande do Sul e foi veiculada no ano passado. Eu não sei qual o percentual do montante é destinado para essas campanhas, mas eu sei que elas são importantes e devem ser melhor aplicadas para sensibilizar os motoristas a tirar o pé do acelerador.





Os valores se inverteram: o que é errado agora é certo e o que é certo agora é errado!

POR GABRIELA SCHIEWE

Domingo, 24 de março de 2013, acordei bem cedo para assistir a F1. Confesso que hesitei um pouco, pensei em voltar a dormir. Mas aí pensei: "sabe de uma coisa, vou assistir". E valeram muito a pena estas horas a menos de sono.

Quem assistiu o GP da Malásia e que gosta de esporte e, principalmente do automobilismo, se deliciou com as disputas acirradas durante toda a corrida e, principalmente, entre companheiros de equipe.

Eu bradei aos quatro ventos que foi uma corrida sensacional, uma das melhores dos últimos tempos. Verdade que eu não tenho tantos tempos assim, molhados (rsss).

Ficamos com a certeza de que a esportividade estava prevalecendo sobre a vitória a qualquer custo. As jogadas de equipe apostando no que é correto e que o melhor piloto naquele momento tem que vencer, independente de quem seja o primeiro da equipe. Que as ordens para que o Felipe Massa desse passagem para o Alonso, de maneira ultrajante e vergonhosa, não faziam mais parte. Que maravilha!

É, mas nem tudo são flores. Por que hoje não pode vencer aquele que está melhor e vimos o Vettel, que ganhou na pista, sem mutreta, sem ordens de passagem, vencer e se envergonhar disto. Sim, isto mesmo, ele está envergonhado de ter vencido o GP da Malásia e ter realizado uma ultrapassagem no seu colega de equipe e está tendo que se desculpar em todas as línguas e através de todos os meios de comunicação.

- "Gostaria de vir aqui com uma boa desculpa ou uma história legal, mas não posso. Essa é a verdade. Tenho que pedir desculpas a Webber. Ele estava poupando o carro e os pneus, e eu assumi um grande risco em ultrapassá-lo. Cometi um grande erro hoje. Eu ouvi e ignorei. Não deveria ter feito isso. Com certeza não é uma vitória que me deixa muito orgulhoso, porque deveria ter sido de Mark. Não posso mudar isso agora. Mas espero que haja uma situação no futuro que eu possa", disse Sebastian Vettel.

Por favor, isso é ridículo! Quer dizer que não vence mais quem é melhor, por que isso é errado. O certo é vencer aquele a quem o diretor de equipe escolhe, como vimos o Rossberg ter que se contentar em chegar em 4º lugar, pois não podia ultrapassar seu companheiro de equipe Hamilton e ouvi que ele fez o correto.

Como diz o meu colega Felipe Silveira, vamos aplaudir e de pé!

Gente, o que está acontecendo com o mundo, com o Brasil, com Joinville? Tudo que é errado agora é certo. Até pastor que achincalha negros e gays está presidindo a Comissão de Direitos Humanos e Minorias. Joinville, a maior cidade do Estado, abre mão de sediar os JASC alegando não ter condições. O cara que vence pela sua capacidade esportiva é tachado como errado e sacana.

Não sei, mas eu acho que alguma coisa não está certa. Ou será que eu estou louca?