Li a opinião de Apolinário Ternes no jornal A Notícia, onde defendeu o Colégio Santos Anjos por utilizar espaço público como estacionamento e não contive o desejo de responder publicamente. Respeito as palavras deste senhor e sua coragem em expor uma posição que contrária à da grande maioria e da própria legislação.
Porém, após lerem o texto de Ternes o que pensaram as mais de sete mil pessoas que passam pela avenida JK todos os dias utilizando o transporte coletivo? Eu consigo imaginar e expressarei isso buscando outros pontos de vista:
#A dona de casa, que trabalhou mais de oito horas em pé, enfrenta seu último desafio antes de chegar em casa: o trajeto. O que ela poderia pensar ao saber que alguém culpou o ponto de ônibus que ela utiliza todos os dias pela confusão na Avenida JK?
#O que o estudante que paga sua faculdade e uma das passagens mais caras do Brasil pensou? O que ele sentiu quando espremia-se dentro de um ônibus onde cada metro quadrado é disputado e como reagiu quando foi obrigado a esperar por mais de dez minutos dentro do coletivo, porque o corredor exclusivo de ônibus estava ocupado com carros parados, aguardando a saída dos alunos do colégio para o embarque.
#Também consigo imaginar um empresário, preso em seu carro no congestionamento enquanto vislumbra a linda passarela que cruza a avenida, talvez um homem com vários compromissos naquele dia, e que, por conta da fila dupla em frente ao colégio, só lhe resta ter paciência e aguardar.
São muitos casos. “Ah, o colégio chegou antes!” Opinião retrógrada que em nada respeita e valoriza a mobilidade urbana e apenas a trata com desdém e mero detalhe no cenário urbano. Os povos dos sambaquis estavam há muito tempo antes de nós todos, assim como os índios e outras populações. O respeito à história e a cultura é devido, mas isso não impede o crescimento e o favorecimento dos meios de transporte coletivo.
A escola fere sua imagem ao defender as vagas irregulares implantadas pela prefeitura. Culpabilizar o ponto de ônibus ou qualquer outra obra que vise o deslocamento de milhares de pessoas é no mínimo um equívoco absurdo. O senhor Apolinário Ternes precisa urgente estudar a legislação de trânsito e as políticas de mobilidade. Não é possível conceber a proposta de que se ganha por tempo de existência. É o cúmulo!
Queremos uma cidade que pense para todos, para o coletivo e que, acima de tudo, respeite as legislações vigentes.