POR CHARLES HENRIQUE VOOS
Enquanto crescíamos nos índices de audiência, os "leitores-de-jornal-e-distribuidores-de-brindes" se assustaram e buscaram mudanças. Um deles até contratou jornalista para fazer reportagens e entradas ao vivo, mudando seu estilo de programa após 15 anos no ar. Um outro colocava no ar matérias de redes de notícias especializadas. Ou seja, era um projeto que combatia as entranhas marrons do radiojornalismo joinvilense. Na verdade, até o programa começar, tínhamos tudo em Joinville, menos um radiojornalismo de verdade.
Neste projeto, fazíamos parte de uma redação independente, que buscava a informação e produzia a notícia. Não nos utilizávamos dos colegas jornalistas das mídias impressas para ler as suas matérias sem dar a fonte, como muitos faziam e fazem até hoje. Após um ano do término, tudo voltou a como era antes. Nunca mais tivemos uma redação independente de radiojornalismo (a Joinville Cultural tentou, mas é uma rádio do governo...) e os integrantes da imprensa marrom voltaram a fazer o que sempre fizeram. Até chegaram a demitir os jornalistas que faziam a produção dos seus programas (claro, o "fator novo" havia deixado de existir).
Enquanto a classe empresarial e a publicidade local investirem milhões todos os anos nestes mesmos radialistas joinvilenses, os quais dizem fazer jornalismo, sempre ficaremos com um radiojornalismo chulo, fazendo de conta que temos uma CBN ou outra grande rede de notícias. É chato ter que ouvir os leitores de jornal sorteando brindes (e ainda tirando sarro dos ouvintes). Até quando?
Fico muito feliz de ter feito parte deste projeto. Aprendi muito e conheci pessoas fantásticas. Apesar de refletir rapidamente sobre a situação de nosso radiojornalismo, é também uma singela homenagem para meus ex-companheiros de trabalho, que devido ao profissionalismo e seriedade, se tornaram grandes amigos.