sábado, 6 de outubro de 2012

Política é assunto chato?


POR FERNANDA POMPERMAIER

A eleição próxima a acontecer e eu ainda vejo joinvilense reclamando nas redes sociais que "política é assunto chato".

Não vou me esforçar para diferenciar política de politicagem ou falar da irritação do brasileiro com seus políticos corruptos porque esses o mundo inteiro conhece.

Vou, é expressar o meu descontentamento com a falta de receptividade para a discussão. Parece que a maioria já está convencida, tem opinião formada sobre tudo, não tem nada mais para aprender ou repensar.

Quando foi que discutir política virou assunto chato? Esses escolhidos vão tomar decisões que influenciarão diretamente nossa rotina. Isso não é importante?

Eu bem lembro da reação das pessoas quando você exige seus direitos em Joinville: é a chata do tudo certinho. O comportamento superior é aquele do “deixa pra lá”, “mas naquela loja eu não piso mais”.
E aí as coisas não melhoram nunca, né. Como vão melhorar?

Aqui na Suécia, direito do consumidor é coisa séria. Reclamou? Recebeu o dinheiro de volta ou outra mercadoria nova. Silêncio na vizinhança? Sempre. NUNCA ouvi música alta na rua nem vinda de casas, nem de carros, raramente ouço buzinas, faixa de pedestres é sagrada, os serviços públicos funcionam 100% e são iguais para todos: saúde, educação, bons asfaltos, transporto coletivo que funciona...Enfim, não é de graça que a sociedade sueca é assim. Ela foi construída com muito envolvimento do povo nas decisões. As pessoas não tem vergonha de discutir política, de expor suas opiniões, de elogiar esse ou aquele partido ou de reclamar. Para se ter uma ideia votar não é obrigatório, mesmo assim o índice de participação fica sempre entre 80 ou 85% da população. Esse é um assunto tão sério que é incentivado desde a infância. As crianças crescem tomando decisões importantes nas escolas, elegendo representantes , sugerindo mudanças ou fazendo passeatas.

De qualquer forma, a minha torcida é pelo debate, pela discussão, pelos questionamentos, pela mudança de opinião. É assim que a gente muda cabeças que vão mudar nossa sociedade. E todos queremos algumas mudanças, não é?!

Fernanda é joinvilense, professora de educação infantil e mora na Suécia há quase 2 anos. Escreve o http://vivernasuecia.blogspot.com.br/

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Meu sonho de Joinville


POR GUILHERME GASSENFERTH

Há algumas semanas, li um manifesto do eminente artista joinvilense Juarez Machado, versando sobre seus desejos para Joinville. Embora eu seja comparável ao filho ilustre da cidade somente na minha paixão pela cidade que nos acolhe, também quero escrever uma carta aos candidatos. Melhor, uma carta a todos os joinvilenses, porque não apenas os políticos fazem Joinville, pelo contrário. Sem a pretensão de ser bela como a dele.

Caro joinvilense, quero dividir alguns dedos de prosa com você. Assim como a maioria dos joinvilenses, eu não sou nascido aqui, mas amo minha cidade. Mesmo quando viajo por poucos dias, logo sou tomado por uma nostalgia de Joinville. É a saudade do que só se vive aqui. Saudade da minha cidade cercada por área verde e água. Saudade do hábito de parar tudo pra tomar um café na padaria mais próxima. Saudade de ver a bandeira do Brasil tremulando na praça Nereu Ramos. Saudade da cor dos ônibus, do éééééégua, da limpeza das ruas, das flores dos jardins. Mas mesmo com este mal-acabado ensaio de canção do exílio à Dona Francisca, não me furto de perceber que a cidade tem enormes desafios.

Joinvilenses candidatos, eis aqui o que sonho pra Joinville e compartilho com vocês. Disse o poeta Raul Seixas que  “Um sonho que se sonha só, é só um sonho que se sonha só, mas sonho que se sonha junto é realidade”. Vamos sonhar juntos?

O que acham de cidade com mais praças arborizadas, com coretos ou palcos para apresentações culturais espontâneas? Penso também em um parque, enorme, lindo, arborizado, com lago, com trilhas, com uma concha acústica, com choupanas, com banheiros, com acessibilidade, com uma lanchonete, com brinquedos pras crianças e pros adultos que não envelheceram, com quadras e muita contemplação à natureza, à vida e às pessoas que ali circulam. É difícil, né? E se uma empresa assumisse a bronca, criando um parque aberto com seu nome, tipo “Parque Tigre”, ou “Parque Tupy”, ou ainda “Parque Docol”? Ou qualquer empresa que seja, que possa comprar uma área verde e dar à cidade, ganhando com o marketing mas também com o desenvolvimento da cidade onde está instalada? O Haroldo concordou comigo!

Sonho com uma Joinville onde seja valorizado o futebol, porque todos nós gostamos de ver nosso tricolor campeão, mas onde também sejam valorizados esportes menos tradicionais. Tivemos agora a Tamiris de Liz nas Olimpíadas, tivemos bravos atletas paralímpicos, temos os Jogos Abertos de SC (que vem pra cá em 2013)... mas temos pouco apoio. Dia desses atletas de um time de vôlei ou basquete vendiam rifas a R$ 2,00 para poderem representar Joinville num campeonato, porque ninguém lhes apoiava. E volto a lembrar do potencial turístico mas também esportivo da nossa Lagoa do Saguaçu, que poderia ser palco de competições de remo, jetski, canoagem, vela, entre outras. E lembro do Felipe Silveira falando de que as praças precisam de outros esportes além do skate.

Na minha cidade ideal, as calçadas são bem feitas, acessíveis, padronizadas, com meio-fio elevado e rebaixado onde precisa ser, possuem canteiros com flores e são limpas, muito limpas! Um espaço onde possam caminhar com tranquilidade a senhora idosa, o cego, a trabalhadora, o pai empurrando o carrinho do seu bebê, a cadeirante e o jovem com sua mochila a caminho da escola. Certo, amigo Mario Silveira?

Joinville com mais árvores! Árvores, caros governantes, nunca são demais, pelo contrário – sempre estarão faltando, sempre caberá mais. Quero uma praça cheia de ipês-amarelos. Já pensaram que lindo espetáculo seria descortinado uma vez por ano? Beleza efêmera mas intensa. E uma praça com jacatirões, emanando sua beleza tricolor. E uma outra praça cheia de bougainvilleas. E uma cheia de azáleas. Quero nossa cidade das flores abarrotada de flores para todas as estações! Quero a cinza João Colin com árvores nas calçadas. Quero as ruas dos bairros com mais cores, flores e verde, e menos sujeira e menos poluição visual. Dá ou não dá, Jordi?

Se você for eleito, candidato, prometa que irá trabalhar dia e noite para que Joinville seja uma cidade pra todos. Uma cidade onde seu sobrenome germânico não te faça melhor que ninguém, e onde um paranaense seja tão importante quanto um joinvilense ou um gaúcho. A cidade que a mulher, o gay, o negro, o pobre, o ateu e os deficientes são respeitados, mas onde também há respeito para o homem, o hetero, o branco, o rico, o evangélico e os que têm seu corpo e mente plenos. Quero que todo joinvilense, de nascimento ou de adoção, seja tratado como semelhante não só pelo governo, mas por toda a sociedade. Você concorda, Emanuelle?

Gostaria de ver um enorme teatro municipal, lindo, glamouroso, grande, com qualidade europeia. E ver o Libração, a Dionisos e outros grupos lá! Mas também quero ver espaços de cultura nos bairros, com salas de cinema, teatro, música. Quero a Casa da Cultura restaurada funcionando cheia! Gosto de imaginar ver a cidade com os museus vivos, interativos. Já pensaram que beleza o nosso Museu da Imigração com um espetáculo de som e luz diário, à noite, mostrando o cotidiano dos imigrantes? Meu amigo Paulo da Silva já pensou! Já imaginaram que lindo você poder sair do Museu do Sambaqui com uma visita guiada a um sítio arqueológico onde você pode pisar e tocar em tudo? Conseguem imaginar o visitante indo no Museu do Bombeiro e vestindo um galé e apagando um incêndio simulado? Ideia do amigo Adriano. E o Museu da Chuva, hein, Baço? Sonho junto contigo este sonho! Penso na Joinville onde há espaço para a arte urbana, para o hip hop e pra música erudita, para a cultura germânica, pra italiana, pra africana e pra brasileira! Vejo uma Joinville com festivais de música nos bairros, com apresentações em todo o lugar.

Joinville pode ser uma cidade que é referência em dança não só por dez dias, mas no ano inteiro.  Como já disse o Pavel, Joinville só será a cidade da dança quando os joinvilenses dançarem. É por isso que iniciativas como o Dança nas Empresas, do Laboratório Catarinense, devem ser disseminadas. Dança nas empresas, nas escolas, nas ruas, nas casas, nos bailes. Germânicas, ballet, populares, gaúchas, urbanas, clássicas. O Maycon que o diga. E quando toda a cidade estiver dançando, aí sim, uma universidade de dança! Dança, Joinville!

Minha Joinville platônica está em todas as agências turísticas do Brasil, como uma opção para os visitantes que queiram conhecer a cidade fantástica que somos! Né, Serginho? Joinville tem um belíssimo potencial turístico. A linda baía da Babitonga, a Lagoa do Saguaçu e o Rio Palmital subaproveitados. Nossas montanhas e serra, deslumbrantes, com mata atlântica intocada, com cachoeiras lindas, com florada de hortênsias, com trilhas místicas... e ninguém faz nada. A zona rural, única, fantástica, pronta pra ser desvendada. Falta mobilização nossa, não é dona Mery? Equipamentos de eventos mais adequados, como defende o Kobe e outros, para Joinville receber mais eventos, captados pelo amigo Giorgio e sua equipe. Candidatos joinvilenses, invistam no turismo, pois nós temos muito potencial por aqui.

No embalo do turismo, vem a gastronomia. Nossas empadas, nossa cerveja artesanal, o strudel de maçã, a gastronomia molecular do Poco Tapas, a experiência de participar do Lírica Kneipe na última quarta-feira do mês... tudo são atrações turísticas, para os joinvilenses e para os visitantes! Com um pouco mais de criatividade e investimento podemos fazer uma revolução na nossa cidade. E pra criatividade gastronômica, taí o Setter!

Caros candidatos, não esqueçam que Joinville não é uma ilha. Temos cidades à nossa volta, e como maior cidade da região, temos a obrigação de chamá-los para planejarmos juntos nosso crescimento e desenvolvimento. Não dá pra pensar em saúde, desenvolvimento econômico ou transporte coletivo sem sentar com Araquari. Não se deve pensar em turismo sem envolver São Chico! Ou educação superior sem conversar com todos os vizinhos. É preciso capitanear e liderar o processo de integração regional. Tenho certeza que o Charles concorda!

Na área da saúde, eu gostaria de ver Joinville atuando preventivamente. Pelo menos dobrando a cobertura do Programa de Saúde da Família, investindo ainda mais em saneamento básico (que é bem mais que esgoto, como me informou o Gollnick), melhorando a alimentação nas escolas, prosseguindo no investimento em fitoterápicos que a Prefeitura iniciou, incentivando a saúde na educação e informando a população. Mas quando a saúde reativa for necessária, que os órgãos todos conversem e estejam preparados para atender melhor o cidadão. Nós, cidadãos, é que temos que ser a prioridade de qualquer sistema de saúde. Se o Regional tem quatro aparelhos de qualquer coisa funcionando e o São José está sem, o cidadão não pode pagar por isso. Cabe aos governantes articularem o atendimento para que a sociedade seja mais saudável. Não é tão difícil, não precisa investir um centavo a mais, é só gerir bem o recurso e pensar bastante.

Não só eu, todo o joinvilense quer um sistema de mobilidade melhor. Sonho com um transporte coletivo tão bom que eu nem precise pensar em deixar o carro na garagem pra sair de ônibus. E tem gente boa pra ajudar a pensar neste assunto, olha o Romney aí. Ônibus confortável, sem solavancos, sem ruídos excessivos, com temperatura adequada, que ande sem chacoalhar os ocupantes como o Norte Sul na Rua Blumenau. Quero um transporte integrado com bicicletas, que eu possa descer no terminal, emprestar uma bike pra fazer o que eu quero. E falando em bikes, queremos ciclovias descentes, com início, meio e fim! Se não dá pra fazer nas avenidas, escolham as ruas mais calmas pra implantar a ciclovia. Mas façam! E concordo que a prioridade deva ser o coletivo, mas não esqueçam da estrutura viária. Felizmente vão duplicar a Santos Dumont, mas vejam também a zona Sul, que está com sérios gargalos, principalmente na Monsenhor Gercino e na Guanabara. Na XV já estão mexendo.

Não devemos esquecer do transporte intermunicipal. Integração com Araquari já passou da hora! E quando a viagem é mais longa, queremos o aeroporto decente, com pista mais comprida, ILS e boa frequencia de voos. E a rodoviária mais confortável, com mais facilidades aos usuários.

Queremos uma cidade sustentável, e sustentabilidade é social, econômico e ambiental, juntos! Uma cidade aberta ao empreendedorismo, para empresas que nascem aqui e para as que vêm de fora. Como seria legal criar aldeias colaborativas nos bairros, espaços multiuso que serviriam para incubadoras de microempresas e empreendedores individuais, aquecendo a economia e gerando empregos. Do ponto de vista ambiental, que tal incentivarmos a produção orgânica nos agricultores? E implantar já tratamento de esgoto nas bacias hidrográficas? E cuidar muito para que os 60% de área de mata atlântica preservada permaneçam assim?

Embora tenha ligação com o parágrafo anterior, que trata da sustentabilidade, até pulei uma linha pra dar ênfase nas questões sociais. Joinville tem muita pobreza, muita miséria e muita gente passando sérias dificuldades. São quase 5 mil pessoas que vivem à custa de bolsa família, além de outras situações de vulnerabilidade social grave. É preciso fazer um pacto entre o governo, as entidades do terceiro setor e a sociedade para amenizar a situação terrível a que alguns joinvilenses estão expostos.

Mas sem sombra de dúvida, meus caros joinvilenses, nossa maior luta, nossas energias e nosso esforço devem ser canalizados para a educação. Falamos de saúde, e a saúde começa na escola, com ensino de higiene e asseio, além da conscientização sobre assuntos relacionados. De que adianta limpar os rios se os estudantes não estiverem conscientizados a partir da educação ambiental? Como melhorar o turismo sem qualificação das pessoas que operam os bares, hotéis, restaurantes, equipamentos, taxis? De que adianta falar de cultura se não ensinarmos nossos pequenos a gostarem de teatro, música, cinema, artes plásticas? Como falaremos de respeito ao agricultor sem ensinarmos a cultivar uma horta?

A educação é a chave pro progresso, pro desenvolvimento, pro caminhar rumo à sociedade equilibrada e justa. É preciso valorizar a carreira do professor, tanto para retribuir o que eles fazem por nós, quanto para atrair profissionais ainda mais qualificados. Temos que estruturar melhor as bibliotecas e estimular seu uso, para que nossos cidadãos adquiram o gosto pela leitura. É preciso buscar uma educação não voltada para o vestibular, mas para a vida. Isto exige inserir disciplinas como direito, economia básica, preparação para o trabalho, ética, administração, além do fortalecimento do ensino de idiomas e de matérias ligadas à cultura. Disse Nelson Mandela: “a educação é a arma mais poderosa para mudar o mundo”.

Gostaria de ver nossas escolas municipais sendo referências nacionais de ensino não só porque as escolas brasileiras são ruins, mas porque as nossas são de fato boas. Escolas com arborização, com estrutura adequada, com conforto para os estudantes, com bom ensino, com apoio técnico-pedagógico eficaz, com proposta pedagógica inovadora. Escolas onde ocorrem debates, onde se ensina a aceitar as diferenças e a tolerar, onde a vida comunitária inicia. Uma escola onde os pais também participam do processo não só nas reuniões de pais, mas aprendendo junto, usando a biblioteca, os laboratórios, debatendo junto.

Quero que a escolinha lá do Cubatão ou do Quiriri tenham o mesmo ensino que a escola do Paranaguamirim ou do Jardim Iririú. Que os projetos especiais de ensino integral sejam disseminados por todas as escolas. E antes que tablets, queremos professores motivados, dispostos a compartilhar seu conhecimento com os estudantes! Queremos ensino que seja interessante para o estudante da geração Y, e que a escola entenda este processo!


Nossa Joinville precisa de professores e estudantes melhores para que os candidatos do amanhã sejam qualificados, mas principalmente para que os eleitores sejam qualificados.

Este é um pedaço do meu sonho de Joinville. Nossa cidade igualitária, educada, sustentável, limpa, com qualidade de vida, motivo de orgulho pra sua gente, com oportunidades para todos e a melhor cidade para se viver no Brasil. Joinvilense candidato, deixe seus interesses pessoais de lado e faça o melhor por nossa cidade. Joinvilense eleitor, demonstre seu amor por Joinville e vote com consciência e qualidade, escolhendo quem representa de fato o melhor pra nossa cidade!

Faça as suas apostas no Chuva Ácida

Conte quem você acha que vai para o segundo turno.

Coloque na forma do comentário o seu palpite.

Para poder sortear uma passagem de ônibus só de ida entre os terminais Sul e Norte do sistema integrado de transporte coletivo, não aceitaremos palpites de anônimos  De seu apelido, alias, nick, aceitamos inclusive o seu nome verdadeiro.

Participe. Pode participar quantas vezes quiser.

Quem estará no segundo turno em Joinville? 

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Golpes abaixo da cintura... não!

POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO
Quem tem acompanhado os meus textos aqui no Chuva Ácida, ao longo deste último ano, sabe o que penso do atual quadro político em Joinville. A democracia só teria a ganhar, em termos de qualificação, se houvesse um segundo turno entre Carlito Merss e Udo Dohler.

E não tenho dúvidas de que o inferno da democracia seria uma disputa entre Kennedy Nunes e Marco Tebaldi. Não vou ficar aqui a repisar as razões, porque são simples. Joinville precisa desesperadamente chegar ao século 21 e não serão políticos da idade da pedra a liderar esse processo.

De Kennedy Nunes já disse o que penso num texto publicado na terça-feira. E sobre Marco Tebaldi acho que ficou patente a minha visão quando falei nos vergonhosos ataques desferidos contra o nome de Udo Dohler, num texto chamado “O estilingue de Tebaldi e a vidraça de Dohler”.

O problema é que agora o estilingue foi parar às mãos de quem eu não esperava. Foi muitíssimo infeliz a ideia da campanha do Partido dos Trabalhadores, que levou ao ar o vídeo da mulher amarrada. Em termos teóricos, sou capaz de imaginar os pressupostos da estratégia dos marqueteiros. Mas quando Carlito faz o mesmo que Tebaldi, o caldo está entornado.

Ora, ganhar eleições é uma coisa. Mas ganhar com golpes abaixo da cintura será sempre uma derrota ética. Afinal, perder eleições é parte do jogo, perder a integridade deixa nódoas na biografia. Não sei se a candidatura de Carlito Merss vai ganhar votos com o episódio (nunca se sabe). Mas é fácil ver o que perdeu.

Ok... a favor de Carlito Merss tenho a dizer que ele precisaria errar muito - mas muito mais - para descer ao nível de alguns dos seus adversários.


P.S.: Sobre o episódio das mulheres amarradas, vou repetir o que digo há anos. Seria interessante se os jornalistas de hoje procurassem fontes primárias, ouvissem todos os lados e fizessem o obrigatório double-check. Porque é uma história muito mal contada. Se deixarem os fatos para os marqueteiros, a coisa degringola.

O fim do histórico e horroroso 1º turno

POR CHARLES HENRIQUE VOOS

Estamos acompanhando uma das disputas eleitorais mais equilibradas da história desta cidade, muito provavelmente. E parece mentira, considerando o histórico das últimas campanhas, onde uma centopeia de partidos sempre aniquilava os poucos adversários que restavam (exceto em 2008). Neste ano, três candidatos oscilam na liderança, com diferenças irrisórias nos pontos percentuais, dependendo da pesquisa. Um quarto candidato fica um pouco atrás, aparentemente sem chances, porém com uma boa quantidade de votos que não podem ser descartados até a abertura das urnas no próximo Domingo. 

Devido a tantas possibilidades, podemos considerar o dia 7 de outubro de 2012 como a confirmação de um momento histórico. Alguém aí pode refrescar a minha memória com outra disputa tão acirrada que nem esta, e envolvendo tantos nomes? 

Será emocionante abrir a urna e ver a contagem dos votos (caso a estimativa das pesquisas se confirme), principalmente se os três nomes que estão liderando alternarem-se nas cabeças, ou ainda: ver o quarto colocado chegar e incomodar. Será um teste para cardíaco, com certeza. Sem esquecer o fato novo que tivemos da candidatura de um partido jovem, com ideias jovens, diferentes, sem querer ocupar espaço na TV para mensagens sindicais ou cargos em 2013. Este último não irá chegar, certamente, mas fez bonito (e muito!).

Por um outro prisma, este primeiro turno é para ser sepultado, de preferência, embaixo dos entulhos do mais antigo sambaqui da cidade. Coitados dos sambaquianos, talvez não mereçam tal injúria. O nível das propostas está tão raso, sem conteúdos, baseados em achismos, e muitas vezes contraditórios com o passado do candidato, que chega a dar nojo (e olha que sempre gostei muito de política, mas neste 2012 a coisa está feia). Somado a isto tudo, o desespero e´enorme a ponto de prometer obras quase impossíveis, iludindo o eleitor.

O que entristece mesmo são os ataques pessoais. Avançando sobre o que já discorri aqui no blog, os discursos preconceituosos perante os possíveis defeitos dos candidatos só tira o foco das propostas. Não lembro de ter visto Voltolini e LHS, em 96 e 2000, por exemplo, com ataques neste nível tão baixo. Qual o motivo de tentar desvirtuar a imagem pessoal de um candidato? Seja ele um possível pastor manipulador, um possível marido infiel, um possível candidato com casamento de fachada, ou um empresário que possivelmente "judia" (se soubessem o quão carregado de preconceito este termo é, não teriam usado, ainda mais vindo dos proclamados igualitários...). Bem, o desespero bateu, pois as propostas não convenceram, e os ataques em cima de "possíveis possibilidades" tornaram-se rotina, de todos os lados, para todos os lados.

É por estas e outras que considero este primeiro turno parte integrante de um cenário horroroso, e que alguém tenha piedade por Joinville. Infelizmente parece que isso irá continuar no segundo turno, seja quais forem os candidatos, pois é algo intrínseco a eles falarem mal de si mesmos, e não querem construir um diálogo sobre suas propostas, visando a construção de novos ideais de cidade. Não a cidade do A ou do B, mas a cidade de todas as pessoas.

Um palpite para Domingo, para encerrar: vão chegar o primeiro e o terceiro das pesquisas. De qual pesquisa? Bem, eu acredito em uma delas, mas como cada um acredita naquela que mais lhe convém, deixa pra lá.