POR CHARLES HENRIQUE VOOS
Desde a quebradeira nas finanças, até a instalação das luminárias da Beira-rio, usou-se a gestão anterior como muleta. O que poucos lembram, é que, ao fim do primeiro ano de gestão, todo Prefeito tem que elaborar um novo PPA (Plano Plurianual), com duração de quatro anos, para justamente corrigir algumas falhas orçamentárias e redirecionar os investimentos. Tempo para apagar o passado teve. O mais assustador neste discurso repetitivo situa-se na linha tênue com a omissão. Já escrevi aqui no Chuva em outra oportunidade e volto a repetir: se sabiam dos problemas (buraco nas finanças, patrimônio cultural às traças, asfalto podre e drenagem inexistente, só para listar alguns temas prioritários) por qual motivo, após três anos e meio de mandato, não apresentam-se as soluções encontradas?
É no mínimo curioso saber que as realizações mais exaltadas pela gestão Carlito foram obras planejadas nas gestões anteriores! As escolas inauguradas recentemente são frutos de 2007 e 2008. As praças da Rua do Bera (e que muitos enchem a boca pra dizer que é um parque), saíram de um convênio com o FONPLATA há muitos anos. O esgotamento também na mesma situação. Está certo que muitas coisas estavam travadas e esta gestão destravou, mas por qual motivo as coisas ruins têm como culpada a gestão anterior, e as coisas boas (conseqüências da mesma gestão anterior) são obras de “quem faz mais”?
Estou cansado dessa incoerência no discurso. É fácil, cômodo e omisso me apropriar só do que me faz bem, e jogar as coisas ruins para a propriedade dos outros. É muito legal também encher as ruas de luminárias e novo paisagismo, asfalto novo e internet wi-fi e dizer que Joinville está bem cuidada. Ou, pior: dizer que as coisas não foram feitas devido à minoria na Câmara de Vereadores (por pior que seja a atual legislatura) e por pressões populares (como no caso da LOT e do Conselho da Cidade).
Da mesma forma que o “volta Tebaldi” ou o “culpa do Carlito”, os adeptos do “mas na gestão anterior” estão preocupados, e querem, com a repetição, impregnar um discurso. Todos acabam com a paciência de qualquer um. Enquanto isso, ao invés de apontarmos para quem realmente “fez mais”, estamos tentando identificar “quem fez menos”. Joinville está com sua bússola virada, a qual está longe de apontar um norte.