terça-feira, 11 de março de 2014
Ucrânia: não simplificar o que é complexo
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Site do "The Telegraph" discute a questão da Crimeia |
POR JOSE ANTÓNIO BAÇO
Tem muita gente a reagir de forma pavloviana à
questão ucraniana e à situação na Crimeia. Há uma certa tendência de tentar simplificar o que é complexo. E todos os dias nos deparamos com posições rudimentares que
ignoram qualquer complexidade. Entende-se. É um tema que traz ecos da Guerra
Fria, uma época em que havia apenas dois lados e apenas uma ameaça (as armas atômicas). Nesse tempo era fácil escolher.
Mas essa lógica caiu de madura
faz décadas. Hoje há muitas variáveis a considerar. A primeira evidência é que União
Europeia, Estados Unidos e Rússia estão a defender os seus próprios interesses
e com isso a passar por cima dos interesses da população ucraniana. No entanto,
parece óbvio que a questão não será resolvida pelas armas (alguém acha que a UE e
os EUA querem entrar em confronto com a Rússia e vice-versa?). Falam mais alto
os argumentos econômicos.
Ninguém tem dúvidas de que a arma desta nova
Guerra Fria é o gás natural. O corredor ucraniano é essencial para abastecer a
Europa, por onde passa mais de 20% do gás que abastece o continente, em
especial os países mais a Leste, onde podemos destacar a Alemanha (que está a abrir mão da energia nuclear). Não por
acaso os preços do gás natural têm subido nos últimos dias.
Os interesses econômicos vão falar mais alto
(mas não devemos desconsiderar os interesses da indústria bélica). Mas isso não resume
a questão. Há uma divisão: o atual governo da Ucrânia quer entrar para a União
Europeia. O povo ucraniano, cansado da pobreza e da corrupção dos seus
governantes, acredita ser esse o caminho para a instalação de um verdadeiro
estado de direito. Mas há aqui uma questão de credibilidade.
Um problema sério é que o atual - e interino -
governo ucraniano, formado há poucas semanas, abriga elementos de extrema
direita (neofascistas mesmo), em pontos essenciais como a ordem pública, defesa
ou justiça. Se continuarem a ganhar posições, podem vir a representar um
perigo para a frágil democracia ucraniana e para próprias democracias
europeias. É mais um complicador.
Também é importante não esquecer que os
ucranianos têm um rancor histórico em relação aos russos, por causa do autêntico
holocausto ocorrido durante o estalinismo: há quem fale em sete milhões de
ucranianos mortos sob o regime sanguinário de Joseph Stalin, na época da União
Soviética. Portanto, há uma dívida de sangue que os ucranianos não esquecem. Mais uma complicação.
Mas a grande pedra no sapato é a estratégica Crimeia,
uma região com dois milhões de habitantes, dos quais 60% são russos e querem a
anexação à Rússia. Os ucranianos representam apenas 26% da população, seguidos
dos tártaros, que perfazem cerca de 12%. Estes dois últimos grupos tendem para
a defesa da adesão à União Europeia, mas como todos sabemos, os russos já
hastearam a bandeira no território.
Portanto, o que temos são enormes indefinições. E quem, no Brasil, tomou uma posição com base em ideias simples
(do tipo “não gosto do Tio Sam, então sou a favor de Putin” ou vice-versa) está
a se precipitar. A coisa é muito mais complicada. Infelizmente, esse é um filme
onde os protagonistas parecem ser todos bandidos. E o povo ucraniano, que parece
andar à mercê dos humores dessa gente, é que está a pagar a conta.
Em tempo. Alguém já imaginou que o Brasil pode
sair beneficiado dessa confusão toda? A coisa é bastante linear: a dependência
dos combustíveis russos é um pesadelo para a Europa, que há tempos pensa em
alternativas. Uma delas pode ser o oceano Atlântico, que permite ligar a países
democráticos, ricos em recursos energéticos e integrados no comércio mundial. É
onde está o Brasil.
segunda-feira, 10 de março de 2014
Na Copa, Joinville sai na frente
POR JORDI CASTAN
Joinville consegue atrair a atenção mundial. A própria Fifa deve enviar um representante para a inauguração do Parque da Copa em abril. Joinville marca um gol de placa, ao modificar o projeto original do Porta do Mar para o Parque da Copa, uma jogada de marketing turístico: saber aproveitar o momento e projetar Joinville como a primeira cidade do Brasil a fazer um parque para a Copa.
A ideia de construir uma trave olhando a Baía de Saguaçu e encher o chão com réplicas em concreto da "Brazuca" é uma das boas iniciativas da administração municipal. Criatividade em modo “on”. Apesar de que nenhuma das seleções participantes escolheu Joinville como sede, temos a oportunidade de emplacar na mídia internacional.
Pena que os "parques" do Fonplata sejam a imagem de como funciona (ou melhor, como não funciona) o serviço público em Joinville. Obras caras, orçamentos estourados, atrasos no cronograma que se alastram sem solução pelas várias administrações. E que, depois de inaugurados de forma precária ou incompletos, em poucos meses apresentam um estado de abandono e de deterioro lastimável e injustificado. Fixar data de inauguraçao para um desses parques é um mico tal que não há uma que não tenha sido remarcada em mais de uma ocasião.
O plantio de árvores não atende nem as especificações técnicas de altura, DAP (diâmetro a altura do peito) ou a formação adequada da galhada. E se fosse pouco, ainda há quem ache que manutenção de parques e praças se reduz à roçada periódica do mato que toma conta dos canteiros. O resultado desta evidente falta de competência técnica para assumir uma responsabilidade como esta - ou a visão excessivamente simplista da gestão de verde urbano - é o quadro que aí está: parques abandonados, mato tomando conta, plantas mortas que não são substituídas. E em pouco tempo os parques se degradam e se convertem em espaços ocupados por marginais durante boa parte do dia. O resultado é dinheiro público jogado pela sarjeta e parques e praças que não atendem o objetivo para que foram projetados.
O pior é que entra governo, sai governo e o tema parques e praças se mantêm inalterado.
sexta-feira, 7 de março de 2014
quinta-feira, 6 de março de 2014
Por um país SEM publicidade infantil
POR FERNANDA M. POMPERMAIER
Mas, digamos que algumas dessas escolhas podem ser mais facilmente tomadas quando boa parte da sociedade tende para o mesmo sentido. Um exemplo: publicidade infantil.
Sempre detestei propaganda direcionada ao público infantil. Acho sujo, desonesto, inapropriado, para dizer pouco. No Brasil a propaganda é pesada, todos sabemos. Brinquedos, alimentos, roupas de cama, sucos, acessórios... todo tipo de baboseira desnecessária. E mesmo que os pais se esforcem e paguem tv por assinatura, muitos canais infantis também tem propaganda. Direcionada à um público, diga-se de passagem, que ainda não tem capacidade de identificar exatamente o que é supérfluo e o que é necessário e que ainda está a desenvolver suas concepções sobre o mundo real e o da fantasia. Não é uma conversa entre iguais. É uma conversa entre uma poderosa empresa que deseja vender mais e mais e um ser inocente facilmente manipulável.
No supermercado são centenas de produtos licenciados que enchem os olhos das crianças de cores e a barriga de gordura saturada. Turma da mônica, Bob Esponja, princesas, todo mundo empenhado em vender produtos duvidosos com carinhas atraentes.
Produto licenciado também deveria ser proibido.
Os amantes do liberarismo dirão que o mercado se regulamenta e que esse é um problema dos pais. Que quem tem o dever de dosar o tempo de tv, a quantidade de propagandas que a criança assiste ou os produtos que compram são os pais. O que é uma estupidez sem tamanho, que minimiza bastante o problema e o torna até quase impossível de solucionar, tirando totalmente o principal responsável de jogo: o estado.
É dever do estado proteger as crianças. E não expor crianças à propagandas é protegê-las.
Na Suécia anúncios televisivos para crianças abaixo de 12 anos são PROIBIDOS. Simples assim. Não existem. Minha filha não me pede coisas que não precisa, eu não preciso conversar com ela sobre o motivo pelo qual não compraremos uma mochila nova das princesas e tudo fica bem mais fácil, não é?!
A escolha de não criar uma pequena (ou grande) consumista é minha, mas que fica bem mais fácil de colocar em prática na Suécia em comparação ao Brasil, ou à França, ou aos Estados Unidos. Não é um problema só nosso. Mas é um problema que já foi resolvido em alguns países nos quais podemos nos espelhar.
Para proteger as crianças: ZERO publicidade infantil.
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