sexta-feira, 17 de agosto de 2012
Mistérios eleitorais
POR JORDI CASTAN
As declarações patrimoniais dos candidatos são verdadeiras caixas de surpresas. Eleitores atentos acham autênticas pérolas, não só no caso das declarações dos candidatos a prefeito, mas também entre os mais de 300 candidatos a vereador. Há algumas declarações que põem em dúvida a credibilidade que estas declarações deveriam ter e a transparência que proporcionam para que o eleitor possa fiscalizar os candidatos.
Um exemplo interessante
é o do candidato Chico Zermiani, que em 2008 declarou como único bem um telefone celular no valor de R$ 600.
Nesta eleição ou seu patrimônio
mudou e, como resultado do seu trabalho e esforço, acrescentou outros bens, como
um barco adquirido em 2009 e a sua participação como sócio na Empreiteira
Zermiani, avaliada em R$ 15.000. Até aí nada para desconfiar, mas a informação
que segue: SOCIO DA EMPREITEIRA ZERMIANI LTDA INSC. NO CNPJ 03.627.184/0001-02 ADMITIDO NA SOCIEDADE EM 07/10/2002 INATIVA", alertou os olheiros do Chuva Ácida.
Se ele é sócio desde 2002, por que a participação acionária que ele tinha da empreiteira Zermiani não apareceu na declaração de 2008?
Se ele é sócio desde 2002, por que a participação acionária que ele tinha da empreiteira Zermiani não apareceu na declaração de 2008?
O futuro de Joinville passa pela privatização?
POR GUILHERME GASSENFERTH
Com o pacote de concessões lançado pelo governo Dilma,
reacenderam-se as discussões sobre privatização. Os fantasmas de Vale e das teles
foram invocados pelos que odeiam a privatização, acompanhados de um discurso
nada educado sobre o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Eu saúdo a
presidente Dilma pela decisão que considero acertada e que espero ver estendida
a aeroportos e portos, por exemplo.
Em Joinville, tivemos um recente exemplo de privatização que
é motivo de aplauso. Embora o nome cause arrepios numa gestão petista, que
tenta a todo custo afastar o rótulo “privatização” (esforçam-se para “desvilanizar”
um inocente), é o que foi feito – entregar às mãos da iniciativa privada após
reconhecimento da incapacidade. Felizmente.
Anuncia-se aos quatro cantos que Joinville é a cidade do
turismo de eventos e negócios. Dá a impressão de que somos a Meca dos congressos,
quando na verdade o que passamos é vergonha. Não foram um nem dois casos de
organizações que após sediarem aqui seu evento disseram: Joinville, nunca mais.
Os camarins do Centreventos, a grande arena multiuso construída
sem nenhum esmero técnico, são vergonhosos. Ano retrasado, ao participar da
comissão organizadora de um evento da cidade, tive que ficar na porta do
banheiro vigiando pra ninguém entrar enquanto um empresário de renome
internacional defecava. Deu pra imaginar o constrangimento pra cidade? É só uma
fechadurazinha de merda, gente. Literalmente. E aí temos acústica, logística,
climatização e outros problemas bem maiores.
O teatro Juarez Machado é uma piada de mau gosto com Joinville.
O Expocentro, em dias de chuva, não deixa os visitantes esquecerem da fama da
cidade: goteiras por todos os cantos. E em dias de sol, o calor senegalês toma
conta da atmosfera do pavilhão. E o que são as salas do “centro de convenções”
Alfredo Salfer? Este é um equipamento de turismo de eventos, ainda nas mãos do
governo – incapaz de reinvestir 1% do faturamento dos eventos ali sediados. Então, por que não repassar a uma empresa que consiga arrumar tudo isto?
Agora, volto a reconhecer o mérito da concessão da Expoville
à iniciativa privada. Parabéns à Promotur e à Prefeitura. Em troca do direito
de exploração por 25 anos, a empresa vencedora do edital terá que investir mais
de 30 milhões de reais na construção de um centro de convenções decente (com
auditório de 2.106 lugares, mais 8 salas para 204 lugares cada e ainda 6 salas
de reunião com 12 lugares), ampliação do espaço para feiras (que será o maior
do Sul do Brasil), readequação de todo o espaço e criação de um parque público
utilizando a boa área verde existente por lá.
E talvez você se questione: e o que a Prefeitura e Joinville
ganham com isto? Tudo! Com o modelo que foi proposto, a empresa deverá pagar
uma comissão de 5% sobre o faturamento dos eventos (além dos tributos devidos)
e devolver o equipamento (com todas as benfeitorias) após 25 anos. Por si, isto
já seria motivo suficiente para ser um bom negócio. É importante ressaltar
também que a Prefeitura não teria recursos para arcar com a obra, o que
atrasaria ainda mais a superação desta demanda tão importante pra cidade.
Mas indo mais além, a expectativa é de triplicar o número de
eventos atraídos à cidade, além de qualificar os que já existem por aqui. Isto
significa que, numa conta rasteira, triplicaremos o ISS proveniente da
prestação de serviços de eventos. Também os restaurantes, bares, taxistas,
lojas, hotéis e prestadores de serviços ganharão mais e precisarão gerar
empregos para dar conta da demanda. E se fizermos a lição de casa e mostrarmos
nosso potencial e criarmos infraestrutura, o turista volta com a família pra
conhecer a cidade outro dia. O turismo, se bem aproveitado, gera um ciclo
virtuoso. E todos ganham.
Em sendo assim, e tendo a Prefeitura tido a coragem de iniciar
este processo (também porque não lhe restavam muitas saídas), não ofende
perguntar: por que não vão na mesma onda Centreventos Cau Hansen (e equipamentos
anexos) e Arena Joinville? E o que dizer de ampliar a rede de saneamento básico com parceria público-privada? E mais um hospital na Zona Sul? Eu incluiria a BR-280 e o Aeroporto de Joinville,
mas aí a alçada não é nossa.
E você, concorda que passa pela iniciativa privada a solução
de muitos de nossos problemas?
quinta-feira, 16 de agosto de 2012
Noel Rosa e o candidato a prefeito
POR ET BARTHES
Noel Rosa foi um exímio artista, um dos maiores da história da música brasileira. Em sua curta vida (morreu em 1937, aos 26 anos), compôs várias dezenas de sambas, alguns até hoje cantarolados e batucados Brasil afora. O leitor Christian Duarte Maia publicou em seu Facebook uma canção de Noel Rosa que chama muito a atenção pela contemporaneidade com o cenário político joinvilense, em especial pela similaridade com a situação de um candidato a prefeito cujo nome não diremos. Seria o cantor um vidente? Cantou Noel, lá no início do século passado:"No tribunal da minha consciência,
O teu crime não tem apelação,
DEBALDE tu alegas inocência,
Mas não terás minha absolvição..."
Percebam como o cantor pronuncia a palavra destacada acima.
Os vários "brasis" da educação: relatos a partir do IDEB
POR CHARLES HENRIQUE VOOS
O Ministério da Educação anunciou nesta semana os índices do IDEB (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) relativos a 2011, e, infelizmente, o cenário não mudou: estamos longe da média ideal, em comparação com países desenvolvidos e que possuem bons índices educacionais (média 6). E o pior aparece quando aprofundamos os dados: a discrepância entre os estados brasileiros é enorme, retrato de um país debilitado.
O único fato positivo é que todos os estados melhoraram seus índices no ensino de base (1ª a 4ª séries), colaborando com a maior média (4,7) dentre os setores avaliados. Entretanto, doze estados ainda se encontram abaixo da média, e dentre estes, todos são da região norte (Acre, Amazonas, Pará e Amapá) ou da região nordeste (Piauí, Paraíba, Pernambuco, Bahia, Maranhão, Rio Grande do Norte, Sergipe e Alagoas).
A média cai absurdamente na avaliação sobre o ensino de 5ª a 8ª séries, passando para 3,9 e novamente com doze estados abaixo dessa média. Mudam-se os estados, mas todos os piores índices estão no norte ou nordeste brasileiro. Para o ensino médio, outro dado alarmante (além da queda do índice para 3,4): nove estados pioraram seus índices em relação a 2009 e doze estados não atingiram suas metas, ficando abaixo do planejado. Doze estados da região norte e nordeste novamente são os piores e abaixo da média.
À medida que o ensino vai avançando, ele vai ficando cada vez mais desqualificado, dando margem à evasão escolar e aumento da criminalidade. Se o jovem (o qual já não teve um ensino de base qualificado) perceber que a educação não lhe permite colher melhores frutos no futuro, ele irá procurar outros meios para sua subsistência. Empregos que não permitem fazer o jovem estudar, ou a ilusão de dinheiro fácil advindo da criminalidade são alguns dos caminhos possíveis que a própria educação pública proporciona.
Apesar do ensino de base estar melhorando, não adianta apenas dar atenção a este setor e acompanhar de camarote a piora dos outros níveis de ensino. No Brasil, infelizmente, os melhores professores – e mais bem remunerados - dão aula no ensino superior, enquanto que nos anos iniciais geralmente encontram-se os professores menos qualificados e mais mal remunerados. Precisamos implantar como política pública, em todo o país, o ensino integral, com atenção igual a todos os níveis de ensino e a valorização da categoria docente. Porém, é difícil pensarmos desta maneira, pois cada estado e cada município têm suas políticas, seus orçamentos e suas prioridades, por isso tantos “brasis” dentro do mesmo Brasil. E ainda há quem diga que o sistema de cotas vai resolver todos os problemas da educação... ou dizer que os professores não gostam do que fazem (sic!).
Estamos, enquanto país, equivocados a ponto de melhorar um índice e piorar outro, acreditando que, melhorando o índice geral, qualificaremos toda a educação brasileira. Por mais que nossa cidade e nosso estado liderem os rankings, somos cegos perante a realidade nacional (44% das escolas públicas não atingiram suas metas). Com esses índices, me desculpem os sonhadores, mas estamos longe de sermos o país do futuro. Somos o país dos debilitados de conhecimento.
PS: Relatos da imprensa e complementares a esta temática:
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