segunda-feira, 5 de setembro de 2016
Eleições em Joinville: há os que partem com vantagem
POR JORDI CASTAN
O processo eleitoral brasileiro é complexo, como quase tudo
neste país. Nada esta feito para ser
simples e há uma fascinação pela complicação. O sistema partidário
tampouco ajuda, mas isso interessa muito a alguns e muito pouco a outros.
Quem disputa a reeleição parte com vantagem. E com uma larga vantagem, diga-se. As chances dos partidos pequenos e dos candidatos novos é muito pequena.
Vamos ficar no exemplo do varejo local. É um mundo político
que mais parece uma quitanda ou uma loja de secos e molhados. Qualquer prefeito
que queira se reeleger terá maior facilidade em atrair aliados se tiver
secretarias e cargos para oferecer em troca de apoio. Apoios que significam
tempo de televisão, mais recursos e mais visibilidade. Além da inegável vantagem
que representa o permanecer no cargo durante toda a campanha.
No Legislativo, cada vereador tem à sua disposição assessores parlamentares, que poderiam ser chamados “cabos eleitorais”, uma vez que apenas lutam desesperadamente para que seu candidato se reeleja. Desnecessário ter que explicar, ao leitor do Chuva Ácida, que na verdade lutam pelos seus próprios empregos. Manter por outros quatro anos o cargo de assessor parlamentar tem lá suas vantagens, ou deve tê-las pelo afinco com que trabalham pelos seus candidatos. Não é pouco. Mas há ainda a estrutura que a Câmara coloca à disposição de cada vereador. Difícil separar em que momento o prefeito esta sendo prefeito ou candidato, da mesma maneira é difícil saber quando o vereador esta exercendo seu mandato ou fazendo campanha.
No Legislativo, cada vereador tem à sua disposição assessores parlamentares, que poderiam ser chamados “cabos eleitorais”, uma vez que apenas lutam desesperadamente para que seu candidato se reeleja. Desnecessário ter que explicar, ao leitor do Chuva Ácida, que na verdade lutam pelos seus próprios empregos. Manter por outros quatro anos o cargo de assessor parlamentar tem lá suas vantagens, ou deve tê-las pelo afinco com que trabalham pelos seus candidatos. Não é pouco. Mas há ainda a estrutura que a Câmara coloca à disposição de cada vereador. Difícil separar em que momento o prefeito esta sendo prefeito ou candidato, da mesma maneira é difícil saber quando o vereador esta exercendo seu mandato ou fazendo campanha.
Para os outros candidatos, especialmente para os dos partidos
menores, o caminho é longo e duro. Faltam recursos, tempo de televisão e rádio e
não ha cargos que oferecer. Não tem como obrigar que os
detentores de cargos comissionados façam campanha em seus carros ou participem
ativamente de caminhadas e mobilizações. Há que afirme que há até uma lista
informal de presença, que se faz um controle severo de quem participa e de quem
faz corpo mole.
A verdade é que as melhores propostas até agora estão nos programas e discursos dos que nada têm a perder. São os candidatos que podem permitir-se o luxo de dizer a verdade. Entre os três candidatos que estão na frente nas pesquisas e que têm as maiores estruturas de campanha e tempo de mídia não há nada novo. Não esta com eles a parte interessante da campanha, até porque o que se escutou e viu até agora é mais do mesmo. Há só cheiro de ranço, de “deja vu”.
Os discursos são cada vez menos convincentes. Estão órfãos de ideias novas e só contam com a vantagem que o sistema lhes proporciona para ganhar uma corrida que é desigual desde muito antes de começar. Ruim para o eleitor, pior para Joinville.
A verdade é que as melhores propostas até agora estão nos programas e discursos dos que nada têm a perder. São os candidatos que podem permitir-se o luxo de dizer a verdade. Entre os três candidatos que estão na frente nas pesquisas e que têm as maiores estruturas de campanha e tempo de mídia não há nada novo. Não esta com eles a parte interessante da campanha, até porque o que se escutou e viu até agora é mais do mesmo. Há só cheiro de ranço, de “deja vu”.
Os discursos são cada vez menos convincentes. Estão órfãos de ideias novas e só contam com a vantagem que o sistema lhes proporciona para ganhar uma corrida que é desigual desde muito antes de começar. Ruim para o eleitor, pior para Joinville.
sexta-feira, 2 de setembro de 2016
CHUVA ÁCIDA 5 ANOS - Arno Kumlehn
POR ARNO KUMLEHN
O Chuva Ácida é desses espaços que Joinville precisava e não tinha.
Um espaço para o debate, o contraditório, a polêmica. Um espaço para a construção da cidadania algo tão pouco praticado por estes lados. Um espaço plural e democrático em que todos tem espaço e vez algo pouco habitual em Joinville onde poucos estão acostumados a decidir por todos e nem ouvem, nem escutam as opiniões divergentes.
O Chuva Ácida veio e ficou. Veio para incomodar, para criar desconforto e para dar voz. Sou leitor desde seu inicio e até tenho publicado um ou outro texto.
Arno Kumlehn
é arquiteto
e urbanista
Brasil de Temer: uma tragicomédia em três atos
POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO
ATO 1 – O GOLPE
Machado – Rapaz, a solução mais fácil era botar o Michel.
Jucá – Só o Renan que está contra essa porra. ‘Porque não gosta do Michel, porque o Michel é Eduardo Cunha’. Gente, esquece o Eduardo Cunha, o Eduardo Cunha está morto, porra.
Machado – É um acordo, botar o Michel, num grande acordo nacional.
Jucá – Com o Supremo, com tudo.
Machado – Com tudo, aí parava tudo.
Jucá – É. Delimitava onde está, pronto.
É chato ter que voltar ao óbvio. Mas mesmo depois da divulgação dessa conversa entre os conspiradores, ainda há gente a rejeitar a tese de golpe. Foi golpe e pronto. Mas por que é importante essa caracterização? Ora, porque a manutenção de um golpe antidemocrático só pode ocorrer por arbitrariedades, negociatas e subtrações de direitos e liberdades. Afinal, como diz o povo, pau que nasce torto até a cinza é torta. Vem coisarada por aí, diria um joinvilense.
ATO 2 – A REAÇÃO AO GOLPE
As pessoas que se sentem usurpadas estão a reagir a quente. Mas o discurso dos defensores de Dilma Rousseff tem alguns erros de avaliação e mesmo algumas ingenuidades. Nada muda o fato de que o golpe foi consumado e Micher Temer é o presidente.
Erro 1: "A história vai julgar os golpistas".
A história não marca hora para vereditos. Aliás, alguém acha que os golpistas vão perder o sono por causa da história? Os caras assumiram a canalhice ao vivo e a cores e em rede nacional. É óbvio que não vão se sentir intimidados por essa coisa abstrata chamada história.
Erro 2: "O mundo está vendo".
Sim. Aliás, fora do Brasil todos sabem que é golpe. Mas o mundo tem mais com o que se preocupar. E se o Brasil volta a ser a velha república das bananas isso faz a alegria dos abutres estrangeiros, sempre prontos para o butim.
Erro 3: "Vai ter oposição".
Claro que vai. Quem teve que lutar pela democracia - essa que acaba de ser violentada - sabe que vai ser como nos tempos da ditadura. Fica meia dúzia a brigar. O resto vai para casa cuidar da vidinha.
ATO 3 – VÃO-SE OS ANÉIS, VÃO-SE OS DEDOS
É fatal. Temer vai governar. Mas a que preço? Para conseguirem manter os seus governos, Lula e Dilma tiveram que acender uma vela para deus e outra para o cramulhão. O problema de Temer é que o seu acordo é apenas com o cramulhão. E o tinhoso é neoliberal. A coisa vai doer para os mais desfavorecidos, claro.
O Brasil sai desse processo fraturado, desmoralizado e com as instituições enfraquecidas. Não havia pior maneira de começar a governar. Eis o erro. Os que hoje comemoram a ascensão de Michel Temer imaginam o fim da crise econômica. Tolice. Mesmo admitindo que o único ponto respeitável do governo de Temer é a sua equipe econômica.
O problema com o time de Henrique Meirelles é jogar no campo da austeridade. E do neoliberalismo, que já vive em descrédito nos países mais desenvolvidos. Não se trata de ser catastrofista, mas só alguém muito desligado da realidade pode achar que a crise brasileira vai acabar. Não vai. Por que razão o Brasil estaria na contramão da economia mundial?
Diagnósticos são perigosos, mas é natural haver números razoáveis no princípio. O problema é que folhas de Excel não enchem barrigas vazias. Ninguém duvida que o ataque vai ser sobre o social e os programas de distribuição de renda que, em grande medida, serviram para alavancar a economia ao longo dos últimos anos.
O futuro pode ser péssimo para os pobres, mas chegará uma hora em que os ricos também terão que pagar a fatura. Eis o perigo. Quando a pressão for generalizada, o que o governo pode fazer para se salvar, ainda mais nessa condição de ilegítimo? Negociar com o diabo e o diabo. E de cedência em cedência abre-se o caminho para a corrupção. Que, por ironia, era o que Dilma Rousseff ameaçava estancar.
É a dança da chuva.
Machado – Rapaz, a solução mais fácil era botar o Michel.
Jucá – Só o Renan que está contra essa porra. ‘Porque não gosta do Michel, porque o Michel é Eduardo Cunha’. Gente, esquece o Eduardo Cunha, o Eduardo Cunha está morto, porra.
Machado – É um acordo, botar o Michel, num grande acordo nacional.
Jucá – Com o Supremo, com tudo.
Machado – Com tudo, aí parava tudo.
Jucá – É. Delimitava onde está, pronto.
É chato ter que voltar ao óbvio. Mas mesmo depois da divulgação dessa conversa entre os conspiradores, ainda há gente a rejeitar a tese de golpe. Foi golpe e pronto. Mas por que é importante essa caracterização? Ora, porque a manutenção de um golpe antidemocrático só pode ocorrer por arbitrariedades, negociatas e subtrações de direitos e liberdades. Afinal, como diz o povo, pau que nasce torto até a cinza é torta. Vem coisarada por aí, diria um joinvilense.
ATO 2 – A REAÇÃO AO GOLPE
As pessoas que se sentem usurpadas estão a reagir a quente. Mas o discurso dos defensores de Dilma Rousseff tem alguns erros de avaliação e mesmo algumas ingenuidades. Nada muda o fato de que o golpe foi consumado e Micher Temer é o presidente.
Erro 1: "A história vai julgar os golpistas".
A história não marca hora para vereditos. Aliás, alguém acha que os golpistas vão perder o sono por causa da história? Os caras assumiram a canalhice ao vivo e a cores e em rede nacional. É óbvio que não vão se sentir intimidados por essa coisa abstrata chamada história.
Erro 2: "O mundo está vendo".
Sim. Aliás, fora do Brasil todos sabem que é golpe. Mas o mundo tem mais com o que se preocupar. E se o Brasil volta a ser a velha república das bananas isso faz a alegria dos abutres estrangeiros, sempre prontos para o butim.
Erro 3: "Vai ter oposição".
Claro que vai. Quem teve que lutar pela democracia - essa que acaba de ser violentada - sabe que vai ser como nos tempos da ditadura. Fica meia dúzia a brigar. O resto vai para casa cuidar da vidinha.
ATO 3 – VÃO-SE OS ANÉIS, VÃO-SE OS DEDOS
É fatal. Temer vai governar. Mas a que preço? Para conseguirem manter os seus governos, Lula e Dilma tiveram que acender uma vela para deus e outra para o cramulhão. O problema de Temer é que o seu acordo é apenas com o cramulhão. E o tinhoso é neoliberal. A coisa vai doer para os mais desfavorecidos, claro.
O Brasil sai desse processo fraturado, desmoralizado e com as instituições enfraquecidas. Não havia pior maneira de começar a governar. Eis o erro. Os que hoje comemoram a ascensão de Michel Temer imaginam o fim da crise econômica. Tolice. Mesmo admitindo que o único ponto respeitável do governo de Temer é a sua equipe econômica.
O problema com o time de Henrique Meirelles é jogar no campo da austeridade. E do neoliberalismo, que já vive em descrédito nos países mais desenvolvidos. Não se trata de ser catastrofista, mas só alguém muito desligado da realidade pode achar que a crise brasileira vai acabar. Não vai. Por que razão o Brasil estaria na contramão da economia mundial?
Diagnósticos são perigosos, mas é natural haver números razoáveis no princípio. O problema é que folhas de Excel não enchem barrigas vazias. Ninguém duvida que o ataque vai ser sobre o social e os programas de distribuição de renda que, em grande medida, serviram para alavancar a economia ao longo dos últimos anos.
O futuro pode ser péssimo para os pobres, mas chegará uma hora em que os ricos também terão que pagar a fatura. Eis o perigo. Quando a pressão for generalizada, o que o governo pode fazer para se salvar, ainda mais nessa condição de ilegítimo? Negociar com o diabo e o diabo. E de cedência em cedência abre-se o caminho para a corrupção. Que, por ironia, era o que Dilma Rousseff ameaçava estancar.
É a dança da chuva.
![]() |
Com Temer no poder, acabou a corrupção. Não é preciso urgência |
quinta-feira, 1 de setembro de 2016
CHUVA ÁCIDA 5 ANOS - Victor Vargas
POR VICTOR VARGAS
Na semana passada, fui convidado a escrever
sobre o Chuva Ácida. São cinco anos de aniversário de um blog independente que
não tem papas na língua. E foi logo dito: “pode falar mal, se for o caso”.
Conheci o Chuva Ácida em 2013, quando resolvi
colocar meus pensamentos políticos em um blog. Confesso que tive uma ponta de
ciúmes quando descobri que em Joinville já havia um blog sobre política, muito
mais interessante que o meu, tanto no texto quanto nas pessoas que ali
escreviam. Meu blog se chamou “Política100Vergonha” (nada criativo, eu sei).
Nada como uma chuva ácida. E principalmente tocando ácido em assuntos tão
delicados.
De lá pra cá, sempre que posso eu entro no
site e seleciono alguns artigos para ler. Fiquei lisonjeado por ter sido
convidado a escrever sobre um canal de comunicação que tanto admiro, bem como
as pessoas que ali escrevem. Fiquei feliz e preocupado. O que dizer? Como
abordar o assunto? Como traduzir em palavras, sentimentos que não têm tradução?
Nunca havia escrito assim, “por encomenda”.
Eu escrevo o que vem à minha cabeça e ao que
toca o meu coração. É difícil trabalhar de outra forma. Por isso mesmo não sou
escritor ou jornalista. Sou apenas um cara metido a escrever sobre as coisas
que me chamam atenção e reconheço que escrevo mal pra caramba. Mas não o Chuva!
Ali não. O ácido que sai dos dedos de seus colunistas não fere a mim. Mas com
certeza deixa muita gente corroída por aí.
Esse pessoal do Chuva já foi considerado um
bando de malucos, mas não! O que separa a maluquice da genialidade é apenas o
sucesso. Eles são visionários, são críticos e são ácidos. E o Chuva Ácida é um
sucesso! O Chuva Ácida me ajudou a esclarecer coisas sobre política, ecologia,
sustentabilidade e muito mais. Parabéns ao Chuva Ácida por esses 5 anos de
crítica ácida e precisa. Vocês vão ao ponto, colocam o dedo na ferida, fazem
sangrar, expõem a doença e deixam com que o leitor procure a medicação correta.
Que mais ácido caia desta chuva!
Victor Vargas é professor,
consultor de TI, analista
de sistemas e desenvolvedor
de software.
https://www.facebook.com/victor.vargas.de.andrade?fref=ts
Assinar:
Postagens (Atom)