sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Pelo fim do estelionato eleitoral


POR LEONEL CAMASÃO*

O Código Penal Brasileiro define o estelionato como um crime de ordem econômica. O famoso artigo 171 define o estelionato como a ação de obter para si ou para outro, vantagem ilítica, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil ou qualquer outro meio fraudulento". 

Esta definição, mesmo que se refira ao campo econômico, cabe muito bem nas últimas movimentações eleitorais do PSD em Joinville. 

Mesmo após o PSOL, o qual presido, negar apoio nem a Kennedy nem a Udo por motivos meramente ideológicos, a campanha do PSD encomendou um lote de 200 adesivos, como o da imagem no fim do texto. Mesmo não dizendo  diretamente que o PSOL apoia o PSD, o adesivo mais confunde do que explica, induzindo o eleitor ao erro. Ou seja, fazendo com que o eleitor pense que o PSOL apoia Kennedy no segundo turno. O que é uma bela mentira. O artifício também nos programas de rádio e televisão do candidato do ex-PFL/ex-DEM/ex-ARENA. 

As atuais pesquisas já apontam uma vitória folgada de Kennedy sobre Udo. Não há necessidade deste tipo de prática nefasta para ganhar votos. São essas ações que revelam que "a nova política" do PSD e de Kennedy são apenas retórica. Se a campanha já está assim, imaginem o governo, ainda mais depois das adesões de Carlito e Tebaldi.

Kennedy não é original neste propósito. O candidato derrotado à Presidência da República pelo PSDB em 2006, Geraldo Alckmin, também fez adesivos em alusão à candidata do PSOL na época, Heloísa Helena. "Sou Heloísa e voto Geraldo 45 Presidente" dizia o adesivo, mesmo após o partido definir o voto nulo naquela eleição. 

Alckmin quase foi processado pelo PSOL e pelo PDT (ele também fez um adesivo fraudulento em relação à campanha do Cristóvão Buarque). O caso só não foi parar nos tribunais porque o PSDB tirou o material de circulação. 

E sabe o que Alckmin ganhou com isso? Nada. Ele conseguiu a proeza de ser o único candidato a presidente na história do Brasil que fez menos votos no segundo turno do que no primeiro. Isso mesmo. O tucanóide perdeu 2,4 milhões de votos de um turno para outro. Infelizmente, o ser ainda é governador de SP nos dias de hoje. 

Esperamos sinceramente, que este tipo de abuso não volte a ocorrer. São tempos novos. As redes sociais possibilitam uma maior comunicação entre as pessoas. Este tipo de estelionato passava despercebido. Antes. Agora, não passará mais. 




Leonel Camasão é diretor do Sindicato dos Jornalistas e ex-candidato a Prefeitura de Joinville pelo PSOL.

Anjos da Guarda!


A coligação KCT e a merda

POR GUILHERME GASSENFERTH

Fisiologismo. Você sabe o que é, leitor joinvilense? É o nome chique para se falar de troca de favores, ações e projetos para benefício de interesses individuais (sempre em detrimento dos coletivos), nepotismo e oferta de cargos a apoiadores sem competência.


Nosso maravilhoso idioma deu-nos a possibilidade de juntar todas estas porcarias sob um só substantivo: fisiologismo. Não é à toa que nos remete a necessidades fisiológicas, que associamos ao que, coloquialmente, conhecemos por MERDA. 

Perdoem-me os bem educados e os recatados, mas é de merda mesmo que vamos falar. O que é esta aliança que se formou nas eleições de Joinville? O papel de fisiologista que, nos últimos anos, coube ao PMDB, local e nacionalmente, agora mudou de mãos radicalmente. Kennedy Nunes, um lunático que viveu a sua vida às nossas custas e nunca trouxe benefícios aparentes de seu “trabalho” (doeu escrever isso!) como legislador em 24 anos, juntou-se a dois candidatos que outrora (semanas atrás) desprezava: Carlito Merss e Marco Tebaldi.

Bem, de Tebaldi o que poderíamos esperar? Não bastasse ter feito merda no governo municipal (que ironia para um engenheiro sanitarista!), ter cometido o maior crime ambiental da história de Joinville e ter destruído a educação pública estadual, Marco Tebaldi se achou no direito de sair candidato de novo. Bem, pelo menos agora a população deu o troco: 4º lugar nas urnas. Volta, Tebaldi, pra Erechim!

De Carlito Merss eu gosto. Não acho que tenha feito um ótimo governo, mas o julguei satisfatório e acredito que, num segundo mandato, corresponderia às expectativas dos quase 200 mil eleitores que votaram nele, em 2008. Mimimis à parte, não deu pra ele! Vítima de uma imprensa alimentada a jabá, da impopularidade de obras como saneamento básico e da incompetência de vários de seus liderados, Carlito amargou a derrota e não conseguiu o visto da população para continuar no gabinete da Hermann Lepper, 10.

Parece que a derrota não lhes caiu bem, fazendo mal não só pro fígado, mas, principalmente, pra cabeça. Em menos de 10 dias, após a eleição, estes dois candidatos, derrotados, declaram apoio a Kennedy. Juntos, formam a sigla KCT, cunhada brilhantemente pelo nosso coblogueiro Sandro. Essa sigla é perfeita.

A coligação oportunista pra KCT seria inadmissível num sistema político sério. Bem, como falamos em seriedade, já dá pra tirar Tebaldi e Kennedy. Não tínhamos como esperar coerência ou bom senso destes dois: coerência e bom senso versus Tebaldi e Kennedy são como água e óleo. Kennedy rasgou todo o seu discurso (tão frágil que deve ter lhe bastado um peteleco) e recebeu apoio de seus alvos favoritos. Como é lindo o divino poder do perdão!

Mas Carlito Merss e o PT apoiando Kennedy Nunes? Foi um golpe duro na artéria da moralidade. É tão incompreensível quanto a galinha associar-se à raposa. Quando assumiu, Carlito foi vítima dos verborrágicos e teatrais lamentos de Kennedy Nunes, o qual retirou o apoio que ajudou Carlito a ser eleito. Mudando de lado num passe de mágica - como é próprio dos pessedistas - digo, oportunistas. Kennedy manteve relação beligerante com nosso ainda atual prefeito. Por quatro anos, Carlito foi bombardeado nas páginas do jornaleco de risível credibilidade que dá suporte ao deputado-cantor e foi corroído pela ironia destilada, como veneno, por Kennedy.

A união de PT e Kennedy seria cômica, não fosse trágica. Não é apenas pelo esquecimento das diferenças de dias atrás, mas, principalmente, pela incompatibilidade de posicionamentos, crenças e ideologias (foi duro escrever esta palavra). Na história, PT é esquerda e PSD é direita. O PT combatia o PSD. O PT tratava o PSD como o diabo! O PSD torturava e o PT buscava anistia. Como pode o PT do Lula, que ali, na praça Dario Salles, mandou extirpar os Bornhausen de nossa política, estar quatro anos depois, associado ao partido deles?

PT e PSDB, ambos nascidos do MDB, lutaram juntos pela redemocratização, pelos direitos humanos, pela anistia, pelas diretas, pela liberdade. Hoje, PT e PSDB juntaram-se à ex-ARENA não para defender ideais, mas cargos; não por um projeto político, mas por um projeto de poder; não pelo povo, mas contra o povo. É a tetodependência, como disse o Baço.

O asco que sinto neste momento é tanto que eu rasgo o que escrevi na última sexta-feira e tomo partido publicamente: anti-KCT. Eu não posso apoiar esta composição esquisita que estão fazendo debaixo dos nossos narizes, diante dos nossos olhos. Dar meu voto a eles é legitimar o ilegítimo e dizer sim ao fisiologismo. Pelo menos, juntaram-se as moscas sobre a merda. Fica claro de que lado é preciso ficar. À política nojenta, eu digo um claro e sonoro NÃO! Fica declarado, em alto nível e bom tom, meu voto em Udo Döhler.

Espero que, no dia 28, a população joinvilense (em quem eu vi alguma esperança após o quarto lugar do Tebaldi) faça, nas urnas, o papel que Lee Harvey Oswald fez nas ruas e mate, politicamente, Kennedy Nunes. 

RECOMENDO A TODOS QUE ASSISTAM À COERÊNCIA DO KENNEDY NUNES NESTE VÍDEO: http://www.youtube.com/watch?v=fPzXseuxvco

CENSURADO PELO FACEBOOK - aproveito também para mandar o link da imagem que foi censurada pelo Facebook e tirada do ar (deve estar incomodando), que mostra o deputado usando diárias de R$ 670,00 para prestigiar seus filhos no colégio. https://fbcdn-sphotos-c-a.akamaihd.net/hphotos-ak-ash3/c0.0.403.403/p403x403/578559_375584732521078_167615277_n.jpg 

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Adolescente deixa mensagem antes do suicídio


ET BARTHES
Um mês antes de cometer suicídio, na semana passada,  no Canadá, a adolescente  Amanda Todd postou este vídeo no YouTube onde dizia estar sofrendo cyberbullying e pedia ajuda. "Eu não tenho ninguém. Eu preciso de alguém. Meu nome é Amanda Todd". Tudo começou quando ela tinha 12 anos e um estranho que conheceu na internet pediu que ela mostrasse os seios. Depois de cerca de um tempo, ele pediu a ela para ficar nua e, caso recusasse, iria espalhar a foto pela internet. Promessa que cumpriu. As fotos vieram a público. A menina acabou por se suicidar. O filme é este.




Charlatões messiânicos

POR JORDI CASTAN

Nestes dias, circula na rede um vídeo que mostra um conhecido político local ocupando o microfone durante horas a fio. A capacidade que este pessoal tem para falar durante horas sem dizer nada de novo é extraordinária.  Mas a insanidade é tanta que por vezes fica difícil, para o espectador, separar a realidade da alucinação.

É um delírio. Na sua homilia, o pregador cita uma das epístolas de Mateus aos Corintianos (ou seria aos Coríntios?). Nem lembro direito, mas tenho memória de estar escrito que, caso o outro candidato fosse eleito, cairiam sobre Joinville todas as pragas bíblicas, de forma simultânea. Desde uma chuva de meteoritos até à conversão dos rios em sangue, passando pela pior de todas: a volta dos dois turnos na prefeitura. 

Ante o olhar de estupor do público, o pregador se anima e cita outra epístola, esta de João aos Fluminenses (ou seria aos Filipenses?). Desculpem, mas tenho uma verdadeira dificuldade para lembrar alguns nomes. Brada o pregador,  convertido de vez num charlatão messiânico, que se o nome do outro candidato fosse pronunciado de trás para frente representava em aramaico clássico o nome de Lúcifer. Quem o pronunciasse estaria convocando o demo em pessoa. 

Chegando neste ponto uma senhora da terceira fileira desmaia e é rapidamente atendida. Os gritos de aleluia, proferidos ao uníssono por alguns membros da plateia, são o disparador para que todos simultaneamente iniciem a declamação do mesmo mantra:  “aleluia, irmãos, aleluia”. E a plateia, formada principalmente por crédulos e fanáticos em transe, criam o momento propício para entrar na fase seguinte do discurso. 

Qual a  nova Joinville que surgiria caso o pregador fosse eleito? Seria a versão terrena do jardim do Éden. Frutas maduras cresceriam nas árvores de ruas e praças. Haveria um transporte público econômico e de qualidade. Quem não quisesse usar o ônibus, poderia usar o VLT, bicicletas ou simplesmente levitar. Elevados pipocariam como cogumelos e todos os gargalos do trânsito serão resolvidos como por milagre. 

As filas na saúde iriam desaparecer, porque as pessoas nesta nova administração não adoeceriam mais. Nas creches, vagas disponíveis para todos. Os salários dos professores  equiparados aos dos senadores da República e ainda com o décimo quarto e décimo quinto salário, para que não falte dinheiro no bolso. Nossas praças teriam mais flores e nossos rios mais peixes.

Uma nova Joinville surgiria desta administração que conta, desde já, com a proteção do Senhor, com a benção de Deus e com a colaboração dos anjos, dos arcanjos e até dos querubins. Seriam justamente os arcanjos os encarregados de fechar todos os buracos das ruas da cidade e de deixá-las horizontais como canchas de bolão.

Mas esta Joinville dos milagres só seria possível se todos os participantes do culto, seus amigos e parentes votarem no candidato que, tendo comunicação direta com o Senhor, poderia operar o milagre de voltar a fazer de Joinville uma cidade próspera, feliz e dinâmica.

O problema é que há cada vez mais gente que acredita nesses milagreiros e estão dispostas a embrenhar-se de novo numa aventura de alto risco.

Fim.

Em tempo: a irrupção na política das chamadas bancadas evangélicas não é um fenômeno restrito ao Brasil. Nos Estados Unidos também é conhecida a força retrógrada da bancada pentecostal. A direita ultrarradical encontra nela seus maiores expoentes. Em nada divergem do radicalismo islâmico ou dos talibãs, porque os extremos radicais se unem em torno de um único objetivo. A tomada do poder político através do uso da religião e da exploração da ignorância e a crendice.