POR LEONEL CAMASÃO*
O Código Penal Brasileiro define o estelionato como um
crime de ordem econômica. O famoso artigo 171 define o
estelionato como a ação de obter para si ou para outro, vantagem ilítica, em
prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício,
ardil ou qualquer outro meio fraudulento".
Esta definição, mesmo que se refira ao campo econômico,
cabe muito bem nas últimas movimentações eleitorais do PSD em Joinville.
Mesmo após o PSOL, o qual presido, negar apoio nem a
Kennedy nem a Udo por motivos meramente ideológicos, a campanha do PSD
encomendou um lote de 200 adesivos, como o da imagem no fim do texto. Mesmo não dizendo
diretamente que o PSOL apoia o PSD, o adesivo mais confunde do que
explica, induzindo o eleitor ao erro. Ou seja, fazendo com que o eleitor pense
que o PSOL apoia Kennedy no segundo turno. O que é uma bela mentira. O artifício
também nos programas de rádio e televisão do candidato do
ex-PFL/ex-DEM/ex-ARENA.
As atuais pesquisas já apontam uma vitória folgada de
Kennedy sobre Udo. Não há necessidade deste tipo de prática nefasta para ganhar
votos. São essas ações que revelam que "a nova política" do PSD e de
Kennedy são apenas retórica. Se a campanha já está assim, imaginem o governo,
ainda mais depois das adesões de Carlito e Tebaldi.
Kennedy não é original neste propósito. O candidato
derrotado à Presidência da República pelo PSDB em 2006, Geraldo Alckmin, também
fez adesivos em alusão à candidata do PSOL na época, Heloísa Helena. "Sou
Heloísa e voto Geraldo 45 Presidente" dizia o adesivo, mesmo após o
partido definir o voto nulo naquela eleição.
Alckmin quase foi processado pelo PSOL e pelo PDT (ele
também fez um adesivo fraudulento em relação à campanha do Cristóvão Buarque).
O caso só não foi parar nos tribunais porque o PSDB tirou o material de circulação.
E sabe o que Alckmin ganhou com isso? Nada. Ele
conseguiu a proeza de ser o único candidato a presidente na história do Brasil
que fez menos votos no segundo turno do que no primeiro. Isso mesmo. O tucanóide
perdeu 2,4 milhões de votos de um turno para outro. Infelizmente, o ser ainda é
governador de SP nos dias de hoje.
Esperamos sinceramente, que este tipo de abuso não
volte a ocorrer. São tempos novos. As redes sociais possibilitam uma maior
comunicação entre as pessoas. Este tipo de estelionato passava despercebido.
Antes. Agora, não passará mais.
Leonel Camasão é diretor do Sindicato dos Jornalistas
e ex-candidato a Prefeitura de Joinville pelo PSOL.