Mostrando postagens com marcador EUA. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador EUA. Mostrar todas as postagens

terça-feira, 17 de maio de 2016

O governo golpista é material tóxico

POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO

Qual será o primeiro país do mundo a reconhecer o governo (interino) saído do golpe? O mundo todo percebeu que o processo foi ilegítimo, antidemocrático e protagonizado por corruptos. Nenhum político internacional quer ser contaminado pela peste golpista de Michel Temer. No Brasil ainda há meia dúzia de gatos pingados a falar em legitimidade, mas no exterior os democratas não vão na cantiga do bandido.

Se fosse em outros tempos (1964, para ser mais exato), o primeiro reconhecimento caberia aos EUA. Mas deu chabu. Barack Obama representa o Tio Sam, claro, mas a parte mais interessada no golpe são os abutres das finanças, do petróleo, do armamento ou até as poderosas igrejas evangélicas. Obama já disse que só se manifesta no fim do processo de impeachment. Talvez os inefáveis irmãos Koch façam as honras da casa.

Outra hipótese seria o governo argentino, de Mauricio Macri. Há muitas afinidades ideológicas entre os dois, que apostam na cartilha neoliberal. Mas Macri foi eleito de forma legítima e talvez também tenha medo do contágio e de uma possível reviravolta no caso brasileiro. Além do mais, há uma tendência no continente para o não reconhecimento do governo interino e Macri não quer ficar isolado.

E o tal primeiro mundo? Difícil. Os governos dos países desenvolvidos, onde o estado de direito é para respeitar, têm todas as informações e não vão cair na esparrela de reconhecer um governo ilegítimo (ainda que interino). Mesmo para aqueles com interesses econômicos no Brasil, o silêncio vale ouro. Restam Paraguai e Honduras, que passaram por golpe semelhante. Mas será que esses países querem ficar sob os holofotes? Não parece.

Do ponto de vista político, o governo golpista (interino) é tóxico e tende a ficar isolado do mundo democrático (pelo menos até o afastamento definitivo de Dilma Rousseff). A informação circula de forma rápida, instantânea e permanente. O mundo sabe que o golpe resulta da conspiração de políticos corruptos, parte do Judiciário e dos grandes grupos econômicos da comunicação. Não dá para disfarçar.


É a dança da chuva.


quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

As mentiras de um jornalista "isento" e "honesto".

O grande cara de pau. Fonte: Wikimedia commons.
Quaisquer paralelos desse caso com o comportamento de jornalistas e/ou empresas jornalísticas do Brasil é mera coincidência. Espero.


No começo deste mês, um ancora da rede de notícias NBC foi suspenso de suas funções. O motivo? Brian Williams mentiu a respeito de sua experiência cobrindo a guerra do Iraque, em 2003. Na ocasião, o helicóptero a frente do que Williams estava abordo foi atingido por um foguete, e teve de fazer uma aterrizagem forçada. Porém em janeiro deste ano, Williams recontou a história como sendo que o seu helicóptero o que fora abatido. Williams foi obrigado a se retratar, e foi suspendo do cargo. Essa história, no entanto, não é sobre ele.


Essa história é sobre outro âncora, de outro canal, pego em uma mentira similar. Essa história é sobre o “astro” do jornalismo Neo-conservador da Fox News, Bill O’Reily. Tão logo o engodo de Williams veio a tona, O’Reilly - praticamente o Azevedo de lá - foi um dos primeiros a condena-lo. Mais: O’Reilly com a tipica fúria da Fox News, usou da mentira de Williams para atacar toda a imprensa “liberal” (por liberal, entenda a definição americana de liberal: de esquerda). Afinal, se Williams mentira, o que garante que todo mundo não estava mentindo?


Infelizmente para ele, enquanto a NBC devidamente punia Williams, O’Reilly foi pego em uma mentira maior. Williams mentiu quanto a que helicóptero fora atingido, e qual a sua participação no incidente. O’Reilly, por sua vez, repetidas vezes afirmou ter presenciado combate durante a Guerra Falklands/Malvinas, ter escapado da morte por um triz durante a mesma guerra, ter visto soldados argentinos executando manifestantes, e ter salvo a vida de um fotógrafo durante um protesto.


Nada disso aconteceu, no entanto. Nenhum jornalista dos EUA cobriu a guerra no front. Apenas 30 jornalistas receberam credenciais do governo inglês para acompanharem as tropas britânicas. O’Reilly não era um deles. Ninguém da CBS (canal para qual ele trabalhava na época) pisou nas Malvinas. O único estadunidense a ir para as ilhas foi Robin Lloyd, da... NBC News. E mesmo Lloyd esteve lá por apenas um dia, acompanhado das forças armadas argentinas, antes das forças britânicas chegarem.


A cobertura da própria CBS, feita em parte pelo próprio O’Reilly, desmente as alegações de mortes nos protestos: a única cena de violência registrada foi um manifestante dando um soco em um jornalista canadense. A narração, lida pelo correspondente chefe da rede para a Argentina, Bob Schieffer, informava que alguns carros de imprensa foram apedrejados, e que a polícia ameaçou usar gás lacrimogêneo. Nada batendo com as cenas de extrema violência que O’Reilly depois viiria a alegar.


Por último, a parte de salvar um fotógrafo... Segundo ex-colegas na CBS, O’Reilly foi afastado da cobertura da Argentina após desobedecer ordens explícitas para não usar iluminação nas tomadas de vídeo. A medida levava em conta a animosidade dos argentinos contra os EUA, e visava a segurança dos jornalistas. O’Reilly, no entanto, forçou os cinegrafistas a ignorar a ordem, e gravou multiplas tomadas iluminadas. Para piorar, quando foi informado que o correspondente chefe seria quem leria a cobertura, reclamou que “não foi capturar imagens para aquele velho usar”.


Como foi que o veterano “isento” e “racional” da Fox News reagiu a exposição do seu engodo? Acusando os jornalistas que revelaram a mentira de serem “assassinos de esquerda”, desejando que um deles “estivesse na zona de risco”, e ligando para a redação do New York Times para fazer ameaças, é claro. O que, você esperava que ele fosse agir como Williams, e se desculpar publicamente? Da mesma maneira, a Fox News respondeu ao escândalo fazendo... nada. Absolutamente nada.

E essa é a rede de notícias que se diz detentora da verdade. E que acusa a rede que puniu o seu âncora desonesto de ser a rede das mentiras. Precisa dizer mais alguma coisa? O comportamento é muito similar ao de certos "formadores de opinião" e "guardiões da moral" que vimos pelo Brasil afora. Muitos mentem abertamente, e quando a mentira é escancarada, se enfurecem... Fica ainda pior quanto as redes sociais, onde qualquer coisa vale, e mentiras correm a solto. Alguns, ainda usam da carreira "jornalística" para adentrar na política. Ao menos nisso, O'Reilly ganha pontos: teve a hombridade de manter as coisas mais ou menos separadas (digo mais ou menos, pois o seu jornalismo "isento" é 100% propaganda republicana).


quinta-feira, 10 de abril de 2014

O monstro é real

POR ET BARTHES
Nos Estados Unidos, o desenho animado de uma campanha a alertar para o acesso das crianças às armas fala mais para os adultos. Vale a pena ver...