quarta-feira, 21 de agosto de 2013

É pedir demais?



POR FERNANDA M. POMPERMAIER

As questões de gênero se apresentam de diversas formas e é preciso estar atento para reconhecer, refletir e mudar atitudes se realmente desejamos uma sociedade igualitária.

É preciso estar em contato com os grupos minoritários e discriminados para compreender suas lutas, modificar o discurso e aprender o respeito.

Para tanto alguns conceitos precisam ser levados em consideração. 

1. A identidade de gênero: 
A identidade de gênero se refere à forma como o indivíduo reconhece-se a si mesmo. Existem os cisgêneros - pessoas que se identificam com seu sexo biológico e o seu "definido" papel social (se é que pode-se dizer assim). E transgêneros:  pessoas que se identificam com o sexo oposto ao seu sexo biológico. Não tem ligação direta com a homossexualidade. Depende é da forma como a pessoa vê a si mesma e como se apresenta ao mundo. Não tem bem a ver com orientação sexual, próximo tema.

2. A orientação sexual: é a quem o desejo sexual da pessoa se orienta. Esse pode ser bissexual, heterossexual ou homossexual. 

Pessoas transsexuais se vestem e se apresentam da forma como querem que o mundo as veja. Se está vestida de mulher, é respeitoso referir-se à pessoa como mulher, e assim por diante: a transsexual.

Se o desejo sexual de um homem se dirige à outro homem e eles se reconhecem no mundo como homens, não existe nenhum motivo para achar que eles sejam mulheres ou algo parecido. 2 homens que se amam são apenas 2 homens que se amam, nada além disso. Essa é a única explicação que toda a sociedade, inclusive crianças, precisam receber.

Informação é o caminho para o fim do preconceito. E infelizmente o preconceito ainda é muito grande.

A violência contra transexuais é gigantesca no Brasil e suas vidas são extremamente influenciadas por esses preconceitos. Tanto que a grande maioria dos transsexuais se prostitue, não os resta muito além dessa opção profissional. E é por isso que sou à favor da regulamentação da profissão de prostituta(o) no Brasil. Para que fazer de conta que esse grupo não existe quando o mesmo movimenta uma economia conhecida mundialmente. Que se garantem direitos trabalhistas básicos à esse grupo de trabalhadoras(es).

A foto que ilustra o post é forte. Michelle, de apenas 22 anos, assassinada enquanto fazia programa na Paraíba dia 16 de agosto deste ano. Morta pelo preconceito. Como ela inúmeras sofrem com violência todos os dias. 

Eu fico imaginando o que se passa na cabeça dos seus inquisidores. Pessoas que se dizem defensoras da moral e dos bons costumes, que repudiam qualquer comportamento diferente dos seus. Baseiam seus julgamentos no ódio, na ignorância e no preconceito. Pessoas que não contratam homossexuais, que não contratam travestis, que não os desejam na sua vizinhança ou na sua igreja. Como podem se dizer religiosos se, segundo a bíblia, Jesus mesmo acolheu a prostituta e repetiu que devemos amar à todos acima de tudo. Que amor é esse que tem cor de pele, orientação sexual ou profissão, específicos para serem exigidos. Isso não é amor, é hipocrisia, é burrice. 

Imagine o absurdo do meu texto, vir aqui falar de respeito para transsexuais quando no texto do Felipe da semana passada, muitos leitores comentaram desrespeitando uma mulher pelo seu estilo musical, suas roupas ou sua maneira de dançar. Estamos longe da civilização.

Respeitar:
Apesar das roupas,
apesar do número de parceiros sexuais,
apesar da forma de dançar,
apesar da orientação sexual,
apesar da identificação de gênero,
apesar da profissão, (nesse caso as prostitutas).
É pedir demais?

4 comentários:

  1. Estava indo muito bem até citar o texto falso-moralista do Felipe.

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    1. Marcos, o que mais tem e esse tal de "falso-moralismo".
      A gente sabe que se olhar atrás da cortina, as coisas são outras... Tanta hipocresia que me embrulha o estômago.
      Cansei... fui-me deste, para melhor!

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    2. Putz! Morreu! Deve ter sido a quantidade de erros em tão pouca escrita. Bateu o desespero.

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    3. mi fui deste brogue para mió...
      e coloque suas barbichas da hipocrisia em barde, com bastante aguinha sanitária.

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