segunda-feira, 4 de agosto de 2014
Apocalipse Now!
POR JORDI CASTAN
Como no filme de Francis Ford Coppola, Joinville está às
portas de uma situação apocalíptica. Os Quatro Cavaleiros do Apocalipse vêm cavalgando
nos seus corcéis e o resultado da sua passagem tem tudo para ser devastador.
A proposta de criar um grupo de trabalho para “estudar” a
Cota 40, no Conselho da Cidade, é o início do fim. A Cota 40 é uma marca emblemática
de uma cidade que nunca cuidou do seu verde, que avançou sobre fundos de vale, aterrou
mangues, desmatou e avançou sobre tudo em nome do progresso, mas que foi capaz
de preservar a Cota 40 como um ícone.
Se hoje temos algumas áreas verdes no perímetro urbano foi graças ao fato de, na década de 70, a Casan não conseguir bombear água acima dos 40 metros e a incompetência tecnológica da Casan garantiu a Joinville uma malha verde que, sem maiores sobressaltos, está preservada até hoje.
Se hoje temos algumas áreas verdes no perímetro urbano foi graças ao fato de, na década de 70, a Casan não conseguir bombear água acima dos 40 metros e a incompetência tecnológica da Casan garantiu a Joinville uma malha verde que, sem maiores sobressaltos, está preservada até hoje.
O joinvilense entendeu a sua importância, tanto que a LOM (Lei Orgânica do Município), a nossa constituição municipal, garantiu a sua
preservação no seu artigo 181, fazendo da Cota 40 uma referência de preservação
e um exemplo a ser seguido.
Agora um grupo dentro do Conselho da Cidade tem a ousadia de
propor, escondendo-se sob supostos “estudos”, a flexibilização da COTA 40, Há
inclusive uma proposta, na minuta da LOT, elaborada pelo IPPUJ e aproveitando um invento local denominado AUPAs, que na surdina, permitiria acabar a cota 40, substituindo-a por uma nova cota, a cota 50. Depois nada impediria que novos "estudos" propusessem que fosse criada uma cota 55 ou
60 ou 75. Uma vez rompido o conceito, nada impediria que “estudos técnicos”
propusessem novos números e Joinville perdesse o seu referencial verde mais
importante.
Se é para acabar com tudo, se o objetivo é, no nome do
progresso, propor uma nova Joinville, mais moderna, por que não recuperar o
projeto que propunha desmatar o morro do Boa Vista. Quem sabe instalar umas
carvoarias para aproveitar a lenha. E, com o barro do morro, aterrar o mangue?
Porque não propor que seja permitida a caça das procelosas capivaras e que seja
autorizada a venda de espetinho de jacaré na frente da Arena em dias de jogo?
Se a ideia é acabar com o pouco que ainda resta desta Joinville que teima em manter um mínimo de qualidade de vida e de verde, por que não fazer todo o estrago de uma única vez? Assim teríamos uma cidade plana, sem esses morros que tanto atrapalham, sem as arvores que perdem folhas e requerem podas e manutenção periódicas, sem esses manguezais que só servem para criar caranguejo e que poderiam converter-se em praias artificiais? O que nos impede?
Se a ideia é acabar com o pouco que ainda resta desta Joinville que teima em manter um mínimo de qualidade de vida e de verde, por que não fazer todo o estrago de uma única vez? Assim teríamos uma cidade plana, sem esses morros que tanto atrapalham, sem as arvores que perdem folhas e requerem podas e manutenção periódicas, sem esses manguezais que só servem para criar caranguejo e que poderiam converter-se em praias artificiais? O que nos impede?
Ah! O bom
senso. Sim, o bom senso nos impede fazer toda essa bobagem. Mas o bom senso tem escasseado
por estas terras e há gente que acha mesmo que agora que a Companhia Águas de
Joinville dispõe de bombas mais possantes, não há motivo para manter essa tal
de Cota 40.
Antes que esses aloprados levem seus “estudos” adiante
assine a petição “Não ousem tocar na Cota 40” compartilhe este texto, faça a
sua parte, não se omita, porque esse pessoal parece ter perdido a vergonha.
sexta-feira, 1 de agosto de 2014
Joenvile
POR CHARLES HENRIQUE VOOS
Cidadela Cultural Antarctica, Prédio do Antigo Fórum, Giassi no Mayerle Boonekamp. Bar Tigre, Igreja no Cine Palácio, fogo e estacionamento no Cine Colon. Banda Grossa. UFSC de um curso só, na Univille, na Prudente, no prédio do agiota estrangeiro. Curva do Arroz sem contorno ferroviário, com enchente e sem alunos. Palacete sem príncipe e Palmeiras morrendo. Binários que confundem. Planejamento que não planeja. Cultura sem cultura. Dança por 14 dias. Espelho d'água sem água. Bicicletas no passado, carros no presente. Antiga prefeitura com problemas atuais. Pichação é problema, ser crítico é coisa de não querer o bem da cidade. A Jumenta vai Falar. Joenvile. #issoéArena.
Elite fazendo elitices. Pobres a serem sempre pobres. Segregados, segregadores. Função social é coisa de atrasado. Mentirosos mentindo como se fosse verdade. Imprensa amiga. Margarina. Meritocracia. Bandido bom é bandido morto. Elevados, túneis e pontes. Desenvolvimento é crescimento. LOT, Cota 40 e Faixa Viária. Hospital sem água quente, gestor do privado no público. Público no privado, privado do público. Concessionárias de 40 anos. Passe nada livre. Busscar a falência. Saudosismo sem olhar pra frente. Povo ordeiro e trabalhador. Conservar. Bater o ponto. Acordar cedo. Rotina. Tudo de novo.
Ansiedade, dor, medo, estertor, preocupação.Tortura. Amargura, dor, tumulto. Aflição, angústia, aperto, apertura, ânsia, martírio, passamento, tormento, tortura, tribulação. Paixão, desespero, arranque, combate, piada, prurido, sufoco, termo, opressão, perigo, transe, paroxismo, últimas, absinto, atormentação, traspasso. Ciúme, decadência, declínio, queda. Fim.
quinta-feira, 31 de julho de 2014
Sem alternativa ao pedágio?
![]() |
| À esquerda, uma rodovia grátis. À direita, uma auto-estrada paga |
POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO
Há uma coisa que
eu, na minha ingenuidade constitucional, nunca entendi: a cobrança de pedágio
nas estradas brasileiras. Não se trata da cobrança ou não em termos absolutos.
Mas o fato é que se eu não tiver dinheiro para pagar o pedágio, então não posso
usar as estradas. Porque não há alternativas.
E é aí que entra
a minha ingenuidade constitucional. Se eu não tenho dinheiro para pagar e não
posso usar as estradas, onde está garantido o meu direito de ir e vir? Sou apenas um
cidadão comum sem grande conhecimento das leis, mas sempre tive em mente que a liberdade de locomoção é um
direito fundamental do cidadão. Ou não?
Nos países europeus onde há pedágio, por exemplo, as pessoas pagam para andar em auto-estradas com duas ou três vias,
com pistas em excelentes condições e eficientes sistemas de assistência em
viagem. Mas eis a grande diferença: se você não quiser pagar tem as
estradas nacionais, que são mais simples (e mesmo assim de qualidade) como alternativa.
Hoje tomo a
liberdade de mostrar essa foto que fiz um dia destes, numa viagem pelo interior de Portugal. Decidi viajar por uma
estrada nacional (construída e mantida pelo poder público) que em muitos pontos
seguia o mesmo traçado que a auto-estrada. Ou seja, por vezes você anda por uma estrada simples,
mas ao lado da auto-estrada.
Como o leitor e a
leitora podem ver, a estrada nacional por onde eu estava a circular tem pista
simples, mas com asfalto em boas condições. Logo à direita está a auto-estrada
e, bem ao canto da foto, um portal para pagamento automático que não obriga os
carros a parar. Ou seja, se eu não tiver dinheiro, continuo a poder ir e vir.
Por que toco no assunto? Porque é estranho, quando estou no Brasil, ter que pagar pedágio em estradas de vias simples (com dois sentidos). Não faz sentido. Em resumo, o que
pretendo é levantar a questão. Por que os brasileiros aceitam pagar pedágio
sem exigir alternativa? Será que entendem o cerceamento da liberdade de ir e vir como
natural?
quarta-feira, 30 de julho de 2014
Tá tudo errado
POR FELIPE SILVEIRA
Bato na tecla: tá tudo errado. Trânsito, poluição, condições de trabalho, sistema financeiro, educação precária, política rasteira, jornalismo conservador, violência, racismo, homofobia, machismo, especulação imobiliária, sucateamento do sistema de saúde, hábitos alimentares, polícia militar etc. A lista é imensa, mas nada vai mudar.
Não vai mudar enquanto você não se envolver.
Eu já escrevi sobre esse assunto aqui no Chuva Ácida, mas retomo pelo seguinte. Toda semana eu preciso escrever um texto para o blog, o que geralmente só acontece poucas horas antes da publicação. Nesta semana, por exemplo, eu poderia escrever sobre um assunto bem local, como as mudanças viárias em Joinville, que deixou meia cidade louca. Poderia escrever sobre o massacre promovido por Israel contra os palestinos. Manifestar minha indignação, pelo menos, já que a tarefa de escrever sobre o assunto não é fácil. Poderia escrever sobre a renúncia da voz dissonante no conselho da cidade, diante do teatro que é aquele espaço, usado para legitimar decisões que prejudicam muitos e beneficiam poucos – vão, inclusive, começar a discutir a Cota 40, que garante a preservação de nossos morros. Poderia escrever sobre a loucura que é a perseguição a ativistas em São Paulo. Até Bakunin, o filósofo russo, pilar do anarquismo, é considerado suspeito.
Aí, diante de tudo isso, a gente olha pro lado e vê o povo concentrado em dez séries de TV, em todos os grandes campeonatos europeus, na redução e enrijecimento dos glúteos, naquilo que podem consumir (e nada contra nada disso, pois também vejo séries, acompanho futebol e basquete, faço atividades físicas e só não consumo um pouco mais porque não tenho dinheiro). Diante de tudo isso não dá vontade de escrever algo que não seja este desabafo. Ou provocação, como queira.
Nada vai mudar enquanto você não pular catraca, não criar alternativas, não se juntar aos movimentos sociais e grupos políticos que propõem a transformação, não cobrar das pessoas que fazem errado para que façam certo. Quando você fizer isso, vai deixar de ser um agente ativo na manutenção de uma sociedade toda errada. Vai parar de achar que faz a sua parte ao fechar a torneira na hora de escovar os dentes. Vai ser um agente transformador dessa bagaça.
Meus mais sinceros votos por uma sacudida na sua vida.
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