sexta-feira, 6 de setembro de 2013
É isto um homem?
A pergunta do italiano Primo Levi, sobrevivente de
Auschwitz, acerca dos campos de concentração nazistas e que dá título a este
texto, é válida também para outras experiências concentracionárias, dos gulags
soviéticos às prisões americanas de Abu Grahib e Guantánamo; do Carandiru ao
Presídio de Joinville ou um hospício em Barbacena: ainda é
possível chamar-se homem alguém de quem se usurpou todos os traços de
humanidade? Instituições asilares são, por sua natureza, não apenas espaços de
sequestro e exclusão, mas de desumanização.
Referindo-se aos que passaram pelos campos nazistas, o
filósofo italiano Giorgio Agamben afirma que a condição paradoxal em que
viviam, “privados de quase todos os direitos e expectativas que costumamos
atribuir à existência humana e, todavia, biologicamente ainda vivos”, os
assemelhava à condição de homo sacer
– o “homem sacro” – do antigo direito romano, cuja “vida nua”, desprovida de
valor e “indigna de ser vivida”, pode por isto ser eliminada “sem que se cometa
homicídio”.
Acredito que Agamben
não está a se referir apenas a eliminação física – a morte no sentido estrito
–, mas também a outras formas de extinção contidas no próprio ato do internamento.
Uma vez privado de sua liberdade e submetido à tutela contínua, o interno torna-se
parte de uma intrincada e totalitária rede de poderes; ele passa a ser um “homem
sem mundo”, cuja existência se confunde com a da instituição a qual
forçosamente pertence. Vive, na feliz definição do sociólogo americano Gresham
Sykes, em uma “sociedade dos cativos”, onde prevalecem outros laços de sociabilidade
e valores morais. São territórios
heterotópicos, “sociedades dentro de outra sociedade”, relativamente autônomos
em seu funcionamento e, mesmo que às vezes próximas de nós geograficamente, distantes
em suas estruturas e relações de poder. Frequentemente o processo de
desumanização – jurídica, simbólica, etc... – é acompanhado da degradação
física pela submissão aos mais infames suplícios corporais, a tortura entre
eles.
No Brasil, historicamente,
a tortura tornou-se prática banal: são indistintamente sujeitados à conjugação
de dor física e humilhação moral que a caracteriza, velhos internados em
asilos, doentes mentais em hospícios, prisioneiros maiores e menores de idade.
Autorizados pela indiferença da maioria, torturadores com e sem diploma, anônimos
ou não, atravessam em particular a história recente do país, e são o testemunho
de que nosso passado autoritário ainda nos pesa como um fardo.
UM PROJETO
CIVILIZADOR – No começo de agosto foi sancionada pela presidenta Dilma Rousseff
a Lei nº 12.847, que cria o Sistema Nacional de Prevenção e Combate à
Tortura (SNPCT).
Fruto do Projeto de Lei 2422/2011, ela prevê a criação do Comitê
Nacional de Prevenção e Combate à Tortura e o Mecanismo Nacional de Prevenção e
Combate à Tortura. Por meio dela, os membros do Comitê podem visitar, sem aviso
prévio – detalhe fundamental –, presídios, penitenciárias,
delegacias, casas de custódia, instituições socioeducativas, hospitais
psiquiátricos e asilos, a fim de apurar violações dos direitos humanos,
principalmente a prática da tortura. Se constatadas violações, os diretores terão
um prazo determinado para implementar as medidas necessárias para coibi-las.
Como sempre, não há garantias de que a lei produza efeitos
práticos, certamente não a curto prazo. Afinal, as vítimas de torturas,
especialmente se delinquentes e criminosos, costumam não contar com a solidariedade dos autoproclamados
homens e mulheres de bem. Mas ela representa um passo importante em direção
a uma política de intolerância para com a violência institucional, algo que
vinha se desenhando desde o primeiro Plano Nacional de Direitos Humanos,
sancionado pelo presidente FHC em 1996, e reafirmado nas duas edições
subsequentes, de 2002 e 2010.
Há razões de sobra para, mais que apenas comemorar, cobrar
do governo a efetiva aplicação da lei. Por um lado, principalmente as prisões convivem com os resquícios da
ditadura e a resistência às políticas de Direitos Humanos no interior de seus
sólidos muros. Há um incômodo e reincidente descompasso entre as instituições prisionais
– e também as policiais – e a democratização, fazendo destas imensos
reservatórios da arbitrariedade e da violência cultivadas durante a ditadura
civil militar. É como se o gradual desmonte do aparato repressivo não tivesse
alcançado o interior das penitenciárias, presídios, delegacias e quarteis de
polícia.
Além disso, o
abrandamento da violência institucional não afeta apenas os presos. Não foram
poucas as vezes em que ouvi, durante os intervalos dos cursos que ministrei na
Escola Penitenciária do Paraná, os agentes penitenciários queixarem-se de que são
vítimas de um estigma não muito diferente dos prisioneiros. Eles reconhecem que
a convivência diária com a violência, mesmo que às vezes apenas latente, também
os marca de maneira indelével. Não são apenas os sentenciados que convivem com e
internalizam os valores e experiências da “sociedade dos cativos”. O processo
de desumanização, comum à experiência asilar, é democrático e aspira à
igualdade.
Combater até abolir
a tortura é um dever que temos, e não apenas com nossos internos – sejam eles
velhos, doentes, loucos, menores infratores, prisioneiros. Um mundo sem a violência
institucional e institucionalizada é desejável. Talvez, com a aprovação do SNPCT, estejamos dando um passo importante
para torná-lo também possível.
quarta-feira, 4 de setembro de 2013
A famosa (e desnecessária) palmada educativa
POR FERNANDA M. POMPERMAIER
Eu vivo num país onde a palmada educativa é crime.
Crime mesmo, caso de polícia.
Como professora de educação infantil sou orientada a denunciar se alguma criança me contar: "papaí/mamãe deu um tapa no meu bumbum!". Correndo o risco de ser considerada cúmplice do crime se não denunciar. Isso acontece porque:
1. Para ir de uma palmada para algo mais - até espancamento, não é tão difícil. (Ainda mais considerando o tanto que o povo gosta de beber por essas bandas...)
2. É desnecessário. Verdade. É realmente, realmente, realmente, desnecessário. E lógico, prejudicial ao crescimento psicológico e social da criança.
Eu trabalhei 6 anos na educação infantil de Joinville e trabalho há um ano no sistema sueco. É lógico que são inúmeros os fatores que determinam as diferenças que eu percebo no dia-a-dia, mas vou arriscar a afirmar que: quanto mais calmo e respeitoso o ambiente, consequentemente mais calmas e respeitosas são as crianças. E aqui tudo é muuuuito mais calmo. As crianças tem liberdade de serem crianças, fazerem coisas de criança, sem stress.
Existem regras, claro. A maioria das famílias tem horários bastante fixos para jantar, tomar banho, organizar a casa, cada um limpar a sua bagunça, etc... essa responsabilidade é esperada e desejada das crianças. E elas fazem porque são convencidas a fazer, tratadas com carinho e respeito pelos adultos. Ninguém obriga as crianças a nada. O ambiente geralmente é de elogio, motivação e colaboração mútua.
Me recordo que no Brasil usávamos muito "não", e tínhamos uma rotina um pouco estressante, para professoras e para crianças.
Se as crianças são educadas com respeito, elogio e carinho, é isso que elas tem a oferecer também aos outros. Se elas são criadas com violência, e a palmada É uma violência, acabamos legitimando a agressão física como uma forma válida de relação. O que não é verdade.
Nenhum conflito deve ser resolvido com violência física.
Se violência física é o que você recebe do seu cuidador, a pessoa que deveria representar segurança, equilíbrio, confiança, isso demonstra claramente para a criança que em alguns momentos podemos sim, partir para a agressão. Dependendo do tamanho da frustração ou da raiva que sentimos.
![]() |
Conversar - com afeto e fiirmeza. |
É possível educar crianças, e o fazê-lo muito bem, diga-se de passagem, sem palmadas.
A receita?: Amor. Verdade. Parece clichê, mas funciona. Muitas vezes a criança que agride, provoca, faz escândalo, está querendo atenção.
Afeto com regras é a melhor receita para lidar com crianças. Regras e limites são fundamentais, ensinam a viver em sociedade com respeito ao espaço próprio e do outro. As crianças precisam disso, transmite segurança. Mas essas regras/limites precisam ser explicados com amor. Usando palavras curtas, voz firme, olhando no olho e demonstrando respeito para a compreensão da criança. Sem esquecer de elogiar depois.
Para tanto é necessário que existam momentos de aprendizado e esses acontecem quando se disponibiliza tempo com qualidade, 100% disponível à criança, não um olho no celular e outro nao filho. É estar com ele por completo naquele momento e oportunizar situações em que a criança se sinta frustrada, perca ou tenha de esperar... são preciosos momentos para educar.
A receita?: Amor. Verdade. Parece clichê, mas funciona. Muitas vezes a criança que agride, provoca, faz escândalo, está querendo atenção.
Afeto com regras é a melhor receita para lidar com crianças. Regras e limites são fundamentais, ensinam a viver em sociedade com respeito ao espaço próprio e do outro. As crianças precisam disso, transmite segurança. Mas essas regras/limites precisam ser explicados com amor. Usando palavras curtas, voz firme, olhando no olho e demonstrando respeito para a compreensão da criança. Sem esquecer de elogiar depois.
Para tanto é necessário que existam momentos de aprendizado e esses acontecem quando se disponibiliza tempo com qualidade, 100% disponível à criança, não um olho no celular e outro nao filho. É estar com ele por completo naquele momento e oportunizar situações em que a criança se sinta frustrada, perca ou tenha de esperar... são preciosos momentos para educar.
São os pais que estabelecem o limite nas técnicas de correção da criança. Se os pais gritam, a criança sabe que o limite dos pais é o grito e enquanto eles não gritarem ela não vai parar. Se o limite dos pais é "sentar na cama para pensar", o famoso cantinho do pensamento, a criança entende que ali é o extremo e que agora deu. Se os pais batem, toda essa lógica pula adiante e a criança não pára com cantinho do pensamento, nem com gritos, ela continua até apanhar. Cria-se um círculo vicioso. Pense qual o seu limite na educação do seu filho e com isso em mente não se deixe estressar. Por uma relação o mais saudável possível.
É claro que em se tratando de seres humanos, nenhuma conta é exata, vamos de tentativa e erro.
Mas o caso da palmada é certo, não precisa. Educa-se melhor sem ela.
Mas o caso da palmada é certo, não precisa. Educa-se melhor sem ela.
Foto:link.
Um passo de cada vez.
GABRIELA SCHIEWE
Em momento algum estou aqui dizendo que se trata apenas de marketing e que o JEC não está rumo à Série A do futebol brasileiro. No entanto sou adepta da ideia de um passo de cada vez, até para não repetirmos erros ulteriores e bem recentes.
Antes de qualquer coisa, o JEC deve somar o maior numero de pontos e se firmar no G4, após estar mais consolidado nesta situação, aí vislumbrar o proximo passo, qual seja brigar e lutar efetivamente pelo acesso à divisão de elite do nosso futebol.
É aquela velha história, as metas devem ser traçadas, porém para atingir a meta principal, se faz necessário cumprir mini metas, pois se falhar nas mini metas, o principal ficará deveras comprometido.
E a mesma tônica serve para o outro tricolor da cidade, a Krona Futsal. Um passo de cada vez. Sexta, agora, se firmar em primeiro do grupo nesta fase classificatória.
Já, na fase eliminatória, bom parece besta, mas é isso mesmo, a fase é de eliminação, portanto é encarar cada jogo como se fosse final de campeonato, porquanto queridissimos, caso não vençam etapa por etapa, a verdadeira final está fadada ocorrer muito longe do Palco da Dança e não é o que objetivamos, não é mesmo?
Aquela frasezinha padrão, "dar o passo maior que a perna", ou "colocar a carroça na frente dos bois", deve ser muito bem analisada e compreendida por nossas equipes que, potencial ambas tem de atingir o seu objetivo maior, a grande meta, as não podem esquecer de subir degrau por degrau.
Se tentar subir mais de um numa só vez, cuidado, a chance de pisar em falso é grande!
Para finalizar, o JEC vinha de uma sequência de vitórias e ontem escapou por detalhe, empate dentro de casa. Não tem problema, vamos la em busca do prejuízo, sim foi prejuízo perder 2 pontos em casa e pensar somente no jogo seguinte, e só!
A Krona venceu Jaraguá no Estadual e sexta-feira joga pela Liga em busca de garantir a primeira colocação no seu grupo.
"Não temos de nos tornar heróis do dia para a noite. Só um passo de cada vez, tratando cada coisa à medida que surge, vendo que não é tão assustadora como parecia, descobrindo que temos a força para a superar." - Eleanor Roosevelt
terça-feira, 3 de setembro de 2013
Assinar:
Postagens (Atom)