POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO
Sabe
aquelas notícias que você tem que coçar os olhos para ver se não leu errado?
Aconteceu ontem. Estava a dar uma passada de olhos pelos jornais online quando me
deparei com o headline: “PSDB pede cassação de Dilma e a diplomação de Aécio
como presidente”. Hã? Pensei com os meus botões: deve ser uma piada. Mas não.
Uma
pesquisa em outros títulos permitiu confirmar. A notícia estava a se espalhar,
apesar de não ter muita repercussão. Talvez os comentadores (da imprensa,
blogosfera ou redes sociais) tenham sido apanhados de surpresa. A coisa era tão
apatetada que ninguém deve ter levado a sério. É provável que hoje, com mais
calma, falem no tema.
O
que pensar de uma situação dessas? Ora, que o mundo endoideceu e que esse pessoal
da oposição perdeu totalmente a noção de ridículo. Poderia ser apenas mais um
episódio para o bestialógico da política nacional, mas um olhar mais atento faz
perceber uma questão de fundo muito grave. É a total desconsideração da norma
democrática.
O
documento apresentado – a imprensa reproduziu excertos – tem passagens tristes.
Deixemos passar barato a acusação de uso da máquina pública ou abuso de poder
econômico. Mas a decência vai pelo ralo quando um candidato instrui os seus
advogados a alegar “legitimidade” porque a diferença do resultado das eleições
foi curta.
Em
que democracia um candidato derrotado se sente no direito de, por artimanhas de
tapetão, ganhar a presidência de um país? E com a justificação de que apenas
2,28% dos votos – uma “pífia vitória” – é uma diferença tangencial, podendo
simplesmente ser ignorada. Em que república das bananas esses caras querem
transformar o Brasil?
Podemos
achar pitoresco, divertido ou exótico. Mas é melhor ter cuidado. Sozinho, um
antidemocrata insano pode causar apenas riso. Mas um antidemocrata insano seguido
por outros iguais pode ser um perigo para a sociedade. Talvez alguém tenha que
criar o Bolsa Camisa-de-Força para trazer essa gente de volta à realidade.
É
como diz o velho deitado: “existe um prazer em ser louco que apenas os loucos
conhecem”.