POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO
Quem imaginaria, há pouco menos de dois anos, que a gente
ainda toparia com essa frase aí pelas redes sociais: “volta, Carlito”. O fato é que todos a temos
visto repetidas vezes nas últimas semanas. É a prova de que em política os
anúncios de fins de carreira são sempre exagerados.
Não há dúvidas de que o slogan está a ser repetido pelos seguidores do ex-prefeito –
o Partido dos Trabalhadores ainda mantém militantes mais fieis às ideias do que
aos empregos – mas é possível notar-se também uma mudança na percepção da população
joinvilense mais atenta à política local.
Carlito Merss tem vento favorável para resgatar de vez a imagem que construiu ao
longo da sua carreira e que viu ameaçada pela cassação dos seus direitos
políticos – já restituídos por decisão do Tribunal Superior Eleitoral – e pela sua
passagem pouco feliz à frente da Prefeitura de Joinville.
Os jogos políticos são sempre cheios de fluxos e refluxos, de alianças e
rompimentos, de acordos e desacordos. Mas em Joinville a coisa é levada ao
extremo: os interesses pessoais eliminam quase por completo a defesa de
qualquer ideário. Os aliados de hoje podem ser a faca nas costas de amanhã. É preciso estar sempre vigilante.
O ambiente é de tal forma infausto que ganha quem estiver do lado de fora.
É o caso de Carlito Merss que, por estar longe dos holofotes, fica fora do
alcance da mira dos seus adversários e críticos. E agora tem apenas que escolher a estratégia certa para restabelecer a sua imagem junto ao eleitorado.
Há alguns fatores capazes de beneficiar ex-prefeito na reconquista do seu
espaço. Um deles é não ter que, neste momento, conviver com
uma criptomídia ou paramídia que nunca disfarçou a sua hostilidade e que não
lhe deu um dia de sossego enquanto esteve à frente da Prefeitura de Joinville.
O segundo é a ajudazinha que a atual administração está a dar. O fato de ainda estar em marcha lenta e de deixar muitos eleitores preocupados mostrou que governar uma cidade como Joinville não é assim tão fácil. Nem mesmo com tudo a
favor, como é o caso. Aliás, parece ser o principal motivo para um revanchista "volta, Carlito".
Enfim, o ex-prefeito tem tudo para recuperar o seu capital de imagem. E talvez a
travessia do deserto não venha a ser tão longa quanto muitos vaticinaram. Diz o
velho ditado que prognósticos só no fim do jogo, mas os que consideraram Carlito Merss uma carta fora do baralho talvez tenham que repensar.
Duvido que ele queira tentar uma volta à Prefeitura. Mas como já disse alguém: em política só não vi porcos a andar de bicicleta.